segunda-feira, abril 30, 2007

Qual é o segredo de Scarlett Johansson?

Aos 22 aninhos, Scarlett Johansson é uma mulher de verdade. Quando ela surge na tela, sua imagem vale mais do que mil palavras. Mas qual é o seu segredo? Sei que algumas estrelinhas que lutam diariamente para chamar a atenção dos fotógrafos devem invejar Scarlett. Na recente enquete deste blog, ela deu um banho na concorrência. Com 51% dos votos, Scarlett foi a preferida entre as atrizes mais sexy do cinema atual (de acordo com os Hollywoodianos). Logo atrás vieram Charlize Theron (22%), Angelina Jolie (12%), Monica Bellucci (8%) e Eva Green (7%).

Embora tenha atuado ao lado de Sean Connery em Justa Causa (1995), Scarlett Johansson ganhou seu primeiro papel importante aos 14 anos. O presente veio de ninguém menos do que Robert Redford, que a dirigiu em O Encantador de Cavalos (1998). Mas foi em 2003, que o mundo começou a notar sua beleza, sensualidade e... talento. A responsável foi Sofia Coppola, que escolheu Scarlett para Encontros e Desencontros.

Seu status de sex symbol foi consolidado em 2005, quando estrelou a ficção científica A Ilha, de Michael Bay, e principalmente o sensacional Match Point, de Woody Allen. Depois deste filme, Scarlett não era somente mais uma estrela brilhando em Hollywood. Há uma pequena diferença nela. Scarlett atrai naturalmente. Sem esforços. E ela foge do estereótipo de beleza atual – não é magra e exibe um corpão fora dos padrões norte-americanos. Engraçado como Scarlett não tem exatamente um rosto perfeito, mas é impossível não olhar para ela. Qual é o segredo de Scarlett Johansson? Woody Allen deve saber, enquanto nós só imaginamos. Podes não conhecer o blog, querida Scarlett, mas és o fetiche destes pobres Hollywoodianos.

sexta-feira, abril 27, 2007

Perigosos somos nós

Tentei ignorar o fato neste blog, mas assim não dá. É impossível deixar isso passar, quando tem muita gente culpando o cinema por causa do ato selvagem de um único maluco.

Cho Seung-hui, estudante que matou mais de 30 pessoas antes de cometer suicídio no campus do Instituto Tecnológico da Virgínia (Virginia Tech), no dia 16 de abril, disparou mais de 170 vezes durante os nove minutos de duração do ataque no prédio de engenharia da universidade. Quando um professor de Virginia Tech levantou a hipótese de que o infeliz agiu inspirado pelo filme coreano Oldboy, muita gente voltou a comentar que o cinema tem culpa no cartório. E olha que realmente brigam por essa teoria.

Vejam só: o tiroteio de Virginia superou o número de mortos na escola de Columbine, no Colorado, em 1999. Daquela vez, os intelectuais de plantão tentaram culpar Matrix, já que os assassinos eram fãs da ficção científica dos irmãos Wachowski. No mesmo ano, aqui no Brasil, um doido invadiu um cinema do Morumbi, em São Paulo, e atirou para todos os lados. Além da tragédia, o cara tinha que entrar exatamente na sala que exibia Clube da Luta, a análise ultra cool de David Fincher sobre o stress. O filme que acabava de chegar aos cinemas do país foi manchado pelo ato e banido de várias salas.

A discussão sobre a exibição da violência e suas conseqüências é antiga. Os filmes não têm culpa. Quando um lunático como Cho Seung-hui faz algo assim, uma explicação plausível para os fatos alivia a tensão do povo. Então, uma obra de arte surge como resposta ou, melhor, uma espécie de bode expiatório. Mas embora façam parte de nossas vidas e sonhos, os filmes não têm culpa. Taxi Driver, Laranja Mecânica, Assassinos por Natureza, Oldboy, Clube da Luta, Cães de Aluguel, Os Infiltrados ou Pulp Fiction não são perigosos. Nós somos. Muitos filmes violentos surgem como reflexo da realidade e não o contrário. Por exemplo, Caminhos Perigosos, de Martin Scorsese é baseado em suas próprias experiências em uma Nova York violenta. Filme é arte. Algumas pessoas são loucas. Não se deve calar a arte por causa de gente que não bate bem. Infelizmente, as opiniões ficam divididas. Como em qualquer outro assunto.

A famosa crítica norte-americana Pauline Kael disse certa vez: "Como se pode continuar falando no brilho fascinante de certos filmes sem perceber que seus diretores estão adulando os canalhas selvagens na audiência?". As pessoas são assim mesmo. Deixando de lado os filmes violentos, O Código Da Vinci provocou a ira da Igreja Católica e os primeiros Harry Potter foram acusados de incentivar à bruxaria (!). Essas opiniões sempre existirão. Mas há diferença entre ficção e realidade. Você nunca ouviu dos seus pais ou parentes para não imitar o Superman e não pular pela janela? Gente, desenhos também são terríveis: Tom & Jerry é violento demais, e o Pica-Pau é um sujeito malvado... Se um maluco se atirar de uma montanha com sua bicicleta, a culpa não é de E.T. Se eu levar um tiro na testa depois que a porta do elevador se abrir, a culpa não é de Os Infiltrados. Se você entendeu esse texto, espalhe para as “crianças” que filme é arte. Ou melhor, diga que é tudo “de mentirinha”.

quinta-feira, abril 26, 2007

O maior vilão do cinema

Especial 30 Anos de Star Wars

Darth Vader é quase uma resposta unânime entre os cinéfilos quando surge a pergunta: “Qual é o maior vilão da história do cinema?”. Por muito tempo, George Lucas manteve um delicioso mistério sobre o homem por trás da máscara. Os fãs de Star Wars adoravam discutir o que teria levado o Jedi Anakin Skywalker a trair os amigos e abraçar o poder do Lado Negro da Força – peço desculpas, mas não consigo dizer ou escrever “Lado Sombrio”, afinal essa não era a tradução na minha época.

Em Guerra nas Estrelas (ou Star Wars – Episódio IV: Uma Nova Esperança), sabia-se que Vader exterminou os cavaleiros Jedi. Seu ex-mestre, Obi-Wan Kenobi (Alec Guinness) sobreviveu. No filme, ele se reencontra com Vader e morre durante um duelo travado com muito respeito entre os dois. Aos poucos, George revelou na tela a sua inspiração em Joseph Campbell, um dos maiores estudiosos e mais profundos intérpretes da mitologia universal. Em O Império Contra-Ataca, George escancarou a verdadeira face de Star Wars. Não se tratava de uma simples aventura entre o bem e o mal, mas de mitologia. Para Campbell, "O vilão Darth Vader representa uma figura arquetípica. Ele é um monstro porque não desenvolveu a própria humanidade. Quando ele retira a sua máscara, o que vemos é um rosto informe, de alguém que não se desenvolveu como indivíduo humano. Ele é um robô. É um burocrata, vive não nos seus próprios termos, mas nos termos de um sistema imposto".


O mestre de Vader, o Imperador Palpatine (Ian McDiarmid), sabia que Luke Skywalker (Mark Hamill), o jovem aprendiz de Jedi deveria ser destruído ou, melhor, convertido ao Lado Negro. Em uma das revelações mais impactantes do cinema, Vader confessa a Luke que é seu pai. Mas por que? Ainda havia uma fagulha do velho Anakin escondida naquele traje negro? Ou Vader queria mesmo se unir a Luke para destruir o Imperador e dar seqüência a sua eterna ambição por poder? O momento assustou os fãs e transbordou mitologia na velha história do filho que destronaria o pai - como Zeus fez com Cronos, por exemplo.

