Jogos do Poder
No final dos anos 80, o congressista americano Charlie Wilson (Tom Hanks) se envolveu nos bastidores do conflito entre a ex-URSS e o Afeganistão. Se Ronald Reagan ganhou o crédito pela ajuda aos rebeldes afegãos, que levou a Guerra Fria ao fim, o filme Jogos do Poder (Charlie Wilson's War, 2007), de Mike Nichols, baseado no livro do jornalista George Crile, mostra que o político interpretado por Tom Hanks é quem merecia as homenagens. Ou as pedradas - todo mundo sabe que o plano de envio de armas ao povo afegão resultou em eventos e criaturas como o 11 de Setembro, Osama bin Laden e George W. Bush.
Mike Nichols é diretor de filmes de primeira linha como Closer, A Primeira Noite de um Homem, Uma Secretária de Futuro, Quem tem Medo de Virginia Woolf? e Lembranças de Hollywood. Todos esses filmes são movidos por roteiros fortíssimos em diálogos rápidos no gatilho. Não é diferente em Jogos do Poder, escrito pelo talentoso Aaron Sorkin, escolado no behind the scenes da política americana por causa de sua principal criação: a série The West Wing.
Mas quem leu sobre a trama de Jogos do Poder antes de ir ao cinema, não terá surpresas, mesmo que o diretor carregue na ironia, afinal já sabemos que o barco irá naufragar no final. Mas tirando o público americano, que pode ficar incomodado, ou satisfeito com a comédia de erros de sua política, o restante da platéia mundial assiste a Jogos do Poder passivamente. Ou será que alguém abraçou os esforços de Charlie Wilson? Alguém ficou comovido? Ou se divertiu? Bom, eu não.
Podemos salvar desse embrólio, o elenco extraordinário. São os atores que valem o ingresso e transformam a saga de Charlie Wilson numa versão política de Ocean's Eleven - ainda que eles se divirtam bem mais do que a platéia (como no filme com George Clooney e Brad Pitt). Tem até o sumido veterano Ned Beatty. Em Jogos do Poder, Tom Hanks e Julia Roberts são ótimos, claro. São atores que valem a pena uma ida ao cinema. Mas eles não tentam fazer com que seus personagens marquem suas carreiras.
O oposto acontece com Philip Seymour Hoffman, como um estressado agente da CIA ajudando o congressista em sua empreitada. Ele rouba o show. Cada cena com esse talentoso ator lembra o bom cinema que procuramos todas as vezes que pagamos para ver um filme numa sala escura. Seu ritmo é tão intenso e agressivo, que nossa memória vai lá atrás nos anos 1970 para resgatar momentos de ouro de nomes como Robert De Niro e Al Pacino. Merecidamente indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante (e bem mais impressionante do que o vencedor da estatueta Javier Bardem, por Onde os Fracos Não Têm Vez), Philip Seymour Hoffman é o grande espetáculo oferecido por Jogos do Poder.
Enquanto Mike Nichols, Aaron Sorkin, Tom Hanks e Julia Roberts demonstram que estão participando de um projeto muito importante como americanos, Hoffman prova que está ali para fazer cinema de verdade. E é uma pena que Jogos do Poder não esteja no compasso deste ator magnífico.
Por pouco, o filme não se perde no festival de efeitos visuais personificado pelas belas assistentes que acompanham Charlie Wilson, que incluem Amy Adams, Shiri Appleby e Rachel Nichols. E o que é Emily Blunt? Com todo o respeito, mas eu não sabia que a garota tinha esse talento.
Jogos do Poder (Charlie Wilson's War, 2007)
Direção: Mike Nichols
Roteiro: Aaron Sorkin (Inspirado no livro de George Crile)
Elenco: Tom Hanks, Julia Roberts, Philip Seymour Hoffman, Amy Adams, Shiri Appleby, Rachel Nichols, Ned Beatty, Emily Blunt e Jud Tylor
Mike Nichols é diretor de filmes de primeira linha como Closer, A Primeira Noite de um Homem, Uma Secretária de Futuro, Quem tem Medo de Virginia Woolf? e Lembranças de Hollywood. Todos esses filmes são movidos por roteiros fortíssimos em diálogos rápidos no gatilho. Não é diferente em Jogos do Poder, escrito pelo talentoso Aaron Sorkin, escolado no behind the scenes da política americana por causa de sua principal criação: a série The West Wing.
Mas quem leu sobre a trama de Jogos do Poder antes de ir ao cinema, não terá surpresas, mesmo que o diretor carregue na ironia, afinal já sabemos que o barco irá naufragar no final. Mas tirando o público americano, que pode ficar incomodado, ou satisfeito com a comédia de erros de sua política, o restante da platéia mundial assiste a Jogos do Poder passivamente. Ou será que alguém abraçou os esforços de Charlie Wilson? Alguém ficou comovido? Ou se divertiu? Bom, eu não.
Podemos salvar desse embrólio, o elenco extraordinário. São os atores que valem o ingresso e transformam a saga de Charlie Wilson numa versão política de Ocean's Eleven - ainda que eles se divirtam bem mais do que a platéia (como no filme com George Clooney e Brad Pitt). Tem até o sumido veterano Ned Beatty. Em Jogos do Poder, Tom Hanks e Julia Roberts são ótimos, claro. São atores que valem a pena uma ida ao cinema. Mas eles não tentam fazer com que seus personagens marquem suas carreiras.
