quinta-feira, novembro 30, 2006

Estréias para todos os gostos

O espanhol O Labirinto do Fauno é a estréia mais celebrada da semana. A fantasia de Guillermo del Toro ganha elogios por onde passa e tem chances reais de arrebatar indicações ao Oscar – não somente pela maquiagem assustadora (veja a foto ao lado). Já Um Bom Ano reúne Ridley Scott e Russell Crowe - diretor e ator de Gladiador. Mas os fãs do filme vencedor do Oscar de 2000 devem ir ao cinema sabendo que se trata de uma... comédia romântica. Será que deu certo?

Outras estréias: Jesus – A História do Nascimento, que vai levar uma multidão aos cinemas, e Adrenalina, com o novo brucutu de Hollywood: Jason Statham, de Carga Explosiva.

Aviso: Quem ainda não viu o extraordinário Happy Feet – O Pingüim deve correr aos cinemas. É um filmaço! E não é uma simples animação para “toda a família”. Trata-se de uma produção com efeitos digitais deslumbrantes, mas com gente de carne e osso. O roteiro sensacional consegue passar mensagens que pregam a igualdade racial e a união entre os povos sem ser descarado ou apelativo. Mais para os adultos do que para as crianças, Happy Feet emociona e carrega a alma dos grandes épicos de Hollywood.


Avaliação de alguns filmes em cartaz:
(**** Excelente / *** Bom / ** Regular / * Ruim)

Fonte da Vida *
(Saem plantas da boca de Hugh Jackman)

O Grande Truque **
(Peca pelo excesso de explicação no final)

Happy Feet – O Pingüim ****

(Pingüim arrasador)

Os Infiltrados ****
(Scorsese na veia)

Pequena Miss Sunshine ****
(A melhor comédia do ano)

A Última Noite ***
(O otimismo de Robert Altman)

Volver **

(Somente para fãs de Almodóvar)

sexta-feira, novembro 24, 2006

Volver

Nunca fui fã de Pedro Almodóvar. Dito isso, posso começar a falar sobre Volver (2006), seu mais novo e, para variar, elogiado trabalho. Sempre me incomodou o fato do idolatrado diretor espanhol tratar suas mulheres sem sensualidade alguma e com o eterno papel de “mãezonas”. Já os homens são canalhas ou totalmente sensíveis. Tudo isso sempre com cenários coloridos e muita gritaria.

Ou seja, não consigo levar seus filmes a sério. Então por que o diretor de Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988) não decide retornar de vez às comédias? Com exceção do ótimo Fale Com Ela (2002) - Isso mesmo! Eu gosto muito de Fale Com Ela -, seus dramas se perdem no meio de tanta cor e com a repetição dos mesmos conceitos que ele tem como verdade do universo feminino. Admiro autores e Almodóvar merece o rótulo, mas não tenho mais paciência para ver sempre a mesma coisa. Se ainda fossem suas comédias...

Almodóvar bate sempre na mesma tecla: ele fala para as mulheres. O cineasta dialoga com as mulheres como elas falam em um local onde só existem... mulheres. Como homem, não sou entendedor da alma feminina, mas sei o que é uma mulher bonita e sensual. E não é ver a bela Penélope Cruz fazendo suas necessidades no banheiro em todos os detalhes.

Minha criação cinematográfica vem dos olhares impactantes de Ingrid Bergman, em Casablanca (1942), ou de Julie Christie, em Dr. Jivago (1965), ou até mesmo o andar de Audrey Hepburn, em Bonequinha de Luxo (1961).