Mas antes da confissão, Vader decepa a mão do próprio filho em um duelo impiedoso. Ele pode personificar o mal, mas os filhos também representam a redenção dos pais. Luke faz de tudo para que Vader volte a ser Anakin Skywalker em O Retorno de Jedi. Em 1999, George lançou A Ameaça Fantasma, o Episódio I. Não era mais a saga do herói, mas a do vilão. Sabíamos que Anakin era um homem bom, antes de se tornar o desfigurado Darth Vader. Mas ali começava a jornada do jovem aprendiz de Jedi (função que ganhou o nome de Padawan) rumo ao Lado Negro da Força, quando ele seria mais máquina do que humano e dono de uma respiração ininterrupta de gelar o sangue. Ali a imaginação de milhares de fãs sucumbiu à única versão de George Lucas para esse fato. Para o cineasta realmente é difícil agradar a todos os fãs de uma saga que virou domínio público. A tal Guerra nas Estrelas não foi somente um confronto entre dois lados definidos, mas principalmente a extensão de uma discordância política. Como esperávamos, Anakin é vencido por desejos de ganância e a busca pelo poder supremo. Mas o principal passo para o mal foi dado por causa do medo de perder quem ele ama. Coisas que acontecem no dia-a-dia. É uma pena que alguns conheçam a figura de Darth Vader somente pelos episódios I, II e III.

terça-feira, abril 24, 2007

Há 30 anos numa galáxia distante


Há exatos 30 anos, George Lucas revolucionou o cinema com o que era, inicialmente, uma simples aventura sobre a eterna luta do bem contra o mal. Naquela época, os estúdios (e o público) ainda estavam impactados pela viagem alucinógena de Stanley Kubrick em 2001 – Uma Odisséia no Espaço, de 1968. A ficção científica parecia caminhar por um lado mais “sério” e investir numa espécie de faroeste nas estrelas parecia uma idéia arriscada para um momento financeiro tão delicado em Hollywood.

Embora George tenha sido o responsável por levar o país à loucura com American Graffiti, sua comédia sobre jovens apaixonados por carros, nenhum estúdio achava que o roteiro de Star Wars daria em alguma coisa. Depois de muita luta, a Fox confiou naquele sujeitinho barbudo um tanto estranho e magricelo. Pressionado por exigências de engravatados do estúdio, sem falar nos prazos apertados para terminar as filmagens, George abdicou de seu salário para receber "apenas" pelas vendas de camisetas, álbuns de figurinhas, bonecos e tudo aquilo que estampasse o nome Star Wars. O resto é História. Até hoje, o filme é a segunda maior bilheteria de todos os tempos nos EUA, e a indústria ganhou uma divisão carinhosa de "antes e depois de Star Wars". Mais do que um diretor, George se revelou como um homem de negócios. Atualmente, a temporada do verão norte-americano é recheada de filhotes de Star Wars e a maioria vende brinquedos, games e outros produtos com suas marcas registradas.

Bom, muita coisa já foi dita sobre Star Wars e tem gente careca de saber desses números e de tudo o que George conquistou com a série. A intenção do blog é comemorar os 30 anos do filme original e comentar a importância (ou o impacto) dos seis episódios em minha vida - especialmente a trilogia formada por Guerra nas Estrelas (sim, era esse o nome), O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi. Ao longo dos próximos meses, o especial 30 Anos de Star Wars, apresenta resenhas apaixonadas desses filmes que sobrevivem por conta própria nos corações dos fãs e acima de qualquer crítica. Além disso, HOLLYWOODIANO comenta a carreira de George Lucas, incluindo o poder de sua Industrial Light & Magic, e personagens inesquecíveis saídos de sua mente.

Só uma confissão: o primeiro filme da série que eu vi foi O Império Contra-Ataca, que passou numa edição do Supercine, da Rede Globo, em 1987. Vi aquilo sozinho na sala de casa aos nove anos de idade. Lembro da minha sensação de gente grande - uma criança que deveria estar na cama naquela hora, mas incapaz de pregar os olhos diante do hoje batizado Episódio V. Eu fui totalmente transportado para uma galáxia distante e não tinha ninguém ao meu lado para conversar sobre palavras como Força, Jedi, Sabres-de-Luz, etc. No dia seguinte, chamei vários coleguinhas (de porta em porta) para vibrar com a cópia dublada que eu fiz. Minha sorte é que todos foram dormir cedo na noite anterior e a sessão terminou em festa. Sucesso absoluto! O engraçado é que dias antes dessa aventura, eu assisti a uma cópia de Os Caçadores da Arca Perdida, quando o meu pai comprou o nosso primeiro (e gigantesco) vídeo cassete. Minha vida ganhava um novo sentido e nada mais seria como antes. Eu estava apaixonado por Indiana Jones, Star Wars e, mais do que tudo, pelo cinema.

segunda-feira, abril 23, 2007

A polêmica da meia-entrada

A queda absurda na quantidade de público nos cinemas brasileiros durante os últimos anos é um fato mais do que comprovado. O problema não está somente na pirataria, mas no alto preço dos ingressos (algumas redes em São Paulo chegam a cobrar de R$ 14,00 a R4 21,00). Exibidores se defendem alegando que os cinemas são imóveis com aluguéis caros, mas ideais para garantir conforto ao consumidor. Para complicar a situação, há um movimento sério para acabar com a meia-entrada aos estudantes. É claro que há muita carteirinha falsa, mas cortar um documento, que incentiva a participação do jovem em eventos culturais merece atenção dobrada - a parcela de estudantes realmente interessada em utilizar a carteirinha verdadeira não pode ser prejudicada.

A saída momentânea veio do próprio Sindicato dos Exibidores, que ao organizar o projeto São Paulo no Cinema proporcionou ao público entradas por apenas R$ 3,00 durante os dias 15, 16 e 17 de abril. Outra medida (que irritou muita gente) já foi adotada por alguns cinemas do país: as bilheterias exigem apresentação de documentos de identidade (e outros comprovantes), além da carteirinha de estudante. Ou seja, cortá-la ainda é um exagero, pois 70% da bilheteria atual responde pela meia-entrada.

Em entrevista ao site G1, Luiz Gonzaga De Luca, executivo da rede de cinemas Kinoplex (que cobra até R$ 20,00 por ingresso em suas salas no bairro do Itaim) e vice-presidente da Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas (Feneec) afirmou: "A meia-entrada é uma agressão". Seu objetivo é limitar a venda de ingressos com o desconto a 30% do total de cada sessão. "O Estado não exige que as lanchonetes vendam sanduíches por metade do preço a estudantes. Por que exigir isso das salas de cinema?", pergunta De Luca, lembrando sua posição de exibidor: "Somos comerciantes como quaisquer outros."

Ainda assim, De Luca reconheceu que os preços altos dos ingressos prejudicam o próprio setor, e além de ajustarem os preços por causa da alta freqüência de pessoas que pagam meia-entrada, algumas salas cobram ingressos mais caros porque oferecem “serviços luxuosos”. Ele revelou que os empresários do setor pretendem levar ao governo um pedido de reavaliação das leis municipais e estaduais que instituem a meia-entrada. A notícia vem depois de a Feneec lançar uma campanha nacional contra o uso de carteiras de estudante fraudulentas. Agora, a federação passa a defender a limitação de assentos a serem ocupados por estudantes nas salas – medida semelhante utilizada em grandes shows (ou peças) na cidade.

Para o presidente da União dos Estudantes (UNE), Gustavo Petta, a limitação desse benefício prejudicaria muitos estudantes, que "realmente só têm acesso à programação cultural porque pagam meia". Petta acrescenta: "Isso também teria um impacto econômico negativo para as salas de cinema, que perderiam muito público, afinal, os jovens são responsáveis pela maior fatia da platéia que vai ao cinema".

