quarta-feira, maio 27, 2009

Anjos e Demônios



Há uma discussão interessante em Anjos e Demônios (Angels & Demons, 2009) sobre o embate entre religião e ciência e o papel da fé e da razão no mundo atual. São dois lados que podem ser vistos tanto como contraditórios quanto como necessários em nossas vidas. E essa é a principal característica a ser valorizada no filme de Ron Howard.

Anterior a O Código Da Vinci, a aventura descrita no livro de Dan Brown foi adaptada para o cinema como posterior aos eventos narrados no filme de 2006 também dirigido por Ron Howard. Sei que alguns fãs acham Anjos e Demônios mais fantástico em relação a O Código Da Vinci, por causa da presença da antimatéria em teoria e prática. Mas acho que uma trama sobre a investigação do paradeiro de quatro cardeais sequestrados no Vaticano por uma sociedade secreta em busca de vingança contra a Igreja Católica é algo muito mais plausível e "pé no chão" que a cruzada pelo Santo Graal e o solo sagrado do Museu do Louvre.

Em si, a trama de Anjos e Demônios é melhor, mas menos curiosa que O Código Da Vinci. Dentro disso, a implicância da Igreja com Dan Brown e Ron Howard é compreensível por causa de Da Vinci, mas não por Anjos e Demônios. Foi no mínimo estranho saber que Howard & Cia. não tiveram autorização para filmar aqui ou ali. O protagonista dos livros jamais ataca os dogmas, porém não acredita neles, mas tanto Brown quanto Howard não reclamam, porque toda essa polêmica só enche
de dinheiro os bolsos da dupla. De certo modo, Robert Langdon (Tom Hanks) começa Anjos e Demônios representando seus criadores ao ser tratado como persona non grata pela Igreja. Mesmo assim, eles não conhecem especialista mais capacitado para auxiliar a Guarda Suíça a encontrar os quatros cardeais e evitar que uma bomba de antimatéria detone o Vaticano e parte de Roma. Muita coisa para um filme de duas horas, não? Pelo menos, não dá tempo de rolar um romancezinho entre o herói e a Langdon Girl, Vittoria (Ayelet Zurer).

Mas, desta vez, o diretor Ron Howard apostou numa narrativa ágil ao priorizar a correria e a tensão, aliadas ao carisma do Prof. Langdon, que era coadjuvante do mosaico conspiratório criado por Dan Brown, em O Código Da Vinci. Essa preocupação com o protagonista não existia no filme anterior e os méritos são mais de Ron Howard que de atores e roteiristas. O diretor conseguiu envolver a plateia que paga caro pra ver cinema e não literatura, por mais que todos queiram apreciar as teorias do autor do livro. E se você quer saber mais sobre antimatéria, Ilumminati e o Caminho da Iluminação, o problema é seu. Leia o livro e seja feliz. O negócio aqui é cinema e não aula de Ciência ou História.

Por mais que você procure por furos na trama, o importante é relaxar e aproveitar a diversão. Há uma cena ridícula, no entanto, que entra em contradição com a proposta narrativa de Ron Howard. É o momento em que o Camerlengo James Bond (Ewan McGregor) explica aos cardeais reunidos para o conclave sobre a história da Igreja Católica. Eu posso não saber da missa a metade, mas aqueles cardeais seriam capazes de gabaritar uma prova sobre tudo o que foi dito pelo personagem de McGregor. Não precisava desse blá blá blá artificial só para situar a plateia leiga. Ok, Ron, eu perdôo você. Até porque você conseguiu filmar Roma e o Vaticano como ninguém antes o fez. Acho que nem mesmo Alfred Hitchcock, que certamente foi uma influência para a condução elegante de sua câmera no suspense de Anjos e Demônios.

Só acho que a estrutura das aventuras de Robert Langdon é sempre a mesma. Explico: No caso do terceiro livro, The Lost Symbol, já estaremos esperando pela reviravolta que apontará um culpado manipulando tudo e a todos.
Alguns podem ver esse ponto de forma positiva, porque o autor exercita seu poder de manipulação. Mas isso também pode virar um clichê dentro da saga de Langdon. Então, abre o olho, Dan Brown.

Mas gostei mesmo foi de ver Robert Langdon sendo questionado sobre sua fé. É a busca pela verdade que move O Código Da Vinci e Anjos e Demônios. Não deixa de ser uma análise das mudanças naturais de percepções e conceitos que o mundo enfrenta neste novo milênio. Há um belo diálogo entre os personagens de Tom Hanks e Ewan McGregor sobre isso. Assim como a cena final, que faz o próprio Langdon ficar dividido entre o profissional e o homem.

Por mais uma vez, Ron Howard fecha seu filme com uma cena de arrepiar ao imaginar uma visão privilegiada que ninguém tem acesso no Vaticano: a janela indiscreta do Papa. Nos bastidores, Vossa Santidade é apenas um homem. Para o povo lá embaixo, ele é a representação humana mais próxima de Deus. E a plateia na Praça de São Pedro é formada por meros mortais capazes de feitos extraordinários, como Robert Langdon. Tudo isso ao som da linda trilha de Hans Zimmer, que alcança o sublime na nova versão com o violino do vencedor do Grammy Joshua Bell. Pena que toca tão pouco durante o filme.

