segunda-feira, dezembro 25, 2006

Meu filme favorito de Natal

Todo ano, Hollywood faz um filme sobre o Natal. O encanto já se perdeu, como na bobagem recente Um Natal Brilhante, com Matthew Broderick e Danny De Vito, porque parece que isso virou obrigação. Mas lá atrás, quando eu nem era nascido e esse tipo de filme não era uma fórmula, o grande Frank Capra fez A Felicidade Não Se Compra. Demorei para alugar o DVD e tentar entender as razões que levaram esse filme a ser reverenciado. Quando surgiu o "The End" na tela, percebi como eu havia perdido tempo na vida. Enquanto eu me debulhava em lágrimas, já pensava em chamar todos os amigos para ver essa obra-prima.

Em A Felicidade Não Se Compra, Capra mostra como uma pessoa adorável e amada como George Bailey (James Stewart), consegue pensar em tirar a própria vida em um momento de desespero. Tudo é evitado com a ajuda de um anjo, que faz o sujeito entender como ele faria falta aos entes queridos. Simples assim... e o clássico de Capra foi imitado por cerca de 100 mil vezes ao longo dos anos, mas nunca houve nada igual. Esse é o meu filme favorito para o Natal e sem ele não há como comemorar essa data. Você ainda não viu? Não perca tempo. Feliz Natal!

Retrospectiva 2006 - Parte II

Os filmes do verão americano praticamente salvaram Hollywood. A média de 2005 foi muito baixa e esse ano surpreendeu graças a Piratas do Caribe - O Baú da Morte, que ultrapassou a marca de US$ 1 bilhão - feito alcançado antes somente por Titanic e O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei. Muitos colegas acharam o novo Piratas do Caribe exagerado, e eles têm razão. Mas eu pergunto: qual é o problema? É uma montanha russa de diversão até a intrigante cena final, que deixa os fãs esperando por 2007 e a conclusão de Piratas do Caribe - No Fim do Mundo. E tem o Johnny Depp, que fez de seu Jack Sparrow um personagem único para a história do cinema. Sua última cena neste segundo filme da trilogia é tão bem feita que me fez concluir que a estrutura de Piratas do Caribe - O Baú da Morte é todinha de O Império Contra-Ataca. Tudo dá errado. Tem que esperar o terceiro para saber o que acontecerá. O segundo é mais filme do que o primeiro, que se apoiava somente no talento de Depp. Pergunto de novo: qual é o problema de Piratas do Caribe - O Baú da Morte?

A Disney também nos presenteou com outra surpresa: Carros, que foi mais um acerto da Pixar. Nessa eu confio. Esse foi o ano da volta do Homem-de-Aço aos cinemas. Superman - O Retorno foi cortesia de Bryan Singer, que sabiamente deixou o decepcionante X-Men: O Confronto Final pra lá. Somente a abertura (que arrancou lágrimas dos fãs) já valeu o ingresso - a homenagem explícita ao original de 1978, de Richard Donner, começa com a trilha inesquecível de John Williams e vai até a cena final. Brandon Routh é um achado e interpretou Christopher Reeve como Clark Kent/Superman com muita personalidade. E tem essa Kate Bosworth, que é demais.

O Código Da Vinci arrumou mais inimigos para Dan Brown. Seu livro é divertido e nada mais do que isso. Mas o diretor Ron Howard é um exímio contador de histórias e fez uma adaptação intrigante. É verdade que não houve muitas mudanças, mas o livro já é quase um roteiro pronto para o cinema. Junte o carisma de Tom Hanks - desculpe, mas ele "é" o Robert Langdon - ao talento visceral de Sir Ian McKellen e temos um filme de primeira. As reclamações são dos inimigos de Brown. Nem vou entrar nessa questão de polêmica com religião, que já me cansou. Cinema também pode ser entretenimento e o filme cumpre essa função. E tem a bela música de Hans Zimmer, que cresce na monumental cena que fecha O Código Da Vinci. Ninguém comentou, mas parece que Ron Howard quis encerrar com aquele momento impactante, que se torna referência de cinema - algo assim só se vê em casos raros como O Planeta dos Macacos, por exemplo.

Como poucos filmes do verão americano me marcaram, agora é hora de comentar as decepções. Dessa vez, não consegui defender M. Night Shyamalan, de quem tanto gosto, em A Dama na Água. O diretor de O Sexto Sentido fez um filme para si próprio e com uma linguagem quase que indecifrável. Já citei X-Men: O Confronto Final, que é uma conclusão lamentável para a bela saga dos mutantes que Bryan Singer estava construindo com muita competência. Seu sucessor Brett Ratner pisou na bola e quis mostrar que basta ser fã dos quadrinhos para fazer um bom filme sobre os X-Men. Miami Vice começou mal, mas melhorou da metade para o final. O diretor Michael Mann (de O Informante e Colateral) é um dos melhores da atualidade, mas embora Miami Vice tenha seus momentos, essa versão para o cinema não tem a alma da série de TV. Mas o pior veio com os filmes sobre o 11 de setembro. Infelizmente, tenho o pressentimento de que Vôo United 93 disputará o Oscar de Melhor Filme. Espero estar enganado, afinal é um trabalho oportunista e maniqueísta de Paul Greengrass, que só sabe tremer a câmera. Ele pensa que esse é o artifício definitivo para gerar tensão na tela. Mas a grande bomba do ano foi As Torres Gêmeas, o pior filme da carreira de Oliver Stone. Nem sei como agüentei até o final.

O Amor Não Tira Férias

Há tempos que a roteirista e diretora Nancy Meyers tenta resgatar o cinema romântico. Não como em qualquer comédia do gênero que serve de veículo para Meg Ryans ou Sandra Bullocks, mas filmes feitos com o coração - algo cada vez mais em falta nessa Hollywood moderna.