Vendo Almodóvar desta forma, reconhecer (e se emocionar) com a bela história que há por trás de Volver fica difícil. Ainda assim é interessante perceber como o cineasta arranca de Penélope Cruz, que andava perdida em produções americanas esquecíveis, a grande atuação de sua carreira. Por não ser uma obra do calibre de Fale Com Ela, Volver deve agradar somente aos fãs do cineasta.

quinta-feira, novembro 23, 2006

A dança do pingüim Happy Feet agita os cinemas

Com estréia prometida para sexta, a animação Happy Feet – O Pingüim deve dominar as bilheterias por aqui -
assim como fez na semana passada nos EUA, quando desbancou o novo 007 Daniel Craig de Cassino Royale. Melhor arriscar o pingüim dançarino do que pagar para ver a grande decepção do ano: Fonte da Vida.

O filme de Darren Aronofsky foi realizado para ser reconhecido como obra de arte. Não é nada disso. É uma bobagem que vai gerar risadas involuntárias durante uma hora e meia (que parecem três). Se quiser arriscar, não esqueça de levar o travesseiro (Veja a crítica abaixo).

Também tem o terror adolescente de O Pacto, de Renny Harlin. Em tempos melhores, o diretor foi uma promessa do cinema de ação quando fez Duro de Matar 2 e Risco Total.

Avaliação de alguns filmes em cartaz:
(**** Excelente / *** Bom / ** Regular / * Ruim)

O Diabo Veste Prada ***
(Meryl Streep)

Fonte da Vida *

(A decepção do ano)

O Grande Truque **
(Que grande truque?)

Os Infiltrados ****
(Continuo achando cinema de verdade)

Pequena Miss Sunshine ****
(A melhor comédia do ano)

A Última Noite ***
(Vai com Deus, Robert Altman! E obrigado!)

quarta-feira, novembro 22, 2006

Fonte da Vida

Confesso que Fonte da Vida (The Fountain, 2006) – que tem estréia prometida para esta sexta – era um dos filmes que eu mais esperava no ano. O diretor Darren Aronofsky fez aquele Réquiem Para um Sonho (2000), que é uma loucura total. É um filme visceral ousado e sensacional. Minha expectativa para seu novo trabalho era a maior possível. Uma das principais promessas de Hollywood filmava uma ficção-científica cabeça que tinha tudo para ganhar lugar cativo na história do cinema.

Minha decepção não poderia ter sido maior. Fonte da Vida é uma catástrofe e um teste de paciência. Alguns chegaram a compará-lo a 2001 – Uma Odisséia no Espaço (1968), o clássico absoluto da ficção-científica de Stanley Kubrick. Mas isso é um absurdo e discurso de quem não entende nada de cinema. Em Fonte da Vida, Aronofsky cria um delírio visual só para contar uma história de amor que transcende tempo e espaço. O amor é mais forte do que a morte e vive para sempre. E não adianta quebrar a cabeça. Fonte da Vida é mais simples do que parece. Mas será que é só isso? Uma hora e meia que parecem três horas só para isso? Aronofsky queria ser romântico? Precisa ser tão prolixo nessa viagem ridícula e desnecessária? É como dizer algo em mil palavras quando poderíamos encurtar o discurso em uma pequena frase.

Não há muito o que dizer sobre Fonte da Vida. Entre cenas que não dizem coisa alguma (talvez para o diretor), os efeitos originais são até bonitos e as atuações de Rachel Weisz e, principalmente, Hugh Jackman poderiam até valer o ingresso, mas o filme pertence a Darren Aronofsky. O diretor fez o filme para ele mesmo, como disse meu amigo na saída do cinema (outro amigo foi embora na metade). Mas resisti até o fim para sair gargalhando de Fonte da Vida, que recebeu os piores comentários do público na Mostra de Cinema deste ano. Fuja!

Boas séries em DVD

Três séries fizeram minha cabeça em 2006: 24 Horas, Grey’s Anatomy e My Name is Earl. Lost (pois é, não sou aquele fã) e The 4400 tiveram boas temporadas, mas não como as séries que citei acima.