Anjos e Demônios (Angels & Demons, 2009)
Direção: Ron Howard
Roteiro: David Koepp e Akiva Goldsman (Baseado no livro de Dan Brown)
Elenco: Tom Hanks, Ewan McGregor, Ayelet Zurer, Stellan Skarsgård, Armin Mueller-Stahl, Nikolaj Lie Kaas e Pierfrancesco Favino

Filmes Cinco Estrelas


Os Brutos Também Amam
(George Stevens, 1953)


Na hora de escolher o melhor faroeste de todos os tempos, a crítica em geral se divide entre Rastros de Ódio e O Homem que Matou o Facínora, ambos de John Ford, além de Onde Começa o Inferno, de Howard Hawks, e Os Brutos Também Amam (Shane, 1953), de George Stevens. E é fácil reconhecer a admiração coletiva por este último. Para começar, Os Brutos Também Amam é o mais acadêmico de todos os faroestes clássicos. No bom sentido, pois é o tipo de filme que faz o coração falar mais do que a razão sem jamais cair na pieguice.


Apesar da aparência simples, Os Brutos Também Amam virou objeto de estudo. Se você assistir ao filme com um olhar de fã do gênero, fatalmente o verá como a história de um homem misterioso, que ajuda uma família de fazendeiros contra uma perigosa gangue interessada em suas terras. Mas se você olhar bem, provavelmente reconhecerá Os Brutos Também Amam como um western romântico à flor da pele. Se você nunca viu o filme desse jeito, preste atenção na fotografia monumental de Loyal Griggs e na bela trilha sonora de Victor Young.

Mais do que isso, o fascínio em torno do filme está na visão fantástica e carinhosa de uma criança em relação ao seu herói. Para o menino Joey (Brandon De Wilde, indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante), o pistoleiro Shane (Alan Ladd) é invencível. Mas, na verdade, ele é apenas um homem de carne e osso. Corajoso, mas que também sente medo e outras fraquezas como qualquer um de nós. E de certa forma, Joey representa a platéia, principalmente aquela que idolatra westerns. Algumas cenas, sob o ponto de vista do menino, como a chegada de Shane ao rancho e o herói girando o revólver antes de guardá-lo no coldre, evidenciam o olhar de fã que praticamente narra o filme.

São várias as camadas que compõem este grande filme de George Stevens, que também dirigiu
Um Lugar ao Sol e Assim Caminha a Humanidade. Tenho certeza de que não viverei para montar todas as peças desse encantador quebra-cabeça cinematográfico. Sei que Os Brutos Também Amam é sobre a vontade reprimida de amar e ser amado. E acima de tudo, sobre a perda da inocência e a chegada inevitável da vida adulta. Há algum outro western com todos esses elementos? Eu sinceramente não lembro. Os Brutos Também Amam é especial por ser único.

Há uma complexidade no protagonista interpretado por Alan Ladd, que é fascinante. O filme tem início com a chegada do “cavaleiro” a uma fazenda. Se não fosse surpreendido pela ameaça da tal gangue que quer as terras de Joe Starrett (Van Heflin), Shane provavelmente teria seguido seu caminho. Mas ele fica para trabalhar na fazenda, encantando a mulher de seu patrão, Marian (Jean Arthur), e o filho do casal, o pequeno Joey. Em alguns momentos, Shane esbarra com os vilões do filme, mas nem sempre quer briga. Muitas vezes, ele é chamado de covarde por quem não o conhece, mas sua verdadeira natureza será revelada somente no final.

Acredito que Shane tenta deixar um passado violento para trás, mas descobre que é um estilo de vida que ele jamais terá. Mas sabe que pode preservar a integridade dos Starretts. Vivendo um amor platônico e recíproco com Marian, Shane nunca ultrapassa os limites. Talvez por respeito ao dono da casa. Ou por sonhar com um mundo sem violência, ciúme e discórdia. Por acreditar nisso tudo, Shane não pode deixar a família se separar por motivo algum. Aos poucos, Shane entende que jamais deixará de ser o homem que sempre foi. E para salvar os Starretts, ele sabe que precisará ir embora para sempre – o que simboliza a utopia de Marian, que gostaria de ver o mundo sem armas de fogo. E para preservar a inocência da família, Shane precisa se sacrificar. Não falo exatamente em morte, mas o herói deve abandonar de vez suas chances de ser feliz e viver em paz.

Pacientemente, Os Brutos Também Amam caminha para um inevitável confronto entre Shane e Ryker (Emile Myer), o homem que tenta roubar as terras de Starrett e seus amigos. O vilão do filme, no entanto, conta com a ajuda de um estranho pistoleiro, Jack Wilson (Jack Palance), um dos gatilhos mais rápidos do Oeste. O desfecho, o duelo entre Shane e Wilson, entre Alan Ladd e Jack Palance, opõe o bem e o mal, mas possui a mesma solenidade do confronto entre samurais. Na cena dentro do saloon, Shane é observado por Joey. O herói precisa vencer para realizar o mito e partir solitário. Só assim, o garoto e a platéia, sem a presença de Shane, podem separar a ficção da vida real. No fim, por causa disso, Joey perde sua inocência e realiza o rito de passagem para a fase adulta. Repare como a maioria das tomadas nesse final magistral sai da visão de Joey. Até mesmo o genial movimento de câmera que acompanha o cachorro atravessando o saloon para revelar os dois oponentes sai dos olhos do menino observando a ação.

Com o fim da inocência chega a compreensão da realidade. O grito do menino na cena final de Os Brutos Também Amam é de arrepiar. É a recusa involuntária e inconsciente na porta de entrada para o mundo adulto. Acontece com todos nós. É mais ou menos como a fala de Rutger Hauer na conclusão de Blade Runner: "Todos aqueles momentos ficarão perdidos no tempo, como lágrimas na chuva." Ainda posso ouvir o famoso grito ("Shaaaaaaane! Come baaaaaaack!") ecoando em minha mente. Acho que jamais deixarei de ouvi-lo.