Responsável por pérolas como Do que as Mulheres Gostam e, principalmente, Alguém tem que Ceder, Nancy Meyers entrega outro adorável presente para cinéfilos que, como ela, sentem que a sétima arte já não é mais a mesma. Em um mundo cínico, muitos pensam que o cinema também tem a obrigação de ser um espelho da realidade - chega de romantismo exagerado e viva a ironia. Hoje em dia, uma pitada a mais de sentimento é sinônimo de pieguice. Viva Nancy Meyers, que encara o cinismo com as armas perfeitas: o romantismo e a nostalgia.

Seu novo trabalho, O Amor Não Tira Férias, não é somente uma homenagem a um gênero que se perdeu, mas também relembra uma Hollywood que se foi - a figura do personagem do veterano roteirista interpretado com garra por Eli Wallach, que rende a cena mais emocionante do filme, comprova essa teoria. Nancy aproveita para homenagear esses mitos que fizeram do cinema o que ele é. A diretora se volta, principalmente, para grandes compositores como Ennio Morricone - citado por Jack Black no filme, tive a impressão de que Nancy permitiu que o compositor Hans Zimmer tocasse trechos de Era uma Vez na América (um dos mais belos trabalhos de Morricone) durante muitos momentos de O Amor Não Tira Férias. Posso estar enganado, mas a música parece estar lá. Outro ponto para Nancy.

Embora Cameron Diaz esteja em um território onde ela é perfeita - a moça não tem jeito em dramas - e Jude Law faça um homem que só existe em filmes de Frank Capra, O Amor Não Tira Férias pertence a talentosíssima Kate Winslet. Sua caracterização mostra ser impossível não se identificar com sua personagem - seja você homem ou mulher.

Por muitas vezes, o cinema pode ser sério, mas também pode ser romântico e divertido. Basta ser feito pela pessoa certa (e Nancy Meyers está no caminho certo). Claro que há clichês, mas o importante em O Amor Não Tira Férias é fazer o cinéfilo viajar na nostalgia, curtir um filme romântico da velha Hollywood e deixar qualquer um sair do cinema com um sorriso de orelha a orelha.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Retrospectiva 2006 – Parte I

Para relembrar o que rolou de melhor em 2006, eu começo pelos dois prêmios mais importantes de Hollywood: Globo de Ouro e Oscar. Quase todo mundo queria que O Segredo de Brokeback Mountain ganhasse os prêmios principais. O filme de Ang Lee é realmente bonito e o talento do cineasta para contar histórias conseguiu deixar a platéia envolvida (e sem preconceitos) até a cena final. Lee fez um trabalho sensível e conquistou o mundo.

O problema é que muitos queriam transformá-lo em símbolo de uma época. Brokeback Mountain é um filmaço, mas se é para falar em importância nos tempos atuais, Crash, Boa Noite e Boa Sorte, e Munique falavam mais alto. Por isso, muita gente ficou revoltada quando Crash “roubou” o Oscar de Melhor Filme de Brokeback Mountain. Talvez o longa de Ang Lee seja melhor, mas Crash era o favorito da classe de atores em Hollywood, que representa a grande maioria dos membros da Academia. Crash é um ótimo filme e um dos poucos de que eu gostei com aqueles artifícios do roteiro moderno em reunir milhões de personagens. Mesmo assim, entre os prêmios que recebeu, acho que só merecia a estatueta de Melhor Roteiro Original. Mas, definitivamente, Brokeback Mountain, que levou o Globo de Ouro e rendeu o Oscar de Melhor Diretor a Ang Lee (além de vários prêmios da crítica), não precisava da Academia, mais do que Crash, para chamar a atenção do público.

Por outro lado, a Academia agiu como porta-voz de Hollywood ao dar um recado sobre a situação política dos EUA. Os filmes que disputaram o Oscar carregaram uma mensagem anti-Bush. Alguns falaram do passado para analisar o presente. Meu favorito era Boa Noite e Boa Sorte e torci para o George Clooney ganhar como Melhor Diretor, mas ele levou apenas o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, por Syriana (meu favorito nesta categoria era Matt Dillon, em Crash). Munique foi o meu segundo preferido. Steven Spielberg fez o seu filme mais seco e direto, mas é muito complexo e deve ser revisto. Ainda não me recuperei do primeiro impacto no cinema, mas quando assisti-lo novamente em DVD, volto a falar sobre Munique.

Philip Seymour Hoffman ficou com o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Ator, mas não gosto de Capote. Acho um filme burocrático e sem alma, que depende exclusivamente do imenso talento de Hoffman -
ainda prefiro a atuação de David Strathairn, em Boa Noite e Boa Sorte. Já a vitória como Melhor Atriz de Reese Witherspoon só confirma a tendência de Hollywood em buscar novas estrelas. Fica a impressão de que o prêmio de Ator é levado mais a sério. Seu trabalho em Johnny & June (o vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme – Comédia/Musical) é mesmo competente, mas tinha Keira Knightley ótima em Orgulho e Preconceito. Rachel Weisz ganhou tanto o Globo quanto o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por O Jardineiro Fiel. Rachel tem uma presença forte no filme de Fernando Meirelles, mas gosto mais de Michelle Williams em Brokeback Mountain. Enquanto isso, obviamente, King Kong dominou nas categorias de Efeitos Visuais, Som e Efeitos Sonoros merecidamente.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Bruce Willis bate e arrebenta no trailer de Duro de Matar 4

Os heróis de ação das últimas décadas estão mesmo com vontade de retornar ao cenário cinematográfico. Primeiro foi Sylvester Stallone, que filmou Rocky Balboa, a sexta parte de uma das séries responsáveis por sua consagração. Agora é a vez de Bruce Willis arriscar tudo com Duro de Matar 4 – na verdade, o título oficial é Live Free or Die Hard.

