sexta-feira, março 30, 2007

300


Adaptado da graphic novel de Frank Miller, 300 (2007), o filme de Zack Snyder (de Madrugada dos Mortos) que está dando o que falar, é bom para a cabeça, mas não para o coração.

Uma vez, li que alguns críticos consideram Amadeus, de Milos Forman, um filme sobre Mozart para roqueiros. Então 300 só pode ser um épico para metaleiros. Ou para quem adora passar horas jogando videogame. Ou para um eterno menino que adorava brincadeiras estúpidas com seus coleguinhas. De uma beleza visual absurda, 300 realmente empolga e deixa quem tem o perfil acima louco para berrar no cinema junto com o Rei Leônidas (o ator escocês Gerard Butler, que finalmente encontra seu lugar no Olimpo) e acertar a cabeça de quem esteja ridicularizando o filme.

Como não li a obra de Frank Miller, fontes me garantem que está tudo ali na tela, mas onde está a visão de Zack Snyder como cineasta? Em cada cena, lembramos de um filme semelhante. Além dos movimentos dos guerreiros espartanos lembrarem Matrix, existem momentos de Coração Valente, e principalmente Gladiador e O Senhor dos Anéis. Talvez se 300 tivesse acontecido antes da monumental trilogia de Peter Jackson, o filme de Zack Snyder seria merecedor dos rótulos de “revolucionário” como alguns exaltados pregaram. Lógico que isso é um exagero. Inclusive, a mesma técnica foi empregada em Sin City.

Mas nas primeiras cenas, já sabemos qual é o tipo de filme em que 300 se encaixa. É pegar ou largar. Snyder não engana ninguém. É um festival de berros, sangue e testosterona – o que é muito bom para a cabeça. Mas falta alma ou coração ao diretor. Embora domine muito bem as técnicas do cinema atual, Snyder entrega um filme tão violento quanto Apocalypto, de Mel Gibson, mas não acrescenta nada ao que já vimos antes. A sensação de déjà vu é inevitável e a pergunta surge: Enfim, o que é cinema?

Sobra espetáculo visual, mas falta um compromisso dramático com a tragédia evidente do exército espartano. Embora não tenha uma montagem de videoclipe, 300 respeita os fatos históricos, insere alguns monstros (!) e segue uma narrativa clássica. Temos 10% de cenas dedicadas à construção da história, enquanto os outros 90% partem para a ignorância e dá-lhe Leônidas! Há alguma desculpa para tanto exibicionismo? Quem pensou somente em “quadrinhos”, errou. O filme é narrado por um soldado espartano e seu entusiasmo pelo ato heróico do exército de Leônidas contra os persas justifica os exageros. Esperto esse Zack Snyder.

Ah! Rodrigo Santoro... ele está lá. É o Rei Xerxes, que se leva muito a sério como divindade. Para isso, Zack Snyder deixou o ator mais alto e turbinou sua voz à la Darth Vader. Ele não é necessariamente um vilão. Depende do seu ponto de vista. Bom para Santoro, que entra pela porta da frente de Hollywood com todo o sucesso do filme.

Alguns críticos acusaram uma certa apologia à guerra em 300 – de que tudo pode ser resolvido no tapa ou na ponta da lança. Insistem em citar os feitos de Bush, que ignorou as decisões da ONU e o apelo de outros países ao invadir o Iraque. Ora essa! Os espartanos eram educados para guerrear desde meninos. Isso é História! Por que eles não dizem isso ao Leônidas de Gerard Butler, que existiu muito antes de Bush? E 300 é para a massa, principalmente a adolescente. Quem se importa com isso? É como andar numa montanha russa bacana. É legal, você sai totalmente alucinado, mas esquece em pouco tempo. Se isso também é cinema, 300 é o filme certo.


300 (2007)
Direção: Zack Snyder
Elenco: Gerard Butler, Rodrigo Santoro, Lena Headey e David Wenham

quarta-feira, março 28, 2007

Louco e Visionário

Para quem acha que o cinema não sabe mais fazer ficção científica, a espera por 2009 será angustiante. Todo mundo já sabe que James Cameron está desenvolvendo o misterioso Avatar com extrema paciência para que seu filme chegue às telas exatamente como sonhou.

O diretor de Titanic escreveu 80 páginas do roteiro de Avatar em 1996, mas teimou em esperar pelo avanço tecnológico para voltar ao filme. Graças aos resultados recentes da Weta, do colega Peter Jackson, com o Gollum, de O Senhor dos Anéis, e o gorila, de King Kong, Cameron embarcou em mais um projeto gigantesco. Avatar será rodado diante do chroma key, como Sin City e 300, e mais tarde ganhará retoques por computador. Isso não é tudo: além de usar uma câmera nova, ele planeja lançar Avatar em cerca de 1500 salas com projeção digital em 3-D. Será que podemos sonhar em assisti-lo nesse formato aqui no Brasil?

O anúncio de que James Cameron retornaria com um ambicioso projeto de ficção científica agitou os fãs do gênero (e do cineasta). “Ótimo! Eu sabia que ainda havia cinco ou seis fãs espalhados por aí. Na verdade, eu voltei a trabalhar em meados de 2005. Sinto que esse filme representa algo comparado ao Projeto Manhattan e, agora, isso se tornou público.”, revelou Cameron em entrevista para a Entertainment Weekly. Logicamente, a comparação de Avatar a famosa bomba foi no bom sentido.

Perto do que Cameron prepara em termos de tecnologia, o enredo de Avatar ainda pouco importa: Jake (Sam Worthington) é um veterano de guerra paraplégico. Ele é levado a outro planeta, Pandora, habitado pelos Navi, uma raça humanóide com sua própria língua e cultura. Zoe Saldana, Sigourney Weaver, Peter Mensah, Joel David Moore, C.C.H. Pounder e Laz Alonso são outros nomes confirmados para o elenco. As filmagens começam em abril.

Hollywood esqueceu a ficção científica como arte?

James Cameron é o cara que fez O Exterminador do Futuro, O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final, Aliens – O Resgate e O Segredo do Abismo. É um craque em ficção científica. Será que chegou a hora de lavar a alma dos fãs do gênero? Matrix decepcionou, Star Wars é fantasia (não necessariamente ficção científica), e só Steven Spielberg soube utilizar os recursos de nossa época para lançar ótimos exemplares como A.I., Minority Report e Guerra dos Mundos – ele ainda promete outra incursão pelo gênero em 2009: Interestellar.

Mas é pouco se fizermos uma comparação à criatividade dos anos 30, 40 e 50, quando o cinema se arriscava mais pelo gênero. Hollywood usava e abusava da tecnologia de cada época (e sem vergonha) para lançar pérolas como O Dia em que a Terra Parou. Desde Blade Runner, o gênero tem se saído bem melhor com produções menores (ou mais modestas), mas com roteiros criativos como o excelente Filhos da Esperança, de Alfonso Cuarón.