Os Brutos Também Amam (Shane, 1953)
Direção: George Stevens
Roteiro: A.B. Guthrie Jr. (Baseado no livro de Jack Schaefer)
Elenco:
Alan Ladd, Brandon De Wilde, Van Heflin, Jean Arthur, Emile Myer, Ben Johnson e Jack Palance

segunda-feira, maio 25, 2009

Os novos Caça-Fantasmas


Neste ano, Os Caça-Fantasmas, um dos filmes mais legais dos anos 80, completa 1/4 de século. Com direção de Ivan Reitman (de Irmãos Gêmeos, Um Tira no Jardim de Infância e pai de Jason "Juno" Reitman) e imortalizado pelos atores Bill Murray, Dan Aykroyd, Harold Ramis e Ernie Hudson, Os Caça-Fantasmas marcou uma geração. Se você não viu os filmes porque é uma pessoa séria ou novinha demais, pelo menos conhece a fantástica música de Ray Parker Jr. O grande sucesso gerou uma sequência bacana, mas inferior, em 1989, além de uma série de animação sensacional.

Como parte das comemorações dos 25 anos, os roteiristas dos dois filmes, Dan Aykroyd e Harold Ramis, confirmaram Os Caça-Fantasmas 3, com o retorno do elenco original passando a bola para uma nova geração.
Lee Eisenberg e Gene Stupnitski, produtores e roteiristas de The Office, escrevem o novo filme, que segundo Dan Aykroyd, pode começar a ser rodado ainda neste ano. Harold Ramis, no entanto, já disse que Ivan Reitman não volta para a direção por estar muito ocupado como produtor.

Desde já, Hollywoodiano faz suas apostas para os "novos Caça-Fantasmas". Como os atores originais não eram astros em 1984, mas ótimos comediantes, o blog resolveu seguir a mesma linha e imaginar a turma abaixo recebendo a bênção de Bill Murray, Dan Aykroyd, Harold Ramis e Ernie Hudson.




Steve Carell



Seth Rogen



Paul Rudd



Romany Malco




Que tal? Pelo menos, o quarteto já trabalhou junto em O Virgem de 40 Anos, de Judd Apatow, o grande nome da comédia americana na atualidade. Sem falar que a boa química entre o elenco é fundamental para o projeto dar certo e honrar a franquia.

Aliás, Judd Apatow seria uma opção para a direção. Ou talvez ele poderia produzir para o próprio Harold Ramis (Feitiço do Tempo, Máfia no Divã) dirigir. Quem sabe? E quanto à garota do time, que substituiria Sigourney Weaver? Mais da turma de Judd Apatow? Katherine Heigl? Leslie Mann? E para o lugar de Rick Moranis? Hmm... Will Ferrell? Bom, muita coisa vai rolar. Só espero que o filme dê certo.

E pra você? Quem poderia substituir
Bill Murray, Dan Aykroyd, Harold Ramis e Ernie Hudson?

quinta-feira, maio 21, 2009

Quem quer ser um astro?


O ator australiano Sam Worthington (foto) é a nova aposta dos estúdios de Hollywood. Aos 32 anos, o candidato a astro veio do nada para protagonizar O Exterminador do Futuro - A Salvação, ao lado de Christian Bale. O filme estreia no dia 5 de junho, mas Sam Worthington reforçará a sua marca até o fim do ano. Ele é o protagonista da misteriosa ficção científica Avatar, de James Cameron, que chega em dezembro aos cinemas. E em 2010, Worthington já está garantido no papel principal da refilmagem de Fúria de Titãs.

Mas qual será o segredo do sucesso de um rapaz que ainda não fez nada? Por que os estúdios, além de diretores consagrados, acreditam em seu potencial? Uma coisa é certa: no ano da crise econômica mundial, Sam Worthington é mais barato. E quando todo mundo se ferra em Hollywood com os efeitos da pirataria, economizar no salário dos astros significa redução de custo nas superproduções. Ou, então, pode ser que Sam Worthington tenha o mesmo agente de Orlando Bloom e Shia LaBeouf, que andaram pegando papéis mais populares que Tom Cruise e Jude Law nos últimos anos. Hmm... Robert Downey Jr. também deve trabalhar com o agente desses "novatos", mas isso é outra história e não quero perder o foco.

É fato que Hollywood vem repensando seus investimentos. Há pouco tempo, Julia Roberts valia os US$ 20 milhões que ganhava por filme, assim como Tom Cruise. Ainda inédito nos cinemas brasileiros, Duplicity, thriller de Tony Gilroy, o diretor de Michael Clayton/Conduta de Risco, rendeu o mesmo cachê a Julia, mas o filme naufragou nas bilheterias ianques. Quase que na mesma época do lançamento, de Duplicity, Hollywood ainda vivia sob a empolgação de Quem Quer Ser um Milionário?, que não tinha astros e estrelas. Nem mesmo algum rosto conhecido no elenco. E o filme faturou alto nas bilheterias, sendo que custou uma bagatela. É o filme dos sonhos dos produtores. Aliás, pela tendência dos filmes que realmente valem a pena, talvez não seja mais vantajoso até do ponto de vista criativo trabalhar com celebridades. Ou melhor, com seus salários exorbitantes.