Dê uma olhada no trailer aqui e repare na cena sensacional em que um carro voa para cima de John McClane (Willis).

Para quem esteve fora do planeta Terra de 1988 a 1995, Duro de Matar sempre traz o pobre McClane no lugar errado, mas na hora certa. No primeiro Duro de Matar (1988), de John McTiernan, o policial detona terroristas em um prédio comercial gigantesco de Los Angeles, enquanto Duro de Matar 2 (1990), de Renny Harlin, coloca o tira estragando os planos de guerrilheiros no aeroporto de Washington. Já Duro de Matar – A Vingança (1995), de John McTiernan, é o mais diferente (e o mais fraco). Nesta terceira parte, McClane tenta salvar Nova York de uma série de atentados a bomba. Considero o primeiro filme a obra de ação mais influente (ou imitada?) dos últimos tempos.

A trama de Live Free or Die Hard apresenta o policial John McClane (Willis), em Washington, às voltas com terroristas que atacam a rede de comunicação dos Estados Unidos. Ele precisa impedir um colapso nacional nos sistemas do governo programado para o 4 de julho. Dirigido por Len Wiseman, de Anjos da Noite, o filme estréia nos EUA no feriadão de 4 de julho, claro.

domingo, dezembro 17, 2006

Eva Green rocks

Falar sobre 007 – Cassino Royale e nem mencionar a francesinha Eva Green foi um pecado. Que mulher maravilhosa! Linda, ela tem classe e a presença das verdadeiras estrelas da era de ouro de Hollywood. Essa garota (mulher?) de 26 anos é a melhor coisa do filme. Tudo bem que Daniel Craig é bom ator e se esforça para salvar 007 - Cassino Royale, mas quando Eva surge, a tela fica iluminada.

Repare na cena em que Vesper Lynd (Eva) está sem maquiagem de frente para um espelho. Quando ela surge no cassino diante dos jogadores, a reação masculina na sala de cinema é a mesma vista em cena. Seu charme e olhar fazem Cameron Diaz, por exemplo, parecer vulgar. Quando Eva pára e apenas olha, ela parece uma pintura. Aliás, onde foi parar o conceito de "estrela de cinema"? Onde estão as verdadeiras musas?


Já tive essa impressão em Os Sonhadores, de Bertolucci, e em Cruzada, de Ridley Scott. Bertolucci chegou a dizer: "Eva é tão bela que chega a ser indecente". Quem sou eu para discordar de Bernardo Bertolucci? E ela é boa atriz... Acompanho a carreira de Eva Green com entusiasmo, mas como não quero apanhar, vou parar aqui.

007 - Cassino Royale

Confesso que fiquei preocupado quando fizeram Batman Begins e Superman - O Retorno, mas tive que calar a boca e curtir os trabalhos respectivos de Christopher Nolan e Bryan Singer. Achei que reinventar Batman, por exemplo, era uma idéia polêmica. Mas ainda bem que respeitaram o personagem e suas origens. Infelizmente, não consigo defender o que fizeram com o pobre James Bond em 007 - Cassino Royale.

O filme só não é um erro maior por causa daquele que foi criticado antes mesmo da estréia: Daniel Craig. Bom ator, ele tem carisma e sabe levar um filme nas costas. Mas seu trabalho seria ainda melhor se o mesmo roteiro fosse usado em outro filme, com outro título. Isso não é 007. E não adianta dizer que é o começo da história ou que é baseado no romance de Ian Fleming. O ícone James Bond é forte pela criação de Sean Connery. Suas atitudes e costumes são produtos de uma época. Não há sentido em atualizar - ao menos, essa foi a idéia, mas eles fizeram outro herói usando apenas o mesmo nome. Por exemplo, eu não gostaria de ver um Indiana Jones com outra personalidade. Mesmo com outro ator no lugar de Harrison Ford. O que tanto deu certo nas escolhas de Roger Moore e Pierce Brosnan - Timothy Dalton e George Lazenby eu nem quero comentar - é que eles deram seqüência ao trabalho de Connery e à visão cinematográfica do agente.

Dito isso, parece que é um James Bond da era Jack Bauer, da série 24 Horas. Mas se não gostam de Bond, que vejam outro filme. Não é certo mudar sua personalidade. Há uma referência aqui e outra ali, mas é muito pouco para Bond. Vi Daniel Craig fazendo um herói legal em um bom filme de ação, mas não 007 (e nem tem tanta ação assim). E o respeito aos fãs? Como fica? E Bond é um cara que fala "bitch"?

Gostar desse 007 - Cassino Royale como um filme do agente imortalizado por Sean Connery é cair no conto do vigário de Hollywood. Não dá para gostar de Connery e Craig. Só dá para escolher um. Eu nem lembrava mais que filme eu estava vendo - só na última cena, quando Craig diz "The name is Bond. James Bond." e a música sobe com os créditos. A sorte é toda de Daniel Craig, que agarrou a chance com unhas e dentes. Ele vai longe e promete uma bela carreira. Mas acho que a frase de Judi Dench, em determinada hora, explica a minha sensação: "Christ, I miss the Cold War".

Babel no Globo de Ouro

Ainda não vi Babel, mas desde sua estréia em Cannes, que meus colegas vibram com o filme de Alejandro González Iñárritu (FOTO). Sei que o diretor desdenhou do cinema americano no Festival do Rio. Ao lado de Walter Salles, disse que Hollywood não é capaz de fazer filmes humanos. Generalizando, ele não deixa de ter razão. Mas será que ele não vê os filmes de Clint Eastwood? E o que significa Encontros e Desencontros, da Coppolinha? Ou Sideways, de Alexander Payne? E Crash, de Paul Haggis?

