quarta-feira, novembro 07, 2007

1408


Os grandes filmes de terror - e quando digo isso tenho que citar O Exorcista, O Iluminado, A Profecia, Poltergeist e O Bebê de Rosemary - sempre deixaram o espectador se coçando ou se mexendo na cadeira. Qualquer tipo de tique surge na hora de assistir a esses filmes. Você olha para trás, analisa se está tudo bem debaixo da cama, abre o armário para checar se não há nenhum monstro, sente um calafrio ao andar pela casa, acende a luz, etc. Infelizmente, há muito tempo que Hollywood entregou o gênero a serial killers mascarados e seus banhos de sangue. As produções acima ganharam status de clássicos, porque não apelavam para sustos fáceis e o medo era implícito - com exceção de O Exorcista, mas esse é um achado. Agora, os estúdios só querem saber do que é explícito. O horror sobrenatural foi literalmente abandonado - tem O Sexto Sentido, mas o filme de M. Night Shyamalan é mais dramático e o terror está em segundo plano.

Eis que surge esse 1408 (2007), baseado no conto de Stephen King. Se não é um filme perfeito, porque o final é decepcionante, dá para o gasto por satisfazer os fãs do gênero. O sueco Mikael Håfström é o diretor de Evil - Raízes do Mal, indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, e do fraquinho Fora de Rumo. Em 1408, ele acerta ao oferecer o clima do horror psicológico da velha escola do gênero, mas erra na conclusão como se deixasse de acreditar no material que tinha nas mãos.

É a história do cético escritor Mike Enslin (John Cusack), que visita diversos hotéis com fama de mal-assombrados para finalizar um livro sobre o tema. É lógico que nada acontece e isso só aumenta sua teoria de que tais lugares inventam essas histórias para atrair clientes. Claro que o tiro sai pela culatra quando Enslin se hospeda no quarto 1408 do Hotel Dolphin, em Nova York. Daí pra frente, o filme tem tudo o que o fã espera há muito, muito tempo mesmo. É de arrepiar. Isso é terror, gente. Alguns esqueceram seu significado.

Se há o sobrenatural na trama, não pode haver a classificação de "suspense" - como pregava Alfred Hitchcock. Obviamente que nada disso funcionaria sem um ator dedicado e John Cusack está fantástico. Escritor preso em local assombrado é bem Stephen King. Não tem problema se Cusack não é Jack Nicholson. Ele dá credibilidade à trama e chega a confundir a platéia em certos momentos: Mike Enslin está ficando louco? Ou ele realmente enfrenta um fenômeno sobrenatural?

Pena que os minutos finais ofereçam uma solução fácil e boba - uma falha constante em filmes de terror e na maioria das adaptações de Stephen King. Quando 1408 termina, fica a incômoda sensação de que o filme poderia ter acabado há uns 10 minutos. E isso não é bom sinal.

1408 (2007)
Direção: Mikael Håfström
Roteiro: Matt Greenberg, Scott Alexander e Larry Karaszewski (adaptado da história de Stephen King)
Elenco: John Cusack, Samuel L. Jackson, Mary McCormack e Tony Shalhoub

6 Comments:

At 7:44 PM, novembro 07, 2007, Blogger Kamila said...

Ah, eu gostei muito de "1408". Aquela cena do Cusack andando no parapeito do hotel me deixou com as pernas tremendo. Fazia tempo que não tinha tanto medo assistindo ao filme.

Pelos textos lidos nos blogs dos outros cinéfilos, acho que sou a única a não reclamar do final, que me foi satisfatório.

 
At 10:19 PM, novembro 07, 2007, Anonymous Anônimo said...

Texto perfeito Otavio, disse tudo que eu diria, eu só daria uma estrela a mais. Cusack ta ótimo, relembra bons tempos do terror e sim, infelizmente o final decepciona, demais. Procure o final alternativo, que apesar de também não ser grande coisa, ficou mais plausível.

Ciao!

 
At 10:47 PM, novembro 07, 2007, Blogger Museu do Cinema said...

Esse até que me despertou interesse, mas ando lendo tanta críticas negativas que ando pensando bem...

 
At 10:46 AM, novembro 08, 2007, Anonymous Anônimo said...

Ainda não vi esse filme, mas devo fazer isso nesse fim de semana. Apesar de não ser muito satisfatório segundo as críticas que li até agora, tenho muito interesse no filme especialmente pela presença do John Cusack (a Kamila também disse que ele está muito bem, o que é um motivo a mais para conferir o filme). Sem falar na direção do Hafstrom, pois apesar do péssimo "Fora de Rumo", ele acertou em cheio com esse "Evil - Raízes do Mal" (excelente drama).

Abraço!

 
At 10:47 AM, novembro 08, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

Pois é... andei lendo sobre um final alternativo. Está no You Tube?

 
At 4:04 PM, novembro 08, 2007, Anonymous Anônimo said...

Está sim...

 

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