É só lembrar dos filmes do diretor Judd Apatow (O Virgem de 40 Anos e Ligeiramente Grávidos), com Steve Carell, Seth Rogen e Paul Rudd, que são bem mais populares que Operação Valquíria, com Tom Cruise, ou Sete Vidas, com Will Smith. E numa época em que diretores como James Cameron e Robert Zemeckis investem no futuro do cinema com animação, motion capture e 3D, será que ainda tem cabimento pagar US$ 20 milhões para astros e estrelas? Ao seu modo, Lars Von Trier também pensa no amanhã. Por trabalhar longe dos holofotes, ele convoca (e consegue) nomes como Nicole Kidman em seu elencos. Mas isso não passa de uma estratégia para ajudá-lo a vender seus filmes. Lars Von Trier desenvolve ideias e conceitos. Para alcançar seus objetivos, ele usa os atores como iscas. E esse é um processo que não começou agora no cinema mundial.

Antigamente, a garotada precisava passar por testes de fogo. C. Thomas Howell, Matt Dillon, Ralph Macchio, Rob Lowe, Emilio Estevez sobreviveram à Vidas Sem Rumo, de Francis Ford Coppola, e seguiram em frente. Hoje nem é necessário colocar um rosto novo para brilhar ou roubar a cena. Hollywood quer gastar menos e o tiro (certo ou errado) deve ser imediato.

No começo desta década, o inexpressivo Orlando Bloom ganhou o papel do elfo Legolas, um dos integrantes da Sociedade do Anel na trilogia O Senhor dos Anéis, de Peter Jackson. Em pouco tempo, trabalhou em filmes como Falcão Negro em Perigo e Cruzada, ambos de Ridley Scott, Tróia, de Wolfgang Petersen, Tudo Acontece em Elizabethtown, de Cameron Crowe, e nos três Piratas do Caribe, de Gore Verbinski. Estamos falando de produções badaladas de diretores e produtores famosos com algo em comum: Orlando Bloom. Quase rimou.

Com papéis pequenos em Eu, Robô, As Panteras Detonando, e Constantine, o jovem astro
Shia LaBeouf, da série de TV Even Stevens, ganhou oportunidades de ouro da noite para o dia. Quando a gente percebeu, o garoto já havia protagonizado Transformers, Paranóia e Controle Absoluto. Sem falar em Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, de seu padrinho Steven Spielberg. Se dependesse de George Lucas, LaBeouf teria sua própria série como o filho de Indy, só que o público não comprou a ideia. Mas está tudo bem com o menino. No mês que vem, ele volta a contracenar com os robôs da Hasbro, em Transformers - A Vingança dos Derrotados.

Chris Pine foi o jovem Capitão Kirk, em Star Trek. Seu pai no filme, Chris Hemsworth, viverá o Deus do Trovão, em Thor, previsto para estrear em 2011. Agora é a vez de Sam Worthington dar sequência ao Efeito Orlando Bloom. E a experiência é válida. Nem que sirva para gerar uma mudança de paradigmas na indústria. Ainda assim, eu só espero que Worthington não seja escalado para ser o protagonista do filme de Martin Scorsese sobre Frank Sinatra. Aí já seria demais, não?

quarta-feira, maio 20, 2009

Lost e o domínio público


Não sou o maior fã de Lost, mas gosto de acompanhar a série. Também não perdôo algumas enrolações habituais dos roteiristas, que insistem em pieguices e relacionamentos amorosos que fariam bonito em séries como Grey's Anatomy, mas não em Lost - a velha desculpa da construção de personagens não cola, afinal a série já tem os famosos flashbacks. Também não estou falando de genialidades com a câmera e de nenhuma inovação em matéria de direção, edição etc. O que há de relevante no episódio duplo The Incident, que encerrou a quinta temporada da série na última semana*, é mostrar para Hollywood que a TV anda muito mais divertida e ousada que o cinema. Sei que ando falando demais sobre isso, mas esse episódio de Lost é a prova.

Se The Incident não é perfeito, pelo menos, temos algo bom para discutir e pensar no que diz respeito a temas como filosofia, mitologia e religião disfarçados de entretenimento na representação da eterna luta do bem contra o mal. E se na TV dá certo, por que no cinema isso não acontece?

É verdade que alguns diretores se perdem em seus próprios egos nas continuações de suas sagas cinematográficas autorais. Mas não podemos esquecer dos estúdios, que preferem fórmulas prontas, seguindo tendências quando deveriam apostar em ideias criativas. Na virada da década, a mesma empolgação que agora aponta para Lost, veio com Matrix nos cinemas, mas os Irmãos Wachowski não souberam concluir a trilogia. Pelo menos, essa é a minha opinião. E, agora, resta saber se a inspiração dos criadores de Lost para a sexta e última temporada está mais para a eficiência de O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei ou para a frustração de Matrix Reloaded e Matrix Revolutions.

Há um ponto, no entanto, que merece reflexão: o maior problema de Lost (e de qualquer fenômeno da cultura pop) é o status de domínio público. Depois da primeira temporada, muitos deixaram a série. Isso é compreensível, porque um ano entre uma temporada e outra é período suficiente para discussões e teorias criadas por fãs, que seriam capazes de reescrever Lost até o fim. Mas quando chegam os episódios inéditos, o público esquece que a história original está na cabeça de seus verdadeiros autores e, então, a decepção é a reação mais previsível.


Voltando um pouco no tempo, quando o Star Wars original chegou aos cinemas, o povo americano enlouqueceu com uma aventura otimista pós-Guerra do Vietnã. Mas, três anos depois, com a chegada de O Império Contra-Ataca, os fãs perceberam que a intenção de George Lucas estava na criação de uma nova mitologia. E não deu outra. Nos três anos que separaram Império de O Retorno de Jedi, os fãs estudaram e inventaram inúmeras conclusões para a trilogia, que se tornou domínio público antes mesmo de Lucas chegar ao set do terceiro filme. Como sabemos, a decepção foi inevitável para a maioria, que considera os dois primeiros filmes muito superiores a O Retorno de Jedi. Pior: o que dizer dos 16 anos que separam Jedi de A Ameaça Fantasma? Todo mundo lembra onde isso foi parar. Pobre Jar Jar Binks...