Aliás, em recente entrevista para a revista SET, o cara menosprezou Crash, o grande vencedor do último Oscar, e ainda pediu para não compararem Babel a Crash, que para ele é "um filme racista sobre o racismo". Bom, essa eu não entendi. O que Crash tem de racista? Ele alerta sobre a intolerância dos EUA com as minorias. Será que Inárritu não entende assim de cinema como eu pensava? Sei que tem gente que me critica por elogiar Amores Brutos e 21 Gramas, mas Babel deve ser espetacular para seu diretor ter levado o ego às alturas e abusar da arrogância.

Nesta semana, a Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood deu sete indicações para Babel no Globo de Ouro (veja a lista completa aqui). Dizem que é o favorito, mas me surpreendeu que não tenha sido premiado nas principais associações de críticos, como os de Nova York e Los Angeles. Achei que ia ser o "queridinho da crítica", mas Clint Eastwood, Martin Scorsese e Vôo United 93 dominaram. Voltando ao Globo, acho que o filme deve ganhar pelo roteiro, mas há uma forte vontade em premiar Os Infiltrados e Scorsese. Como ainda não vi os filmes do velho Clint, ainda não posso opinar.

Mas como disse, Babel precisa ser muito bom para merecer essa posição de Iñárritu. Mesmo assim, não concordo com sua arrogância em relação aos colegas e, principalmente, em seu comentário sobre Crash.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Sci-Fi News de dezembro

Caros amigos, essa é para fazer um jabá! Pela primeira vez, eu assino um pequeno artigo para uma revista. Uma adaptação da minha nota sobre a morte do diretor Robert Altman (como vocês leram aqui no blog) está na edição de dezembro da revista Sci-Fi News.

A edição também fala sobre 007 - Cassino Royale, Eragon, Fonte da Vida, além de um perfil do astro Hugh Jackman, e uma entrevista com o novo Bond, Daniel Craig. Para quem quiser ler o meu primeiro artigo em revistas, saiba que a edição já está nas bancas.

Você me chamou de Octopussy?

Ewan McGregor recusou ser o substituto de Pierce Brosnan na franquia do agente 007. Outras opções como Hugh Jackman e Clive Owen foram descartadas pelos produtores. Mas se um desses nomes tivesse assumido o papel, nenhum deles teria a pressão que Daniel Craig sofreu. James Bond loiro? Como pode? E essa foi apenas uma das reclamações dos fãs. Mas depois da estréia, parece que Craig calou a boca dos críticos. Vai encarar?

A partir de hoje, o público brasileiro tem a oportunidade de aprovar (ou não) o fortão (e feio) Daniel Craig como James Bond em 007 – Cassino Royale. Não é refilmagem da paródia de 1967 com David Niven e Peter Sellers. É a releitura da série mostrando a origem de 007. Star Wars, Batman e, agora, Bond. Aliás é a nova onda: Prequels! Coisa do George Lucas. Aguarde a crítica deste blog na próxima semana.

Avaliação de alguns filmes em cartaz:
(**** Excelente / *** Bom / ** Regular / * Ruim)

Um Bom Ano ****

(E não é que eu gostei?)

Happy Feet – O Pingüim ****
(E o Amoroso é o Sidney Magal)

O Ilusionista *
(Pior que O Grande Truque)

Os Infiltrados ****
(O melhor filme do ano)

O Labirinto do Fauno ***
(Bom filme, mas poderia ter sido extraordinário)

A Última Noite ***
(Música do coração)

Volver **
(Pela atuação de Penélope Cruz)

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Globo de Ouro destaca Babel e Os Infiltrados

Nesta manhã, o The Beverly Hilton foi o cenário para Jessica Biel, Rosario Dawson e Matthew Perry anunciarem os indicados ao 64º Globo de Ouro! Babel lidera a lista com sete indicações em cinema, enquanto Os Infiltrados vem logo depois com seis – lembre-se de que a Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood não deve uma estatueta a Martin Scorsese, mas sim a Academia. E o bom senso deixou Vôo United 93 de fora.

O mais estranho ficou com as indicações de Apocalypto, de Mel Gibson, e Cartas de Iwo Jima, de Clint Eastwood, na categoria Melhor Filme Estrangeiro. Mas é uma regra do Globo de Ouro.
Produções de língua não-inglesa não podem concorrer como Melhor Filme. E com a exclusão de Cinema, Aspirinas e Urubus, o filme de Marcelo Gomes pode perder força no Oscar.

Neste ano, tivemos várias indicações duplas (Leonardo DiCaprio, Toni Collette, Annette Bening, Chiwetel Ejiofor e Emily Blunt), enquanto a Dama Helen Mirren foi honrada com três indicações, assim como o velho Clint (duas vezes por Melhor Diretor e outra por Melhor Filme Estrangeiro). E atenção para a nova categoria de Melhor Animação!

Em TV, Grey’s Anatomy lidera entre as séries, enquanto My Name is Earl recebeu uma solitária indicação de Melhor Ator para Jason Lee. Veja a lista completa abaixo e aguarde mais comentários e previsões deste blog para a entrega das estatuetas em 15 de janeiro.