O que acontece com essa década? Parece que só James Cameron entendeu o que Peter Jackson fez em O Senhor dos Anéis e não tentou imitá-lo. Chega de épicos romanos, gregos ou fantasias com cenas que trazem mais do mesmo! Um dos problemas de Hollywood é a tendência – se deu certo, os estúdios fazem outros mil. Por exemplo, o recente 300 pode ser muito bem feito, mas não tem nada de revolucionário como alguns disseram. Em várias cenas do filme de Zack Snyder, a sensação de déjà vu vem à mente e lembramos de O Senhor dos Anéis ou Gladiador. Existem outros gêneros para explorar a tecnologia.

Não estou pedindo outro 2001 – Uma Odisséia no Espaço, claro. Mas Hollywood poderia tentar se aproximar do que Ridley Scott fez em Blade Runner. E para isso, não significa adaptar todos os contos de Philip K. Dick. Como disse, o problema é a tendência.

terça-feira, março 27, 2007

Scoop

Em toda a história de Hollywood, ninguém jamais pregou um humor ácido e, ao mesmo tempo, delicioso como Woody Allen. Depois de algumas tentativas de retornar ao gênero que o consagrou, o baixinho hipocondríaco de óculos gigantescos finalmente foi bem-sucedido em Scoop – O Grande Furo (Scoop, 2006).

Será que faltava a inspiração de uma musa como em seus melhores trabalhos ao lado Diane Keaton e Mia Farrow? Talvez Scarlett Johansson represente esse reencontro do autor com sua energia criativa – mesmo que ela não seja Diane ou Mia. O importante é que, em cena, Allen está engraçadíssimo com um timing perfeito para a comédia. Há tempos ele não tinha uma química tão radiante na tela ao lado de uma estrela. Não bastava exatamente mudar de ares – como de Nova York para Londres. Scarlett era a peça que faltava para vermos um Woody Allen de 70 anos enlouquecido, hipocondríaco e afiado nas piadas como conhecemos há mais de três décadas.

Mesmo não sendo uma femme fatale como em Dália Negra (2006), de Brian De Palma, ou em Match Point (2005), do próprio Allen, Scarlett consegue ser sensual mesmo fora de todos os estereótipos. É só perceber a fixação da câmera do diretor quando Scarlett está sozinha na tela ou usando um maiô vermelho de liquidação, como ela admite – por essa cena, “obrigado, Woody”. Quando o cineasta não atua, exceto por Match Point, ele sempre coloca sua personalidade no protagonista – foi assim com John Cusack, em Tiros na Broadway (1994), e com Kenneth Branagh, em Celebridade (1998). Scarlett só não é uma versão feminina da mente de Woody Allen porque ele atua em Scoop. Mas, me referindo a uma das passagens cômicas da trama, ela é a “filha que Woody Allen jamais teve”. Scarlett é Sondra Pransky, uma estudante de jornalismo norte-americana de passagem em Londres. Ela é inseparável de seus óculos, assumidamente nerd e atrapalhada, mas não chega a ser neurótica como o mágico Sid Waterman (Allen). Em um de seus shows, ele usa Sondra como voluntária e a moça recebe uma mensagem do espírito de Joe Strombel (Ian McShane), um conceituado jornalista inglês. Ele tem um “grande furo” para a jovem estudante: o aristocrata britânico Peter Lyman (Hugh Jackman) é o famoso "assassino das cartas de tarô", que aterroriza Londres. Mas será que um espírito pode se enganar? A improvável dupla parte para a investigação e as risadas brotam da tela naturalmente.

Tem crítico batendo em Scoop e dizendo que “não é o melhor de Woody Allen” ou “não está entre os melhores do diretor e roteirista”. Eles até têm razão, mas isso não é um problema do filme. Já vimos muita coisa de Scoop em, principalmente, Um Misterioso Assassinato em Manhattan (1993). Allen adora um crime - foi assim em Crimes e Pecados (1989) e Match Point (2005) -, e Londres é o cenário ideal para esse tipo de trama. Então, Scoop lembra outros filmes de Woody Allen? Qual o problema? Acho que isso representa qualidade, afinal a obra do cineasta não foi esquecida. E mesmo não sendo um de seus melhores trabalhos, Scoop é uma comédia despretensiosa e infinitamente superior à média que domina o circuito, e que prova para uma nova geração que ninguém se aproxima do humor de Woody Allen.

Scoop - O Grande Furo (Scoop, 2006)
Direção: Woody Allen
Elenco: Scarlett Johansson, Woody Allen, Hugh Jackman e Ian McShane

sexta-feira, março 23, 2007

Um Produto Chamado Cinema

Agora que a temporada de prêmios terminou, os cinemas de todo o Brasil se preparam para receber os grandes lançamentos de 2007. Os principais filmes a serem exibidos são aqueles que fazem parte da concorrida temporada do verão norte-americano. Em conseqüência, fica menor o espaço destinado às produções menores (ou mais modestas), que não sejam de origem “enlatada”.

Ou seja, Piratas do Caribe – No Fim do Mundo e Homem-Aranha 3 têm distribuição garantida em várias cidades porque tanto o estúdio, quanto os distribuidores e exibidores, acreditam no potencial de retorno desses “produtos”.

Mas alguns filmes chegam na data prometida apenas em São Paulo e Rio de Janeiro, enquanto as outras capitais ficam a ver navios, sem previsão de estréia. Sei que Salvador teve que esperar algumas semanas para ver Dreamgirls – Em Busca de um Sonho, o musical de Bill Condon indicado a oito estatuetas. Será que o problema foi somente a sua ausência nas categorias Melhor Filme e Melhor Diretor do Oscar? E Cartas de Iwo Jima, de Clint Eastwood, que levou várias semanas para chegar a Goiânia? Para distribuidores e exibidores, Dreamgirls e Cartas de Iwo Jima não passam de “produtos” ou “mercadorias” no sentido pobre da palavra. Mas como os cinéfilos fora do eixo Rio-São Paulo ficam nessa hora?

Lógico que alguns casos raros ocorrem também em uma cidade como São Paulo: Vênus, que rendeu uma indicação a Peter O’Toole ao Oscar de Melhor Ator estreou apenas em duas salas. Duas! Enquanto uma produção do porte de Filhos da Esperança, de Alfonso Cuarón, teve vida curta em poucas salas da cidade. O que dizer da situação desses filmes em outros estados?

HOLLYWOODIANO conversou com alguns executivos de grandes distribuidoras e jornalistas da área para tentar apontar o caminho. Mas infelizmente, o problema está longe de uma solução. De acordo com um crítico de uma revista especializada, o assunto é complicado: “Sempre foi uma questão polêmica. Isso implica em custos que ninguém quer arcar. Às vezes, a distribuidora não acredita no produto e não o lança nos cinemas. O filme acaba saindo direto em DVD e VHS. Neste caso, os custos ficam com a divisão de vídeo e eles devem arcar com a responsabilidade de ter algum faturamento sobre o filme. É o caso de O Justiceiro, que a Columbia não acreditou e foi lançado somente em vídeo”. Segundo ele, outra situação comum é quando acreditam pouco no produto e a mesma cópia que vai para um cinema de São Paulo roda pelo resto do Brasil com uma qualidade assustadoramente deplorável.

