quarta-feira, outubro 31, 2007

Trailer eletrizante da 7ª temporada de 24 Horas


Quem ficou decepcionado com a fraca sexta temporada de 24 Horas, pode começar a acreditar de novo. Já está na rede o trailer do sétimo dia mais infernal da vida de Jack Bauer (Kiefer Sutherland).

Levando outras séries em consideração, posso até dizer que foi incrível como 24 Horas demorou a cair de produção. Os cinco primeiros anos são geniais. Vamos ver no que dá essa 7ª temporada, que estréia em janeiro nos EUA.

O trailer abaixo é empolgante e deixa os fãs alucinados com a volta de Tony Almeida (Carlos Bernard). Tudo indicava que o amigo de Jack estava morto, mas ele retornou. E como vilão. Só que as aparências sempre enganam em 24 Horas.

terça-feira, outubro 30, 2007

Across the Universe

31ª Mostra Internacional de Cinema

Não é a historinha de amor banal contada pela diretora Julie Taymor (de Frida) que justifica uma ida ao cinema para assistir ao musical Across the Universe (2007). O que realmente importa aqui é saber se você é ou não um beatlemaníaco. Quem não gosta das canções imortais dos quatro rapazes de Liverpool vai se irritar à toa e é melhor passar longe. Mas os fãs serão capazes de adivinhar a música que o elenco cantará segundos antes de uma cena óbvia.

Across the Universe é um musical com canções dos Beatles, mas a banda jamais é mencionada durante o filme. A produção acompanha o romance entre Jude (Jim Sturgees), um inglês de Liverpool que canta igualzinho a Ewan McGregor, e a norte-americana Lucy (Evan Rachel Wood), durante as décadas de 1960 e 1970. Para ilustrar o roteiro, a diretora fez os atores cantarem e dançarem ao som dos Beatles. Essa idéia lembra o que Baz Luhrmann propôs em Moulin Rouge, um musical de época com canções atuais. No fundo, o filme de Luhrmann é de um romantismo retumbante e o amor vivido pelos personagens de Nicole Kidman e Ewan McGregor emociona independentemente das músicas. Posso ter problemas com o filme de Luhrmann por causa de sua montagem histérica para a geração MTV, mas reconheço que o cara foi original.

Across the Universe não é genial ou original e a história de amor não convence. Julie Taymor precisa da força das canções dos Beatles para fazer seu filme seguir em frente. Isso parece um artifício fácil demais. E não dava para fazer um filme com clássicos da banda sem ter seus momentos psicodélicos. Em algumas partes, Across the Universe lembra a rebeldia de Hair, mas só de leve. Há protestos contra a Guerra do Vietnã com muita música e revolta, mas Julie Taymor nem chega perto (ou quer ser) Milos Forman. Ela até que é bem-sucedida no aspecto visual. Across the Universe seduz pelas imagens, faz os beatlemaníacos cantarem no cinema e, no fim, engana gregos e troianos. E devo admitir que, como rigoroso fã da banda, torci o nariz com alguns novos arranjos. Enfim, isso seria bobagem se os Beatles não fossem lingüagem universal como o amor e a matemática.

Como disse, parece fácil fazer um filme onde as músicas já deixam tudo pronto. Quando uma cena do roteiro começa a tomar forma na tela, o beatlemaníaco já sabe qual será a música cantada pelos atores. Quando Jude conquista a amizade de alguns estudantes norte-americanos, eles cantam With a Little Help from My Friends. Quando Jude está triste no bar, um de seus amigos canta... Hey, Jude. Quando as drogas e a onda hippie tomam conta dos anos 1970, Bono (sim, aquele do U2) entra para cantar I am the Walrus. E você reparou que o nome da personagem de Evan Rachel Wood é Lucy? Tenha calma que você não vai embora do cinema sem ouvir Lucy in the Sky With Diamonds. E por aí vai.

A única cena que encaixa perfeitamente uma faixa dos Beatles no filme sem dar pistas ao público está na abertura: Jude olha para a platéia e canta que sua história é sobre como ele se apaixonou por uma garota. A fala é substituída pela introdução de Girl: "Is there anybody going to listen to my story? All about the girl who came to stay...
She is the kind of girl you want so much it makes you sorry. Still you don't regret a single day."

Fora isso, é bom ser fã dos Beatles para encarar a viagem. Acho que Julie Taymor só quis contar uma história de amor com essas canções universais. Nada mais. Só que o romance não empolga e é previsível. O negócio é ouvir os Beatles, mesmo que cantados por um bando de garotos. Como em Transformers ou qualquer outro filme de entretenimento, o cinéfilo precisa desligar o cérebro pra chegar vivo até o final e ainda reconhecer algo de bom. Como ver e ouvir o velho Joe Cocker se divertindo em cena.

Across the Universe (2007)
Direção: Julie Taymor
Elenco: Jim Sturgess, Evan Rachel Wood, Joe Anderson, Dana Fuchs, Eddie Izzard, Martin Luther, T.V. Carpio, Joe Cocker e Bono

Veja Peter Jackson no set de The Lovely Bones


O jornal Philadelphia Inquirer fotografou o cineasta Peter Jackson no set de seu mais novo trabalho: The Lovely Bones. A adaptação cinematográfica do diretor de O Senhor dos Anéis para o livro Uma Vida Interrompida - Memórias de um Anjo Assassinado, de Alice Sebold, tem estréia prevista para o ano que vem.

The Lovely Bones conta a história de Susie Salmon, uma menina de 14 anos que foi estuprada e assassinada. No Céu, ela acompanha como a família, os amigos e até mesmo o seu algoz continuaram com suas vidas.

Depois de uma briga com Jackson, Ryan Gosling desistiu de interpretar o pai da menina. Em seu lugar, entrou Mark Wahlberg. Rachel Weisz será a mãe de Susie, papel que ficou com a impressionante Saoirse Ronan. Espere só para vê-la em Desejo e Reparação, de Joe Wright. O elenco ainda conta com Susan Sarandon (a avó) e Stanley Tucci (o assassino).

segunda-feira, outubro 29, 2007

Na Natureza Selvagem

Daqui a pouco, vou tentar entrar numa sessão de Into the Wild, novo filme de Sean Penn como diretor. Não sei se ainda tem ingresso, mas estou muito curioso pra ver o que ele fez com o belo livro de Jon Krakauer.

Li quando ainda estava na faculdade e me arrependi por
não ter seguido as idéias de seu protagonista, Chris McCandless.

Aqui no Brasil, o livro foi lançado com o título Na Natureza Selvagem. A história é baseada em fatos reais.
Chris McCandless (Emile Hirsch no filme) é um jovem de família rica que resolve largar todo o conforto e parte em busca de si próprio em uma aventura inesquecível por lugares inóspitos.

Não conheço muito o trabalho desse Emile Hirsch, mas vi o cara em Show de Vizinha, aquela porcaria com a Kim Bauer, de 24 Horas. Enfim, dizem que o garoto pode ser indicado ao Oscar de Melhor Ator. Vamos ver. Depois eu conto, pessoal.

sexta-feira, outubro 26, 2007

No Vale das Sombras

31ª Mostra Internacional de Cinema

Em menos de três anos, Paul Haggis assinou os roteiros de Menina de Ouro, A Conquista da Honra e Cartas de Iwo Jima para Clint Eastwood. Além de colaborar na reinvenção de James Bond, em Cassino Royale, Haggis não é só roteirista, mas diretor de Crash, o surpreendente vencedor do Oscar de 2005, e No Vale das Sombras (In the Valley of Elah, 2007), um dos melhores filmes deste ano. Não é pouca coisa.

No Vale das Sombras pode não ser superior a Crash, mas confirma o nome de Paul Haggis entre os principais diretores desta década. Até agora, ele se preocupou em analisar a comunidade norte-americana dentro do atual cenário político e social. Ele estuda a intolerância e a impressionante habilidade do ser humano em se desentender com o próximo. Em Crash e No Vale das Sombras, Haggis parece um cineasta dos anos 1970. É um exímio contador de histórias e sem pressa alguma para desenvolver os conflitos de sua trama, que no final, sempre termina bem amarrada.

Enquanto Crash tinha um ótimo roteiro apoiado por um elenco espetacular, No Vale das Sombras faz a trama de Haggis funcionar exclusivamente pelo olhar enigmático de Tommy Lee Jones. Todos os outros atores deste filme são forçados a reagir ao impacto de Jones em cada cena. Ele dita o ritmo e o timing do elenco.