Melhor Filme (Drama)
Babel
Bobby
Os Infiltrados
Pecados Íntimos
A Rainha


Melhor Filme (Comédia ou Musical)
Borat – O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América
O Diabo Veste Prada
Dreamgirls – Em Busca de um Sonho
Pequena Miss Sunshine
Obrigado Por Fumar


Melhor Diretor
Clint Eastwood (A Conquista da Honra)
Clint Eastwood (Cartas de Iwo Jima)
Stephen Frears (A Rainha)
Alejandro González Iñárritu (Babel)
Martin Scorsese (Os Infiltrados)

Melhor Roteiro
Babel
Pecados Íntimos
Notes on a Scandal
Os Infiltrados
A Rainha


Melhor Ator (Drama)
Leonardo DiCaprio (Diamante de Sangue)
Leonardo DiCaprio (Os Infiltrados)
Peter O’ Toole (Venus)
Will Smith (À Procura da Felicidade)
Forest Whitaker (O Último Rei da Escócia)

Melhor Atriz (Drama)
Penélope Cruz (Volver)
Judi Dench (Notes on a Scandal)
Maggie Gyllenhaal (Sherrybaby)
Helen Mirren (A Rainha)
Kate Winslet (Pecados Íntimos)

Melhor Ator (Comédia ou Musical)
Sacha Baron Cohen (Borat – O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América)
Johnny Depp (Piratas do Caribe – O Baú da Morte)
Aaron Eckhart (Obrigado Por Fumar)
Chiwetel Ejiofor (Kinky Boots)
Will Ferrell (Mais Estranho que a Ficção)

Melhor Atriz (Comédia ou Musical)

Annette Bening (Running With Scissors)
Toni Collette (Pequena Miss Sunshine)
Beyoncé Knowles (Dreamgirls – Em Busca de um Sonho)
Meryl Streep (O Diabo Veste Prada)
Renée Zellweger (Miss Potter)

Melhor Ator Coadjuvante
Ben Affleck (Hollywoodland – Bastidores da Fama)
Eddie Murphy (Dreamgirls – Em Busca de um Sonho)
Brad Pitt (Babel)
Jack Nicholson (Os Infiltrados)
Mark Wahlberg (Os Infiltrados)

Melhor Atriz Coadjuvante
Adriana Barraza (Babel)
Rinko Kikuchi (Babel)
Cate Blanchett (Notes on a Scandal)
Emily Blunt (O Diabo Veste Prada)
Jennifer Hudson (Dreamgirls – Em Busca de um Sonho)

Melhor Filme Estrangeiro
Apocalypto (EUA)
Cartas de Iwo Jima (EUA/Japão)
The Lives of Others (Alemanha)
O Labirinto do Fauno (México)
Volver (Espanha)

Melhor Animação
Carros
Happy Feet – O Pingüim
A Casa Monstro

Melhor Trilha Sonora
The Painted Veil
Fonte da Vida
Babel
Nomad
O Código Da Vinci


Melhor Canção
A Father’s Way (À Procura da Felicidade)
Listen (Dreamgirls – Em Busca de um Sonho)
Never Gonna Break My Faith (Bobby)
The Song of the Heart (Happy Feet – O Pingüim)
Try Not to Remember (Home of the Brave)

Melhor Série de TV (Drama)
24 Horas
Big Love
Grey’s Anatomy
Heroes
Lost


Melhor Série de TV (Comédia)
Desperate Housewives
Entourage
The Office
Ugly Betty
Weeds


Melhor Minissérie ou Filme Feito Para a TV
Bleak House
Broken Trail
Elizabeth I
Mrs. Harris
Prime Suspect – The Final Act


Melhor Ator em Série de TV (Drama)
Patrick Dempsey (Grey’s Anatomy)
Michael C. Hall (Dexter)
Hugh Laurie (House)
Bill Paxton (Big Love)
Kiefer Sutherland (24 Horas)

Melhor Atriz em Série de TV (Drama)
Patricia Arquette (Medium)
Eddie Falco (Família Soprano)
Evangeline Lilly (Lost)
Ellen Pompeo (Grey’s Anatomy)
Kyra Sedgwick (The Closer)

Melhor Ator em Série de TV (Comédia)
Alec Baldwin (30 Rock)
Zach Braff (Scrubs)
Steve Carell (The Office)
Jason Lee (My Name is Earl)
Tony Shalhoub (Monk)

Melhor Atriz em Série de TV (Comédia)
Marcia Cross (Desperate Housewives)
America Ferrera (Ugly Betty)
Felicity Huffman (Desperate Housewives)
Julia Louis-Dreyfus (The New Adventures of Old Christine)
Mary-Louise Parker (Weeds)

Melhor Ator em Minissérie ou Filme Feito Para a TV
André Braugher (Thief)
Robert Duvall (Broken Trail)
Michael Ealy (Sleeper Cell – American Terror)
Chiwetel Ejiofor (Tsunami – The Aftermath)
Ben Kingsley (Mrs. Harris)
Bill Nighy (Gideon’s Daughter)
Matthew Perry (The Ron Clark Story)

Melhor Atriz em Minissérie ou Filme Feito Para a TV
Gillian Anderson (Bleak House)
Annette Bening (Mrs. Harris)
Helen Mirren (Elizabeth I)
Helen Mirren (Prime Suspect – The Final Act)
Sophie Okonedo (Tsunami – The Aftermath)

Melhor Ator Coadjuvante em Série de TV, Minissérie ou Filme Feito Para a TV
Thomas Haden Church (Broken Trail)
Jeremy Irons (Elizabeth I)
Justin Kirk (Weeds)
Masi Oka (Heroes)
Jeremy Piven (Entourage)

Melhor Atriz Coadjuvante em Série de TV, Minissérie ou Filme Feito Para a TV
Emily Blunt (Gideon’s Daughter)
Toni Collette (Tsunami – The Aftermath)
Katherine Heigl (Grey’s Anatomy)
Sarah Paulson (Studio 60 on the Sunset Strip)
Elizabeth Perkins (Weeds)

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Um Bom Ano

Sei que muitos vão me achar louco, mas ainda estou nas nuvens por causa do novo filme de Ridley Scott, Um Bom Ano. Sei que foi massacrado pela crítica, enquanto o público (principalmente o americano) não ligou muito para esse belo, maravilhoso filme.