Quando perguntei se jornalistas e críticos poderiam ser convidados pelas distribuidoras para “ensinar” sobre a importância do “produto” aos exibidores, ele respondeu: “Você acha que um distribuidor vai reconhecer que não sabe muito do filme que tem em suas mãos? E o exibidor, que se diz entendedor do público para quem trabalha, vai ouvir as palavras de supostos ‘entendedores de filmes’? Esse é o paradoxo empresarial!”.

Para um representante de uma importante distribuidora de filmes do país, o problema também envolve os estúdios: “São algumas variáveis que levam a essa situação. Parte da culpa é dos exibidores e outra parte, dos próprios estúdios. São elementos como alto custo do print e a quantidade elevada de títulos no mercado.”

Então, tudo está interligado – alguns filmes chegam ao mercado externo com recomendações dos estúdios de Hollywood (a maioria dessas produções são aquelas que saem em DVD ou VHS sem passar pelos cinemas). Mas, no caso de um filme como Borat ou Dreamgirls, muitos exibidores não acreditam na inteligência do próprio público. Como, então, o estúdio faria para vender o seu filme? O problema está longe de uma solução. Quem trata o cinema como produto, sempre encontra um meio para lucrar com ele. Mas como fica o cinéfilo? Essa é a pergunta.


Por Otavio Almeida

Colaboraram Ana Kamila Azevedo (do blog Cinéfila Por Natureza) e Flávia Costa

Número 23

23 razões para você passar longe de Número 23 (The Number 23, 2007):

1) Joel Schumacher é um dos piores diretores de Hollywood.
2) Joel Schumacher não sabe fazer terror ou um thriller psicológico sem explicar demais a história e entregar um final moralista.
3) Joel Schumacher não é David Lynch.
4) Joel Schumacher não é Stanley Kubrick.
5) Joel Schumacher fez Batman & Robin.
6) Jim Carrey é ótimo, mas foi a escolha errada para esse tipo de filme.
7) Não é uma comédia (ou um bom drama) com Jim Carrey.
8) Hollywood desperdiça a ótima atriz Virginia Madsen e só agora descobriu que ela é gostosa.
9) A obsessão do roteirista Fernley Phillips pelo tal número 23 não impressiona. Ele deve ter sofrido com isso em sua vida e quer compartilhar a loucura.
10) Os motivos que levam Walter Sparrow (Jim Carrey) a ficar tão preso no livro sobre o número 23 não convencem no início. Quando vem a explicação no final, ela é convencional e nada surpreendente.
11) Por que Walter não se concentra em Virginia Madsen? Deixa esse livro pra lá!
12) O filme envergonha a carreira dos atores.
13) A obsessão de Zagallo pelo número 13 é mais assustadora e interessante.
14) O filme lembra outros mil que pegam poeira nas locadoras.

15) A trama é risível e seria melhor se fosse uma comédia.
16) O mistério dos números de Lost são bem mais intrigantes.
17) Número 23 não assusta e nem vai gerar discussão.
18) Número 23 começa com uma abertura estilosa e doentia como David Fincher gosta de fazer (e é muito mais criativo). Foi assim em Seven, Clube da Luta e O Quarto do Pânico.
19) Joel Schumacher também não é David Fincher.
20) O ingresso está cada vez mais caro.
21) É um dos piores filmes do ano.
22) Framboesa de Ouro à vista.
23) “Joel Schumacher não acerta” tem 23 letras.


Número 23 (The Number 23, 2007)
Direção: Joel Schumacher
Elenco: Jim Carrey, Virginia Madsen, Danny Huston, Logan Lerman e Rhona Mitra

quarta-feira, março 21, 2007

Killers Kill, Dead Men Die


Esses são The Cuban (Pedro Almodóvar) e Doña Perfecta (Penélope Cruz) em apenas uma das belíssimas cenas de Killers Kill, Dead Men Die, o filme noir fictício da Vanity Fair deste mês. Na verdade, trata-se de um ensaio fantástico de Annie Leibovitz para a revista.

São 16 fotos para cinéfilo nenhum botar defeito e imaginar um elenco dos sonhos formado por nomes como Helen Mirren, Judi Dench, Forest Whitaker, Sharon Stone, Naomi Watts, Jack Nicholson, Robert Downey Jr., Jessica Biel, Jessica Alba, Diane Lane, Sylvester Stallone, Djimon Hounson, James McAvoy, Tobey Maguire, Kirsten Dunst, Jennifer Hudson, Kate Winslet, Bruce Willis, entre outros. Em cada foto, a legenda conta a história do "filme".

É divertido! Dê uma olhada no site da Vanity Fair.

terça-feira, março 20, 2007

Trailer do novo "Piratas do Caribe"

Está sentado? Então relaxe e aproveite a viagem que é esse primeiro trailer de Piratas do Caribe - No Fim do Mundo. Atenção para a luta interminável entre Jack Sparrow (Johnny Depp) e Davy Jones (Bill Nighy) e, claro, o show de Depp se divertindo no papel do pirata afetado.

No novo filme, o lorde Cutler Beckett (Tom Hollander), da Companhia das Índias Orientais, assumiu o controle do barco fantasma Holandês Voador e, agora, vaga pelos sete mares matando piratas sem misericórdia, sob o comando do almirante Norrington (Jack Davenport). Will Turner (Orlando Bloom), Elizabeth Swann (Keira Knightley) e o capitão Barbossa (Geoffrey Rush) precisam reunir os Nove Lordes da Corte da Irmandade para enfrentar Beckett. Mas falta um dos lordes, o capitão Jack Sparrow (Johnny Depp), que está preso ao baú de Davy Jones (Bill Nighy). Assim, os heróis precisam rumar a Cingapura e derrotar um pirata chinês, o capitão Sao Feng (Chow Yun-Fat), para conseguir os mapas que os conduzirão ao fim do mundo e resgatar Jack, o Pérola Negra e lutar enfim contra o temido Holandês Voador e seus algozes.

Piratas do Caribe - No Fim do Mundo tem estréia mundial no dia 25 de maio.

Veja o trailer abaixo ou aqui:


segunda-feira, março 19, 2007

Ponte Para Terabítia

Ou os filmes infantis andam muito bobos ou a adaptação de Ponte Para Terabítia (Bridge to Terabithia, 2007) é a melhor coisa do gênero em muito tempo. Seu segredo é não ser exatamente um filme para crianças, mas sobre crianças.

Nessa época cínica, Ponte Para Terabítia surge como um alívio. É aquele tipo de filme que a minha geração poderá mostrar aos filhos sem medo. Não li o livro de Katherine Paterson, mas parece que o cineasta Gabor Csupo, de Rugrats - Os Anjinhos, direcionou o filme ao público adulto. É sobre a importância de viver a infância, o prazer de brincar e explorar a imaginação ao máximo antes que deixemos de ser oficialmente crianças.