Na escuridão da noite, o veterano do Vietnã Hank Deerfield (Jones) embarca numa jornada melancólica depois de receber um telefonema do exército, que diz não saber o paradeiro de seu único filho, que retornou do Iraque. Talvez Hank tenha adquirido experiência em investigações criminais, enquanto atuou como militar. É por isso que a jovem detetive Emily Sanders (Charlize Theron) o ajuda na busca desse pai desesperado. Não exatamente por pena, mas para entender seu papel como mãe e aprender cada movimento de um velho profissional, que é muito mais eficiente do que a polícia local.

A fotografia de Roger Deakins cria o clima perfeito para situar o espectador neste clima sufocante da investigação de Hank e Emily. Além disso, ele faz as luzes da cidade iluminarem as ruas escuras por onde a dupla passa e isso cria um elo visual com o universo de Crash, onde nem os dias são mais claros do que a noite. Aqui, Deakins mostra como é um excepcional diretor de fotografia, sem precisar apelar como em O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford, que tem cara de comercial de sabonete.

No Vale das Sombras pode ser facilmente classificado como um filme que levanta voz contra a Guerra no Iraque. Ele realmente lembra a atmosfera cinzenta do pós-Vietnã de acordo com a visão dos soldados, que ditou a tendência de Hollywood na década de 1970 em produções como Amargo Regresso e O Franco-Atirador. Mas Paul Haggis quer avaliar a mente do personagem de Tommy Lee Jones, um patriota que acredita na intervenção norte-americana no Iraque. Ele chega a dizer que seu filho ajudou a levar a democracia ao país do Oriente Médio. Mas desta vez, ele talvez tenha colocado sua função de pai, antes da posição de cidadão norte-americano. É desse ponto de vista que posso dizer que Hank desce ladeira abaixo.

Em certo momento, ele conta ao pequeno filho de Emily sobre a história de Davi e Golias, que ocorreu no Vale de Elá (o título original do filme). Para ele, a luta não foi fácil e o jovem Davi sentiu medo ao enfrentar o poderoso Golias. O filme de Paul Haggis diz que todo soldado é humano. Na verdade, uma criança que deve abdicar de sua própria alma infantil e se tornar um assassino no campo de batalha. Vendo desta forma, como um pai pode reconhecer o próprio filho?

A cena final me lembrou o clímax de O Franco-Atirador. Não exatamente a imagem, mas seu sentido, sua força. Nenhuma guerra é boa e ninguém sai ileso. Todos perdem algo (ou alguém) de valor. Até mesmo na guerra de um homem só. Seja particular ou interior.

No Vale das Sombras (In the Valley of Elah, 2007)
Direção: Paul Haggis
Elenco: Tommy Lee Jones, Charlize Theron, Susan Sarandon, Jason Patric, James Franco, Josh Brolin e Frances Fisher

quarta-feira, outubro 24, 2007

Desejo e Reparação

31ª Mostra Internacional de Cinema

A primeira hora de Desejo e Reparação (Atonement, 2007) foi o melhor filme de 2007. A câmera do talentoso diretor Joe Wright, de Orgulho e Preconceito, consegue envolver o espectador na história sem deixá-lo respirar diante de tanta beleza. E o ponto positivo é que tudo acontece naturalmente. Em 10 minutos de projeção, já somos parte do enredo e torcemos pela felicidade do casal interpretado por Keira Knightley e James McAvoy.

Adaptado do romance britânico de Ian McEwan, Desejo e Reparação começa numa época prestes a viver os horrores da Segunda Guerra Mundial. Somos apresentados a família Tallis em sua mansão. Na abertura, a câmera atinge um nível absurdo de excelência cinematográfica ao seguir a pequena Briony (a impressionante Saoirse Ronan) pela imensa casa ao som da bela e nervosa trilha sonora de Dario Marianelli. Conforme a menina de 13 anos caminha, nós conhecemos cada um dos parentes e amigos dos Tallis. É curioso entender a mente de Briony, que é uma escritora principiante de imaginação fértil. Ao lembrar disso, não esqueça o fato de que ela é, antes de qualquer julgamento, uma criança. Sua falta de experiência, além do fato de querer atenção, faz com que ela cometa uma injustiça adiante. Como não li o livro, essa é a minha visão. E isso será importante para compreender o extraordinário roteiro de Christopher Hampton, vencedor do Oscar por Ligações Perigosas.

Até a metade do filme, o roteiro expõe, por muitas vezes, o clímax de uma situação. Mas não sabemos como os personagens chegaram até ali. Na seqüência, Wright e Hampton explicam ao espectador sobre o "Como" e o "Quando". E esse quebra-cabeça é montado com cuidado até chegar ao momento mais forte desse primeiro ato. Para mim, Briony é a personagem mais importante. Ela só parece ser coadjuvante, mas sua força é de protagonista. Aos poucos, ela observa o romance da irmã Cecilia (Keira Knightley) com o caseiro Robbie (James McAvoy). Aliás, o casal protagoniza a cena de sexo mais bonita que eu já vi na história do cinema. É ardente, sem aviso prévio, mas jamais deixa de lado a sua intenção romântica. Nesta cena, quando os dois dizem um ao outro "I Love You", o diretor Joe Wright alcança o sublime. É de queimar o coração. O problema é que Briony também ama Robbie, mas ela é apenas uma criança. Por amor, ela recorre à própria imaginação para se vingar do casal. A menina acusa o pobre Robbie de um crime que não cometeu e a polícia o leva algemado dali e de sua amada Cecilia. Ninguém sabe no que acreditar, nem mesmo Briony, que foi totalmente tomada por sua imaginação.

É exatamente onde começa o segunto ato do filme. Há muito tempo que eu não via uma produção tão romântica e, por isso, fiquei um pouco chateado com a metade final. Tudo estava tão bonito e natural na tela. Depois dessa virada, a simplicidade na riqueza de detalhes ganha aspectos de beleza intencional, forçada e artificial (ou plástica). Uma pena.

O tempo passa, Briony cresce e é interpretada por Romola Garai, que não é boa atriz como a pequena Saoirse Ronan. Entendo que acompanhar a redenção (ou amadurecimento) de Briony é essencial para a trama e, talvez, no livro, essa parte seja melhor desenvolvida. Mas quem se encantou com o romance da primeira hora, precisa se contentar com paisagens e muita enrolação. Dá saudade do casal, que agora está separado pela guerra.

Apesar do domínio em cena de Briony, o filme cresce mesmo é em cada reencontro dos ex-protagonistas Robbie e Cecilia. McAvoy e Keira estão soberbos. Alguns segundos proporcionam pura magia cinematográfica. Dois exemplos: Robbie tenta se acostumar com a guerra. Certa hora, ele usa uma das mãos para mexer o chá, mas solta a colher automaticamente quando Cecilia toca sua outra mão. É o horror da guerra vencido pelo amor. Em outra cena belíssima, Cecilia se despede de Robbie e entra no bonde. Desesperado, ele corre atrás dela e essa dor causada pelo "adeus" relembra uma parte famosa de Doutor Jivago, de David Lean, o maior diretor de épicos do cinema.

Claro que tudo é muito bem filmado por Joe Wright. Mas tirando essas duas cenas, o restante parece artificial - até mesmo a tão comentada passagem pela praia de Dunquerque, na França, onde Robbie testemunha a retirada das tropas britânicas. É um plano-seqüência, que impressiona à primeira vista, e explica a perda da inocência (ou da alma) de Robbie. Na guerra, nenhum homem pode ser aquele que era antes. Não há romance e o pingo de humanidade que resta no herói reside no coração de Cecilia. Por isso, ele sabe que precisa retornar para os seus braços e não só recuperar o tempo perdido, mas a sua alma. Enfim, a cena é bonita, mas jamais atinge o grau de perfeição da primeira hora.

Mas Joe Wright se redime com a entrada monumental de Vanessa Redgrave na trama. O diretor celebra a arte como cenário ideal para as mais belas histórias de amor. É a tal reparação do título. Ela vive a idosa Briony, uma mulher que acredita na força da arte para "reparar" o que na vida ficou apenas no "desejo". A seqüência narrada por Vanessa é linda e lembra o clima da primeira hora do filme (e dos grandes romances do cinema). Difícil não se emocionar com esse final antológico. Pelo menos, para quem ama ou já amou algum dia.

Desejo e Reparação (Atonement, 2007)
Direção: Joe Wright
Roteiro: Christopher Hampton (Adaptado do livro de Ian McEwan)
Elenco: Keira Knightley, James McAvoy, Saoirse Ronan, Romola Garai e Vanessa Redgrave

terça-feira, outubro 23, 2007

Na trilha da Mostra


Ontem, eu vi Desejo e Reparação, novo filme do Joe Wright, o talentoso diretor de Orgulho e Preconceito. Ainda estou pensando no filme adaptado do livro de Ian McEwan, por Christopher Hampton, vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, por Ligações Perigosas. A crítica será postada ainda nesta semana, mas preciso de um tempinho para compreender algumas idéias do filme.