Já bastaria ver a competência habitual de Russell Crowe, um dos meus atores favoritos. Não concordo quando dizem que ele não se encaixa em um papel feito sob medida para um Hugh Grant. Ambos são atores e tanto Crowe quanto Grant não são obrigados a fazer sempre a mesma coisa. Outro atrativo consiste nas diversas citações cinematográficas, incluindo um diálogo de Lawrence da Arábia: "Por que você gosta tanto do deserto, Major Lawrence?", "Porque ele é limpo!". O irônico Max Skinner de Russell Crowe começa incapaz de reconhecer as belezas da vida, como o amor de T.E. Lawrence pelo deserto no clássico de David Lean. Isso já resume o problema inicial de Skinner. Lógico que ele vai mudar até o fim, mas isso não importa.


Sempre digo que existem filmes que encantam pela forma ou conteúdo. É quando falamos em “aula de cinema” e, mesmo assim, a paixão pela sétima arte exala da tela. Mas nem sempre é a estrutura que importa, nem começo, meio ou fim. Às vezes, a sensação é mais importante – como o comentário de Albert Finney sobre o livro Morte em Veneza. Em pouquíssimas vezes, um filme consegue dialogar diretamente com o coração do espectador. É o meu caso com Um Bom Ano.

O roteiro pode não trazer nada de novo, mas a beleza dos sentidos captada pela câmera de Ridley Scott é algo sublime. Um Bom Ano é um filme que fala de sensações – desde memórias ao simples toque nas costas de uma bela mulher ou, até mesmo, os prazeres de um beijo. Aliás, o filme tem duas cenas magníficas de beijo. Lembrei de passagens semelhantes em Depois do Vendaval, de John Ford (o beijo mais bonito do cinema), e E.T. – O Extraterrestre, de Steven Spielberg. Particularmente, são momentos que dialogam com essas cenas de Um Bom Ano. A primeira delas acontece em um restaurante com uma tela de cinema ao fundo (acho que com momentos de Jacques Tati e Brigitte Bardot) e, então, vem a chuva e o inevitável beijo. É a coisa mais bonita desse mundo. Talvez não mais do que a parte em que o jovem Max Skinner (Freddie Highmore) descobre o erotismo ao ver uma linda francesinha pular na piscina, sair da água direto para seus lábios e encerrar com uma frase ao pé do ouvido, que o menino carregará por toda a vida. Imagens podem valer mais do que palavras e o cinema não precisa ser sempre, mas pode recorrer diretamente ao visual para ilustrar um roteiro.

Um Bom Ano não é simplesmente uma comédia romântica - talvez seja mais complexo do que aparenta. Há uma magia radiante encontrada em poucos filmes. Tudo com uma fotografia perfeita que ilumina a França e escurece a Inglaterra, além da presença dessa mulher linda que é Marion Cotillard. O filme respira cinema e Ridley Scott sabe como contar uma história e orquestrar cenas visualmente irretocáveis. É o cara de Blade Runner, Alien e Gladiador, mas também de Um Bom Ano.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Críticos divididos entre Eastwood, Scorsese e... Vôo United 93?

Os críticos de Nova York e Los Angeles devem estar loucos! Vôo United 93 é o melhor filme do ano?
Bom, essa foi a escolha da Associação de Nova York, enquanto os jornalistas de Los Angeles elegeram Paul Greengrass como o Melhor Diretor. Vôo United 93 é um filme espertalhão que se finge de documentário. É falso cinema, que abusa do maniqueísmo. Seria sentimentalismo pelo 11 de setembro?

No mais, nada de surpresas: a Associação dos Críticos de Los Angeles coloca Letters From Iwo Jima, de Clint Eastwood, na frente da disputa pelo Oscar. Depois de levar o National Board of Review, a produção que retrata o lado japonês da batalha de Iwo Jima (Clint também analisa o lado americano em A Conquista da Honra) foi escolhida como o melhor filme do ano. Já a Associação dos críticos de Boston premiou Os Infiltrados e Martin Scorsese, que também ganhou como Melhor Diretor em Nova York.

E nesta quinta-feira saem as indicações ao Globo de Ouro. Parece que vem novo confronto entre Clint Eastwood e Martin Scorsese por aí. Já Forest Whitaker e Helen Mirren surgem como prováveis barbadas nos prêmios de atuação.

Veja as listas completas abaixo dos prêmios da crítica americana:

Associação dos Críticos de Los Angeles

Melhor Filme: Letters From Iwo Jima
Melhor Diretor: Paul Greengrass (Vôo United 93)
Melhor Ator: Sacha Baron Cohen (Borat) e Forest Whitaker (The Last King of Scotland)
Melhor Atriz: Helen Mirren (The Queen)
Melhor Ator Coadjuvante: Michael Sheen (The Queen)
Melhor Atriz Coadjuvante: Luminita Gheorghiu (The Death of Mr. Lazarescu)
Melhor Roteiro: The Queen
Melhor Fotografia: Filhos da Esperança
Melhor Direção de Arte: O Labirinto do Fauno
Melhor Trilha Sonora: The Painted Veil e The Queen
Melhor Filme Estrangeiro: The Lives of Others (Alemanha)
Melhor Animação: Happy Feet – O Pingüim
Melhor Documentário: Uma Verdade Inconveniente

Associação dos Críticos de Nova York

Melhor Filme: Vôo United 93
Melhor Diretor: Martin Scorsese (Os Infiltrados)
Melhor Ator: Forest Whitaker (The Last King of Scotland)
Melhor Atriz: Helen Mirren (The Queen)
Melhor Ator Coadjuvante: Jackie Earle Haley (Little Children)
Melhor Atriz Coadjuvante: Jennifer Hudson (Dreamgirls – Em Busca de um Sonho)
Melhor Roteiro: The Queen
Melhor Fotografia: O Labirinto do Fauno
Melhor Animação: Happy Feet – O Pingüim
Melhor Filme Estrangeiro: Army of Shadows (França)