Mas para embarcar nessa história, é melhor esquecer as comparações com As Crônicas de Nárnia (2005). Não é uma fantasia, mas um drama pé no chão sobre crianças sendo apenas crianças. O conceito de Ponte Para Terabítia lembra muito o de Em Busca da Terra do Nunca (2004). Só que o filme estrelado por Johnny Depp se prendeu demais no compromisso com a vida do autor de Peter Pan, J.M. Barrie, e a proposta de valorizar a imaginação das crianças ficou um tanto confusa. Nesse ponto, o filme de Gabor Csupo vai mais longe. Sem se preocupar com nenhuma personagem real, Ponte Para Terabítia utiliza esse tema para tratar de assuntos bem mais "sérios".

As aventuras de Jesse (Josh Hutcherson, de Zathura) e Leslie (AnnaSophia Robb, de A Fantástica Fábrica de Chocolate) não representam uma fuga da dura realidade, mas um segmento obrigatório da infância. Enquanto brincam, Jesse e Leslie até esquecem os problemas com a falta de popularidade na escola e a natural insistência dos adultos em não levar as crianças a sério. Mas a idéia aqui é brincar até a passagem ao mundo adulto e transmiti-la aos mais novos. Mas não pense que Ponte Para Terabítia é só um "filme de mensagem".

O mais impressionante é que a produção se revela triste nesse ritual da perda da inocência. Aliás, muito triste. Tem gente que vai deixar a sala de cinema com o rosto inchado de tanto chorar. Tudo isso porque Ponte Para Terabítia questiona religião, educação e a inevitabilidade da morte com muita sinceridade. É um filme muito bonito sobre crianças, mas sobretudo para os adultos entenderem que elas precisam viver intensamente antes de crescer.

Ponte Para Terabítia
(Bridge to Terabithia, 2007)
Direção: Gabor Csupo
Elenco: Josh Hutcherson, AnnaSophia Robb, Zooey Deschanel e Robert Patrick

sexta-feira, março 16, 2007

Cate Blanchett em "Indiana Jones"

Totalmente insano por notícias sobre o novo filme de Indiana Jones, não pude deixar de conter minha felicidade ao descobrir que a grande Cate Blanchett assinou para integrar o elenco da aventura confirmada para 2008. Aliás, a equipe garante que a estréia será mundial: 22 de maio. Maravilha!

Não sei vocês, mas eu tenho uma queda por Cate Blanchett. Além de atriz talentosa, a vencedora do Oscar tem postura ou presença como poucas na Hollywood atual. Ela não é a estrela mais bonita do momento, mas seu charme é impressionante e fica difícil desviar o olhar quando sua silhueta surge na tela. Nunca notou o poder da voz de Cate Blanchett? Talvez ela seja a melhor atriz de sua geração! Ao menos, a minha favorita.

Seu papel em Indiana Jones IV ainda é segredo. Mas Cate se junta a Harrison Ford e Shia LaBeouf, os únicos confirmados até então. O que Steven Spielberg e George Lucas reservam para a atriz de Elizabeth (1998), O Aviador (2004) e Notas Sobre um Escândalo (2006)? Aguardem mais notícias neste blog cada vez mais alucinado pela quarta aventura de Indy, que começa a ser filmada no próximo dia 18 de junho.

quinta-feira, março 15, 2007

Maria Antonieta


Por Flavia Costa (Especial para HOLLYWOODIANO)

Maria Antonieta, a última rainha da França, entrou para a história como símbolo da decadência da monarquia francesa. Seu nome é associado à futilidade, frivolidade, devassidão, desrespeito ao povo... e à célebre frase sobre os brioches (que ela nunca disse). Talvez tenha sido a mulher mais incompreendida da História, difamada pela ira do povo francês, que projetou nela todo o descontentamento com o sistema vigente.

O grande mérito de Maria Antonieta (Marie Antoinette, 2006), novo filme de Sofia Coppola, é humanizar um personagem tão controverso, mostrando um retrato introspectivo de uma menina oprimida pelo mundo em que vive. "Não me interessava fazer um drama histórico. Eu queria ver a garota atrás do mito e dos clichês", revela a diretora. Pode parecer chato para alguns, mas o resultado é um filme de alma feminina e adolescente, com estética pop e trilha sonora moderninha.

Aos 14 anos, Maria Antonieta (Kirsten Dunst) deixa a Áustria para se casar com o príncipe francês Luis XVI (Jason Schwartzman). Na corte de Versalhes, ela tem que lidar com o desinteresse do marido, as cobranças da mãe, a pressão por um herdeiro, as rígidas regras de etiqueta, as disputas familiares, as fofocas, a solidão.

Cansada de tentar agradar, ela cria seu próprio universo, refugiando-se em festas, roupas, sapatos, penteados e champagne. Esse momento de ruptura é marcado pela trilha sonora indie, com Gang of Four, New Order, Strokes, Siouxsie and The Banshees. É um recurso interessante, que dá charme ao filme e, somado à bela fotografia, rende cenas esteticamente irretocáveis.

Mas da metade em diante, as passagens de tempo entre os acontecimentos acabam perdendo ligação e o filme perde um pouco da unidade. Parece que Sofia quis dar seqüência ao clima de Encontros e Desencontros (2003) em Versalhes. É Lost in Translation de novo. Se explorar a rotina de personagens perdidos em um mundo cultural e social totalmente diferente funciona na cultuada produção com Bill Murray e Scarlett Johansson, isso não quer dizer que a fórmula tem que ser seguida em todos os trabalhos da diretora. Também senti falta de ver mais da rainha amadurecida, que enfrentou com dignidade a ira da revolução, mas não se pode ter tudo.

O filme não é perfeito, mas certamente não mereceu as vaias que recebeu no Festival de Cannes. Mas o que se podia esperar de uma platéia francesa diante de um filme americano sobre uma personagem de sua História?


Maria Antonieta (Marie Antoinette, 2006)
Direção: Sofia Coppola
Elenco: Kirsten Dunst, Jason Schwartzman, Judy Davis, Rip Torn, Asia Argento, Molly Shannon, Danny Huston e Marianne Faithfull

quarta-feira, março 14, 2007

Motoqueiro Fantasma

Não há muito que dizer sobre Motoqueiro Fantasma (Ghost Rider, 2007). Candidato ao posto de pior filme do ano? Pode ser. Mas é muito fácil bater no filme e prefiro direcionar os comentários a Nicolas Cage.

Vencedor do Oscar de Melhor Ator pelo maravilhoso Despedida em Las Vegas (1995), Cage tem uma reputação a zelar. Engraçado como ele recebeu a estatueta e partiu para um caminho totalmente inverso. Cage quis ser herói de filmes de ação e até acertou de início. Con Air (1997) tem vários defeitos, mas é muito divertido e barulhento. Já A Outra Face (1997) é um dos melhores filmes do gênero da década passada.

Mas não satisfeito, o ator queria viver um super-herói nas telas – ele teve grandes chances de ser Superman. Ainda bem que apareceu Bryan Singer pelo caminho. Depois de bem-sucedidas incursões de personagens famosos no cinema, parece que só restou o endiabrado Motoqueiro Fantasma, do qual o ator é fã confesso.