Bom, que tal acabar com a carteirinha, mas reduzir pela metade os preços de cinemas, teatros, shows, locações de DVDs e... lanches do McDonald's?

sexta-feira, abril 20, 2007

Hannibal - A Origem do Mal

Dirigido por Peter Webber, de Moça Com Brinco de Pérola, e com roteiro de Thomas Harris, Hannibal - A Origem do Mal (Hannibal Rising, 2007) observa os primeiros passos do canibal mais prestigiado do cinema.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o pequeno Hannibal Lecter (Aaron Thomas) e sua irmã mais nova, Mischa (Helena Lia Tachovska), sofrem com a morte dos pais em uma Lituânia devastada pela ocupação nazista. Quando Mischa é brutalmente assassinada por uma tropa de Hitler adepta do canibalismo, Hannibal consegue escapar, mas essa trágica experiência mudará sua vida para sempre.

Oito anos mais tarde, em Paris, Hannibal (Gaspard Ulliel) vai morar com a bela tia, Lady Murasaki (a chinesa Gong Li em mais um papel de japonesa, como em Memórias de uma Gueixa). Apesar de ingressar na faculdade de medicina e ter toda a mordomia do mundo aos seus pés, Hannibal Lecter está preocupado mesmo é em se vingar dos algozes de sua família.

Não! Esse não é Charles Bronson, em Desejo de Matar, mas o Hannibal Lecter, que conhecemos em O Silêncio dos Inocentes. Antes de comer seu primeiro prato, o jovem canibal ainda aprende a manusear uma espada de samurai com a ajuda da tia (em momento Kill Bill) e protagoniza outras situações constrangedoras, que em nada acrescentam ao personagem imortalizado por Sir Anthony Hopkins. Pior: Só faz vergonha. O que houve com a inteligência e a classe do Dr. Lecter, que atraia até o mais aterrorizado dos espectadores? O fascinante canibal termina reduzido a um sujeito ávido por vingança? É só isso?

Até que o ator Gaspard Ulliel se esforça, mas se a saga tivesse começado com este filme, Hannibal Lecter jamais seria lembrado. Sua atuação não chega a ser uma imitação, mas nem se aproxima da qualidade do trabalho de Hopkins. O pior é que o novo filme está mais para o escatológico Hannibal, de Ridley Scott, do que para o excelente horror psicológico de O Silêncio dos Inocentes, de Jonathan Demme. Quer mais? O filme de Ridley Scott pode ser um equívoco, mas consegue ser melhor do que Hannibal - A Origem do Mal. Ao menos, trazia uma ou duas cenas que, para o bem ou para o mal, ficavam na cabeça do público. Melhor passar na locadora e alugar o DVD de O Silêncio dos Inocentes.

E não quero nem entrar na discussão sobre o filme original ser inesquecível pelo relacionamento entre Clarice Starling (Jodie Foster) e Lecter (Hopkins). Tanto Thomas Harris quanto Hollywood estavam mais preocupados em desenvolver o mito do canibal. O contraponto perfeito ao monstruoso Dr. Lecter sempre foi a personagem tão bem interpretada por Jodie Foster. Infelizmente, isso se perdeu.

Por si só, Hannibal - A Origem do Mal não se justifica, e comparado aos demais filmes da série é um desastre completo. Peter Webber não contribuiu para aumentar (ou sustentar) a idolatria ao personagem. Ele não é um especialista em prequels, como Christopher Nolan, que salvou o Homem-Morcego, em Batman Begins, ou George Lucas, que encantou novamente com os três recentes episódios de Star Wars. Lamentável. E deixem o Dr. Lecter descansar em paz.


Hannibal - A Origem do Mal (Hannibal Rising, 2007)
Direção: Peter Webber
Elenco: Gaspard Ulliel, Gong Li, Helena Lia Tachovska e Rhys Ifans

quinta-feira, abril 19, 2007

A lista completa do 60º Festival de Cannes

Finalmente saiu a lista completa dos filmes do 60º Festival Internacional de Cinema de Cannes, que acontece de 16 a 27 de maio. Entre as produções que desde já tiram o sono dos cinéfilos, o blog destaca sua ansiedade por No Country for Old Men, dos irmãos Coen, Zodíaco, de David Fincher, a metade Death Proof, de Quentin Tarantino, Promise me This, de Emir Kusturica, L'âge des ténèbres, de Denys Arcand, e claro, My Blueberry Nights.

O presidente do júri deste ano, o diretor Stephen Frears (de A Rainha), selecionou My Blueberry Nights para abrir o festival. O primeiro filme do chinês Wong Kar Wai em língua inglesa tem um belo elenco: Natalie Portman, Jude Law, Tim Roth, Ed Harris e Rachel Weisz, além da protagonista Norah Jones (sim, ela mesma).

Abaixo, as listas oficiais de filmes em competição (ou fora) e a produção que encerra o festival. Mas antes, dê mais uma olhada no sensacional pôster dessa edição. Reconhece a turma? São eles: Pedro Almodóvar, Juliette Binoche, Jane Campion, Souleymane Cissé, Penelope Cruz, Gérard Depardieu, Samuel L. Jackson, Bruce Willis e Wong Kar Wai.

Em Competição

My Blueberry Nights, de Wong Kar Wai
Une Vieille Maîtresse, de Catherine Breillat
Les Chansons d'amour, de Christophe Honoré
Le Scaphandre et le papillon, de Julian Schnabel
Yasamin kiyisinda, de Fatih Akin
No Country for Old Men, de Ethan Coen e Joel Coen
Zodíaco, de David Fincher
We Own The Night, de James Gray
Mogari No Mori, de Naomi Kawase
Promise Me This, de Emir Kusturica
Secret Sunshine, de Lee Chang-Dong
4 Months, 3 Weeks And 2 Days, de Cristian Mungiu
Tehilim, de Raphael Nadjari
Silent Light, de Carlos Reygadas
Persepolis, de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud
Import/Export, de Ulrich Seidl
Alexandra, de Alexander Sokurov
Death Proof, de Quentin Tarantino
The Man From London, de Bela Tarr
Paranoid Park, de Gus Van Sant
The Banishment, de Andrey Zvyagintsev

Fora de Competição

Sicko, de Michael Moore
13 Homens e um Novo Segredo, de Steven Soderbergh
A Mighty Heart, de Michael Winterbottom

Filme de Encerramento

L'âge des ténèbres, de Denys Arcand

quarta-feira, abril 18, 2007

Ventos da Liberdade

Envolvido na luta armada contra a Inglaterra durante a década de 20, o irlandês Damien O’ Donovan (Cillian Murphy) escreve para sua amada: “Eu tentei não entrar nesta guerra, mas entrei. Agora, eu gostaria de sair dela, mas não consigo”. Perto do fim de Ventos da Liberdade (The Wind That Shakes the Barley, 2006), esse breve momento forma um contraste com a abertura do filme, na qual Damien aproveita as divertidas horas finais com seus amigos irlandeses antes de partir em direção a Londres, onde exercerá sua tão sonhada vocação para a medicina. Deste ponto de vista, o filme de Ken Loach vencedor da Palma de Ouro fala sobre a perda da inocência.

Li que o título original de Ventos da Liberdade foi tirado do trecho de uma canção sobre a Rebelião Irlandesa. Na verdade, a música conta a saga de um jovem que sacrifica suas paixões para lutar na guerra. É exatamente o que Damien faz. Por este lado, o filme mostra como escolhas políticas, quando extremamente radicais, também podem destruir laços afetivos. A força dramática de Ventos da Liberdade está na opção feita por Damien e, principalmente, em sua transformação irreversível em um soldado da causa irlandesa. Todo o processo é tratado com muita sensibilidade por Ken Loach, que proporciona uma visão interna da evolução do IRA (Exército Republicano Irlandês) e suas motivações.

Até a metade do filme, o diretor consegue alternar perfeitamente entre drama e fatos históricos. Na segunda parte, marcada pelo acordo entre Inglaterra e Irlanda, os ideais políticos de Ken Loach imperam. Desta vez, ele exagera ao tentar explicar as opiniões de cada personagem e o filme vira uma espécie de debate sobre a situação irlandesa. Claro que é um filme político (e nem poderia deixar de ser), mas o cineasta não deveria ser tão prolixo.