Daqui a pouco, embarco numa sessão de No Vale das Sombras, novo filme de Paul Haggis, o diretor de Crash. Depois disso, preciso descansar e dormir um pouco. Mas volto à ativa neste final de semana com o musical Across the Universe, de Julie Taymor, e Viagem a Darjeeling, de Wes Anderson. Talvez segunda-feira, eu encare Into the Wild, de Sean Penn. Bom, fiquem ligados.

segunda-feira, outubro 22, 2007

À Prova de Morte

31ª Mostra Internacional de Cinema

No auge de suas carreiras, os cineastas George Cukor, Woody Allen e Pedro Almodóvar pareciam compreender as mulheres de suas épocas. São três nomes que acompanharam o universo feminino pelo cinema desde o romantismo exacerbado até a conquista de seus direitos dentro de uma sociedade dominada por homens.

Apesar de começar sua filmografia com intensas (e originais) histórias policiais de bolso, Quentin Tarantino é sim um cineasta preocupado em dar voz às mulheres. Por mais estranho que isso possa parecer, o diretor mais influente (e imitado) desde o início dos anos 1990 é um herdeiro do legado de Cukor, Allen e Almodóvar.

Bom, existe o cinema como você conhece e existe o cinema segundo Quentin Tarantino. Que ninguém mais diga que Tarantino copia. Goste ou não, ele é original. Sua referência eterna é a cultura pop. O diretor é cinéfilo, fã de quadrinhos, armas, kung fu, bares, restaurantes, faroestes, carrões, e tudo quanto é cenário para um papo (ao mesmo tempo) descontraído e reflexivo sobre o que foi pop e cult - e como isso reflete nas tribos da atualidade. E não adianta teimar: ninguém consegue se igualar a Tarantino nesses quesitos.

Verborrágico, o cineasta expõe suas opiniões por cada um de seus personagens bizarros de tão reais. Ao menos, eles falam tudo aquilo que não temos coragem de dizer, mas que certamente passam pela cabela de qualquer um. Se você ainda não se acostumou, À Prova de Morte (Death Proof, 2007), seu mais novo trabalho desmembrado do projeto Grindhouse (idealizado em parceria com o amigo Robert Rodriguez), pode flertar com o suspense e o terror, mas faz parte de seu universo particular.


E aos poucos, dentro desse mundo, Quentin Tarantino mostra que entende as mulheres. Foi assim com Pam Grier, em Jackie Brown, e Uma Thurman, em Kill Bill. E faz de novo em À Prova de Morte. Para chegar nesse ponto, Kurt Russell (impagável) é a cobaia. Ele pode ter cara de protagonista, mas são as belas moças do filme que dão as cartas.

Entre referências ao pop e até mesmo a sua filmografia (os fãs vão se divertir ao identificar detalhes e personagens de outros trabalhos do diretor), Tarantino acompanha duas turmas de garotas de vários tipos com algumas coisas em comum: elas só querem se divertir e são atacadas pelo misterioso maníaco das estradas conhecido como "Stuntman Mike" (Russell). A bordo de seu potente muscle car negro "à prova de morte", ele detona as pobrezinhas a cerca de 200 Km/h. O diretor e roteirista não explica os motivos do assassino e nem diz muito sobre seu passado - tirando, claro, a informação que está no nome. Ainda que ele tenha trabalhado como dublê, ninguém nunca reparou em seu trabalho e a pista pode ser falsa.

Tarantino é mestre em criar personagens místicos de tão trash. Ele joga pouquíssimas informações só para situar o espectador na história. E é só. Isso intriga e é genial. Veja bem: quem foi Vincent Vega (John Travolta), em Pulp Fiction? Quem são os bandidos de Cães de Aluguel? E a Noiva (Uma Thurman), de Kill Bill? O "Dublê Mike" de Kurt Russell é o mais novo integrante dessa galeria tarantinesca.

Voltando ao enredo, a primeira metade de À Prova de Morte pode irritar um pouco as mulheres, mas o público masculino agradece. É um exagero de closes no melhor da anatomia feminina, incluindo o fetiche do diretor por pés já notado em Kill Bill, além de muito blá-blá-blá ao estilo Tarantino.

O cineasta já revelou nos extras do DVD de Kill Bill, que sempre quis enfrentar o desafio de filmar cenas de ação. Para ele, todo grande diretor deveria passar por isso. Se ele realizou o sonho no Volume 1, deixou todo o vocabulário conhecido pelos fãs para o Volume 2. Em À Prova de Morte, ele faz o contrário. Começa falastrão e na segunda metade, Tarantino engata (literalmente) a quinta marcha e entrega um invejável espetáculo de ação sobre rodas. Na contramão do festival de efeitos gerados por computador (técnica hollywoodiana ironizada num diálogo comandado por Kurt Russell), o diretor monta suas seqüências em alta velocidade à moda antiga e faz você grudar na cadeira.

E é na metade final, que Tarantino pede desculpas às mulheres e mostra sua verdadeira intenção. Primeiro, ele ganha a atenção dos homens, para depois conquistar o público feminino. Sensacional. Elas passam de caça à caçadoras.

À Prova de Morte não deixa de ser uma fábula extremamente feminista. Para Tarantino, a mulher não deve se entregar à aparente força masculina. Ela não deixa de amar, deseja ser mãe e faz o que bem entende. Exatamente como os homens sempre fizeram (ou fazem). Aqui, a mulher não abdica da feminilidade para tomar o controle e é rainha do universo de Quentin Tarantino sem ligar para a opinião dos outros. E coitado daquele que pisar no seu calo. Como a Noiva fez, em Kill Bill, as garotas de À Prova de Morte partem para cima do "frágil" Stuntman Mike. É o homem se curvando diante da mulher ao descobrir sua força anteriormente reprimida. Tudo ao som de uma dançante trilha escolhida a dedo pelo diretor. Como sempre.

Pode parecer um Tarantino menor, porque é assumidamente um filme de puro entretenimento. E por não ser tão forte quanto Cães de Aluguel ou Pulp Fiction, ou épico como Kill Bill. Mas ainda assim é mais um exemplar que confirma seu talento como contador de histórias e cineasta no total controle de seu ofício. Quando o filme termina, você pode sair rindo ou gargalhando do cinema. Mas minutos depois, será inevitável não refletir sobre o que o autor Tarantino acabou de aprontar. Isso não acontece em qualquer "filme de entretenimento".

À Prova de Morte (Death Proof, 2007)
Direção: Quentin Tarantino
Elenco: Kurt Russell, Rosario Dawson, Vanessa Ferlito, Rose McGowan, Sydney Tamiia Poitier, Mary Elizabeth Winstead e Zoe Bell

domingo, outubro 21, 2007

O Assassinato de Jesse James

31ª Mostra Internacional de Cinema

Jesse James foi um dos homens mais procurados pelas autoridades norte-americanas no século XIX. O bandido roubou e matou inimigos (e amigos) pela frente e pelas costas. Mas a história não marcou Jesse James como um covarde. Ele teria sido uma celebridade do Velho Oeste. Seu mito intrigou os paparazzi da época. Os cartazes pedindo recompensas por sua cabeça, os contos não-oficiais sobre sua saga e toda a propaganda boca-a-boca em torno de seus feitos transformaram Jesse em astro. Mas para tornar sua imagem imortal faltava algo que, infelizmente, marca a trajetória de muitos ídolos: a morte.

Como diz no título do filme do diretor Andrew Dominik, O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford (The Assassination of Jesse James By the Coward Robert Ford, 2007), você sabe que ele já morreu. E quem o matou. Seu colega mais novo do bando James atirou no ídolo pelas costas. Isso não é contar o final. É fato. Pelo menos, como deixaram registrado. Só que o jovem e confuso Robert Ford não entrou para a História como um herói. Ele ficou marcado como covarde.

Onde ele errou? E onde Jesse James acertou? Trata-se de brilho próprio, classe ou estilo. Como o filme conta, Jesse matou e jamais correu em direção à imprensa para anunciar seus feitos. Ford fez isso. Quis ser famoso de algum jeito como o ídolo, a quem amava e odiava ao mesmo tempo. Só que ele ganhou o desrespeito e a difamação. Do ponto de vista do "covarde", a História é ingrata. O problema é que para entender essa parte mais importante do filme, temos apenas 20 do 160 minutos de projeção.

