segunda-feira, novembro 12, 2007

Leões e Cordeiros


Em Leões e Cordeiros (Lions for Lambs, 2007), Robert Redford revela sua opinião sobre a intervenção dos EUA no Oriente Médio. Ele não só critica as decisões do governo de George W. Bush, mas também pede para que o povo americano (principalmente o jovem) abra a cabeça e comece a construir um mundo melhor. E mais: Redford não livra a cara de ninguém. Para ele, políticos, civis e a própria mídia contribuiram para a inutilidade que representa esse conflito.

Ok. Eu já sei a opinião do engajado Robert Redford. Mas e daí? Levando em consideração a inteligência da maioria dos americanos, realmente é necessário juntar três grandes nomes de Hollywood (Redford, Tom Cruise e Meryl Streep) para uma hora e meia de debate político dentro de uma sala escura de cinema. Não há lugar melhor para dominar a atenção do público. Mas não tenho culpa se americano não sabe qual é a capital do Iraque ou do Brasil.

Penso que cinema não é só isso. Onde está o drama nisso tudo? Alguém pode me lembrar da seqüência dos soldados encurralados no campo de batalha. Mas para a mensagem de Redford ter efeito, você não precisa ser Nostradamus para adivinhar a conclusão.

Leões e Cordeiros é propaganda política de Robert Redford e compreendo suas preocupações. Aliás, concordo com ele. Mas paguei ingresso para ir ao cinema e não para ver um debate. Lógico que se todo debate político na TV tivesse as participações de Redford, Cruise e Streep, eu seria parte da audiência. Mas todo o blá-blá-blá sairia de graça. Leões e Cordeiros é filme para quem acredita em tudo o que a TV e os jornais dizem. Mas como fica o restante do público?

Claro que é sempre bom ver um timaço desses na tela. Há uma cena com uma Meryl Streep desiludida na redação do jornal, que transmite a sensação do que o filme poderia ter sido. Mas é muito pouco. Se a missão do cinema é ensinar o público, fico com os documentários. Já fiz minha lição de casa com Fahrenheit 11 de Setembro. A aula do professor Michael Moore foi muito mais divertida do que a aula do Mestre Robert Redford. Melhor: prefiro ver Borat de novo. Guardadas as devidas proporções, a crítica é a mesma.

Leões e Cordeiros (Lions for Lambs, 2007)
Direção: Robert Redford
Roteiro: Matthew Michael Carnahan
Elenco: Robert Redford, Meryl Streep, Tom Cruise, Michael Pena, Derek Luke, Andrew Garfield e Peter Berg

9 Comments:

At 7:01 PM, novembro 12, 2007, Anonymous Anônimo said...

Puxa, pelos comentários que já tinha lido sabia que o filme não era grande coisa, mas não esperava que sua reação fosse tão negativa. Geralmente adoro esse tipo de longa com temática política, verei esse "Leões e Cordeiros" nos próximos dias - ou não, já que meu único interesse aqui é a atuação da Meryl Streep.

Abraço!

 
At 7:34 PM, novembro 12, 2007, Blogger Kamila said...

Otavio, concordo que o filme é uma peça de propaganda política descarada, ainda mais em ano pré-eleitoral nos EUA.

Como filme, o trabalho do diretor Redford é bom, mas a edição tem transições um tanto bruscas entre uma história e outra.

Do elenco, gostei da atuação do Tom Cruise.

 
At 8:48 PM, novembro 12, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

Oi Vinicius! Eu tb adoro filme de temática política. TODOS OS HOMENS DO PRESIDENTE, JFK, DESAPARECIDO, Z, e mais recentemente, BOA NOITE E BOA SORTE. Mas todos eles apresentam personagens envolvidos em dramas pessoais, ideológicos... tanto faz. Esses filmes que citei não são aulas prontas para se exibir em cursinho. E a Meryl Streep é a melhor coisa do filme. Abs!

Oi Kamila, nunca gostei do Robert Redford como diretor. Gosto muito de QUIZ SHOW. Acho que ele fez esse muito bem. E só. Mas achei que fosse gostar desse. O trailer me enganou. Eu acho que o elenco está bem, claro. Mas para mim, faltou mais drama. Todos os personagens estão dissertando. E é isso. A cena da Meryl na redação é a única em que uma personagem para pra pensar, questionar a ética, etc. Aquilo é drama. Bjs!

 
At 11:48 PM, novembro 12, 2007, Anonymous Anônimo said...

Concordei com certas coisas que você escreveu, principalmente com o fato de que faltou drama no filme, algo que realmente valhese a pena. Sintia a todo momento que o filme poderia ter sido muito mais do que foi, mesmo assim, eu fui envolvido pelos debates, pelos comentários, pelos assuntos tratadas com engenhosidade pelos ótimos atores. A cena que você menciona sobre Meryl foi fantástica mesmo, um show de interpretação. Eu achei o roteiro muito relevante e bem escrito, mas Redford não soube o transformar em um filme verdadeiramente denso e provocativo. Ficou só no comentário. Uma pena. De qualquer forma, fiquei satisfeito com o resultado, mesmo que parcialmente decepcionado.

Realmente Borat e principalmente Fahrenheit 11 de Setembro são filmes mais exemplares e competentes.

Ciao!

 
At 10:52 AM, novembro 13, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

É, Wally! Vc tem razão. O filme envolve por seus discursos persuasivos, claro. Mas como vc disse, não é um filme denso.

Parece que os atores estão... dissertando.

Abs!

 
At 11:26 AM, novembro 13, 2007, Blogger Kamila said...

Otavio, o Robert Redford nunca me chamou muito a atenção como diretor. Gosto de "Quiz Show", mas o filme em si também não é tão excelente assim.

A cena que você citou da Meryl Streep discutindo com seu editor realmente é a mais vibrante e dramática do filme. "Leões e Cordeiros" seria um filme bem melhor se tivesse esse mesmo vibe em seus 92 minutos de duração.

Beijos.

 
At 12:07 PM, novembro 13, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

ISSO, Kamila! Bjs!

 
At 6:19 PM, novembro 13, 2007, Blogger Victor said...

Que beleeeza de nota hein!!!
Se a expectativa pro filme já não andava das melhores, agora é que já vou não esperando nada mesmo..
e as vezes isso até funciona positivamente...
De qualquer forma...verei!


Abs!

 
At 2:45 AM, janeiro 12, 2008, Blogger Pedro Henrique Gomes said...

A lentidão e à falta de ritmo, (que são as marcas de Robert Redford como diretor e que, por sinal está muito mal neste filme), juntam-se ao fim que não foi nada revelador e sim decepcionante fizeram de Leões e Cordeiros apenas mais um filme político-militar estadounidense. No entanto, o roteiro que por muito amarrado que foi, não foi massante e ao final os 92 minutos de duração do filme me pareceram 60, podendo então ter sido um pouco melhor explicado.

 

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