Ainda existe outro problema: o diretor não ilustra o lado inglês e revela uma preocupação única pelos irlandeses – em tempos de filmes como A Conquista da Honra e Cartas de Iwo Jima, Loach poderia abandonar a eterna imagem de ingleses sanguinários e impiedosos. Do jeito que está, Ventos da Liberdade parece datado, mas ganharia ares de obra-prima nas décadas de 80 e 90. Ou seja, ele perdeu a chance de fazer a produção definitiva sobre o tema.
De qualquer forma, Ventos da Liberdade não deixa de manter um paralelo com a atualidade. Em uma das discussões entre os irmãos, por exemplo, Damien acusa Teddy de ter cedido ao país “mais poderoso do mundo”, sem dizer exatamente a palavra “Inglaterra”. E é na parte final, marcada pelo embate entre os irmãos, que Loach se inspira para salvar o filme.

O acordo entre as nações divide as opiniões dos irlandeses e a guerra ganha aspectos internos. Damien e Teddy ficam em lados opostos e a tragédia é inevitável. O final é emocionante e os principais méritos vão para a atuação de Cillian Murphy. O ator encontra aqui o seu melhor momento e obriga Ken Loach a direcionar toda a intenção política ao que realmente importa no cinema: bons personagens e seus dramas pessoais.

Ventos da Liberdade
(The Wind That Shakes the Barley, 2006)
Direção: Ken Loach
Elenco: Cillian Murphy, Padraic Delaney, Liam Cunningham e Gerard Kearney

terça-feira, abril 17, 2007

Noivo Neurótico, Noiva Nervosa


Acho que todo mundo já viveu alegrias e tristezas no amor. Nas telas do cinema, Woody Allen sabe representar as neuroses e a complexidade dos relacionamentos amorosos como ninguém. Acho que se todo mundo estudasse direitinho a cartilha que Woody preparou durante os anos 70 e 80, as dores de cotovelo seriam reveladas em índices menores.

Não que ele mostre soluções fáceis para o fim do sofrimento nos romances, mas elas estão lá. Principalmente em seus três melhores trabalhos: Annie Hall (ou Noivo Neurótico, Noiva Nervosa), Manhattan e Hannah e Suas Irmãs. Nesses dois últimos, Woody apresenta conclusões românticas para quebrar a análise contundente do teatro da vida real em Annie Hall (1977). Acho que essa é a comédia romântica mais direta, profunda e estudiosa da mente humana no cinema.

Há 30 anos, o filme revelou Woody de uma vez por todas para o mundo. Ele interpreta Alvy Singer e Diane Keaton é Annie Hall. Pode-se dizer que o casal não pára de falar o filme inteiro. Muitos dizem que o segredo para um bom relacionamento é manter o diálogo vivo. Woody mostra que não existem regras, afinal Alvy e Annie podem dar certo ou errado, mesmo não parando de falar nem por um segundo. Em algumas cenas, Alvy conversa com Annie e a platéia ao mesmo tempo. O filme viaja entre ficção e realidade em um piscar de olhos – Alvy invade sua mente, mas não para compreender a si próprio. Ele só quer criticar fantasmas do passado (ex-namoradas e parentes), que o transformaram na pessoa que ele é. Por causa deles, visita um psiquiatra por 15 anos e vive cada minuto comentando suas próprias ações. Há essa análise constante que, na verdade, aponta soluções para seus problemas.

Annie é mais madura, como a maioria das mulheres, e encara tudo com mais clareza. Ainda assim, parece a alma gêmea de Alvy. Mesmo com tudo para dar certo, o casal procura imperfeições na perfeição. Nesta comédia romântica, não há ninguém que represente uma ameaça para seu relacionamento. Há somente Annie, Alvy e Nova York. Bom, talvez a ida do casal a Los Angeles represente a crise derradeira. Naquela época de ouro de Woody Allen, deixar Nova York para trás significava a morte. Ou seja, o filme se chama Annie Hall, mas é muito mais sobre Alvy Singer.

Certa hora, ele testa atores para uma peça autobiográfica e ensaia um final feliz para seu romance com Annie. Alvy comenta com a platéia que aquilo ali não é realidade, então, ele tem o direito de fazer o seu final feliz. De qualquer forma, a visão do filme é otimista. Por que um conhece as qualidades do outro enquanto não existe um relacionamento amoroso? Por que os defeitos de cada um brotam durante um namoro? Por que nunca aprendemos mesmo com filmes como Annie Hall diante de nós? É como Alvy diz na cena final: “Eu penso naquela velha piada. Tem esse cara que vai ao psiquiatra e fala ‘Doutor, meu irmão pensa que é um frango’. O médico responde ‘Por que você não o convence disso?’ e o sujeito devolve ‘Eu poderia fazer isso, mas então eu precisaria de ovos’. Acho que é mais ou menos sobre como vejo os relacionamentos, sabe? Totalmente irracionais, loucos e absurdos e... Acho que continuamos neles porque a maioria de nós precisa dos ovos”.

Noivo Neurótico, Noiva Nervosa
(Annie Hall, 1977)
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen e Marshall Brickman
Elenco: Woody Allen, Diane Keaton, Tony Roberts, Carol Kane, Paul Simon, Shelley Duvall, Janet Margolin, Colleen Dewhurst, Donald Symington e Christopher Walken

segunda-feira, abril 16, 2007

A batalha das bilheterias


Como Hollywood não muda, o que interessa de maio até meados de agosto é o resultado das bilheterias do verão norte-americano. Com o inesperado sucesso de 300 como aperitivo, que arrecadou US$ 201 milhões até o momento, a indústria e a imprensa colocam ainda mais responsabilidade nos filmes que realmente carregam o peso de faturar alto.

Homem-Aranha 3 é o primeiro a chegar. O crítico Luiz Carlos Merten (do jornal O Estado de S. Paulo) assistiu ao filme em Tóquio e adorou o resultado. Disse que o diretor Sam Raimi fecha um ciclo perfeito na saga do aracnídeo e que não há necessidade de uma quarta parte. O filme estréia dia 4 de maio em todo o mundo. Em sua cola, no dia 25 de maio, vem o grande rival na batalha pela bilheteria: Piratas do Caribe - No Fim do Mundo.

Com as novas aventuras de Shrek e Harry Potter chegando logo depois, Hollywood pode ter a temporada de verão mais rentável dos últimos anos. Digo isso porque são franquias que figuram entre as maiores da História. Olhando para os resultados dos últimos filmes de cada uma, vejam só: Shrek 2 ocupa a terceira posição (US$ 436 milhões), Piratas do Caribe - O Baú da Morte está em sexto (US$ 423 milhões), e Homem-Aranha 2 em décimo (US$ 373 milhões) - ou seja, esperamos seqüências de três dos dez filmes mais bem-sucedidos nos cinemas norte-americanos. Só Harry Potter e o Cálice de Fogo que segura a 26ª posição, mas trata-se de uma franquia bilionária. Outras produções correm por fora, como Transformers e Duro de Matar 4.0, mas também lutam por seus públicos. Quero dizer que são dois filmes que devem faturar bastante, mas não carregam o sucesso garantido do quarteto acima.

Corro riscos em afirmar isso, bem sei, mas acho que a briga feia vai ficar entre Homem-Aranha 3 e Piratas do Caribe - No Fim do Mundo. Ambos prometem ser os capítulos finais de suas "trilogias" (coloco aspas porque tudo pode acontecer em Hollywood) e, no caso de Piratas, o filme anterior rompeu a marca de US$ 1 bilhão, em 2006, o que igualou o feito raríssimo de Titanic e O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei.