A quinta temporada de 24 Horas e a primeira de My Name is Earl acabam de chegar em DVD. Earl é a comédia que não conseguem mais fazer no cinema. É ácida, descarada, mas sem ser apelativa. E ainda consegue passar uma mensagem otimista sem ser irritante. As aventuras do trambiqueiro Earl (Jason Lee), que descobre o carma como sua nova filosofia de vida são capazes de fazer você rachar o bico. Impagável!

Já o quinto dia corrido na vida de Jack Bauer (Kiefer Sutherland) representa a melhor temporada da série até hoje. Depois de ser dado como morto para se esconder da tortura chinesa, Bauer é obrigado a voltar quando seus amigos sofrem tentativas de assassinato. Claro que não fica só nisso. Fazer a sinopse desta temporada é tarefa difícil. O quinto ano é rápido, cruel e empolgante. Nada mais será como antes em 24 Horas.

E Grey’s Anatomy? Vi a primeira e a segunda temporada de uma só vez (só a primeira saiu em DVD por aqui). Na verdade, essa foi minha grande surpresa na TV em 2006. Os sofrimentos pessoais e profissionais de um grupo de estudantes de medicina ganham a mesma importância graças a um roteiro esperto e um elenco carismático. As dores do amor andam lado a lado com a contagem regressiva para a morte.
Enfim, dá para ser feliz em tudo? Dramático quando precisa ser e divertido quando a situação exige, Grey’s Anatomy é uma delícia. E ainda tem a Ellen Pompeo. Essa bela menina com carinha de sono é a minha nova protegida em Hollywood – seja na TV ou no cinema.

O adeus de Robert Altman

O diretor Robert Altman reflete sobre a morte de forma otimista em A Última Noite (2006), filme em cartaz nos cinemas. É estranho e bonito que este tenha sido seu último trabalho. Nesta segunda-feira, o grande diretor morreu aos 81 anos em um hospital em Los Angeles.

Altman buscava um cinema ousado e autoral dentro de uma indústria como Hollywood. Em plena guerra do Vietnã, ele lançava o hilário M.A.S.H. (1970), com seus médicos açougueiros e obcecados por sexo no meio de tanta matança. Mas seus grandes filmes foram mesmo Nashville (1975), O Jogador (1992) e Short Cuts - Cenas da Vida (1993). Não gosto de Assassinato em Gosford Park (2001) e A Última Noite é um belo e agradável filme, mas nenhum grande Altman - t
alvez agora ganhe uma reverência maior pelos motivos discutidos em minha crítica (veja neste blog).

Hollywood deve muito a Altman. Ótimo diretor de atores (um dos melhores ao lado de Woody Allen), ele deixava a qualidade de seus filmes surgir da interpretação (e improvisação) de seu elenco. Nada mais parecia importar durante as filmagens.

Altman foi autor pela linguagem, discutindo a imagem antes que isso virasse moda nas mãos de diretores menores como Steven Soderbergh e Paul Thomas Anderson – de onde você acha que veio a chuva de sapos em Magnólia (1999)? Ainda acha que Anderson nunca viu o terremoto no fim de Short Cuts?

Neste ano, Altman recebeu um Oscar honorário pelo conjunto de sua obra – um pedido de desculpas da Academia por tê-lo indicado cinco vezes ao prêmio sem jamais deixá-lo sair como vencedor. Ele concorreu na categoria Melhor Diretor por M.A.S.H. (1970), Nashville (1975), O Jogador (1992), Short Cuts - Cenas da Vida (1993) e Assassinato em Gosford Park (2001).

Talvez uma nova geração ainda não entenda sua importância. Mas Robert Altman tem seu lugar na história do cinema. Talvez seja hora de rever seus grandes trabalhos para discutir o que perdemos. Eu mesmo não sou grande fã de seus filmes mais recentes, mas ao olhar para trás, senti uma imensa tristeza. E chega de falar em morte neste blog. Bola pra frente!

segunda-feira, novembro 13, 2006

Jack Palance morre aos 87 anos

Sinceramente, achei que era piada quando li que Jack Palance havia morrido. Eu pensei que o veterano ator já tinha passado dessa para uma melhor há alguns anos. Okay! Peço desculpas por isso.