Associação dos Críticos de Boston

Melhor Filme: Os Infiltrados
Melhor Diretor: Martin Scorsese (Os Infiltrados)
Melhor Ator: Forest Whitaker (The Last King of Scotland)
Melhor Atriz: Helen Mirren (The Queen)
Melhor Ator Coadjuvante: Mark Wahlberg (Os Infiltrados)
Melhor Atriz Coadjuvante: Shareeka Epps (Half Nelson)
Melhor Roteiro: Os Infiltrados
Melhor Elenco: Vôo United 93
Melhor Fotografia: O Labirinto do Fauno
Melhor Filme Estrangeiro: O Labirinto do Fauno (México)
Melhor Documentário: Deliver Us From Evil e Shut Up & Sing

O Labirinto do Fauno

A nova fantasia do mexicano Guillermo Del Toro já merecia elogios somente por ser um roteiro original. O Labirinto do Fauno jamais seria feito em Hollywood e perto disso, os americanos só viram os esboços do superestimado Tim Burton, que sempre termina consumido pelo excesso de seus filmes.

Diferente de Burton, Del Toro leva sua ousadia até o fim. Em O Labirinto do Fauno, ele viaja com a imaginação da menina sonhadora Ofelia (a ótima Ivana Baquero) pelas sombras da Espanha dominada pelo fascismo. A fuga da brutal realidade de Ofelia reside em um universo habitado por criaturas repugnantes, mas incapazes de comparações à crueldade humana. Sem medo de desagradar a platéia, Del Toro faz a menina comer o pão que o Diabo amassou. E ele atende pelo nome de Capitão Vidal. O ator Sergi López faz com que o personagem ganhe um pedestal entre os grandes vilões do cinema. Ele é o pior dos monstros de O Labirinto do Fauno.

Entre citações que vão desde Alice no País das Maravilhas a O Iluminado, Del Toro sabe que um filme não vai para frente só com um visual exuberante e personagens maiores que a vida (como Tim Burton acha). Seu roteiro é muito bem amarrado e liga de forma quase perfeita os dois mundos de Ofelia. E por mais estranho que seja é exatamente neste ponto em que encontro o único problema do filme. E trata-se da mesma sensação incômoda encontrada em A Espinha do Diabo, outro trabalho semelhante de Del Toro.

O Labirinto do Fauno parece ser dois filmes em um. A parte fantástica da história é assustadora, mas não tanto quanto a realidade do batalha entre o Capitão Vidal e os rebeldes. No final, tudo faz sentido e os dois mundos dialogam entre si, mas ainda assim, o lado dedicado aos horrores da guerra parece ter mais importância. Até os planos são mais abertos do que na hora da fantasia – o que depõe contra a cartilha do gênero, mas é só um detalhe que pode ser perdoado.


Seria um filmaço sobre o sofrimento da Espanha com a guerra civil, mas as idas e vindas do mundo fantástico de Ofelia são muito curtas e impressionam mais pelo asco de algumas cenas do que pelo deleite visual e o envolvimento com o ambiente. Talvez o filme tivesse mais força se o diretor e roteirista deixasse o lado real mais de lado, ou se abordasse apenas o seu drama de guerra. Mas aí não seria O Labirinto do Fauno. Um filme deve ser julgado pelo que ele é. E o de Guillermo Del Toro é bom e criativo, mas poderia ser melhor.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Enquanto 007 não chega aos cinemas

A principal estréia da semana vem com a marca do diretor Alfonso Cuarón (de E Sua Mãe Também e Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban). A premissa de Filhos da Esperança é interessante: No ano de 2027, a Humanidade não consegue procriar. Quando uma misteriosa mulher grávida surge, Clive Owen tenta ajudá-la a ter a criança que pode salvar a vida na Terra. Julianne Moore e Michael Caine também estão no filme.

Entre outras estréias, há o decepcionante O Ilusionista (veja a crítica neste blog) e a aventura baseada no game DOA - Vivo ou Morto. O filme tem muita mulher e pancadaria (a foto mostra que só o elenco é indispensável). Também chega hoje aos cinemas a comédia Um Natal Brilhante, com Matthew Broderick e Danny DeVito. E uma pergunta: Você vai ao cinema para ver um filme batizado pela distribuidora de Ela Dança, Eu Danço? Francamente... Que chegue logo a semana que vem com 007 – Cassino Royale.


Avaliação de alguns filmes em cartaz:
(**** Excelente / *** Bom / ** Regular / * Ruim)

Carros ****
(Mais um Oscar de Melhor Animação para a Pixar?)

Fonte da Vida *

(Pura bobagem)

O Grande Truque **
(Tem muito cinema ali, mas peca pelos excessos)

Happy Feet – O Pingüim ****
(Pingüim pela paz e a igualdade entre os povos)

O Ilusionista *
(Faz O Grande Truque parecer um filmaço)

Os Infiltrados ****
(Scorsese em plena forma)

Pequena Miss Sunshine ****
(Agradável surpresa)

A Última Noite ***
(Um bonito adeus de Robert Altman)

Volver **
(Entendo a proposta, mas o show de Almodóvar não me empolga)

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Vale boicotar uma obra de ficção?

Um protesto ou tentativa de boicote contra o filmeco americano Turistas anda circulando pela Internet. Claro que irritou os brasileiros, afinal é sobre um grupo de mochileiros que vem ao nosso país e acaba vítima de sádicos traficantes de órgãos. Tem até mesmo um site picareta promovendo o filme (www.paradisebrazil.com).

É fato que a maioria dos americanos não tem vergonha em admitir que não conhece nada sobre a história de outros países. Mas sempre foi assim no cinema de Hollywood. Filmes de guerra, terror, ficção-científica, ou seja, o que for: tudo é mais perigoso quando a ameaça é externa. O medo do desconhecido se mistura com a ignorância.