O oposto acontece com Philip Seymour Hoffman, como um estressado agente da CIA ajudando o congressista em sua empreitada. Ele rouba o show. Cada cena com esse talentoso ator lembra o bom cinema que procuramos todas as vezes que pagamos para ver um filme numa sala escura. Seu ritmo é tão intenso e agressivo, que nossa memória vai lá atrás nos anos 1970 para resgatar momentos de ouro de nomes como Robert De Niro e Al Pacino. Merecidamente indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante (e bem mais impressionante do que o vencedor da estatueta Javier Bardem, por Onde os Fracos Não Têm Vez), Philip Seymour Hoffman é o grande espetáculo oferecido por Jogos do Poder.
Enquanto Mike Nichols, Aaron Sorkin, Tom Hanks e Julia Roberts demonstram que estão participando de um projeto muito importante como americanos, Hoffman prova que está ali para fazer cinema de verdade. E é uma pena que Jogos do Poder não esteja no compasso deste ator magnífico.
Por pouco, o filme não se perde no festival de efeitos visuais personificado pelas belas assistentes que acompanham Charlie Wilson, que incluem Amy Adams, Shiri Appleby e Rachel Nichols. E o que é Emily Blunt? Com todo o respeito, mas eu não sabia que a garota tinha esse talento.
Jogos do Poder (Charlie Wilson's War, 2007)
Direção: Mike Nichols
Roteiro: Aaron Sorkin (Inspirado no livro de George Crile)
Elenco: Tom Hanks, Julia Roberts, Philip Seymour Hoffman, Amy Adams, Shiri Appleby, Rachel Nichols, Ned Beatty, Emily Blunt e Jud Tylor
12 Comments:
Otavio, eu tenho muita vontade de assistir a este filme. Gosto do elenco e do roteirista (Aaron Sorkin). Além disso, tem o Mike Nichols na direção. E acho que ele tem sido muito feliz nos seus últimos trabalhos, especialmente aqueles que ele dirigiu para a TV - como "Wit" e "Angels in America".
Beijos.
Vou comentar todos os posts, pois com a falta de tempo acabei perdendo algumas atualizações do blog...
Eu também não fiquei comovido com "Jogos do Poder". Acredito que nesse sentido o filme é tremendamente falho. Porém, gostei bastante do roteiro do Aaron Sorkin e acho que sua intenção era das melhores - apesar do resultado insatisfatório. E nem achei tão espetacular a atuação do Hoffman, aliás de ninguém (acho até um pouco clichê, para dizer a verdade, especialmente naquelas cenas iniciais do personagem).
Kamila e Vinicius, o Philip Seymour Hoffman é um monstro! Mas eu prefiro encarar uma maratona de THE WEST WING...
Abs!
Apesar de achar que Bardem foi o melhor de longe, não sei o que seria desse filme sem Hoffman. Aliás, não me lembro de uma recente má atuação dele. Em Jogos do Poder ele rouba a cena mesmo.
Talvez se o filme tivesse o ajudado, ele poderia sim ter mais chances no Oscar. Ao contrário de No Country, que deu um personagem muito mais complexo para Bardem desfilar seu brutal talento.
6.5
Abraço!!!
Eu gostei bastante! Concordo com muito do que disse, sobre o elenco, particularmente, todos estao otimos. So achei Roberts meio apagada, mesmo que visualmente show. Hanks me satisfez bastante, mas claro, o show foi de Hoffman, que brilhante ator!
Eu esperava mais da direcao de Nichols. Poderia ter sido melhor se nao fosse tao fria e calculada. Mas o roteiro ajuda (muito!). Gostei muito dele. Achei ironico, critico e muito, muito divertido. Nao vi West Wing ainda (nenhum episodio!) e acredite, nao sabia da historia do filme e fui supreendido pela acidez com a qual foi escrita. Achei refrescante, algo novo que foge do didatico, levando para o lado bem humorado que funcionou bastante.
De 4 estrelas, dou 3.
Big O, vou discordar veementemente. Você queria surpresa nesse filme? Não há surpresa, ele é verídico. É só ter mais que um neurônio - que é o nosso caso - pra saber que acabaria desse jeito.
Não acho que o objetivo fosse comover ou convencer não. Muito pelo contrário, acredito que seja mais uma necessidade de "trazer a público" toda essa lambança do que qq outra coisa. Por isso eu gostei do filme. Ele nao tenta ser nada que não pode ser. Vai lá, mostra a cagada toda e ponto.
Gostei de ver o Hanks num papel todo cheio de falhas de caráter, foi bom ver a Julia denovo... ê saudade... e mais um baile do Seymour.
Vou até publicar minha crítica lá no blog, depois dessa. :) hahaha
Grande abraço e saudades!
Barretão, de LA
"Ou será que alguém abraçou os esforços de Charlie Wilson? Alguém ficou comovido? Ou se divertiu? Bom, eu não."
Nem eu.
E esqueci de comentar o título brazuca... JOGOS DO PODER, hein! Não foi o próprio Mike Nichols que fez aquele PRIMARY COLORS, que se chama SEGREDOS DO PODER no Brasil?
Será que querem encomendar uma TRILOGIA DO PODER ao diretor?
Tb achei um filmão Otávio, muito bem feito, roteirizado e interpretado, e isso que Hollywood precisa.
Eu quero ver o filme só por causa do Philip e também, pra ver se consigo apagar a imagem de Amy Adams cantarolando no Central park no filme Encantada...
Eu gostei do resultado, de forma geral. Não foi uma coisa acima da média, tanto que minha nota foi 6,5ou (***). Bom, Hanks obteve um bom trabalho e Hoffman então, nem se fala. O roteiro é um pouco omisso, mas ainda assim agradável. Roberts está linda.
Abraço!
A Muito tempo eu naum via um Longa tão interesante e intenso, mostrando a dificil vida dos paises de baixo escalão e sua dificil rotina para sobreviver...
Sabemos que tem muita ficção no filme...mais tem uma boa parte ali que é verdade!!
Adorei o filme!!
Postar um comentário
<< Home