Só me pergunto se os dez fãs de Motoqueiro Fantasma gostaram do filme do (até agora) incompetente Mark Steven Johnson. O diretor já havia escorregado feio na adaptação de Demolidor (2003) e agora chutou o pau da barraca. Chega a ser constrangedor ver Nicolas Cage no papel de Johnny Blaze, o motoqueiro que vende a alma ao Diabo (uma infelicidade para o grande Peter Fonda) para salvar o pai. O filme parece diluído “para toda a família” pela máquina hollywoodiana, afinal trata-se de um personagem que fez um pacto com as trevas. Mas não há nada de assustador ou tenso em cada uma das cenas. As seqüências de ação parecem recicladas de outras produções (incrível como há até um “momento Homem-Aranha”).

Motoqueiro Fantasma é bobo demais para as crianças e o que dizer sobre o público adulto? É um trash de luxo – a única coisa que difere a produção do acervo do velho Cine Trash, da Bandeirantes, é a tecnologia dos dias de hoje. Ainda assim, o filme parece ter sido realizado às pressas e os efeitos visuais são muito preguiçosos, pouco convincentes.

Pensei que ia me divertir com essa escolha – perdi a sessão de Notas Sobre um Escândalo e tentei Motoqueiro Fantasma para zerar o cérebro. Ledo engano. Só Nicolas Cage se diverte durante o filme (sua cabeça intacta tem mais tempo na tela do que o crânio flamejante do Motoqueiro Fantasma). Volto a perguntar: Será que, ao menos, os fãs gostaram? É melhor o ator se dedicar a roteiros como Despedida em Las Vegas e Adaptação (2002).

Motoqueiro Fantasma (Ghost Rider, 2007)
Direção: Mark Steven Johnson
Elenco: Nicolas Cage, Wes Bentley, Eva Mendes, Sam Elliott e Peter Fonda

terça-feira, março 13, 2007

O último grande filme de terror

Em Poltergeist – O Fenômeno (1982), uma série de acontecimentos sobrenaturais abate a casa da família Freeling. A caçula Carol Anne (Heather O'Rourke) percebe forças ocultas que emanam da tela da TV e, em uma noite horripilante, desaparece misteriosamente. Seus pais (interpretados por Jobeth Williams e Craig T. Nelson) decidem contratar os serviços de especialistas em parapsicologia na tentativa de recuperar a filha.

Muito já foi dito sobre Poltergeist, mas lembro que quando eu assisti ao filme pela primeira vez, não consegui dormir direito. Achei que os espíritos me puxariam para a TV ou que os brinquedos no meu quarto ganhariam vida e me arrastariam para debaixo da cama. Acho que o cinema nunca mais acertou ao abordar uma casa mal-assombrada ou mesmo no gênero de terror. Estou falando de terror sobrenatural.

Poltergeist foi dirigido por Tobe Hooper, mas sei que ele se desentendeu com o produtor Steven Spielberg. No fim das contas, parece que Steven assumiu o controle da produção e ainda acrescentou um final alternativo. Mesmo com tanta briga no set, Poltergeist impressionou e marcou época. Steven filmou E.T. no mesmo ano. Sempre penso que a vizinhança mostrada em Poltergeist é a mesma de E.T., mas não tenho certeza. Para o cineasta, é mais um filme centrado em crianças e ainda dialoga com Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977). Certa vez, Stanley Kubrick disse que filmes de terror com espíritos ou assombrações significam otimismo, afinal é uma esperança de que há vida após a morte. Steven parece compartilhar dessa idéia na comparação de Contatos Imediatos a Poltergeist – é a descoberta do Homem de que existe algo maior do que ele. E nada melhor do que a inocência de uma criança para guiá-lo.

Poltergeist é um clássico moderno e talvez não seja exagero citá-lo como “o último grande filme de terror”. Pode ser inferior a outros sensacionais representantes do gênero como O Exorcista (1973), de William Friedkin, A Profecia (1976), de Richard Donner, e O Iluminado (1980), de Stanley Kubrick, mas é superior a tudo o que veio depois. Será que revelei todos os meus favoritos? Até acho que O Sexto Sentido (1999), de M. Night Shyamalan, poderia entrar nessa classificação, mas o filme é muito dramático e não se aproxima da “marca da maldade” inserida nesses outros clássicos.

Há 25 anos, Poltergeist aterrorizou o público dentro e fora das salas de cinema. Vários filmes do gênero carregam histórias amaldiçoadas sobre suas filmagens, mas, muitas vezes, são boatos que desafiam a imaginação dos fãs. Infelizmente, o elenco de Poltergeist foi vítima de tragédias reais. A atriz mirim Heather O'Rourke, que representava uma promessa em Hollywood, morreu em circunstâncias assustadoras. Como uma complicação pulmonar poderia ter matado uma criança de 12 anos em plenos anos 80? A atriz Dominique Dunne, que interpretou Dana, a filha mais velha dos Freeling foi assassinada pelo namorado no ano do lançamento do filme. Vá de retro!

sexta-feira, março 09, 2007

O filho de Indiana Jones

O site da Variety confirmou a presença de Shia LaBeouf como filho do arqueólogo mais famoso do cinema na quarta aventura de Indiana Jones. A fonte garante que está tudo certo – faltando apenas a assinatura do contrato. Isso vai dar o que falar entre os fãs da série...

Você deve perguntar: “Shia quem?”. Bom, o jovem ator de 20 anos já apareceu aqui e ali em filmes como Eu, Robô (2004), Constantine (2005), o inédito Bobby (2006) e, em breve, estará em Transformers (2007).

Conheço gente que deve estar muito brava com essa notícia de que Indy tem um filho. Seria de Marion Ravenwood (Karen Allen), a namorada do herói em Os Caçadores da Arca Perdida (1981)? Pode ser. Afinal, boatos apontam a presença de Marion no novo filme, assim como um roteiro situado na década de 50 – a idade de Shia LaBeouf bate com a idéia de Indy sendo pai de um garoto de 20 anos.

Quando assisti a Indiana Jones e a Última Cruzada (1989) pela primeira vez (sim, vi outras mil), vários fãs discutiam sobre a hipótese de um próximo filme apresentando o filho do herói, já que o último trazia o pai (Sean Connery). Com os anos, parece que a opinião geral mudou. Alguns fóruns pediam desesperadamente para que Steven Spielberg e George Lucas não colocassem o velho Indy como pai no quarto filme.

De qualquer forma, isso deve mesmo acontecer e o que todos esperam é que Steven e George realizem algo digno das aventuras de Indiana Jones. Como as filmagens começam em 18 de junho deste ano, os rumores sobre as presenças de Sean Connery, Natalie Portman, Karen Allen e John Rhys-Davies (o Sallah dos filmes anteriores, e o anão Gimli, de O Senhor dos Anéis) serão esclarecidos. Aguarde mais notícias neste blog sobre o filme mais aguardado de 2008.

quinta-feira, março 08, 2007

Hollywoodland

Ao assistir a uma produção da época de ouro de Hollywood, sempre passa pela cabeça de qualquer cinéfilo algo como "Não se faz mais filme como antigamente". Parece que tudo era mais fácil para os envolvidos no processo de desenvolvimento de um filme - desde a idéia inicial aos últimos retoques na pós-produção.