Em Um Lobisomem Americano em Londres, dois jovens ianques são atacados por um lobo a caminho da capital inglesa. Um morre e o outro se transforma na criatura do título. Já a primeira versão de Guerra dos Mundos era uma metáfora relacionada ao medo da Guerra Fria.

Lógico que a trama de Turistas é absurda, mas a proposta não difere muito da que vimos em O Albergue, por exemplo. O trash cool de Eli Roth sugere que a principal fonte de renda nos confins da Eslováquia é convidar milionários para torturar mochileiros até a morte. Nesse caso, o que será que os europeus pensam sobre O Albergue? A verdade sobre Turistas é que a temática mexeu com o brio de nosso povo.


Enfim, por mais que Turistas apresente erros bizarros como índios andando nas praias ou uma selva perigosa paralela ao calçadão de Copacabana, trata-se de uma obra trash de ficção. Não dá para levar a sério. É como ver o filme e constatar que todo americano é idiota. Então valem as perguntas: o cinema retrata sempre a realidade? E qual é a definição para cinema? Com estréia nacional prevista para fevereiro, Turistas é mais do mesmo lixo. Só que dessa vez incomodará o brasileiro que sempre faz fila para ver filmes de terror como esse.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Clint Eastwood (ele de novo) ganha o primeiro prêmio importante do ano em Hollywood

A associação National Board of Review abriu a temporada de prêmios em Hollywood. Seus integrantes não são críticos de cinema, mas formadores de opinião como professores, advogados e jornalistas.

Ainda teremos as escolhas dos críticos de Nova York (NY Film Critics Circle) e Los Angeles (LA Film Critics Association), além das indicações ao Globo de Ouro na próxima quinta-feira, dia 14 de dezembro.

No ano passado, a National Board of Review elegeu Boa Noite e Boa Sorte como o Melhor Filme, enquanto Ang Lee foi o Melhor Diretor por O Segredo de Brokeback Mountain. Neste ano, a associação escolheu Letters From Iwo Jima, de Clint Eastwood, como Melhor Filme. Martin Scorsese foi o Melhor Diretor por Os Infiltrados. Veja a lista completa abaixo:

TOP 10 NATIONAL BOARD OF REVIEW

Letters From Iwo Jima, de Clint Eastwood
Babel, de Alejandro González Iñárritu
Diamante de Sangue, de Edward Zwick
Os Infiltrados, de Martin Scorsese
O Diabo Veste Prada, de David Frankel
A Conquista da Honra, de Clint Eastwood
The History Boys, de Nicholas Hytner
Pequena Miss Sunshine, de Jonathan Dayton e Valerie Faris
Notes on a Scandal, de Richard Eyre
The Painted Veil, de John Curran

Melhor Filme: Letters From Iwo Jima
Melhor Diretor: Martin Scorsese (Os Infiltrados)
Melhor Roteiro Original: Mais Estranho que a Ficção
Melhor Roteiro Adaptado: The Painted Veil
Melhor Ator: Forest Whitaker (The Last King of Scotland)
Melhor Atriz: Helen Mirren (The Queen)
Melhor Ator Coadjuvante: Djimon Hounson (Diamante de Sangue)
Melhor Atriz Coadjuvante: Catherine O’Hara (For Your Consideration)
Melhor Filme Estrangeiro: Volver (Espanha)
Melhor Documentário: Uma Verdade Inconveniente
Melhor Animação: Carros
Melhor Elenco: Os Infiltrados
Revelação Masculina: Ryan Gosling (Half Nelson)
Revelação Feminina: Jennifer Hudson (Dreamgirls) e Rinko Kikuchi (Babel)
Diretor revelação: Jason Reitman (Obrigado Por Fumar)

O Ilusionista

Desde os sucessos de Os Suspeitos e, principalmente, O Sexto Sentido, que Hollywood acha necessário colocar um final surpresa para resolver (e desconstruir) um filme inteiro de suspense. O que quero dizer com suspense na atual safra é algo como uma pitada de mistério na trama. Até pérolas como Jogos Mortais traçam esse caminho.

Com estréia prometida para essa sexta, O Ilusionista é o segundo “filme de mágico” de 2006. Ao abordar o fantástico mundo do ilusionismo, a fórmula do “final surpresa” parecia tentadora como nunca – o próprio pôster traz a isca “o filme mais surpreendente do ano”.

Mas ao contrário de seu primo O Grande Truque, O Ilusionista não define o seu rumo. Parece querer agradar a todos, mas não chega a lugar algum. Há um suspense que promete, mas termina de forma superficial. No meio disso tudo, há espaço para um romance que começa bem até cair nos clichês de sempre. De repente, para salvar o filme vem o tal final surpreendente em uma cena patética com Paul Giamatti.


Alfred Hitchcock ensinou que o “grande truque” por trás dos mistérios é deixar pistas por todo o filme - mas o diretor precisa desviar a atenção do espectador para que a solução não seja óbvia. Não é o caso de O Ilusionista, que nem precisava de uma conclusão dessas. Com tantos filmes assim, é até possível adivinhar o final.

A fórmula manjada ainda apresenta cenários e figurinos refinados, que conseguem deixar o talento de Edward Norton de lado. Será que isso é um elogio? E sobra Jessica Biel provando que é má atriz, enquanto o cineasta Neil Burger (em seu segundo trabalho) ainda mostra ter a mão pesada para a direção.


Pelo menos, a fotografia de Ondrej Nakvasil, que remete aos primórdios do cinema, e a trilha hipnotizante de Philip Glass merecem destaque. Dispensável, O Ilusionista faz O Grande Truque parecer perfeito. Ou seja, ainda não conseguiram fazer o “filme de mágico”.