Mas na última sexta-feira, o vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pela comédia Amigos, Sempre Amigos morreu de causas naturais aos 87 anos em sua casa em Montecito, Califórnia.

Nascido em 1919 na Pensilvânia, Palance foi mais do que um ótimo e carismático ator. Poucos sabem que ele se arriscou nos ringues como boxeador, mas uma lesão na garganta fez com que abandonasse a carreira – daí a sua enigmática voz rouca. Além disso, Palance teve o rosto queimado durante a Segunda Guerra Mundial.

Ainda assim, essas marcas o levaram ao caminho dos grandes vilões do cinema, como o terrível Jack Wilson, de Os Brutos Também Amam (uma de suas melhores performances). Sim! Aquele pistoleiro malvado que tenta acabar com o mocinho Alan Ladd (ou Shane, claro). Ele também esteve em Batman, de Tim Burton, e em Bagdá Café.

Na cerimônia do Oscar de 1992, quando recebeu sua estatueta tardia, Palance demonstrou sua força física ao fazer flexões no palco com uma só mão aos 72 anos.

Jack Palance ainda ganhou fama no Brasil ao apresentar o cultuado (e bizarro) programa de TV Acredite Se Quiser! (Ripley's Believe It or Not!).

sexta-feira, novembro 10, 2006

Os homens de Scorsese e as mulheres de Almodóvar nos cinemas

O americano Martin Scorsese e o espanhol Pedro Almodóvar estão de volta aos cinemas. E não é só isso. Eles retornam aos cenários onde se sentem mais confortáveis para contar suas histórias. Enquanto, Scorsese se concentra na violência das ruas, Almodóvar segue com sua análise do universo feminino.

Em Os Infiltrados, Scorsese arma um jogo de espelhos entre policiais e mafiosos para mostrar como a violência faz o homem perder sua identidade. Assim como em Taxi Driver, Touro Indomável e Os Bons Companheiros, ele prega como é fácil desonrar todos os pecados capitais e mandamentos existentes. Só que aqui ele faz isso de forma descarada. E isso foi um elogio. Antes de tudo, Os Infiltrados é cinema de verdade! Uma obra-prima! Veja a crítica aqui.


Depois de abordar o universo masculino no excelente Fale Com Ela e no mediano A Má Educação, Pedro Almodóvar está de volta para explorar a alma feminina em Volver. Semana que vem, não deixe de ver a crítica neste blog.

Além desses pesos-pesados, Jennifer Aniston, Frances McDormand, Catherine Keener e Joan Cusack estão em Amigas Com Dinheiro. É uma opção interessante para quem não quer pegar as filas de Os Infiltrados e Volver.

Avaliação de alguns filmes em cartaz:
(**** Excelente / *** Bom / ** Regular / * Ruim)

Dália Negra *
(Muito estilo e atores ruins em um filme vazio)

O Diabo Veste Prada ***
(Meryl Streep pode mesmo ganhar mais um Oscar)

O Grande Truque **
(Vai bem até os cinco minutos finais)

Os Infiltrados ****
(Obra-prima)

Pequena Miss Sunshine ****
(Um dos melhores filmes do ano)

As Torres Gêmeas *
(Oliver Stone se rende aos clichês do cinemão)

A Última Noite ***
(O All That Jazz de Robert Altman)

Trailer de Homem-Aranha 3 é arrasador



Isso é o que eu chamo de entretenimento! Acaba de sair o novo trailer de Homem-Aranha 3 – para deixar você de queixo caído, dê uma olhada aqui: http://www.ifilm.com/presents/spiderman3

Homem-Aranha 3, de Sam Raimi, e estrelado por Tobey Maguire, Kirsten Dunst, James Franco, Topher Grace, Thomas Haden Church e Bryce Dallas Howard, tem estréia mundial no dia 04 de maio de 2007.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Novo Clint adiado

Balde de água fria!! A estréia de A Conquista da Honra foi adiada para 02 de fevereiro - perto da entrega do Oscar. O Brasil será um dos últimos países a assistir ao novo filme de Clint Eastwood sobre os soldados que ergueram a bandeira americana na batalha de Iwo Jima. E pensar que 1º de dezembro (a data anterior) estava logo ali...