Aliás, o verão passado representou um suspiro de alívio nos cofres da indústria. Depois de três anos consecutivos em queda, o público de cinema nos EUA cresceu 3,3% em 2006. A arrecadação internacional dos filmes de Hollywood aumentou 14,4%. Em outras palavras, essa temporada pode significar muita coisa. 2006 foi apenas uma raridade? Ou Hollywood volta mesmo a crescer? Para quem torce o nariz aos cifrões, cito um pensamento de George Lucas antes do lançamento de Star Wars - Episódio I: A Ameaça Fantasma, em 1999. De acordo com o cineasta, o bom retorno financeiro dos blockbusters permite à indústria fazer mais blockbusters. Mas também, os estúdios têm mais dinheiro para filmar produções de orçamentos modestos. Ou seja, mais filmes. O que é sempre bom. Além disso, surgem mais salas de cinema.

Sem falar no combate à pirataria e o conforto do DVD, esses são os filmes que podem tirar o grande público de casa - lógico que estou falando da realidade norte-americana. No caso do Brasil, existem aproximadamente 2.100 salas de cinema, em menos de 400 municípios, segundo a Agência Nacional do Cinema. SP e Rio possuem quase 50% dessas salas. Mesmo assim, os cinemas estão cada vez mais às moscas no país - a causa para a redução absurda do número de ingressos vendidos no Brasil é assunto para um próximo post.

Na enquete feita pelo blog na semana passada, Piratas do Caribe - No Fim do Mundo foi eleito como o filme do verão norte-americano mais esperado pelo leitor com 36% dos votos. Logo atrás, Homem-Aranha 3 com 29%, seguido de perto por Harry Potter e a Ordem da Fênix com 27%. Shrek Terceiro (5%) e Transformers (3%) ficaram na lanterna. Obviamente, a enquete não dita necessariamente a opinião desenvolvida neste texto. Na verdade, esse é o resultado de quase todas as pesquisas dos principais veículos de entretenimento. Então, prepare-se. Maio está chegando.

sexta-feira, abril 13, 2007

O Problema Grindhouse


A mania da semana foi comentar o fracasso de bilheteria de Grindhouse nos EUA. O terror trash dividido em dois filmes dirigidos por Quentin Tarantino e Robert Rodriguez dura mais de três horas e rendeu apenas US$ 11,6 milhões em seu final de semana de estréia nos EUA. E daí?

A imprensa divulgou diversas desculpas ou explicações da produtora Weinstein Company, enquanto o New York Times comentou o próprio conceito de Grindhouse – salas de cinema dos anos 70 com sessões duplas de filmes trash. Podres mesmo. Nesses lugares, o bom comportamento do público durante a projeção nunca foi uma regra. Pessoas entravam e saiam da sala sem cerimônia alguma, enquanto o filme continuava com trailers entre uma sessão e outra. Sem falar nas falhas de rolo. A idéia do Grindhouse de Tarantino e Rodriguez parece que não foi compreendida pela massa atual. O diretor de Pulp Fiction e Kill Bill filmou uma das partes: Death Proof. Dizem que é melhor do que a metade chamada Planet Terror, de Rodriguez.

Na verdade, as notícias de que Harvey Weinstein confiou na dupla que apoiou por tanto tempo, parecem uma espécie de contra-ataque ao ex-chefão da Miramax. Durante a década de 90, seu estúdio foi rotulado de “Papa-Oscar”. As campanhas eficientes da Miramax resultaram em estatuetas de Melhor Filme para produções fracas como Shakespeare Apaixonado, ou no exagerado número de nove indicações para um filme apenas modesto como Gênio Indomável. Muita gente ficou irritada na indústria e na imprensa. Agora, Weinstein fracassou e chegou a hora de cair em cima dele. De qualquer forma, parece que ele errou em algumas decisões mesmo: cinemas especializados em filmes B ou o Grindhouse Festival, de Portland, em Oregon, foram ignorados pelo executivo e não puderam exibi-lo.

Só pode ser essa a explicação para detonar o resultado de Grindhouse, porque não importa se o grande público vai aceitar a produção. Ou se a crítica norte-americana não gostou. Tarantino jamais fez estrondosos sucessos de bilheteria. Qual é o problema? É realmente patético fazer uma análise de um filme tomando como ponto de partida o seu retorno financeiro. Se ainda fosse um fracasso de Piratas do Caribe ou Homem-Aranha 3... Kill Bill, por exemplo, levou os fãs de Tarantino aos cinemas, mas a bilheteria dos dois volumes nunca ameaçou o reinado de Titanic nos cifrões. Tarantino, Rodriguez, essa gente é cult.

Antes da estréia nos EUA, Harvey Weinstein decidiu adotar a estratégia de lançar as duas partes de Grindhouse em datas distintas no mercado externo, incluindo o Brasil. Agora, ele pretende relançar Grindhouse neste formato nos EUA, mas em plena temporada do verão norte-americano. Em maio, Cannes será outra plataforma, onde Death Proof, de Tarantino, concorre à Palma de Ouro.

Se a salvação de Grindhouse está no restante do mundo, as datas de estréia ainda não foram confirmadas no Brasil. O primeiro dos dois filmes seria lançado em agosto ou setembro. Três meses depois, chegaria a "seqüência". Mas a boa notícia é a possível vinda de Quentin tarantino e Robert Rodriguez ao Brasil para divulgá-los. A Europa Filmes já adiantou que alguns cinemas brasileiros devem ter sessões duplas de Grindhouse, após o lançamento do pacote completo.

Ou seja, qual é o motivo para tanto barulho negativo? Dinheiro? Vingança contra Harvey Weinstein? O que importa é garantir a exibição dos dois Grindhouse para os fãs. Só isso. Mas seria pedir uma compreensão inexistente na cabeça dos executivos de Hollywood. E desta vez, parece que a imprensa norte-americana caiu na armadilha dos estúdios – a de julgar um filme por sua bilheteria. Depois não adianta reclamar.

quinta-feira, abril 12, 2007

Mais uma chance para ver Epitáfios

"Aqui jaz quem nunca devia..." – assim começa o primeiro de muitos epitáfios preparados por um psicopata para anunciar a morte de suas vítimas. Quem ainda não viu a ótima minissérie argentina Epitáfios ganha uma nova chance no canal A&E a partir de hoje.

Essa é a primeira minissérie de ficção produzida pela HBO para a América Latina. Protagonizada por importantes atores latinos do cinema e da televisão, como Cecilia Roth (de Tudo sobre minha Mãe, de Pedro Almodóvar), Julio Chávez, Antonio Birabente e a bela Paola Krum, Epitáfios se revelou como uma boa surpresa na TV dominada por produções norte-americanas.

Filmada em Buenos Aires em formato de cinema (16 mm), Epitáfios acompanha os esforços do policial Renzo Márquez (Julio Chávez) na incansável perseguição ao brilhante serial killer que assinala o destino de suas vítimas em epitáfios enigmáticos. Sob assédio do assassino, a psiquiatra Laura Santini (Paola Krum) se vê obrigada a encontrar Renzo. A dupla tenta desvendar cada um dos misteriosos epitáfios, sem imaginar que a chegada da detetive Marina Segal (Cecilia Roth) dará um rumo inesperado aos acontecimentos.

O que mais impressiona em Epitáfios é o clima fúnebre da produção – ressaltado pela assustadora trilha sonora de por Iván Wyszogrod, reconhecido por seus trabalhos em filmes como O Filho da Noiva. São 13 episódios de pura tensão, que confirmam a boa fase dos argentinos, responsáveis pelas melhores produções da atualidade na América Latina.