O diretor Andrew Dominik (que havia dirigido apenas um longa pouco visto, Chopper, de 2001) parte do momento em que Jesse James (Brad Pitt) e seu bando fizeram o último assalto. Seu irmão, Frank (Sam Shepard), estava cansado e queria deixar a vida de crimes para trás. Nessa oportunidade, Frank reconhece a fragilidade do inexperiente Robert Ford (Casey Affleck), que pede para integrar a equipe de sidekicks dos James. Ele não aceita. Como os irmãos se falavam pouco e uma certa rivalidade pela liderança do bando gerava um certo atrito entre eles, acredito que a intervenção de Jesse, ao colocar seu futuro assassino no grupo, tenha sido proposital. Mas até a conclusão emocionante e poderosa dos 20 minutos finais, que realmente definem a mensagem do filme, o diretor perde tempo demais com tramas paralelas envolvendo os outros membros do bando. Com a proposta do clímax, o drama seria muito mais forte se o roteiro se concentrasse nos irmãos Charley (Sam Rockwell) e Robert Ford, além de Jesse James. Até cerca de 140 minutos, Dominik "mostra" o filme. Nos últimos (e importantíssimos como cinema) 20 minutos, ele só "conta".

As questões que deveriam ser levantadas com um roteiro mais enxuto envolvem a admiração de Ford por James. Talvez o "covarde" fosse apaixonado pelo famoso bandido. Se não poderia ter um romance com James, matá-lo seria o ato mais íntimo que ele alcançaria. Mas os motivos que levam a isso, incluindo a vontade do próprio James de ir ao encontro da morte, são apenas sugeridos. O que não seria um problema, mas a insistência de acompanhar a vida dos outros integrantes do bando deixa uma "barriguinha" no filme. E irrita.

Um diretor mais experiente teria mantido essas idéias e cortado os excessos, porque O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford era um material perfeito para construir uma obra-prima. Desde a belíssima fotografia de Roger Deakins (favorita ao Oscar), passando pela emocionante trilha sonora de Nick Cave e Warren Ellis à dedicação do elenco, além da cultuada história. De cara, parecia que Dominik ia acertar, pois não se trata de um faroeste tradicional. É um filme com planos longos, seqüências silenciosas e paisagens embriagantes. Ainda mais por suas 2h40 de duração, o filme se assume como um épico. Mas imagina como seria o resultado nas mãos de Terrence Malick, de Além da Linha Vermelha? Ele era o cineasta ideal para filmar O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford como um "faroeste diferente". Mas Dominik ainda não é Malick. E acho que jamais será.

Vale pela fotografia, pela música e as atuações de Casey Affleck e Brad Pitt, que ganhou o prêmio de Melhor Ator no último Festival de Veneza. O astro está realmente bem como um Jesse James exausto e enigmático. Ele é um sujeito simples perto da mulher e dos filhos. Um pai dedicado e carinhoso com suas crianças, mas capaz de explodir até mesmo com o sobrinho de um de seus "amigos". Ele consegue deixar a raiva dominar sua simpatia em questão de segundos. Pelo olhar de Pitt, imaginamos o que James pensa da morte naquele momento de sua vida: é a melhor forma para entrar na eternidade. E o que vale mais? A arte ou a vida? Não quero dizer que ele merece um Oscar, mas Brad Pitt está de parabéns.

Já Casey Affleck merece uma indicação de Melhor Ator Coadjuvante. Ele faz um Robert Ford, que fala para dentro, mas que aos poucos aprende a se soltar. Ele passa de carinhoso e inocente para invejoso e desprezível ao longo do filme. Como se ele acreditasse no resultado da montagem final (e ideal) do roteiro. Mas nem ele e nem Pitt merecem os exageros do diretor Andrew Dominik.

O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford
(The Assassination of Jesse James By the Coward Robert Ford, 2007)
Direção: Andrew Dominik
Elenco: Brad Pitt, Casey Affleck, Sam Rockwell, Garret Dillahunt, Paul Schneider, Sam Shepard e Mary-Louise Parker

sexta-feira, outubro 19, 2007

A maratona da 31ª Mostra Internacional de Cinema

A partir de hoje, dia 19 de outubro, até 1º de novembro, o cinéfilo paulistano se programa para encarar cerca de 430 filmes na 31ª Mostra Internacional de Cinema, de São Paulo. O pôster oficial traz o cineasta Hector Babenco, que tem um filme em cartaz: O Passado.

A Mostra apresenta títulos imperdíveis como Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto, de Sidney Lumet, Across the Universe, de Julie Taymor, A Maldição da Flor Dourada, de Zhang Yimou, A Era da Inocência, de Denys Arcand, Cristóvão Colombo - O Enigma, de Manoel de Oliveira, Into the Wild, de Sean Penn, Império dos Sonhos, de David Lynch, I'm Not There, de Todd Haynes, Lust, Caution, de Ang Lee, Medo da Verdade, de Ben Affleck, O Amor nos Tempos do Cólera, de Mike Newell, O Caminho dos Ingleses, de Antonio Banderas, Paranoid Park, de Gus Van Sant, Planeta Terror, de Robert Rodriguez, Redacted, de Brian De Palma, Senhores do Crime, de David Cronenberg, Sombras de Goya, de Milos Forman, Sukiyaki Western Django, de Takashi Miike, Um Jogo de Vida ou Morte, de Kenneth Branagh, Viagem a Darjeeling, de Wes Anderson, Valente, de Neil Jordan, entre outros.

O ator (e agora diretor) Gael García Bernal foi o convidado de honra na abertura da Mostra, que aconteceu ontem, dia 18 de outubro, no Auditório do Ibirapuera. Bernal está em três filmes: O Passado, de Hector Babenco, Sonhando Acordado, de Michel Gondry, e Deficit, sua estréia como diretor.

Como é impossível ver tudo, eu escolhi alguns títulos e já consegui ingressos para O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford, de Andrew Dominik, À Prova de Morte, de Quentin Tarantino, Desejo e Reparação, de Joe Wright, e No Vale das Sombras, de Paul Haggis. Vejo todos esses filmes ainda nesta semana. Haja café.

quinta-feira, outubro 18, 2007

Stardust


A tendência é um problema grave em Hollywood. Se Gladiador deu certo, dá-lhe Tróia. Se Titanic fez sucesso, tome Pearl Harbor. Se Harry Potter e O Senhor dos Anéis levaram respeito ao gênero da fantasia e, principalmente, encheram os bolsos dos grandes estúdios de dinheiro, ainda temos que agüentar historinhas para boi dormir como Stardust - O Mistério da Estrela (Stardust, 2007).

Não digo isso para a obra original de Neil Gaiman, mas aos engravatados de Hollywood, que não entendem nada de cinema. Só de dinheiro. Mas como Stardust fracassou nas bilheterias, eles perderam uma boa grana. O problema é que muitos pensam que o segredo para fazer um filme de fantasia é reunir criaturas encantadas e bizarras, além de cenários excêntricos e grandiosos para heróis e vilões lutarem até o último suspiro. Mas não se trata de uma fórmula. Como em qualquer gênero, o diretor e todos os envolvidos precisam se apaixonar pelo projeto e levá-lo a sério. Fantasia não significa "apenas" diversão.

Inicialmente, Stardust relembra (só de leve) as aventuras do gênero que marcaram os anos 1980. São títulos como O Feitiço de Áquila, Willow, Labirinto - A Magia do Tempo e A Princesa Prometida, que dão de 10 a 0 nesse filme da era dos efeitos digitais. O diretor Matthew Vaughan, que largou X-Men: O Confronto Final, fez de Stardust, o cultuado romance de Neil Gaiman, um filme extremamente esquizofrênico e equivocado. E sem paixão alguma pelo material original.

Em alguns momentos, Vaughan carrega no humor e o filme assume um tom infantilóide. Quero dizer: nem as crianças vão cair nessa. Em outras partes, ele tenta ser sombrio, mas cai no ridículo. Isso com a total cooperação do elenco, que não leva o filme a sério. Talvez só o novato Charlie Cox no papel de Tristan, o jovem herói romântico, que atravessa a cidade de Muralha e entra em um mundo mágico para pegar uma estrela cadente. Apenas para entregá-la a sua amada Victoria (a maravilhosa Sienna Miller). Só que a tal estrela é Claire Danes em pessoa. Incrível como a menina bonitinha do Romeu + Julieta, de Baz Luhrmann, envelheceu e ficou feia. E é péssima atriz.

O restante do elenco é somente caricato. Dizem que Robert De Niro, como o Capitão Shakespeare, está divertidíssimo. Não está. O grande ator de Touro Indomável e Taxi Driver não é mais o mesmo. Você vai ver. Nem Michelle Pfeiffer, que continua linda. Mas sua bruxa cairia muito bem num filme da Xuxa. Peter O' Toole tem pouco tempo em uma participação dispensável, assim como Rupert Everett e Ricky Gervais. E o que são aqueles fantasmas? Parecem personagens dignos de filmes do Didi.