Cotado para o prêmio da Academia, a produção analisa o lado ianque da história. Mas o velho Clint finaliza Cartas de Iwo Jima, que revela os acontecimentos sob o ponto de vista dos japoneses. Os dois filmes têm produção de Steven Spielberg.

Tenho fontes seguras afirmando que A Conquista da Honra é mesmo demais. O responsável por Os Imperdoáveis, Sobre Meninos e Lobos e Menina de Ouro parece que vai se consagrar como o diretor americano da década se continuar assim. Infelizmente, vamos esperar um pouco mais para conferir.

quarta-feira, novembro 08, 2006

A Última Noite

Pode parecer apenas uma homenagem ao rádio, mas aos 81 anos, o diretor Robert Altman faz uma reflexão bem-humorada e otimista da morte em A Última Noite (A Prairie Home Companion, 2006).

Seria o All That Jazz de Robert Altman? O musical de Bob Fosse narra os últimos dias de um coreógrafo da Broadway, que precisa terminar seu show antes de morrer. É Bob Fosse falando de Bob Fosse. Ele tinha Jessica Lange como um anjo em seu filme. Altman tem Virginia Madsen. Estaria o diretor de O Jogador e Short Cuts enfrentando seus medos em A Última Noite? Altman não centra a agonia do fim em um personagem, mas em uma apresentação ao vivo que marca o encerramento de um programa de rádio chamado A Prairie Home Companion (o título original do filme). Após cerca de 30 anos no ar, seus artistas teriam algum futuro? Existe vida fora dali?

Diferente do caminho depressivo trilhado por Fosse em All That Jazz, Altman mostra que há luz no fim do túnel em uma comédia que consegue ser leve e despretensiosa mesmo com um tema difícil, sendo capaz de fazer você sair do cinema com um sorriso de orelha a orelha.

É divertido ver a câmera do diretor observar gente como Meryl Streep, Lily Tomlin, Kevin Kline, Woody Harrelson e John C. Reilly improvisando e cantando. Ele flagra suas tristezas e esperanças como um membro da equipe. E Altman faz isso como poucos. Além do rádio, ele declara seu amor aos vários gêneros do cinema – o personagem de Kevin Kline não se chama Mr. Noir por acaso.

Não há aqui o objetivo (ou a ambição) de entregar um filme maior do que ele representa (e nem precisava). É rápido, divertido e emocionante. Tudo na dose certa. A mensagem do diretor é simples e eficaz: ele viveu e foi feliz! Se o cineasta vai mesmo parar por aqui, ele parte em grande estilo.

terça-feira, novembro 07, 2006

O Grande Truque

Eu sempre odiei o Mr. M! Sabe? Aquele picareta do Fantástico que entregava os truques. Nunca entendi a intenção de explicar a mágica, afinal a graça está naquilo que os olhos não conseguem ver. Mas é interessante a relação do cinema com a mágica. O próprio George Meliès, que criou os primeiros efeitos especiais na sétima arte, trabalhou como mágico. A comprovação dessa magia surge no talento do cineasta em entreter o espectador.

Em O Grande Truque (The Prestige, 2006), o diretor Christopher Nolan (de Batman Begins e Amnésia) começa honrando o trabalho dos mágicos e a cartilha do bom cinema de entretenimento e suspense.