Epitáfios
Todas as quintas, às 19h, no A&E

terça-feira, abril 10, 2007

A Via Crucis de Jack Bauer

Depois que Jack Bauer (Kiefer Sutherland) foi capturado por agentes chineses no final da quinta (e melhor) temporada de 24 Horas, os fãs não pararam de especular o que aconteceria a seguir. Apesar de vários boatos, incluindo uma temporada que seria baseada em uma tentativa de resgate em pleno território chinês, os produtores (incluindo Sutherland) e roteiristas optaram por não mexer em um time vitorioso.

Em cartaz na Fox, a sexta temporada começa com um governo norte-americano impotente devido aos diversos ataques de homens-bomba nas principais capitais dos EUA. O caos já dura 11 semanas e a Unidade Anti-Terrorismo (CTU) localiza um terrorista desertor, que pretende entregar o líder da facção sob uma condição: ele quer a cabeça de Jack Bauer, que deve ter aprontado algo no passado para merecer isso. Embora o governo não tenha feito absolutamente nada para resgatar um herói como Bauer, o Presidente Wayne Palmer (DB Woodside), enfim, negocia a liberdade do ex-agente com os chineses. Quem conhece 24 Horas, sabe que Jack Bauer daria sua vida pelos EUA sem problema algum, mas também imagina que isso é assunto somente para os primeiros episódios. As inevitáveis reviravoltas no roteiro são marcas registradas da série iniciada em 2001, em pleno trauma do 11 de setembro.

Naquele ano, os criadores Joel Surnow e Robert Cochran criaram um novo formato para o significado de “ação”: 24 episódios e cada um com uma hora de duração. Com a tragédia das torres gêmeas, o próprio Kiefer Sutherland achou que os norte-americanos não abraçariam a série. Mas a edição ágil e a tensão crescente a cada minuto, com a literal batida do relógio digital na tela, ganharam ares revolucionários para a TV. Mesmo assim, a trama não seria tão eletrizante se os episódios não aproveitassem o tempo real e reviravoltas surpreendentes no final de cada hora. O ritmo alucinante e o recurso de deixar os fãs esperando por respostas influenciaram séries de sucesso como Lost, Prison Break e Heroes.

O mais incrível é o fôlego de 24 Horas para continuar empolgando depois de cinco temporadas. Essa é a minha série favorita e jamais vi uma produção hollywoodiana tão corajosa (seja no cinema ou na TV) ao abordar a política norte-americana. Existe outra polêmica em torno de 24 Horas: como há pouco tempo para resolver os problemas, a intolerância move Jack Bauer – ele é capaz de torturar e matar terroristas ou colegas de trabalho em busca de soluções.

HOLLYWOODIANO assistiu aos primeiros episódios da sexta temporada e pode-se adiantar que a coisa esquenta logo nas quatro horas iniciais, incluindo uma ousada explosão nuclear em Los Angeles. Os roteiristas acertaram, principalmente, ao explorar o estado psicológico de um Jack Bauer traumatizado por causa de quase dois anos de tortura em uma prisão chinesa.


Infelizmente, o ritmo cai na seqüência e esse elemento é esquecido. Aliás, trata-se de uma queda inédita de criatividade na série. Falta uma ligação dramática de Bauer com alguma causa ou com um parente ou amigo – ele nunca se preocupou somente com o país. Ele parece um “zumbi” a caminho da morte certa ou de uma redenção. Kiefer Sutherland já revelou que o “tempo real” é o protagonista de 24 Horas, e não Jack Bauer. Não concordo. A tentativa de provar essa teoria ao deixar Bauer de lado em alguns episódios da sexta temporada está prejudicando a agilidade habitual da série. Nada que não possa ser resolvido nos próximos episódios, afinal o astro tem contrato assinado para mais duas temporadas. Esse ainda não pode ser o fim de Jack Bauer.

Abaixo, o trailer da nova temporada:



24 Horas – 6ª Temporada
Todas as terças, às 22h, na Fox

segunda-feira, abril 09, 2007

Diretores comentam Shrek Terceiro

Responsável pelos dois primeiros Shrek, Andrew Adamson anda ocupado com outra franquia lucrativa de Hollywood: As Crônicas de Nárnia. Mas às vésperas do lançamento de Shrek Terceiro (18 de maio nos EUA e 15 de junho no Brasil), a Dreamworks garante que a nova aventura do ogro verde está em boas mãos sob os cuidados de Chris Miller e Raman Hui.

No novo filme, Shrek (Mike Myers) e Fiona (Cameron Diaz) são obrigados a assumir o reino de Far, Far Away. Mas se o casal encontrar o herdeiro desaparecido do trono, eles podem voltar ao pântano. Assim, Shrek, Burro (Eddie Murphy) e o Gato-de-Botas (Antonio Banderas) partem para encontrá-lo, enquanto o Príncipe Encantado (Rupert Everett) planeja um golpe de Estado no Reino.

Abaixo, uma parte da conversa dos diretores com o site Joblo's Movie Emporium:

Com o sucesso de Shrek 1 e 2, vocês ainda ficam ansiosos com a expectativa do público por Shrek Terceiro?

Chris Miller: Se nos preocuparmos com isso, ficaremos travados. Isso não seria saudável. Pelo contrário – perderíamos o controle. Nós trabalhamos duro para entregar o melhor filme possível.

Qual será a principal diferença deste filme para os anteriores?

Miller: Temos personagens e intérpretes novos. Gosto muito das vozes de Amy Poehler como Branca de Neve, Amy Sedaris, como Cinderela, Cheri Oteri, como a Bela Adormecida, e Maya Rudolph, como Rapunzel. Ian McShane (de Scoop) está ótimo como Capitão Gancho. E acho que estamos compreendendo o mundo da fantasia e unindo todos os grandes contos infantis.

Como é trabalhar com Justin Timberlake, que faz o jovem Rei Arthur?

Miller: Ele é muito divertido. Justin é um comediante nato, mas também um ator muito esforçado. O mais interessante em trabalhar com Justin neste filme é que ele precisou atuar como um estudante de colegial – Arthur (ou Artie) tem apenas 16 anos, em Shrek Terceiro. Nós desenvolvemos Artie juntos. No final, ele ganhou muito da personalidade de Justin.

O grande desafio na produção de Shrek Terceiro está em aproveitar a evolução da tecnologia?

Raman Hui: Não é exatamente um desafio tecnológico. Quero dizer, deixamos a história conduzir a tecnologia. Não o contrário. É mais ou menos assim: “Ok, queremos fazer isso. É possível?”. Então, a equipe mostrava o caminho. A história tem que vir sempre em primeiro lugar. Temos aqui o terceiro filme de uma franquia de sucesso, mas ainda conseguimos trazer coisas novas. O novo Shrek traz uma história única e poderosa.

Raman, como foi mudar da função de supervisor de animação para a cadeira de co-diretor?

Hui: Foi uma experiência muito proveitosa para mim. No primeiro filme, eu estava concentrado na animação e ajudei a equipe com storyboards. Em Shrek Terceiro, eu pude aprovar os resultados e ver como tudo aquilo se transformava numa história.

Enquete do Blog

Semana passada, o blog inaugurou um espaço para enquetes - ao lado direito da página (entre "Sobre o Autor" e "Avaliação dos filmes"). O objetivo é gerar mais discussões sobre cinema e aumentar a participação do leitor.

A primeira enquete semanal perguntou "Quem foi o melhor ator dos anos 70/80?" e a maioria escolheu Robert De Niro. O vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, por O Poderoso Chefão - Parte II, e Melhor Ator, por Touro Indomável, ficou com 40% dos votos. Logo atrás: Jack Nicholson (27%), Al Pacino (21%) e Dustin Hoffman (12%).

Agora, o blog quer saber "Qual filme do verão americano você mais quer ver?". As opções são Homem-Aranha 3 (estréia 4 de maio), Piratas do Caribe - No Fim do Mundo (25 de maio), Shrek Terceiro (15 de junho), Harry Potter e a Ordem da Fênix (13 de julho) e Transformers (20 de julho).

