Milk
Hollywood já apresentou vários filmes baseados em sagas de personagens reais (ou não) lutando por classes ou ideais que acabaram mudando a forma de muita gente pensar e agir. Não falo de algo romântico como Sindicato de Ladrões (1954), mas de sangue, suor e lágrimas que poderiam ser derramados em nosso dia-a-dia. Filmes como Norma Rae (1979), com os gritos de Sally Fields, e O Povo Contra Larry Flynt (1996), com a bagunça causada por Woody Harrelson. Ironicamente, a atual década ainda não tinha um grande filme abordando tal temática. Mas a energia e o carinho de Sean Penn e Gus Van Sant capturaram a essência dessa vontade de mudar o mundo em Milk - A Voz da Igualdade (Milk, 2008).
Aliás, que ator extraordinário e completo que é Sean Penn. É só lembrar de Tom Hanks, que interpretou um advogado homossexual vítima de preconceito em Filadélfia (1993). Embora discreto, assim como todos os personagens homossexuais do filme de Jonathan Demme, Hanks foi ótimo e mereceu seu Oscar. Agora, em Milk, veja como Sean Penn abraça o protagonista do filme de Gus Van Sant sem qualquer receio de chocar ou parecer exagerado. Sem qualquer artifício óbvio, Sean Penn não interpreta um ativista gay. Ele "É" gay neste filme. E um gay orgulhoso de ser quem ele é. E, principalmente, do que sua luta pode representar para outras pessoas. Seu Harvey Milk não é exatamente um herói, mas uma conseqüência da injustiça, do preconceito assumido na São Francisco dos anos 70. Ele é um homem comum e bondoso, que dá voz aos oprimidos. Sob o olhar de Gus Van Sant, Harvey Milk se torna político não para benefício próprio, mas para ajudar quem tem medo de sair do armário a ter o orgulho e a coragem de mudar o mundo. Com todo o respeito, mas é isso mesmo.
Confesso aqui a minha ignorância na saga de Harvey Milk. Quero dizer, antes do filme de Van Sant eu jamais havia lido ou escutado este nome. Ora, bolas! Se cada detalhe deste filme aconteceu na vida real, o sujeito merece uma estátua. Harvey Milk é o William Wallace dos gays. Não ria, pois estou falando sério. Essa é a magia do filme e a comprovação do poder de persuasão de um diretor contador de histórias que sempre viveu à margem de Hollywood, com seus corajosos projetos independentes, mas que mostra ser capaz de comandar um espetáculo de grande estúdio como se fosse um veterano. Em Milk, Gus Van Sant evoca um diretor da estirpe de um Milos Forman em seus melhores dias.
Aliás, que ator extraordinário e completo que é Sean Penn. É só lembrar de Tom Hanks, que interpretou um advogado homossexual vítima de preconceito em Filadélfia (1993). Embora discreto, assim como todos os personagens homossexuais do filme de Jonathan Demme, Hanks foi ótimo e mereceu seu Oscar. Agora, em Milk, veja como Sean Penn abraça o protagonista do filme de Gus Van Sant sem qualquer receio de chocar ou parecer exagerado. Sem qualquer artifício óbvio, Sean Penn não interpreta um ativista gay. Ele "É" gay neste filme. E um gay orgulhoso de ser quem ele é. E, principalmente, do que sua luta pode representar para outras pessoas. Seu Harvey Milk não é exatamente um herói, mas uma conseqüência da injustiça, do preconceito assumido na São Francisco dos anos 70. Ele é um homem comum e bondoso, que dá voz aos oprimidos. Sob o olhar de Gus Van Sant, Harvey Milk se torna político não para benefício próprio, mas para ajudar quem tem medo de sair do armário a ter o orgulho e a coragem de mudar o mundo. Com todo o respeito, mas é isso mesmo.
Confesso aqui a minha ignorância na saga de Harvey Milk. Quero dizer, antes do filme de Van Sant eu jamais havia lido ou escutado este nome. Ora, bolas! Se cada detalhe deste filme aconteceu na vida real, o sujeito merece uma estátua. Harvey Milk é o William Wallace dos gays. Não ria, pois estou falando sério. Essa é a magia do filme e a comprovação do poder de persuasão de um diretor contador de histórias que sempre viveu à margem de Hollywood, com seus corajosos projetos independentes, mas que mostra ser capaz de comandar um espetáculo de grande estúdio como se fosse um veterano. Em Milk, Gus Van Sant evoca um diretor da estirpe de um Milos Forman em seus melhores dias.
Mas Milk não é "somente" (e isso não é pouco) o resultado do entusiasmo de Gus Van Sant e Sean Penn. O filme nasce de um roteiro muito bem construído por Dustin Lance Black, que equilibra o tradicional e a ousadia. Além disso, não há como esquecer do elenco de apoio, que encara Milk com tanta união e dedicação, que a sensação transmitida é que Josh Brolin, Emile Hirsch (fantástico), Diego Luna e James Franco atuam como se este fosse o último trabalho de suas vidas. Milk também é a montagem precisa de Elliot Graham. É a trilha ora bonita, ora nervosa de Danny "Oingo Boingo" Elfman. É a fotografia de Harris Savides, que convida para uma verdadeira viagem no tempo, assim como a direção de arte magnífica de Bill Groom, Charley Beal e Barbara Munch, e o figurino de Danny Glicker, que fazem qualquer um se sentir parte do bairro do Castro, em São Francisco, na década de 70.