E tem outro ponto negativo para um filme desse gênero: antigamente, produções como O Feitiço de Áquila e A Lenda buscavam originalidade na narrativa só para substituir cenas impossíveis para os efeitos visuais da época. Tinha um corte aqui e outro ali, o som caprichava no ambiente, mostravam a reação de cada ator e isso era suficiente para o espectador embarcar no clima de fantasia. No caso de Stardust, a sensação é a de que o filme foi feito às pressas. Ou, então, os produtores queriam economizar, pois algumas cenas sofrem cortes descaradamente bruscos na montagem final. Como podem filmar um roteiro como Stardust e apresentá-lo com cara de produção que passou por severas restrições orçamentárias?

Sou grande fã de obras de fantasia, mas ainda não foi dessa vez que uma história de Neil Gaiman deu certo no cinema. Achei melhor dormir e embarcar no verdadeiro mundo dos sonhos, por que Stardust é Sessão da Tarde de segunda categoria. E pode servir de inspiração para os próximos trabalhos de Xuxa Meneghel e Renato Aragão.

Stardust - O Mistério da Estrela (Stardust, 2007)
Direção: Matthew Vaughan
Elenco: Charlie Cox, Michelle Pfeiffer, Claire Danes, Sienna Miller e Robert De Niro

Tarde demais para esquecê-la

A atriz Deborah Kerr protagonizou (com Burt Lancaster) a cena de beijo mais ousada da história do cinema, em A um Passo da Eternidade (1953), clássico de Fred Zinnemann.

Naquela época, muita gente ficou espantada com a cena do casal rolando na areia. Um momento mágico que despertou o sexo (o erotismo) no cinema. Hoje, a cena ainda é belíssima para a minha geração, mas é difícil de compreender o que nossos pais (e avós) pensaram na hora. Acho que só viajando no tempo para saber.

Em outro grande papel, Deborah Kerr levou o público às lágrimas no final de Tarde Demais Para Esquecer (1957), filme romântico como não se faz mais - o encontro marcado entre o casal Deborah Kerr e Cary Grant deveria acontecer no topo do Empire State, mas ela não pôde ir. Você sabe... É bem triste. Mas Nora Ephron homenageou o filme no final de seu Sintonia de Amor, em que Tom Hanks realmente encontra Meg Ryan no alto do prédio.

Deborah Kerr foi indicada seis vezes ao Oscar de Melhor Atriz. Só recebeu uma estatueta honorária, em 1994, pelo conjunto de sua obra. A estrela de Deborah se apagou nesta terça-feira, aos 86 anos, em Londres, quando ela deu o passo definitivo para a eternidade.

Rambo IV ganha pôster estiloso

Tenho um medo danado desse novo filme do Rambo. Eu era garoto quando vi a trilogia protagonizada por Sylvester Stallone e sabia vários diálogos de trás para frente. Minto: Eu sei os diálogos de trás para frente. Mas mesmo assim, não vejo um filme da série há uns 10 anos. Tive sensação semelhante antes de estrear Rocky Balboa e até que o filme não me decepcionou.

Mas essa quarta parte do veterano guerreiro do Vietnã chega como mais uma tentativa de colocar Stallone ao lado dos grandes astros de Hollywood. Parece apelativo, claro, mas John Rambo não tem uma aventura inédita desde 1988. E o cara era totalmente pró-Ronald Reagan (como criança, jamais percebi isso naquela época). E agora? Quais são suas motivações? Logo agora em que os EUA são tão indesejados pelo mundo afora.


Aliás, em Rambo III, o herói ajudou rebeldes afegãos contra o exército da ex-União Soviética. Veja bem: Rambo lutou ao lado dos que são agora considerados terroristas. Não é pouca coisa nesse cenário atual.

Dirigido pelo próprio Sylvester Stallone, o quarto filme já mudou de nome várias vezes: foi chamado de Rambo - In the Serpent's Eye, Rambo IV - Pearl of the Cobra, John Rambo e Rambo - To Hell and Back. E agora surge esse pôster com apenas... Rambo.

O filme estréia no dia 25 de janeiro de 2008. O que esperar? Sei que os velhos heróis estão voltando: John McClane (Bruce Willis) fez valer a pena em Duro de Matar 4.0, Indiana Jones (Harrison Ford) chega em maio... Mas Rambo? Parece o único deles que não tem lugar nesse mundo atual...

quarta-feira, outubro 17, 2007

Angelina Jolie no set do novo Clint Eastwood

Até o ano passado, o nome de Angelina Jolie só aparecia por causa do casamento com Brad Pitt, além de seu constante envolvimento na adoção de crianças de qualquer parte do planeta. Coitada da bela (e bocuda) Angelina, que ganhou um Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, por Garota, Interrompida (1999), mas que de lá para cá, só colecionou micos. A maldição do Oscar jogou a estrela em filmecos como 60 Segundos (2000), Lara Croft - Tomb Raider (2001), Pecado Original (2001), Tomb Raider - A Origem da Vida (2003), entre tantos outros.

Por outro lado, o ator e cineasta Clint Eastwood já tem dois Oscars de Melhor Filme e Melhor Diretor, e só nesta década emplacou quatro golaços: Sobre Meninos e Lobos (2003), Menina de Ouro (2004), A Conquista da Honra (2006) e Cartas de Iwo Jima (2006). Por isso, HOLLYWOODIANO chamou Clint de diretor da década. Não é para qualquer um. Ainda mais quando se tem 77 anos de idade.

Mas quando Angelina Jolie decidiu deixar suas preocupações pessoais (ou sociais) um pouco de lado, seu talento foi notado quase que automaticamente. Depois de atuar com um elenco sensacional em O Bom Pastor (2006), dirigido por Robert de Niro, Angelina estrelou O Preço da Coragem (2007), de Michael Winterbottom, e está cotadíssima para ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz por este papel.

Exatamente agora, em que sua estrela volta a brilhar, o velho (e incansável) Clint convida a garota para protagonizar seu novo filme: The Changeling. Trata-se de um drama inspirado em fatos ocorridos em Los Angeles na década de 1920. Angelina interpreta uma mãe desesperada por ter o filho seqüestrado. Mas quando o garoto retorna misteriosamente, ela desconfia que não está diante da mesma criança. Veja a foto acima tirada pelo site JustJared, que flagra o diretor comandando sua atriz principal no set.

The Changeling
só estréia em 2008, mas como leva a assinatura de Clint Eastwood, só pode ser bom. John Malkovich, Jeffrey Donovan, Colm Feore, Jason Butler Harner, Amy Ryan e Michael Kelly são outros nomes no elenco liderado por Angelina. E só o fato da atriz trabalhar com Clint já é razão de sobra para acreditar em seu futuro. E quem sabe se no início do ano que vem, ela leva mais uma estatueta dourada para casa, por O Preço da Coragem? Bom, se não der, ela certamente terá outra chance com The Changeling.

terça-feira, outubro 16, 2007

A volta do Natal mágico

Em 2001, Harry Potter e a Pedra Filosofal e, principalmente, O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel, tornaram o fim de ano mais animado nos cinemas. Até 2003, com o fim da trilogia de Peter Jackson, em O Retorno do Rei, muita gente deixava para viajar depois de ir ao cinema. Depois disso, ficamos mal acostumados e uma sensação de vazio na virada de dezembro para janeiro tomou conta dos fãs de fantasia.

Em 2005, o próprio Peter Jackson estreou sua maravilhosa versão de King Kong, enquanto a Disney apostou em As Crônicas de Nárnia - O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa. O teste foi bom para a percepção dos estúdios: o público não queria apenas O Senhor dos Anéis e Harry Potter. Ainda há fôlego para explorar o gênero da fantasia. Mas estava faltando uma produção em massa para atiçar nerds, cinéfilos & Cia. Ou seja, uma saga em episódios para exigir o compromisso dos fãs de outra franquias consagradas no final do ano (Eragon não vale). A espera pode ter chegado ao fim com a primeira parte da trilogia Fronteiras do Universo (composta pelos volumes A Bússola Dourada, A Faca Sutil e A Luneta Âmbar), de Philip Pullman. Aqui no Brasil, o filme foi rebatizado como A Bússola de Ouro.

Com direção de Chris Weitz, do ótimo Um Grande Garoto, a superprodução narra as aventuras da pequena Lyra Belacqua (Dakota Blue Richards). Ela vive numa Oxford alternativa com bruxas, animais falantes e outras criaturas. Lyra parte numa jornada para salvar seu melhor amigo e outras crianças, que desapareceram misteriosamente. Mas essas linhas servem apenas para descrever o mundo de fantasia criado por Philip Pullman. O melhor jeito para tentar compreender o fascínio em torno da obra é ler os livros. Particularmente, não tem um universo tão rico quanto O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien, mas supera (e muito) a mágica de As Crônicas de Nárnia, de C.S. Lewis, que considero mais infantil. Pullman direciona seu conto para os jovens, mas a série tem uma legião fiel de leitores adultos.