Mas não é bem isso o que acontece em Hollywoodland - Bastidores da Fama (Hollywoodland, 2006).
Em 1959, o ator George Reeves, que interpretou Superman na TV americana, cometeu suicídio. Ao menos, essa é a versão oficial. No filme que marca a estréia cinematográfica de Allen Coulter, diretor experiente de séries como Família Soprano, a investigação da misteriosa morte de Reeves deveria ser a parte mais interessante. Mas não é.

O detetive particular Louis Simo (Adrien Brody) não vive um bom momento em sua vida. Com pouca grana, muitas dívidas, uma ex-esposa e um relacionamento problemático com o filho, ele é contratado pela mãe de Reeves, que não acredita na hipótese de suicídio. Jogando todas as fichas na investigação, Simo descobre alguns podres na meca do cinema, que podem reabrir o caso. Em flashbacks, acompanhamos Reeves (Ben Affleck) tentando alcançar a fama em Hollywood. Apesar de atuar em um pequeno papel em E o Vento Levou, não era nada fácil ser contratado se você não tinha o status de um Clark Gable. Sua porta de entrada é um caso com Toni Mannix (Diane Lane), esposa de um chefão de estúdio (Bob Hoskins).

O diretor tenta caprichar no clima noir da metade dedicada ao personagem de Adrien Brody, mas só consegue acertar na cara. Não na alma do gênero. Falta alma ao filme, que parece ganhar força nas partes envolvendo a ascensão e queda de Reeves. E o que dizer de um filme em que a atuação mais vibrante é a de Ben Affleck?

Lógico que o prêmio entregue ao ator em Veneza e a indicação ao Globo de Ouro são exageros, mas Affleck parece que encontrou o papel de sua vida. Ele mostra um Reeves rodeado de incertezas e decepções, mas movido pela esperança. A chance que ele recebe para encarnar Superman na TV é vista sempre com desprezo pelo ator. O filme mostra que ele jamais gostou de usar aquele tradicional uniforme com a cueca por cima da calça. A melhor cena do filme representa o sonho que Reeves almeja: a fama. Um grupo de crianças vai à loucura quando descobre o Superman em um bar. O ator apaga o cigarro (Superman não fuma) e vai até os pequenos fãs para fazer pose de herói.

Como nunca descobriram o que realmente aconteceu com o ator, a investigação de Adrien Brody se torna chata e vai do nada a lugar nenhum. Na tentativa de criar duas histórias poderosas, o diretor acabou fazendo um "meio filme". São erros que não vão manter Hollywoodland na mente do espectador por muito tempo. Antes fosse uma produção sobre a vida de George Reeves, que terminou de forma triste e consumida pela indústria do cinema.

Hollywoodland - Bastidores da Fama
(Hollywoodland, 2006)
Direção: Allen Coulter
Elenco: Adrien Brody, Ben Affleck, Diane Lane e Bob Hoskins

quarta-feira, março 07, 2007

Frank Miller Comenta Adaptação de "300"


Ele é o responsável por uma revolução no mundo dos quadrinhos. Ou, como gostam de dizer, Frank Miller é o mestre das graphic novels. Seu nome estampa as capas de clássicos reverenciados como Batman – The Dark Knight Returns e de outra loucura que virou filme: Sin City.

Miller é a nova mina de ouro de Hollywood? Ou a nova cobaia? No próximo dia 30 de março, poderemos conferir a adaptação de sua (considerada) obra-prima: 300.
Com direção de Zack Snyder, de Madrugada dos Mortos (2004), o filme narra a histórica Batalha das Termópilas, cerca de 480 a.c. Nela, 300 espartanos resistiram bravamente contra os poderosos persas do Rei Xerxes I (Rodrigo Santoro). Abaixo, uma pequena transcrição da parte mais interessante da entrevista de Frank Miller para a revista Entertainment Weekly, na qual o autor comenta 300 e a versão cinematográfica.


O que há de tão fascinante sobre a Batalha das Termópilas?
As culturas mais estudadas da História trazem essas pequenas pérolas de guerra. Foi assim no assalto ao forte do Álamo ou na batalha dos 47 samurais, ou seja, são contos sobre um grupo de homens em número inferior triunfando perante um enorme exército inimigo. Mesmo que de forma moral. É a saga corajosa de um grupo, mas também de cada um destes homens.

Como foi transformar 300 em filme?
Eu só posso falar sobre o meu ponto de vista. Eu ainda nem estava envolvido com a versão de Sin City para o cinema e os filmes jamais sairiam sem a minha aprovação. Na verdade, eu era um tanto cético a respeito dessas adaptações cinematográficas. Havia um certo medo de que meus “filhos” se tornassem “filminhos” com finais felizes. E final feliz não é minha especialidade.

E como você cedeu?
Bom, eu conheci Zack Snyder. Conversamos mais ou menos por uma hora. Descobri que somos muito parecidos e ele entendeu cada referência histórica em 300, além de contribuir com ótimas sugestões. Ele é um especialista sobre a Batalha das Termópilas e, assim como eu, admira Victor Davis Hanson (historiador americano e autoridade mundial em história militar e agrária). Eu só pude dizer “sim” a ele.

Qual foi o seu envolvimento com a produção?
Ganhei o título de “Produtor Executivo” e tive a palavra final sobre o roteiro. Mas depois de muitas conversas com Zack, percebi que ele fazia um bom trabalho e que o filme deveria ser somente dele. Naquele momento, eu partia para a co-direção de Sin City e entendi que Zack precisava de liberdade em 300. Dali em diante, eu visitei o set uma vez, quando filmavam uma gigantesca cena de batalha. Essa é a diferença entre 300 e Sin City. 300 é um filme de Zack Snyder.

O filme é fiel à obra original, mas aumenta o papel da Rainha Gorgo. O que você achou disso?
Primeiramente, eu discordei. Achava que deveria ser um filme para meninos. Em termos históricos, Gorgo (Lena Headey) não esteve muito envolvida. Mas Zack tinha suas razões. Ele quis mostrar que o Rei Leônidas (Gerard Butler) lutou por alguém, o que deu ao personagem contornos românticos e um elo maior com Esparta.

Você abordou os espartanos como idealistas. Essa visão está próxima dos fatos históricos?
Os espartanos eram contraditórios. Um povo bruto e, ao mesmo tempo, esclarecido. Tinham o maior número de escravos da Grécia, mas também davam direitos às mulheres em um nível pouco comum para a época. Esses homens confiavam numa ética de guerra e foram os melhores lutadores de toda a Grécia. Mas eu jamais quis retratar os espartanos tão cruéis como eles foram na realidade. O público precisa torcer por eles. Em 300, os espartanos são tão cruéis quanto o público pode suportar.

terça-feira, março 06, 2007

O Último Rei da Escócia

Forest Whitaker ganhou o Oscar de Melhor Ator por sua interpretação do ditador Idi Amin Dada, que aterrorizou Uganda nos anos 70. O engraçado é que ele nem é o ator principal de O Último Rei da Escócia (The Last King of Scotland, 2006). Mas sua presença na tela é tão assustadora, que a imagem do ditador não sai da cabeça por um bom tempo.