O mesmo problema afetou as continuações de Piratas do Caribe, De Volta Para o Futuro e de tantas outras franquias famosas do cinema de entretenimento. Mas até um filme mais "sério" sofreu com o domínio público. Falo de O Poderoso Chefão - Parte III, que veio ao mundo 16 anos após o segundo. E o que dizer das críticas à Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal? Pobre Steven Spielberg...

Mas será que a culpa é nossa? Será que os Irmãos Wachowski estavam certos na conclusão de Matrix? Será que somos mais inteligentes que os criadores dessas sagas? Ou será que reconhecemos facilmente o ego inflado de determinados diretores, produtores e roteiristas? Antes de responder, vamos ver como Lost vai terminar em meados de 2010. Até lá, assim como você, criarei minhas próprias teorias. Não importa o que J.J. Abrams & Cia. tenham preparado para o fim da série.

* A quinta temporada de Lost acabou nos EUA, mas continua em cartaz no Brasil pelo canal AXN.

segunda-feira, maio 18, 2009

Star Trek


Sinceramente, eu não sou muito amigo de refilmagens, reinvenções e prequels. Mas cá entre nós, Jornada nas Estrelas estava indo de mau a pior no cinema. Desde Primeiro Contato (1996), o melhor (e único bom) filme da Nova Geração liderada pelo Capitão Picard (Patrick Stewart), que a saga não dava uma dentro. Coube a J.J. Abrams, autor de séries de TV criativas como Alias, Lost e Fringe, e diretor de Missão Impossível III, a tarefa de renovar uma das franquias de ficção científica mais nerds e relevantes de todos os tempos. Sua contribuição para o universo de Star Trek (Star Trek, 2009) foi inserir agilidade, dinamismo e ousadia, elementos que vêm dando certo na TV, em um blockbuster com a cara do novo milênio, mas com a alma dos melhores exemplares dos anos 80, que teve a safra de maior qualidade em matéria de entretenimento.

É engraçado admitir isso, afinal Star Trek (como agora somos obrigados a dizer) nunca foi um blockbuster. As aventuras de todas as gerações que surgiram na TV e no cinema sempre foram voltadas para seus fãs, os trekkers. Agora, J.J. Abrams abriu esse universo criado por Gene Roddenberry para outros fãs: os cinéfilos que admiram e respeitam todo e qualquer tipo de bom cinema, independente de gênero, número e grau. Mesmo conhecendo absolutamente nada de Star Trek, o espectador pode (e deve) se divertir durante duas horas do mais puro e belo entretenimento carregado de emoção formada por um ótimo equilíbrio de ação, drama, efeitos visuais e sonoros extraordinários, atores e personagens carismáticos e uma deliciosa nostalgia vinda não exatamente da saudosa série de TV, mas dos bons tempos de George Lucas e Steven Spielberg, que dirigiram e produziram filmes que envolviam, conquistavam e apaixonavam o público em geral pela proposta única de oferecer a diversão mais fantástica de nossas vidas dentro de uma sala de cinema.

Ainda mantendo o otimismo e a celebração do espírito humano visto nas histórias originais de Gene Roddenberry, o diretor J.J. Abrams imagina a primeira aventura dos heróis clássicos da USS Enterprise. Antes interpretado pelo grande William Shatner, Kirk é um jovem rebelde, que já apresenta a elegante arrogância do velho capitão que os fãs conhecem. O novo rosto de Kirk pertence ao ator Chris Pine, que surpreende e entrega uma atuação que honra o carisma de Shatner. Ele não é genial, mas demonstra muita garra em seu primeiro grande papel no cinema.

Quem conhece a série, sabe da amizade entre Kirk e Spock (respectivamente Shatner e Leonard Nimoy no original), mas até esse sentimento se concretizar no filme de J.J. Abrams, os dois se desentenderão de forma insuportável. Isso me leva aos valores básicos de amizade trabalhados pelo diretor, que andavam esquecidos pelo cinemão até que Peter Jackson filmou O Senhor dos Anéis. E desde então, não vi nada semelhante neste quesito. No caso dos novos Kirk e Spock é lindo ver como aquela pessoa que você odeia pode se tornar o amigo de sua vida. Enfim, são valores básicos que a garotada que vai hoje ao cinema não compreende.

Para os fãs de Star Trek, Abrams ainda deixou uma série de referências quase que impossíveis de serem notadas sem uma revisão. Sem falar que a trama é fantástica até não poder mais. Alguns céticos podem reclamar da complexidade da história com suas idas e vindas no tempo, realidades alternativas e a total imersão numa mitologia que só existe do lado de lá da tela, mas não importa o tamanho da universo de Star Trek ou a riqueza de detalhes e a ambição filosófica de Abrams (e dos roteiristas Alex Kurtzman e Roberto Orci). O filme funciona porque os atores e os personagens convencem. Porque eles são amigos e valorizam esse elo. Porque eles sabem ser divertidos, sem ser engraçadinhos. Aliás, o timing para o humor é cronometrado com muita precisão pelo diretor. Cada piada, cada olhar, cada cena, tudo está ali por uma razão: envolver a plateia.

Gosto de todos os atores, principalmente do já falado Chris Pine, além de Karl Urban, como o Dr. McCoy, e Simon Pegg, como o Sr. Scotty, papéis que foram de DeForest Kelley e James Doohan, dois atores inesquecíveis. E não dá para esquecer de um irreconhecível e vibrante Eric Bana, como o vilão Nero, assim como Leonard Nimoy, como o velho Spock, numa participação especial, que deveria ter sido tratada como surpresa, afinal a cena em que este ícone da ficção científica conversa com o jovem Kirk é tão bem escrita que representa a síntese de Star Trek. A cena também seria capaz de provocar lágrimas nos fãs mesmo que não houvesse diálogo algum.