Resta saber se o diretor Chris Weitz acertou a mão. E só o elenco já chama a atenção: Nicole Kidman, Daniel 007 Craig, Sam Elliott e Eva Green (sem falar na poderosa voz de Ian McKellen). Pelo
trailer, o resultado técnico parece fantástico. Mas, você sabe, muitos trailers enganam. Filme de fantasia não é sinônimo de "filme que não se leva a sério". E poucos entendem isso. É preciso ter um diretor apaixonado pelo projeto - como em qualquer gênero. Ou então, sai uma produção sem alma. Sai só por sair; para faturar uns trocados. Mas o público não é bobo e não vê qualquer coisa. Se Weitz acertou, esperem uma nova franquia de sucesso. E a confiança da New Line (estúdio que também nos presenteou com O Senhor dos Anéis) é tanta, que seus executivos já deram sinal verde para A Faca Sutil.

A Bússola de Ouro estréia no dia 07 de dezembro nos EUA, e em pleno Natal no Brasil. Sem pensar duas vezes, eu deixo minha viagem de fim de ano para o Réveillon.

segunda-feira, outubro 15, 2007

O grito mais famoso do cinema



Você já reparou em um "grito padrão" em diversos filmes (e séries de TV)? Eu notei esse som nas grandes produções desde criancinha e tentei provar isso para um monte de gente. Pensei que estava louco, mas veja o vídeo acima. O Wilhelm Scream foi criado em 1951 por um dublador desconhecido. Divirta-se.

sexta-feira, outubro 12, 2007

Piaf - Um Hino ao Amor


Quem é fã de Edith Piaf vai sair do cinema com a cara inchada de tanto chorar. E ainda jogará o trabalho do diretor Olivier Dahan em um lugar cativo no olimpo da sétima arte. Mas quem entrar numa sessão de Piaf - Um Hino ao Amor (La Môme, 2007) esperando "apenas" um ótimo filme, sem conhecimento total da obra da cantora francesa, vai reconhecer somente (ou principalmente) um aspecto genial: a atuação arrebatadora de Marion Cotillard.

O diretor Olivier Dahan até que fez um belo filme visual e sonoro. Ele se sai muito bem com a câmera, entende perfeitamente como iluminar cada uma das cenas e tem uma extrema preocupação em tornar seu filme o mais bonito possível. Autor do roteiro, ao lado de Isabelle Sobelman, Dahan é habilidoso ao contar uma história de idas e vindas no tempo sem deixar o espectador perdido. E não é uma tarefa fácil, afinal personagens entram e saem da vida de Edith Piaf num mero piscar de olhos. Não é que o roteiro tenha "buracos", mas Dahan julga a cantora como uma mulher boêmia totalmente voltada para sua música. Isso é o que importa para ela. Não os maridos e nem mesmo a filha. Talvez porque sua mãe foi negligente. Talvez porque seus pais não foram felizes ao montar uma família. É uma defesa para Dahan.

Ele só não pode se defender das acusações de exagerar na emoção e tornar seu filme pomposo demais. Chega a ficar artificial em alguns momentos. Dizem que Edith Piaf foi a maior intérprete do amor. No filme, não dá para entender como ela conseguiu isso, afinal sabemos que ela sofreu na mesma proporção em que sentiu a felicidade de perto. Quando algo de bom acontecia em sua vida, logo surgia uma peça de mau gosto do destino. Se Piaf chorou tanto, Olivier Dahan erra ao ilustrar toda a sua trajetória de forma glamourosa. Mesmo os lugares mais feios do filme parecem bonitos pelas lentes de Dahan. É um bom filme, mas poderia ter sido melhor sem esses pecados. Se você não é tão fã assim de Piaf, talvez não se debulhe em lágrimas como (obviamente) quer o diretor.

De fato, há momentos de extrema beleza plástica da câmera de Dahan ao retratar a "pequena pardal" na tela. Numa cena, Piaf canta para uma multidão e não ouvimos sua voz. Em outra parte, a cantora é seguida pela câmera até que ela saia do céu e entre no inferno de sua alma ao descobrir o destino do grande amor de sua vida. São momentos mágicos.

E a razão para a magia presente nessas duas cenas em particular não está necessariamente na visão do diretor. Mas na performance de Marion Cotillard, que alivia qualquer erro (ou exagero) de Dahan. Ela só pode ser Edith Piaf em pessoa. O jeito de olhar, de falar, andar e até de demonstrar emoção nos palcos ao movimentar braços e mãos... Ela só pode ser Edith Piaf. Se você não conhece a cantora, isso não é problema. O trabalho de Marion Cotillard é impressionante se levarmos em conta o que um aspirante a ator tem que aprender em sua profissão. Entre outros itens, falo de expressão corporal, dicção, voz, entonação, olhar e a total exposição de seus sentimentos para que o público saiba exatamente de onde vem tanta paixão e ódio. Ela é maravilhosa.

Sendo fã da cantora como o diretor, ou não, Marion compreendeu Edith Piaf. Sua vida não foi um caminho de rosas. Nem tudo foi tão brilhante ou iluminado nele. O diretor achou que esse era o caminho certo para contar a história. Tem gente que vai adorar essa artificialidade toda. Mas a emoção do jeito digno que ela deve ser oferecida à platéia, só Marion Cotillard entendeu. A atriz está bem à frente do filme e, onde estiver, Piaf deve estar feliz. Na cena final, quando ela canta Non, Je ne regrette rien, nós acreditamos na mensagem da música. O longa termina e vem um pequeno silêncio interrompido pela vontade de aplaudir. Não o filme. Mas Marion. As três estrelas são para ela. Essa é a maior atuação feminina da década.

Piaf - Um Hino ao Amor (La Môme/La Vie en Rose, 2007)
Diretor: Olivier Dahan
Elenco: Marion Cotillard, Sylvie Testud, Pascal Greggory, Emmanuelle Seigner, Jean-Paul Rouve e Gérard Depardieu

quarta-feira, outubro 10, 2007

Fogo contra fogo

Um dos filmes mais aguardados do ano é American Gangster, de Ridley Scott. O pôster ao lado é novíssimo e traz os dois astros da produção: Russell Crowe e Denzel Washington. Aqui no Brasil, o filme se chamará O Gângster.

Na trama baseada em fatos reais, Frank Lucas (Washington) comanda o tráfico de heroína no Harlem. Quando é preso, Lucas ajuda o policial Richie Roberts (Crowe) em algumas missões.

Os vencedores do Oscar Denzel Washington e Russell Crowe finalmente encontram um projeto decente para dividir os créditos. Em 1995, a dupla contracenou no horroroso Assassino Virtual. Essa é a terceira parceria do diretor Ridley Scott com Crowe, que antes fizeram Gladiador e Um Bom Ano.

Alguns jornalistas já apontam os nomes dos atores entre os candidatos a candidatos às cinco vagas do próximo Oscar de Melhor Ator. Crowe ganhou a estatueta por Gladiador, em 2001. No ano seguinte, Denzel saiu como vencedor por Dia de Treinamento e derrotou o colega, que concorria como favorito por Uma Mente Brilhante. O Gângster chega como uma espécie de tira-teima entre dois dos grandes atores das últimas décadas. Se bem que Denzel tem mais uma estatueta dourada (Melhor Ator Coadjuvante, por Tempo de Glória, de 1989).

Com roteiro de Steven Zaillian (A Grande Ilusão), O Gângster estréia nos EUA no dia 02 de novembro. O filme chega ao Brasil em 25 de janeiro de 2008.

1 ano de Hollywoodiano

Hoje, dia 10 de outubro de 2007, o blog Hollywoodiano completa 1 ano de idade. Entre umas e outras aventuras cinematográficas, o blog discutiu destaques de TV e criticou cerca de 60 filmes. Além do mais, em um ano, Hollywoodiano comemorou a (tardia) vitória de Martin Scorsese no Oscar, conversou com Ben Affleck, assistiu ao espetáculo do maestro Ennio Morricone no Rio de Janeiro, e viu de perto o ator Anthony Daniels, o C-3PO, de Star Wars.

Sempre busquei avaliar os filmes em cartaz de uma forma justa. Entendo que o trabalho da crítica é mostrar uma opinião particular de uma obra de arte. Isso pode até ser visto como uma simples "indicação". Não há verdades absolutas. Trata-se apenas de referência. E estamos aqui para comentar os grandes filmes. Durante um ano, nossos debates foram esclarecedores e (por que não?) divertidos. Aprendi muito com cada um dos visitantes do blog e espero que o Hollywoodiano tenha contribuído para o crescimento (e o respeito) da comunidade blogueira. E aviso que continuaremos lutando por isso a cada dia. Prova disso é a criação da Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos, ao lado de Kamila Azevedo (Cinéfila Por Natureza) e Vinicius Pereira (Blog do Vinicius). Essa idéia surgiu para unir os blogs de cinema e TV na busca por reconhecimento.