Os votos serão contabilizados até domingo, dia 15 de abril. Até lá, boa semana! E eu tenho o meu favorito na enquete. E você?

quinta-feira, abril 05, 2007

Robert De Niro – Ator, Psicopata, Monstro

Houve uma geração de atores de verdade – não esses caras que, antes de qualquer demonstração de talento, posam de galãs. Nos anos 70, Hollywood tinha outra cabeça e um bando de sujeitos feios como Jack Nicholson, Dustin Hoffman e Al Pacino mostraram como se constrói uma carreira de respeito dentro da indústria cinematográfica. Eles davam vida a personagens próximos de nossa realidade. Gente normal, que muitas vezes enlouquecia com o caos urbano e as dificuldades da vida.

Neste caso, ninguém foi tão psicopata no cinema quanto Robert De Niro - doido de pedra, mas sempre um marginal comum, vítima da sociedade. Dirigido por Martin Scorsese, De Niro virou ícone pop de Nova York (e do cinema). Seu Johnny Boy, de Caminhos Perigosos, surge na tela explodindo uma caixa de correio. Simplesmente pela vontade de explodi-la. Gente, essa é a primeira imagem de De Niro em um filme de Scorsese! Johnny Boy é inconseqüente. Pede dinheiro e jamais paga – e não entende porque deve devolvê-lo. Cara de pau esse Johnny Boy... Ele era um menino arruaceiro, que se divertia em brigas de bar, pulando em mesas de bilhar e arremessando tacos na cabeça de seu adversário. Ali, começávamos a perceber como De Niro passava de um cara tranqüilo e amigável para um monstro sanguinário em um piscar de olhos. Com Scorsese, De Niro foi motorista de táxi justiceiro, em Taxi Driver. Quem não treme quando Travis Bickle repete: You talkin’ to me? You talkin’ to me? Paranóico, o taxista acha que um banho de sangue é a solução para salvar uma menina da escória das ruas. Simples assim.

De Niro trabalhou com Bertolucci, Kazan, Leone, Tarantino, Michael Cimino... Esse último não fez nada que valesse a pena depois de O Franco-Atirador. Que filme! De Niro protagoniza uma cena de roleta russa, que me dá arrepios só de lembrar. O que é aquilo? De Niro trabalhou com Coppola. Ele foi o jovem Vito Corleone em O Poderoso Chefão – Parte II. Para estabelecer a ordem na vizinhança, ele mata o manda-chuva local durante uma procissão. Essa é a cena de assassinato mais célebre do cinema. E ele não precisou dizer mais nada. Naquele momento, Vito Corleone começava a consolidar seu império. De Niro foi o Diabo em Coração Satânico, de Alan Parker. Não no sentido figurado da palavra – isso ele fez em outros filmes. Ele foi o Capeta em pessoa. De Niro foi Al Capone, em Os Intocáveis. Brian De Palma teve que convencer a Paramount para que ele ganhasse o papel. O estúdio queria Bob Hoskins. Dirigido por Kenneth Branagh, De Niro foi literalmente o monstro de Frankenstein de Mary Shelley.

Ainda com Scorsese, De Niro deu cabeçadas na parede em Touro Indomável. Monstro! Como o boxeador Jake La Motta, ele subia nos ringues somente para bater e, principalmente, apanhar. Ele deixava seu oponente socá-lo contra as cordas no ato de autopunição mais selvagem do cinema. La Motta apanhava para se arrepender dos pecados. Como Max Cady, em Cabo do Medo, De Niro assustou dezenas de pessoas. Na cena em que a família formada por Nick Nolte, Jessica Lange e Juliette Lewis leva um susto com o toque do telefone, a platéia vai junto. Culpa do De Niro. Do Scorsese também.

Hoje, De Niro está mais preocupado com sua produtora, a Tribeca. Aos 63 anos, ele também quer ser diretor. Triste daquele que acha que De Niro é somente o astro de Entrando Numa Fria e afins. Um dos melhores atores da História do cinema. Ninguém foi tão psicopata nas telas quanto ele. Monstro sagrado esse De Niro.


Os cinco melhores momentos de Robert De Niro

1) Touro Indomável, de Martin Scorsese
(Jake La Motta)


2) Taxi Driver, de Martin Scorsese
(Travis Bickle)


3) Cabo do Medo, de Martin Scorsese
(Max Cady)


4) O Poderoso Chefão - Parte II, de Francis Ford Coppola
(Vito Corleone)


5) O Franco-Atirador, de Michael Cimino
(Michael Vronsky)

quarta-feira, abril 04, 2007

Fernando Meirelles e o papel da crítica

Ontem no programa Irritando Fernanda Young, do GNT, a apresentadora entrevistou o cineasta Fernando Meirelles. Pensei o dia inteiro em algo que ele disse: o diretor revelou não gostar de críticos que apontam "erros" em seus filmes.

Para Fernando, um diretor passa de um a três anos trabalhando em uma produção, enquanto um crítico parece saber tudo sobre um filme depois de apenas duas horas de exibição. Ele admitiu seus descontentamento com observações da crítica como "faltou um pouco disso", "poderia ter 20 minutos a menos" ou "o final decepciona". Coisas assim.

Ele não deixa de ter razão, mas sempre vi a crítica (ao menos deste blog) como um ponto de vista. É somente uma opinião. Nunca tive a pretensão de estar certo sobre um filme, afinal não sou dono da verdade. É mais fácil o Fernando Meirelles entender mais sobre um de seus filmes do que eu. Gostaria de pensar que a crítica em geral está lá para dar uma opinião a quem ainda não viu algum filme. Acho que essas resenhas deveriam ser sempre pessoais, porque defendo que a arte não atinge duas mentes (ou dois corações) da mesma forma. Mas infelizmente, também sei que alguns profissionais realmente se consideram donos da verdade.

Certa vez, Steven Spielberg disse algo assim: "Como um crítico pode saber tudo sobre um filme assistindo-o apenas uma vez?". Por seu conhecimento, Martin Scorsese já foi questionado se um dia seria crítico de cinema, após encerrar sua carreira por trás das câmeras. A resposta? "Eu nunca seria um crítico. Gosto muito de cinema para isso". São opiniões, como as críticas deveriam ser. Nada mais.

No momento, Fernando Meirelles trabalha em Blindness.Trata-se da adaptação do romance Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago. Responsável pelos ótimos Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel, Fernando ainda não tem motivos para ficar chateado com este blog, que confia em suas decisões cinematográficas. Mas como ninguém é perfeito e cada um tem sua opinião...

Anthony Hopkins, o verdadeiro canibal

Aos 22 anos, o jovem ator francês Gaspard Ulliel tem a responsabilidade de personificar o eterno canibal, em Hannibal - A Origem do Mal. Ele pode até seguir uma bela carreira, mas uma comparação ao talento de Sir Anthony Hopkins ainda é covardia.

Muito antes de O Silêncio dos Inocentes, o veterano ator britânico já brilhava nos palcos londrinos e atuava em clássicos do cinema como Leão no Inverno ao lado de Peter O’ Toole e Katherine Hepburn. Hopkins emprestou sua classe a filmes prestigiados como Uma Ponte Longe Demais, excelente drama de guerra dirigido por Richard Attenborough, e O Homem Elefante, de David Lynch. Apesar de atuar em cerca de 50 produções para o cinema e a TV (hoje beira a marca de 100), o ator só foi reconhecido pela indústria quando interpretou Hannibal Lecter, em O Silêncio dos Inocentes.

Sua composição assustadora e sedutora do canibal (já reparou que Lecter não pisca em cena alguma?), que ajuda a agente Clarice Starling (Jodie Foster) entrou para a História e influenciou toda uma geração de atores e cinéfilos. Depois do filme (que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator em sua primeira indicação), Hopkins passou a ser reverenciado como um dos melhores intérpretes de Hollywood. Voltou a disputar a estatueta dourada por Vestígios do Dia, Nixon e Amistad – neste último como Melhor Ator Coadjuvante.