Triste, poderoso e carismático, Milk foi um dos melhores filmes de 2008. E espero que o tempo reconheça seu valor como bom cinema. O mesmo valor da luta de Harvey Milk, que pode crescer com o filme de Gus Van Sant e atingir um público mais abrangente com o significado da emocionante cena final. Milk não fala somente aos gays, mas a todas as minorias vítimas de preconceito. Fala diretamente com quem se sente por baixo e ainda não descobriu seu potencial. Se alguém aqui não concorda que uma pessoa é capaz de mudar o mundo, aposto que Milk fará você, pelo menos, pensar no assunto.
Milk - A Voz da Igualdade (Milk, 2008)
Direção: Gus Van Sant
Roteiro: Dustin Lance Black
Elenco: Sean Penn, James Franco, Emile Hirsch, Diego Luna, Alison Pill, Victor Garber, Denis O'Hare, Lucas Grabeel, Joseph Cross, Brandon Boyce, Kelvin Yu e Stephen Spinella
Triste, poderoso e carismático, Milk foi um dos melhores filmes de 2008. E espero que o tempo reconheça seu valor como bom cinema. O mesmo valor da luta de Harvey Milk, que pode crescer com o filme de Gus Van Sant e atingir um público mais abrangente com o significado da emocionante cena final. Milk não fala somente aos gays, mas a todas as minorias vítimas de preconceito. Fala diretamente com quem se sente por baixo e ainda não descobriu seu potencial. Se alguém aqui não concorda que uma pessoa é capaz de mudar o mundo, aposto que Milk fará você, pelo menos, pensar no assunto.
Milk - A Voz da Igualdade (Milk, 2008)
Direção: Gus Van Sant
Roteiro: Dustin Lance Black
Elenco: Sean Penn, James Franco, Emile Hirsch, Diego Luna, Alison Pill, Victor Garber, Denis O'Hare, Lucas Grabeel, Joseph Cross, Brandon Boyce, Kelvin Yu e Stephen Spinella
10 Comments:
Um filme brilhante. 5*
Cumps.
Roberto F. A. Simões
CINEROAD
Puxa vida, que bom que você gostou do filme! Estava vendo agora há pouco uma notícia na Tv, na qual Skinheads neonazistas torturaram uma brasileira grávida (com chutes e feridas de estilete) e conseguiram fazer com que ela perdesse os gêmeos que esperava... Isto é o que chamamos de intolerância. Só porque a moça era estrangeira.
No filme de Van Sant temos algo parecido, e quem conhece o destino de Harvey Milk sabe do que estou falando. Sem falar que só pelo trailer é possível ter idéia do nível de mentalidade das pessoas (não me esqueço daquela mulher sentada numa bancada, dizendo: "se reconhecermos direitos livres e civis para os gays, estaremos compactuando com ladrões e prostitutas, pois todos se pertencem ao mesmo círculo". Achei aquilo especialmente revoltante, e se quisermos um dia evitar notícias desagradáveis como a que citei no início do texto, devemos corrigir todo o tipo de mentalidade preconceituosa que existe neste mundo.
Ansioso para conferir "Milk".
E belíssima conslusão (seu último parágrafo diz tudo o que eu penso e mais um pouco).
Abraço, Otávio!
Sean Penn merece o Oscar, mesmo que minha torcida seja pelo último suspiro de Mickey Rourke. Harvey Milk já está na galeria de suas melhores interpretações e ao relembrar certas cenas, minha admiração por sua atuação aumenta cada vez mais. I want to recruit you. Gay Rights now!
Otavio, ainda não assisti "Milk", mas me interesso pelo filme justamente pelas razões que você cita no seu último parágrafo. Acho que este é um filme necessário e fico feliz de que tenha sido feito.
Beijos!
"Milk não fala somente aos gays, mas a todas as minorias vítimas de preconceito", exatamente! O que mais me encantou no filme foi justamente isso. Acho que desde já sou um dos maiores defensores de "Milk" (já acusado de "frio" por muitos) e gostei de saber que você também aprovou esse trabalho do Van Sant.
Roberto, o filme é brilhante sim!
Weiner, eu vivo no mundo da fantasia cinematográfica, mas acho que o cinema pode despertar certos valores básicos na sociedade. Valores há muito tempo esquecidos pela grande maioria. Mas isso vai de cada um.
Denis, gay rights now! Gay rights Now! Gay rights Now!
Kamila, acho que vc vai adorar o filme.
Vinicius, engraçada essa questão de "quente" e "frio". Digo, como cada um vê um filme, né? Eu vi uma narrativa fria numa história tão bonita quanto a de BENJAMIN BUTTON. E achei que MILK transborda emoção e sinceridade. E é, queira ou não, uma trama mais contundente, certo?
Abs!
Ai q saudade de saber quais filmes são bons em primeira mão! Beijos!
Outro filme de macho.
Otavio, tb era completamente ignorante com relacao ao Harvey Milk antes de ver o filme. Mas o filme (q adorei) me despertou a vontade de conhecer mais sobre ele. Vi um documentario, "The Times of Harvey Milk", recomendo se vc tb quiser saber um pouco mais sobre.
WOW...expectátivas subiram a mil. Mas já era de se esperar, vindo de Van Sant e com Penn no elenco. PROMETE!
Ciao!
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