Infelizmente toda a magia existente na crescente saga de obsessão, inveja e vingança entre os mágicos Robert Angier (Hugh Jackman) e Alfred Borden (Christian Bale) é diluída nos cinco minutos finais. Por imposição de produtores ou por falta de coragem, Nolan explica tudo o que estava elegantemente implícito. Não entendo porque Hollywood não confia na inteligência da platéia. É como entregar os segredos de um truque depois dos aplausos.

Eu até estava perdoando as insistências do diretor em se perder em cenas vazias que exploram os belos cenários do final do século XIX (o que é aquele funeral ou as mil lâmpadas acesas na neve?). E não é só a explicação exagerada no fim. Durante esses terríveis cinco minutos, os personagens refletem descaradamente sobre a moral do filme. Será que não podemos entender essas coisas sozinhos? Além disso, Nolan consegue colocar Scarlett Johansson totalmente deslocada em cena.

O encanto inicial se transforma em frustração no final. Mas nem tudo é ruim. Hugh Jackman é mesmo um bom ator, Michael Caine empresta sua classe ao filme, os cenários, figurinos e, principalmente, maquiagem são dignos de Oscar. E tem o divertido retorno de David Bowie às telas. Seu personagem é o mais interessante e enigmático (e o único que realmente existiu).

É uma pena. Esse poderia ter sido o filme definitivo sobre mágicos. Mas a Hollywood atual não confia no espectador. A arte não deve ser explicada, mas sim reconhecida (e sentida) nos mínimos detalhes. Seja na mágica ou no cinema. Maldito Mr. M!

quarta-feira, novembro 01, 2006

Chega de Mostra! É hora de voltar ao circuito!

Com o fim da Mostra no dia 2 de novembro, alguns novos filmes fazem barulho nos cinemas. A semana tem estréias para todos os gostos:

O Grande Truque, de Christopher Nolan – O diretor de Batman Begins e Amnésia apresenta a história de rivalidade entre dois mágicos do século XIX. Hugh Jackman e Christian Bale (Hmm... Wolverine X Batman?) interpretam os rivais nesta aventura que também tem Scarlett Johanson, Michael Caine e... David Bowie.

A Última Noite, de Robert Altman – O lendário diretor de M.A.S.H., Nashville e O Jogador reúne um elenco estelar para narrar a última apresentação ao vivo do lendário programa de rádio americano A Prairie Home Companion (título original do filme). É gente que não acaba mais: Meryl Streep, Tommy Lee Jones, Kevin Kline, Woody Harrelson, entre outros.

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburguer – Na época da ditadura militar, um menino tem como sua maior preocupação ver o Brasil na Copa de 70. O diretor de Castelo Rá-Tim-Bum – O Filme conta uma história que anda comovendo muita gente.

Uma Verdade Inconveniente, de Davis Guggenheim - Documentário que aborda a apresentação multimídia do ex-vice-presidente dos EUA Al Gore sobre as questões relacionadas ao fenômeno das mudanças climáticas mundiais. A surpresa da produção está em revelar um Al Gore que o público não conhecia.

Ah! E tem Jogos Mortais III. Incrível como sai um por ano dessa porcaria! Mas não adianta avisar. Sei que um monte de gente vai ver...

Criadores de Matrix em Speed Racer

Os irmãos Andy e Larry Wachowski, diretores e roteiristas da trilogia Matrix e produtores de V de Vingança, vão adaptar para as telas o clássico animê e mangá Speed Racer.

O produtor Joel Silver garante que os dois loucos estão animados em criar algo completamente diferente para filmes de corrida. “Eles estão tratando essas seqüências de uma maneira que vocês nunca viram antes", garante Silver. John Gaeta, o vencedor do Oscar de Efeitos Visuais por Matrix, já trabalha com a dupla no visual do longa. As filmagens devem começar na metade de 2007, com lançamento previsto para o verão americano de 2008.

Só espero que os Wachowski respeitem esse ícone da cultura pop que é Speed Racer. Eles são bons em derrapar quando a corrida já está ganha. É só ver como eles se esforçaram para destruir Matrix nos dois últimos filmes da trilogia.