Na verdade, o filme não é focado no ditador, mas no recém-formado Dr. Nicholas Garrigan (James McAvoy). Entediado com sua vida na Escócia, ele parte para exercer a profissão em Uganda e, como todo jovem, anseia por um pouco de aventura. Convidado pelo temido Idi Amin para ser seu médico particular, Garrigan embarca numa jornada de amadurecimento e inicia uma inesperada amizade com o presidente admirador dos escoceses.

A grande sacada do roteiro de Jeremy Brock e Peter Morgan é narrar os acontecimentos sob o ponto de vista de Garrigan. No início, ele se dedica ao amigo Idi Amin e ganha até status de conselheiro do presidente. Ele nem liga para os conselhos de opositores, que alertam para o verdadeiro caráter de Amin. Aos poucos, Garrigan enxerga o outro lado do déspota e o filme fica mais violento e tenso nos minutos finais. Talvez o Garrigan do começo de O Último Rei da Escócia represente o perfil de algumas pessoas que simplesmente deixaram Amin ficar no poder por tanto tempo.

Forest Whitaker e James McAvoy contribuem diretamente para essa visão. O vencedor do Oscar de Melhor Ator consegue mudar (em uma fração de segundos) de um sujeito carismático e brincalhão para um monstro capaz das piores atrocidades. Sua atuação sugere que ali existe um ser humano horrendo e o filme jamais recorre a provas, como mostrar Amin executando “rebeldes”. Neste caso, o mérito é 100% de Whitaker. Já McAvoy, o fauno Mr. Tumnus, de As Crônicas de Nárnia (2005), revela talento ao encaminhar seu personagem rumo ao inferno (interno e externo). Garrigan atua como um ponto de equilíbrio para o Amin de Whitaker.

Embora os atores sejam ótimos e o roteiro deixe tudo pronto para o diretor estreante Kevin Macdonald, sua falta de experiência é evidente em alguns momentos. Por exemplo, para explicar a mudança de Garrigan, o diretor deixa a história um pouco de lado para embarcar em desnecessárias imagens lentas e “alucinógenas”, que não acrescentam nada ao filme. Ao menos, em seu primeiro longa de ficção, o documentarista Macdonald entendeu que cinema não é aula de História. Não chega a comprometer o resultado final de O Último Rei da Escócia, que pode servir de treinamento para o diretor, que tem tudo para acertar a mão (ainda pesada) em seu próximo filme. Rodeado de gente boa, ele já está.

O Último Rei da Escócia (The Last King of Scotland, 2006)
Direção: Kevin Macdonald
Elenco: Forest Whitaker, James McAvoy, Kerry Washington, Gillian Anderson e Simon McBurney

segunda-feira, março 05, 2007

Rodrigo Santoro e a 3ª temporada de "Lost"

Quando o elenco de Lost nos deixou no ano passado, a situação era desesperadora. Locke (Terry O’ Quinn), Desmond (Henry Ian Cusick) e Mr. Eko (Adewale Akinnuoye-Agbaje) sobreviveram na escotilha? O que acontecerá com Jack (Matthew Fox), Kate (Evangeline Lilly) e Sawyer (Josh Holloway) nas mãos dos “Outros”? Chegou a hora de saber as respostas?

A partir de hoje, às 21h, o canal AXN exibe a 3ª temporada deste grande sucesso. Há um atrativo a mais para os brasileiros: Rodrigo Santoro estréia como Paulo – mas ele só aparece na terceira semana. Tirando a seqüência inicial do episódio de hoje, que vai te deixar de queixo caído, a temporada começa mal. Nada de respostas ou algo que acrescente ao mistério para compensar a enrolação que toma conta da maioria dos episódios de Lost. É uma pena.

No início, a série prometeu e conquistou fãs de ficção científica, que (como eu) esperam uma redenção do gênero. Mas infelizmente, Lost está seguindo os mesmos caminhos das continuações de Matrix. A série perdeu o rumo justamente quando precisa enfrentar o aumento da audiência de 24 Horas e a chegada de Heroes.

Os principais problemas de Lost ainda são os flashbacks e a questão “O que fazer enquanto o público não pode ter respostas”? Os fãs parecem não ligar, mas o flashback é um recurso muito fácil para explicar o desenvolvimento dos personagens. Na 1ª temporada, isso não irritava, embora quebrasse a tensão. Mas essa técnica narrativa se transformou em obrigação e, aos poucos, a série vem perdendo interesse.

O pior é que Lost virou um Big Brother de luxo. A situação está tão fora de controle, que tem gente mais preocupada com “quem vai ficar com quem” do que com o mistério da ilha em si. Com quem Kate vai transar? Jack ou Sawyer? Lamentável. Outra coisa: tem personagem que nem se pergunta sobre o que está acontecendo.


Mas por que não conseguimos parar de assistir a essa mania? A série deve ser a maior jogada de marketing da TV americana em todos os tempos. Gostaria de dizer que é a última vez que eu caio nessa. De qualquer forma, parece que Lost não terá mais do que cinco ou seis temporadas. Os criadores dizem ter toda a idéia bem definida. Assim espero.

Até lá, acompanhamos Rodrigo Santoro surgir na tela sem personificar o estereótipo latino, que Hollywood tanto gosta. Os detratores podem reclamar, mas Santoro tem chance de brilhar. E isso é apenas o começo: dia 30 de março, ele invade os cinemas como o vilão Xerxes, de 300.

Onde ver Lost?

Segunda-feira, às 21h, no AXN

sexta-feira, março 02, 2007

O fenômeno "Heroes"

O Universal Channel estréia hoje, às 21h, a série que virou mania nos EUA: Heroes. A produção tem tudo para capturar a atenção de fãs de outras séries populares como Lost e 24 Horas.

Criada por Tim Kring, Heroes mistura a mitologia de famosos super-heróis e acerta em cheio na pretensão de conquistar fãs dos quadrinhos. Veja só: o indiano Mohinder Suresh (Sendhil Ramamurthy) parte para os EUA com objetivo de descobrir quem matou seu pai, um cientista que estudava um método para localizar pessoas especiais - seres humanos em processo de evolução.

Entre eles, a cheerleader Claire Bennet (Hayden Panettiere), que é uma espécie de Wolverine de saias com seu rápido poder de regeneração; o político Nathan Petrelli (Adrian Pasdar), que é capaz de voar; seu irmão Peter Petrelli (Milo Ventimiglia), que consegue "copiar" o poder de quem estiver por perto; e o policial Matt Parkman (Greg Grunberg) tem o dom de ler pensamentos. Já a stripper Niki Sanders (Ali Larter) desenvolve uma segunda (e selvagem) personalidade enquanto o pintor Isaac Mendez (Santiago Cabrera) tem a capacidade de retratar o futuro em seus quadros. No meio de tantos heróis (ainda surgirão outros), o destaque vai para o divertido japonês Hiro Nakamura, interpretado por Masi Oka. Ele é o melhor ator da série e o personagem mais cativante. A cada cena em que Hiro exercita o poder que permite seu deslocamento no tempo e espaço, Masi Oka brilha e leva o público junto com sua euforia. Esse cara vai longe.