Na verdade, esse post é um agradecimento a todos que fizeram do Hollywoodiano uma realidade. Não dá para citar todo mundo, mas vocês sabem o quanto foram importantes durante este período. Portanto, obrigado Flavia (sem você, o blog jamais teria nascido), Kamila, Vinicius, Cassiano, Tulio, Wally, Wanderley, Marcus, Romeika, Victor, Leonardo, Rodrigo, Felipe, Gustavo, Wiliam, Denis, Flavio, Helô, Adriano, Regina, Cida, Di, Dan, Cassio, Javier, Ricardo Matsumoto, Paulo Gustavo, Marcelo Pestana, Carlos Cirne, Marco Dabus, Marcelo Burgos, Charles Magno e tantos outros amigos. Continuem aqui comentando, ensinando e dando dicas. Vocês não imaginam o quanto eu aprendo com todos vocês diariamente.

Obrigado,
Otavio Almeida

terça-feira, outubro 09, 2007

As previsões de Tom O’ Neil

O jornalista Tom O’ Neil é expert em matéria de premiações e escreve no site The Envelope, do Los Angeles Times. Ele já começou a divulgar suas primeiras previsões para o Oscar. No momento, O' Neill arrisca sete títulos fortes na briga por cinco vagas na principal categoria: o Oscar de Melhor Filme. Veja a lista abaixo e diga se concorda:

Desejo e Reparação, de Joe Wright: Filme de época que pode ganhar o maior número de indicações. Adaptado do livro de Ian McEwan, a história relembra o tipo de filme que conquistava os votantes da Academia até a década passada - épicos românticos (vide O Paciente Inglês). Desejo e Reparação marca a reunião do diretor Joe Wright e a atriz pele-e-osso Keira Knightley, mesma dupla do ótimo Orgulho e Preconceito.

Charlie Wilson's War, de Mike Nichols: O grande diretor Mike Nichols (A Primeira Noite de um Homem) retornou ao cenário de Hollywood graças ao impacto de Closer. Com roteiro de Aaron Sorkin, de The West Wing, ele disseca os bastidores da Casa Branca com Tom Hanks, Julia Roberts e Philip Seymour Hoffman no elenco.


Into the Wild, de Sean Penn: Uma aventura ecológica poderia ser perfeita para uma boa Sessão da Tarde. Mas não sob o comando do ator e diretor Sean Penn. Espere "algo mais".


Juno, de Jason Reitman: É o segundo filme do diretor-revelação de Obrigado Por Fumar. Desta vez, ele comanda a ótima Ellen Page (Menina Má.Com) no papel de uma jovem grávida.



O Caçador de Pipas
, de Marc Forster: O que dizer deste filme? Vai bombar de gente nos cinemas. Tem fã que já chorou ao ver o trailer. É a aguardada adaptação da obra de Khaled Hosseini nas mãos do diretor de Em Busca da Terra do Nunca e Mais Estranho que a Ficção.

Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet, de Tim Burton: O sinistro musical da Broadway ganha vida nas telas com a visão de Burton. Deve ganhar várias indicações técnicas (Fotografia, Direção de Arte, Figurino, etc), mas muita gente arrisca sua presença nas categorias principais.


There Will Be Blood
, de Paul Thomas Anderson: Um épico que pode representar a consagração do diretor de Boogie Nights e Magnólia. Daniel Day-Lewis é a sua carta na manga.

O filme da abelhinha


Será que a abelhinha do genial comediante Jerry Seinfeld consegue superar "aquele" filme do ratinho da Pixar? Escrito e dublado pelo astro da melhor série cômica de todos os tempos, Bee Movie - A História de uma Abelha é a grande arma da Dreamworks para tentar o Oscar (e o Globo de Ouro) de Melhor Animação, já que Shrek Terceiro não agradou muita gente.

Bee Movie - A História de uma Abelha estréia no dia 02 de novembro nos EUA. No Brasil, só em dezembro.

domingo, outubro 07, 2007

Tropa de Elite


O Brasil tem leis muito boas, mas elas não saem do papel. A corrupção está enraizada no sistema (isso inclui a polícia) e já é parte da cultura de ricos e pobres. Policial não pode levar tiro à toa, porque tem família, e precisa ganhar dinheiro por outros meios. Goste ou não, a situação no Rio de Janeiro está fora de controle. E tem gente que não quer ver. Uma guerra não acontece porque o tráfico ainda é interessante para os órgãos governamentais. Para o capitão Nascimento (Wagner Moura), narrador e personagem principal de Tropa de Elite (2007), bandido bom é bandido morto - seja traficante ou policial. Para ele, os direitos humanos existem para ajudar os criminosos. Logo no início do filme de José Padilha, Nascimento diz: "Se é para fazer direito, deixa com o BOPE (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar)". Para ele, um policial tem três alternativas. Ou se corrompe. Ou se omite. Ou vai para a guerra - nesse ponto, ele quer dizer: entra para o BOPE.

Você pode não concordar que a culpa do tráfico é do governo (incluindo o atual) e da classe média, que também é consumidora (nem que seja de um "simples baseado"). Pode achar que gente sem oportunidade na vida cai fácil na criminalidade e que a polícia é corrupta e ponto final. Mas Tropa de Elite chama o público para discutir um problema que está longe da solução. É impossível ficar indiferente ao término do filme. E não só pelo tema. Habilidoso como contador de histórias, o diretor leva o espectador a seguir a filosofia da inevitável guerra. Como narrador, o capitão Nascimento acha que o negócio é invadir o morro, afinal inocentes morrem em qualquer guerra.

É lógico que Padilha quer discutir isso. Por um lado, ele quer que o povo reflita e identifique seu papel no meio de tudo isso. Mas o talento do diretor em manipular as emoções do espectador vem com naturalidade. É o seu jeito de contar uma história - vide seu trabalho anterior como documentarista em Ônibus 174.

Por outro lado, Tropa de Elite também pode ser visto como a saga de três homens: Nascimento (Moura), o capitão do BOPE, e dois aspirantes a policiais, o impulsivo Neto (Caio Junqueira) e o idealista Matias (André Ramiro). Nascimento está cansado de trabalhar no BOPE. Ele quer curtir a vida ao lado da mulher e do primeiro filho. Mas para isso, ele precisa deixar o comando para um substituto à altura. É neste ponto em que Tropa de Elite se assume como um longa de ficção e onde reside toda a genialidade do roteiro de José Padilha, Bráulio Mantovani e Rodrigo Pimentel. Histórias sobre um homem que deseja encontrar sua paz, assim como a busca por um pupilo, são figuras permanentes em clássicos de Hollywood. Principalmente em filmes de faroeste, policial e guerra.

Até a metade do filme, vemos como o caminho de Nascimento se cruza com o de Neto e Matias. Daí em diante, parece que Tropa de Elite tem um novo começo. Para não ficar com cara de "dois filmes em um", o roteiro adaptado do livro Elite da Tropa, de André Batista, Rodrigo Pimentel e Luís Eduardo Soares, tinha que ser sensacional. E ele é. E a produção jamais transmitiria tamanho impacto na platéia sem a direção vibrante de José Padilha. Tem hora em que parece filme de guerra e tudo o que sentimos é um nervosismo terrível. Não há nada de divertido neste filme. Inclusive, as cenas de treinamento do BOPE são para estômagos fortes. Padilha não alivia para ninguém. É uma porrada mesmo. O que quero dizer é que teve gente que disse que Tropa de Elite é um filme de ação. Isso está errado. Tropa de Elite se encaixa no gênero tanto quanto O Resgate do Soldado Ryan e Falcão Negro em Perigo. Ação é Duro de Matar.

Além da direção de Padilha, o poder do filme está igualmente ligado a seu elenco. A transformação de Caio Junqueira e André Ramiro é impressionante. Já Wagner Moura é um monstro. É o melhor ator do Brasil. Ele é extraordinário como o capitão Nascimento, que está à beira de um ataque de nervos no trabalho e desconta toda a sua raiva nos traficantes, mas em casa, ele abaixa a cabeça para as ordens da esposa.

Tropa de Elite não é somente o melhor filme brasileiro desde Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles. José Padilha fez um trabalho obrigatório para aqueles que amam o cinema e para quem acha que produções nacionais devem refletir sobre a situação de nosso país. Para o Brasil, Tropa de Elite é o filme mais importante de 2007. Como cinema (seja daqui ou de qualquer outro lugar), é um dos melhores filmes do ano. Talvez o melhor.