O filme empolga pela diversão e, hoje em dia, isso já é motivo para comemoração. Mas nada além disso. Como Batman Begins, o novo Star Trek serviu para tirar o mofo e sacudir a poeira de um mito da cultura pop. Sem desrespeitar os fãs, mas ao mesmo tempo abrindo espaço para aventuras inéditas da Enterprise, o filme organiza a franquia e aponta o caminho para uma sequência ainda melhor e mais ousada, assim como aconteceu com O Cavaleiro das Trevas. Pelo menos, quem conhece os nomes J.J. Abrams e Gene Roddenberry, sabe que ainda há muita coisa para ser desvendada e explorada no espaço, a fronteira final.

Star Trek (Star Trek, 2009)
Direção: J.J. Abrams
Roteiro:
Roberto Orci e Alex Kurtzman (Baseado na série criada por Gene Roddenberry)
Elenco:
Chris Pine, Zachary Quinto, Simon Pegg, Eric Bana, Karl Urban, Dr. Leonard 'Bones' McCoy, Amanda Grayson e Zoe Saldana

Obs: Esta crítica é dedicada à minha avó, a maior fã de "Star Trek" que já conheci, de quem sinto muita saudade.

sexta-feira, maio 15, 2009

O Código Da Vinci



Por mais que seja uma obra literária voltada para o entretenimento, O Código Da Vinci, de Dan Brown, é mais lembrado por suas teorias da conspiração envolvendo a Igreja Católica do que pela fascinante cruzada moderna do herói do autor, o Professor Robert Langdon. E isso não é problema algum. Pelo contrário, porque ficar na pele do protagonista ajuda qualquer leitor a entrar de cabeça nas polêmicas e interessantes cutucadas de Brown no povo que acredita em tudo o que ensinaram na escola. E é assim que vejo a obra: Uma crítica àqueles que se conformam com toda e qualquer "verdade". E não necessariamente uma crítica à Igreja. Brown mostra que ainda estamos na Idade Média em matéria de interpretação, raciocínio, e a prova está em toda a polêmica que o livro gerou no povão.

Para quem viveu fora da Terra nos últimos anos, O Código Da Vinci (The Da Vinci Code, 2006) acompanha o simbologista Robert Langdon pelas ruas de Paris na investigação de um assassinato no Museu do Louvre, que leva todos os envolvidos a um jogo de gato e rato que pode desvendar um dos segredos mais bem guardados da Igreja Católica.

O livro carrega nos diálogos e é muito didático, mas também não deixa de ser uma leitura prazerosa, divertida. E esse resultado alcançado por Brown merece aplausos, por mais que o livro esteja longe de ser uma obra-prima. Acima de tudo, O Código Da Vinci é entretenimento. E a realização de um filme seria inevitável. Felizmente, a tarefa coube ao especialista Ron Howard, que confiou o papel principal ao amigo Tom Hanks. Mesmo que muitos discordem, acho que o ator e seu mullet fizeram um trabalho fantástico. Hanks não interpreta Robert Langdon. Ele é o próprio. Se Dan Brown aprovou, quem somos nós para discordar?

Ron Howard condensou bem o que de mais importante existe no livro, mas o impacto das teorias de Brown funcionam na leitura. Para dar certo na tela do cinema, Howard precisava mudar o foco e apostar tudo no carisma de Robert Langdon, o que não acontece no livro. O Robert Langdon de Tom Hanks é fiel ao Robert Langdon das páginas. Mas ele ainda é coadjuvante do mosaico cheio de fatos e suposições históricas criado por Dan Brown.

Faltou a Ron Howard tornar o herói do filme um protagonista ou uma referência cinematográfica. Como Indiana Jones ou James Bond, por exemplo. Como se fosse Robert Langdon e o Código Da Vinci, mas não é o caso. Essa sensação faria o ritmo fluir mais como cinema. E acho que Ron Howard sabe fazer isso. O erro está na transposição dos personagens para a tela grande. Acredito que não importa o tamanho da encrenca, nem mesmo a mitologia do universo criado pelo autor da obra original. O importante, pelo menos em cinema, é desenvolver personagens. E isso vale para qualquer filme.

De qualquer forma, Howard topou este trabalho dificílimo e fez um bom filme escapista. Diverte, mas não deixa o cinéfilo deslumbrado - tirando o lampejo de gênio de Ron Howard na cena final. Ele nunca foi craque, mas bateu um bolão nos minutos finais que levam Tom Hanks/Robert Langdon à conclusão da história em frente ao Museu do Louvre. Mas já volto nesta cena.

Antes disso quero comentar as atuações. Hanks está bem, assim como Jean Reno e Paul Bettany. Audrey Tautou é... Amélie Poulain um pouco mais nervosinha. Mas o grande nome do elenco é mesmo Sir Ian McKellen como Sir Leigh Teabing, que só entra na metade do filme para roubar a cena e ajudar Langdon (Hanks) e Sophie (Audrey Tautou) na busca pelo Santo Graal. McKellen é um ator fino, elegante, único e insere nobreza ao filme de Ron Howard. É brochante lembrar que ele ainda não tem um Oscar, quando deveria ter ganho por Deuses e Monstros (Melhor Ator) e O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel (Melhor Ator Coadjuvante).