Como não poderia deixar de acontecer numa história sobre a eterna luta do bem contra o mal, os inimigos de Heroes representam uma pedra no sapato. Eles ainda são misteriosos e enganam todo mundo com suas "falsas verdades". A série tem elementos para agradar até aqueles que não enxergam a magia das histórias em quadrinhos. E é um deleite para quem gosta de Lost, Arquivo X e super-heróis como X-Men, Superman, Homem-Aranha, Quarteto Fantástico e por aí vai. Citações a HQs e clássicos da ficção científica não faltam em Heroes. O próprio Hiro Nakamura é fã de Jornada nas Estrelas e não pára de mencionar a série famosa.

A TV é o lugar ideal para essa nova mania. A concepção de Heroes dificilmente seria aprovada por um estúdio de cinema. Além de não concentrar os episódios em apenas um personagem, a série brinca com a narrativa tradicional de começo, meio e fim. A mesma história segue por vários episódios e o recurso é o mesmo utilizado em quadrinhos, mangás e tantas outras séries de TV.

HOLLYWOODIANO conferiu e aprovou os primeiros episódios. O que vai ao ar hoje apresenta os jovens descritos acima dando os passos iniciais para a evolução. Nos próximos episódios, os heróis começam a descobrir um plano maligno para destruir Nova York e o extermínio daqueles que possuem um dom extraordinário.

Preparado para ficar viciado em Heroes? Quando um personagem surgir do futuro, em um dos episódios, para revelar a mensagem profética "Save the cheerleader. Save the world." você não escapará mais. Como diria, Hiro Nakamura: YATAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!!!!!

Onde ver Heroes?

Sexta-feira, às 21h, no Universal Channel
Reprises do primeiro episódio: 3/3 - 2h, 3/3 - 20h, 9/3 - 19h30

quinta-feira, março 01, 2007

Super-heróis, quadrinhos e o cinema

Às vésperas de uma invasão de filmes baseados em HQs como Motoqueiro Fantasma, 300 e Homem-Aranha 3, HOLLYWOODIANO viaja pelo mundo fantástico dos super-heróis e relembra as melhores produções dessa nova tendência do cinema.

Abaixo, estão os meus filmes prediletos sobre super-heróis ou qualquer obra adaptada de quadrinhos. E você? Tem uma lista? Ou um favorito?

1) Homem-Aranha 2 (2004), de Sam Raimi: O melhor filme de super-herói já feito – adaptado de HQ ou não. O diretor Sam Raimi sabe unir drama, entretenimento, efeitos visuais e um ótimo roteiro. Aliás, Homem-Aranha 2 é um filhote desse casamento perfeito entre tecnologia e uma boa história que atingiu a perfeição em O Senhor dos Anéis. Poucos dominam isso como Raimi, Bryan Singer, James Cameron, Peter Jackson e Steven Spielberg. Homem-Aranha 2 é maravilhoso e merecia até uma indicação ao Oscar de Melhor Filme em 2005.

2) Os Incríveis (2004), de Brad Bird: A animação da Pixar não é adaptada de fonte alguma, mas inspirada em diversos heróis dos quadrinhos, como o Quarteto Fantástico. É pura ação em um ritmo para lá de vertiginoso e é melhor do que muito filme por aí. O resultado é tão perfeito, que poderia ter sido rodado com atores de carne e osso.

3) X-Men 2 (2003), de Bryan Singer: Se o primeiro não foi tão bom assim, o diretor se redimiu na segunda aventura dos famosos mutantes nos cinemas. O filme tem personagens complexos e carismáticos e uma trama ágil. Quando você se toca, X-Men 2 já está no final e o desejo de que o terceiro filme esteja na sala ao lado é inevitável. Só que o diretor Brett Ratner estragou a trilogia no último filme...

4) Corpo Fechado (2000), de M. Night Shyamalan: O melhor filme sobre super-heróis saído de roteiro original. O diretor e roteirista M. Night Shyamalan ainda colhia os frutos de O Sexto Sentido (1999) e estava longe de cometer A Dama na Água (2006). Só o título nacional pisou na bola. O público foi enganado ao ver um filmaço que aborda a mitologia dos quadrinhos, quando a distribuidora alertava para uma produção sobre umbanda.

5) Superman – O Filme (1978), de Richard Donner: Esse é o pioneiro. A publicidade do filme dizia “Você vai acreditar que o homem pode voar”. Hoje, o efeito visual que tornou possível o vôo do lendário Christopher Reeve parece artificial, mas na época, os cinéfilos perdiam cenas do filme para pegar o queixo caído no chão. E ainda por cima, é um belo filme com muito respeito ao herói mais famoso dos quadrinhos. Sem falar na trilha maravilhosa do mestre John Williams.

6) Homem-Aranha (2002), de Sam Raimi: Com um roteiro de primeira, o sonho de milhares de fãs em presenciar o aracnídeo surgir na tela do cinema foi realizado por Sam Raimi. O herói só apareceu na metade do filme e as pessoas choravam na sala de cinema, inclusive eu.

7) Superman – O Retorno (2006), de Bryan Singer: Será que o roteiro de X-Men - O Confronto Final era mesmo ruim? A verdade é que Bryan Singer pulou fora para comandar a volta do Homem de Aço ao cinema. Para surpresa dos fãs mais céticos, o diretor acertou na escolha de Brandon Routh, que lembra muito o saudoso Christopher Reeve. Os efeitos visuais de hoje tornam possível o que Richard Donner sonhava para o seu filme de 1978. Superman – O Retorno é uma declaração de amor à produção original e conquista o fã já na abertura. Quando a trilha de John Williams surge, as lágrimas escorrem pelo rosto.

8) Batman Begins (2005), de Christopher Nolan: Depois das baboseiras de Tim Burton (em Batman – O Retorno) e, principalmente, Joel Schumacher (em Batman Eternamente e Batman & Robin), o diretor Christopher Nolan parou, sentou, analisou e entregou o filme sobre o Homem-Morcego que os fãs pediram a Deus. Ao contrário das produções anteriores, Batman Begins não é sobre os vilões. E isso é só o começo como diz o título. Ano que vem, Nolan e Christian Bale voltam para a seqüência The Dark Knight.

9) Estrada Para Perdição (2002), de Sam Mendes: A beleza do filme mostra que o cinema pode adaptar quadrinhos mais sérios (ou alternativos?). Não há super-heróis e é um filme pé no chão sobre pais e filhos dentro da máfia. Pode servir de exemplo ao esperado 300, de Zack Snyder.

10) Batman (1989), de Tim Burton: Gente, o filme é bom. Batman fez Hollywood voltar a acreditar nas adaptações de histórias em quadrinhos. Jack Nicholson dá um show como o vilão Coringa e merecia uma indicação ao Oscar de Melhor Ator. Apesar da escolha de Michael Keaton para interpretar o Homem-Morcego, o diretor Tim Burton acertou no resto. Só errou em Batman – O Retorno, que abriu caminho para as seqüências desastrosas de Joel Schumacher.