Sir Anthony Hopkins nunca gostou de filmar mais do que dois ou três takes e, mesmo assim, conquista o respeito de qualquer cineasta. Próximo de comemorar 70 anos de idade, ele parece estar longe da aposentadoria. No ano passado, o ator esteve em Bobby, de Emilio Estevez, e A Grande Ilusão, de Steven Zaillian. Em breve, Hopkins será visto na tela grande como o Rei Hrothgar, de Beowulf, épico de Robert Zemeckis.


Os cinco melhores momentos de Sir Anthony Hopkins

1) O Silêncio dos Inocentes, de Jonathan Demme
(Dr. Hannibal Lecter)

2) Amistad, de Steven Spielberg
(John Quincy Adams)

3) Vestígios do Dia, de James Ivory
(James Stevens)

4) Leão no Inverno, de Anthony Harvey
(Richard)

5) Nixon, de Oliver Stone
(Richard Nixon)

terça-feira, abril 03, 2007

Mestre Ennio Morricone no Rio

O dia 5 de maio vai entrar para a História. Essa é a data da apresentação do mestre italiano Ennio Morricone no Teatro Municipal, do Rio de Janeiro, regendo a Orquestra Petrobrás Sinfônica. Autor de trilhas perfeitas, inesquecíveis e emocionantes para filmes como Cinema Paradiso, Três Homens em Conflito, Os Intocáveis e A Missão, Morricone abre o evento Música em Cena - 1º Encontro Internacional de Música de Cinema.

Ao lado de John Williams e Maurice Jarre, Morricone é um dos meus favoritos. Seu nome anda quase inseparável de Sergio Leone, afinal a dupla deu um tom operístico ao spaghetti western. Embora todas as suas composições sejam geniais, acho que aquela ode ao faroeste em Três Homens em Conflito é a melhor, sendo conhecida (e cantarolada) por qualquer mortal - mesmo por quem não se liga em cinema. Morricone recebeu um Oscar pelo conjunto da obra neste ano e, em 2008, vai trabalhar novamente com os velhos colegas Brian De Palma, em The Untouchables - Capone Rising (a prequel de Os Intocáveis), e Giuseppe Tornatore, em Leningrad.

Até o dia 12 de maio, o Música em Cena recebe outros grandes compositores do cinema contemporâneo como o argentino Gustavo Santaolalla, vencedor dos dois últimos Oscar de Melhor Trilha Sonora por O Segredo de Brokeback Mountain e Babel. Outro ganhador da estatueta dourada também tem presença garantida: o libanês Gabriel Yared, de O Paciente Inglês, O Talentoso Ripley e Cidade dos Anjos. Já a pianista e cantora Lisbeth Scott faz uma apresentação solo. Para quem não a conhece, sua voz enigmática surge nas fascinantes trilhas de Munique, de John Williams, e A Paixão de Cristo, de John Debney.

Durante a semana, o evento também promove a discussão da trilha sonora em palestras, workshops e mesas redondas com especialistas nacionais e internacionais na PUC - RJ. A mêcanica de entrada nos workshops e venda de ingressos para os concertos ainda serão definidas pela organização.

segunda-feira, abril 02, 2007

O legado de O Silêncio dos Inocentes

Em 1991, o diretor norte-americano Jonathan Demme ganhou reconhecimento mundial ao entregar sua versão cinematográfica do livro de Thomas Harris, O Silêncio dos Inocentes. O cineasta criou um novo estilo de suspense ou atualizou o gênero? Não importa. O filme foi tão importante para a década de 90, que o cinema assumiu uma divisão entre “antes e depois” de O Silêncio dos Inocentes - estava inaugurada a era dos serial killers em Hollywood.

De lá para cá, os estúdios exploraram a fórmula à exaustão. Alguns diretores acertaram (David Fincher, em Seven) e outros erraram feio (Jon Amiel, em Copycat – A Vida Imita a Morte), mas ninguém foi tão original e elegante quanto Demme, em O Silêncio dos Inocentes. Nenhum filme do gênero marcou época ou imortalizou personagens como a agente do FBI Clarice Starling (Jodie Foster) e o canibal mais famoso do cinema, Dr. Hannibal Lecter (Anthony Hopkins).

Acontece que O Silêncio dos Inocentes traz vários enigmas a serem desvendados. O filme não é apenas um suspense sobre serial killers, mas há uma história de amor impossível, incômoda e incomum por trás da troca de olhares entre Clarice e Lecter. Há mais do que uma simples admiração entre os dois (essa é a principal diferença do filme de Demme para os que vieram mais tarde). O sucesso levou a produção a ganhar os cinco Oscar principais – Melhor Filme, Direção, Roteiro Adaptado, Ator (Anthony Hopkins) e Atriz (Jodie Foster) – e figurar entre as dez melhores produções da década passada, de acordo com os críticos norte-americanos.

O irônico disso tudo é que o diretor Michael Mann foi o primeiro a adaptar um livro de Thomas Harris sobre Hannibal Lecter. Em 1986, Manhunter trazia o canibal na pele do ator Brian Cox, de X-Men 2 e Adaptação. Mas quase ninguém assistiu ao filme do futuro cineasta de Fogo Contra Fogo, O Informante, Colateral e Miami Vice.

Mesmo com tantos filmes do gênero invadindo os cinemas, Hollywood decidiu deixar Clarice em segundo plano e apostou todas as fichas em Hannibal Lecter. Dez anos depois da consagração de O Silêncio dos Inocentes, o produtor Dino De Laurentiis, de Duna e Flash Gordon, adquiriu os direitos para as novas adaptações dos livros de Thomas Harris, e contratou Ridley Scott para comandar o polêmico Hannibal. A obra de Harris apresentava um canibal mais selvagem e uma Clarice ambígua quanto a sua natureza – como eu, muita gente torceu o nariz para o resultado. Até Jodie Foster pulou fora ao não concordar com os rumos tomados pelo autor. Ainda assim, o filme aconteceu, Julianne Moore assumiu o papel de Clarice e o público ficou dividido. A violência implícita de O Silêncio dos Inocentes tornou-se explícita em Hannibal, enquanto o terror psicológico ganhou representações escatológicas. O charme se perdeu. O equilíbrio perfeito entre a bela e a fera não existia mais.

Preocupada com a má recepção a Hannibal, Hollywood decidiu refilmar a história levada por Michael Mann às telas: Brett Ratner, de X-Men – O Confronto Final foi contratado para dirigir Dragão Vermelho, que abordou um período anterior aos acontecimentos narrados em O Silêncio dos Inocentes. O filme não impressionou ninguém, mas chamou atenção pelo elenco: Edward Norton, Ralph Fiennes, Harvey Keitel, Philip Seymour Hoffman, Emily Watson, Mary-Louise Parker e, claro, Anthony Hopkins. Ao menos, Brett Ratner fez um filme divertido, mas que não chega aos pés de O Silêncio dos Inocentes. Particularmente, acho superior ao filme de Ridley Scott. Mas isso não é dizer muita coisa.

Quando o Dr. Lecter se preparava para descansar do cinema, Hollywood anunciou a adaptação de Hannibal - A Origem do Mal. A direção ficou com Peter Webber, de Moça Com Brinco de Pérola, e o ator francês Gaspard Ulliel, de Eterno Amor assumiu o papel do jovem Hannibal Lecter. Com roteiro do próprio Thomas Harris, essa é a história sobre como tudo começou. Mas será que o novo filme (com estréia prometida para abril) está mais para o canibal intelectual e assustador de O Silêncio dos Inocentes ou para o monstro sanguinário de Hannibal? Gaspard Ulliel foi a escolha correta para reviver um ícone criado por Anthony Hopkins? Em breve, os fãs poderão julgar.