Tropa de Elite (2007)
Direção: José Padilha
Elenco: Wagner Moura, Caio Junqueira, André Ramiro e Fernanda Machado

sábado, outubro 06, 2007

Wagner Moura, o melhor ator do Brasil


Aos 31 anos, o baiano Wagner Moura mereceu chegar onde chegou. Ele não é um daqueles atores Globais que posam de galãs para ganhar bons papéis. Nos últimos anos, seja no cinema (ou na TV), ele foi comendo pelas beiradas até chegar ao centro das atenções.
No começo de 2007, todo mundo comentou sobre Rodrigo Santoro e sua entrada definitiva em Hollywood com participações na série Lost e no filme 300. Mas o grande ator brasileiro do ano (e não necessariamente astro) é Wagner Moura, que encontra seu ápice como vilão da última novela das oito e nome principal à frente do elenco do badalado Tropa de Elite, de José Padilha.

Talvez ele não seja o melhor ator do Brasil da atualidade. Mas tente se lembrar de outro grande nome da mesma geração de Wagner Moura. Podemos até citar Lázaro Ramos. Mas Moura jamais exagera e se entrega aos seus papéis de uma forma rara na atual renovação de talentos brasileiros. Vamos colocar assim: se tivesse nascido nos EUA, Wagner Moura já teria sido indicado ao Oscar (ou ao Globo de Ouro). É só observar seus momentos em Deus é Brasileiro, O Caminho das Nuves e Cidade Baixa.

Mesmo com tantos elogios por sua atuação como o capitão Nascimento, de Tropa de Elite, uma indicação ao Oscar de Melhor Ator, parece distante. Mas Wagner Moura não está nem um pouco preocupado com isso. Atualmente, ele divulga e defende o filme de José Padilha.

Em artigo do próprio ator ao jornal O Globo, Moura disparou: "Acho que o Tropa, além dos méritos artísticos que tem, talvez já seja o filme pós-retomada que mais suscitou debates, a começar pela questão da pirataria, exaustivamente discutida. E não vejo, no Brasil de hoje, debate mais importante do que violência e segurança pública. Discordo do capitão Nascimento em quase tudo, mas não posso deixar de ver a importância de entender seu pensamento como fundamental para o debate sobre violência no Brasil, já que é ele, assim como os traficantes e os moradores de favela, quem vive diretamente essa guerra particular."

quinta-feira, outubro 04, 2007

Primeiro trailer de Sweeney Todd

Veja abaixo o primeiro trailer do aguardado Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet, de Tim Burton. A atmosfera está totalmente Burton. O que é bom sinal, afinal o diretor não acerta a mão desde A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça. Se é para Burton fazer projetos de encomenda, que eles tenham a sua assinatura inconfundível.

O filme estréia nos EUA no dia 21 de dezembro. No Brasil, somente em janeiro de 2008.


quarta-feira, outubro 03, 2007

A volta de Sidney Lumet


Um dos maiores cineastas norte-americanos está de volta. É Sidney Lumet, que lança, em breve, Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto, com Philip Seymour Hoffman, Ethan Hawke, Albert Finney e Marisa Tomei.

Lumet foi indicado quatro vezes ao Oscar de Melhor Diretor: 12 Homens e uma Sentença (1957), Um Dia de Cão (1975), Rede de Intrigas (1976) e O Veredicto (1982). Injustiçado pela Academia, mas adorado pelos cinéfilos, Lumet só recebeu a estatueta dourada, em 2005, pelo conjunto de sua extensa (e celebrada) obra. Azar do Oscar.

Aos 83 anos, Sidney Lumet assinou 67 trabalhos como diretor de cinema e TV. Quando ganhou seu Oscar honorário, a Academia pensou que Lumet jamais voltaria a dirigir - ele não filmava desde Gloria (1999), com Sharon Stone. Mas no ano passado, ele voltou com Find Me Guilty (2006), que quase ninguém viu. Ainda assim, o novo Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto é mesmo o seu retorno de verdade. Quem viu, adorou. É Sidney Lumet analisando seus temas favoritos: corrupção e justiça.

Na verdade, Lumet gosta de discutir se há alguma ética na busca pela justiça e se existe, realmente, um lugar no céu para os justos. Mas nem sempre os seus personagens são pessoas 100% corretas. Podemos tirar dessa porcentagem o Henry Fonda de 12 Homens e uma Sentença, e o Serpico, de Al Pacino. Só que a maioria tem culpa no cartório e acaba ganhando consciência para mudar a opinião do povo.

Seus protagonistas atuam como porta-vozes da razão, que utilizam a força da "palavra", dos diálogos, contra grandes opressores. É assim com o âncora Howard Beale (Peter Finch), que enlouquece na frente das câmeras e decide dizer boas verdades ao público, em Rede de Intrigas. Seu desabafo parece ser o desabafo de qualquer herói de Sidney Lumet: "I'm as mad as hell and I'm not going to take this anymore!"

O assaltante Sonny (Al Pacino), de Um Dia de Cão, percebe que errou ao tentar roubar um banco. Mas ele faz uso da "palavra" para jogar o público contra a polícia e a TV. O mesmo sentimento domina o advogado de Paul Newman, em O Veredicto.

Lumet é um grande diretor de atores. Sob o comando do cineasta, Al Pacino foi indicado ao Oscar de Melhor Ator por Serpico e Um Dia de Cão, Paul Newman disputou a estatueta por O Veredicto, Peter Finch ganhou por Rede de Intrigas, e Ingrid Bergman também recebeu um Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, por Assassinato no Expresso Oriente (1974), subestimado filme do diretor adaptado da obra de Agatha Christie.

Que diretor tem tantos filmaços no currículo? Sidney Lumet é gênio. Nunca foi colocado no patamar de um Martin Scorsese ou até mesmo Sam Peckinpah, mas de cinema retratando a sujeira nas ruas e nas redes de intriga do poder, Lumet entende. Se ele jamais saiu vitorioso do Oscar, volto a dizer, o azar é todo do Oscar. De mais ninguém.

terça-feira, outubro 02, 2007

Trilogia Tony Blair

Peter Morgan, vencedor do Globo de Ouro de Melhor Roteiro, por A Rainha, trabalha em um novo script sobre Tony Blair.

De acordo com a Variety, a proposta de Morgan (também autor de O Último Rei da Escócia) é abordar o envolvimento do primeiro-ministro na transição do governo norte-americano de Bill Clinton a George W. Bush.

Seria a terceira produção sobre Blair com roteiro de Morgan. Antes de A Rainha, houve o telefilme The Deal. Ambos foram dirigidos por Stephen Frears e o personagem foi interpretado por Michael Sheen. Tudo indica que o ator deve reprisar o papel pela terceira vez, mas ainda não há nada confirmado. Nem mesmo o nome do diretor.

Atualmente, Peter Morgan se dedica ao roteiro de Frost/Nixon, adaptação de sua própria peça para o cinema sobre a participação do ex-presidente dos EUA Richard Nixon em um talk show no período pós-Watergate. A direção é de Ron Howard.

Novo (e maravilhoso) trailer de Wall-E


Wall-E, a nova animação da Pixar (Ratatouille, Procurando Nemo, Os Incríveis e outras maravilhas) ganhou mais um trailer. Ao som da Aquarela do Brasil, a prévia não mostra muita novidade em relação ao primeiro teaser, mas traz uma brincadeira sensacional com o logo da Pixar e uma cena inédita. Veja abaixo:



Wall-E estréia no dia 27 de junho de 2008.

segunda-feira, outubro 01, 2007

De Olho no Oscar: Marion Cotillard

Dizem que Keira Knightley (Desejo e Reparação), Julie Christie (Away From Her), Angelina Jolie (O Preço da Coragem) e Cate Blanchett (Elizabeth - A Era de Ouro) são nomes fortíssimos na corrida pelo Oscar de Melhor Atriz.

Mas se há alguma justiça em premiações, o nome da francesa Marion Cotillard surge de forma imbatível. Ela revive Edith Piaf de corpo e alma no badalado filme de Olivier Dahan. Em Piaf - Um Hino ao Amor, Marion explica de uma vez por todas o que significa trabalhar o exterior e o interior de uma personagem.

Aos 32 anos, a bela francesa esteve recentemente em Um Bom Ano, de Ridley Scott. Mas é como Edith Piaf que sua carreira vai estourar. Ela é puro coração como a maior intérprete do amor na música. O encanto do filme está na tentativa de entender como Piaf cantou o amor se ela sofreu e perdeu tanto na vida. Não percam este filme de maneira alguma. E é bom a Academia começar a polir a estatueta de Marion Cotillard.