Se O Código Da Vinci também não é brilhante como cinema, sua sequência final é maravilhosa, sublime. É de arrepiar a condução de Ron Howard para o auge da caminhada do Professor Langdon rumo ao Santo Graal. O diretor filmou esses minutos finais como um gênio em seu ofício, contando com a crescente empolgação da trilha exuberante do maestro Hans Zimmer (indicada ao Globo de Ouro). É um final daqueles que merecem um "The End" fechando a projeção. É um clímax que me faz lembrar de clássicos de Hollywood que davam uma atenção toda especial ao gran finale. Lembro principalmente, guardadas as devidas proporções, de Charlton Heston gritando diante da Estátua da Liberdade, em O Planeta dos Macacos. Você sabe do que estou falando. Essa sensação que une imagem, som e música (ou silêncio) no último segundo de um filme. Mas é um momento que toma conta somente dos minutos finais de O Código Da Vinci. Imagine se o filme inteiro tivesse sido assim.

O Código Da Vinci (The Da Vinci Code, 2006)
Direção: Ron Howard
Roteiro: Akiva Goldsman (Baseado no livro de Dan Brown)
Elenco: Tom Hanks, Audrey Tautou, Ian McKellen, Jean Reno, Paul Bettany, Alfred Molina e Jürgen Prochnow

quarta-feira, maio 13, 2009

A coisa tá feia


É hora de dar aquela paradinha, Hollywoodianos. Peço desculpas, mas não estou dando conta nesta semana de minha vida pessoal (leia: cinematográfica) devido às obrigações laboriais deste que vos escreve. Já estou me sentindo burro culturalmente graças a minha ausência nos blogs de vocês e à falta de posts no meu.

Bom, mas volto nesta sexta-feira com uma revisão de O Código Da Vinci (será que é tão ruim quanto dizem?) e sábado com a crítica de Star Trek (será que é tão bom quanto dizem?). E, domingo, farei o possível para postar a crítica de Anjos e Demônios. Ok?

Um grande abraço a todos,
Otavio Almeida

sábado, maio 09, 2009

Vida longa e próspera


Amigos, infelizmente não conseguirei ver Star Trek neste final de semana por falta de tempo. Mas farei isso até, no máximo, terça-feira, e comentarei aqui as minhas impressões sobre o filme de J. J. Abrams logo logo. Ok? Enfim, um ótimo final de semana a todos que sabem que Yoda e Spock são dois personagens diferentes.

Por enquanto, deixo vocês com uma breve, mas honesta declaração de um dos maiores fãs de Star Trek que conheço, o meu amigo Josmar Batista. E, por favor, não contem a ele, mas prefiro Star Wars.


Diário de bordo: Data Estelar 85143.23. Que me perdoe George Lucas, mas muito antes de ele sonhar com espaçonaves, batalhas estelares e planetas a serem descobertos, já existia Star Trek. E que você também me perdoe, mas o universo criado pelo roteirista e produtor Gene Roddenberry na década de 60 é muito mais bacana que Star Wars. Esta é minha sincera opinião e a de milhões de trekkers espalhados por este mundão afora e por toda Federação Unida de Planetas. (Josmar Batista)

quinta-feira, maio 07, 2009

Walt Disney, George Lucas, Steven Spielberg e... J.J. Abrams?


Não é de hoje que as séries de TV andam muito mais criativas, empolgantes e inovadoras que o cinema hollywoodiano. Um dos "culpados" - talvez o maior deles - é Jeffrey Jacob Abrams. Ou melhor, o produtor, roteirista e diretor J.J. Abrams. Tentando fazer por Star Trek, que um dia já foi chamado de Jornada nas Estrelas, o que Christopher Nolan fez por Batman, Abrams é o midas do entretenimento mais celebrado pela indústria na atualidade.

É claro que ele ainda não é um diretor como Peter Jackson, James Cameron ou Steven Spielberg. Mas essas cabeças não contribuiram tanto para novas manias dentro da cultura nerd quanto a de J.J. Abrams, criador de Lost, Alias e Fringe.

A questão não é a direção, até porque seria covardia. Peter Jackson é o brilhante cineasta de O Senhor dos Anéis e King Kong, mas adaptou histórias que já dominavam o imaginário coletivo há décadas. James Cameron, diretor e roteirista de O Exterminador do Futuro 1 e 2, não filma nada desde 1997, quando fez aquele épico romântico passado num navio gigantesco. Steven Spielberg quis ser adulto e esqueceu suas fantásticas produções voltadas para o entretenimento, embora esteja retomando esse lado "infantil" com Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal e As Aventuras de Tintin.


Falo de contadores de histórias e, ao mesmo tempo, de criadores de mitos. Hollywood seria capaz de deixar milionário aquele que fosse capaz de ler os pensamentos de J.J. Abrams. É a mente criativa do momento, tanto que a Paramount vem deixando o moço afastado da TV para tocar seus projetos para o cinema.

Acha que M. Night Shyamalan tem as melhores ideias? Então você não tem visto séries de TV. Acha que os Irmãos Wachowski criaram o maior fenômeno pop dos últimos anos? Então você nunca viu Lost. Acha que diretores e produtores preocupados com o desenvolvimento de suas sagas de ficção científica e fantasia jamais se dedicam aos seus atores ou à formação de seus elencos? Então você não conhece J.J. Abrams.


Mas não deixa de ser uma ironia, em sua fase cinematográfica, que J.J. Abrams só tenha dirigido filmes baseados em séries de TV (Missão Impossível III, Star Trek). Pode ser que os estúdios ainda não confiem nele a criação de uma nova franquia, algo inteiramente original para o cinema. Mas a liberdade criativa que Abrams tem na TV também pode ser conquistada em seus próximos trabalhos para a tela grande - nada que grandes resultados nas bilheterias não resolvam. E esse status pode estar bem perto de acontecer, afinal críticos e especialistas em box office garantem que Star Trek vai arrebentar.

Para mim, os maiores autores e gênios do entretenimento no cinema (e na TV) foram Walt Disney, George Lucas e Steven Spielberg. Eu posso estar exagerando, mas comecei a pensar na seguinte questão: Será que J.J. Abrams é o herdeiro da turma? Aos 42 anos, esse diretor novato (e jovem) ainda tem muito para mostrar. Seja na criação de uma bela história original, seja como cineasta.

terça-feira, maio 05, 2009

X-Men Origens: Wolverine


Sou fã dos dois primeiros filmes da série X-Men, mas tenho lá minhas implicâncias com o terceiro, que é cheio de frescuras. De qualquer forma, o que eles têm de melhor é Hugh Jackman como Wolverine. E era questão de tempo até a Marvel lançar um filme solo com o herói. Eu só não sabia que o primeiro longa focado em um dos mutantes do Professor Xavier (Patrick Stewart) estaria mais para os "clássicos" da geração músculo sem cérebro dos anos 80, liderada por Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone, do que para os filmes da até então trilogia X-Men.

Do ponto de vista crítico é muito fácil massacrar X-Men Origens: Wolverine (X-Men Origins: Wolverine, 2009), mas como torcedor nostálgico de Comando Para Matar, Rambo, Braddock e Difícil de Matar (esses dois últimos estrelados pelos amigos Chuck Norris e Steven Seagal), não posso negar que me diverti com o filme.

X-Men Origens: Wolverine é um herdeiro legítimo da época que permitiu aos malandros uma tiração de onda com seus corpinhos sarados recém-saídos das Academias. Hollywood não ficou atrás e apostou em heróis musculosos, mas machos. Hoje em dia, esse conceito foi jogado no ralo e os mocinhos são tão fortes quanto eu. Veja Jack Bauer e Jason Bourne por exemplo. E por mais que ainda insistam em uns G.I.JOEs sem expressão e carisma como Vin Diesel e The Rock, que jamais chegarão aos pés de Sly e Schwarza, Hollywood acreditou no potencial canastra de Wolverine para trazer de volta esse tipo de herói brucutu, que parecia morto e enterrado.

Tirando o Wolverine, esqueça o que há de bom na trilogia X-Men. Neste filme solo do mutante interpretado por Hugh Jackman, temos exibição gratuita de muques e várias falas de efeito antes e depois de mandar o vilão pelos ares e sair fazendo pose em câmera lenta.
A proposta é o mínimo de roteiro para um máximo de pancadaria, explosão, ossos quebrados e pessoas descartáveis morrendo. Você conhece o tipo. Ao resgatar essa aura esnobe e exibicionista do cinema de ação dos saudosos anos 80, o diretor Gavin Hood (ou seja lá quem tenha dado as cartas) não deixou de fora nem mesmo a clássica cena de nudez para agradar quem gosta de ver homem peladão.

Antes que alguém levante a mão pra dizer que chamei Hugh Jackman de canastrão, eu gostaria de afirmar que o astro é
muito talentoso. Em Wolverine, ele apenas se dá ao luxo de interpretar um herói de caras e bocas de forma perfeita. O único problema que vejo em sua carreira é que apesar de ser o Wolverine definitivo do cinema, Hugh Jackman ainda não encontrou seu grande filme. Mas isso é outra história.

O problema mais grave de Wolverine é levar a sério seu papel de prequel. Explico: Sabemos que a história se passa cronologicamente antes de X-Men, mas Wolverine caminha para um clímax que depende (e muito) dos filmes dirigidos por Bryan Singer (X1 e X2) e Brett Ratner (X3). Sozinho, ele não funciona. Mas, ei, essa é a proposta da Marvel, que agora manda e desmanda em Hollywood. Eles já fazem isso nos quadrinhos há tanto tempo que os fãs concordarão que cinema também pode ser feito da mesma maneira. Como se fosse um clubinho fechado. Mesmo sabendo disso, o importante é ver Hugh Jackman honrando o Governator e seus amigos fazendo de Wolverine um filme ruim, mas bom. A dica é esquecer a lógica, zerar o cérebro e entrar no clima da diversão.

X-Men Origens: Wolverine (X-Men Origins: Wolverine, 2009)
Direção: Gavin Hood
Roteiro: David Benioff e Skip Woods
Elenco: Hugh Jackman, Liev Schreiber, Danny Huston, Will i Am, Lynn Collins, Kevin Durand, Dominic Monaghan, Taylor Kitsch, Daniel Henney e Ryan Reynolds

segunda-feira, maio 04, 2009

El retorno de Coppola


Tetro, o novo filme de Francis Ford Coppola, ganhou um belíssimo trailer. Já vi a prévia umas 20 vezes e estou com aquela sensação cinéfila de que estamos diante de algo especial. É claro que ainda é cedo pra dizer qualquer coisa sobre Tetro, que abre a Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes, que começa no próximo dia 13. Mas confesso que o trailer me encantou.

Rodado na Argentina, o filme segue o jovem Bennie (o estreante Alden Ehrenreich) de passagem por Buenos Aires com o objetivo de conhecer o irmão, Tetro (Vincent Gallo).


Sem filmar desde 1997, o mestre Coppola fez Youth Without Youth, em 2008, que só Deus sabe quando chegará aos nossos cinemas, e Tetro, que ainda tem Maribel Verdú, Klaus Maria Brandauer e Carmen Maura no elenco.

Também não há previsão de estreia para Tetro no Brasil, mas você já pode se encantar com o trailer aqui.