quinta-feira, outubro 19, 2006

Pequena Miss Sunshine

A capa de uma das edições da revista Entertainment Weekly deste ano perguntou “Como uma produção independente do Festival de Sundance se tornou a maior surpresa do verão americano?”. Na primeira cena de Pequena Miss Sunshine (2006), observamos o olhar fixo de Olive Hoover (a extraordinária menina Abigail Breslin) com seus óculos imensos. Já dá para perceber que se trata de um filme sobre sonhos. Os minutos restantes da abertura apresentam cada integrante da família Hoover com pouquíssimos diálogos – o que também revela uma trama sobre ilusões. Até aparecer o título do filme e mais uma seqüência que acompanha um jantar tumultuado entre os Hoover, temos a prova de que é possível criar um elo entre a platéia na sala de cinema e os personagens na tela. Desse momento em diante, já somos parte da família e estamos prontos para a viagem que segue por todo o filme.

Há um talento notável no casal de diretores estreantes Jonathan Dayton e Valerie Faris para se contar uma história. Como marinheiros de primeira viagem, eles confiaram na interpretação do elenco para o excepcional roteiro de Michael Arndt. Então foi só empurrar, literalmente, a Kombi amarela e deixá-la rodar. Outro segredo de Pequena Miss Sunshine é que nenhum dos envolvidos tenta fazer o filme ser mais do que ele é – exatamente o que não acontece com a maioria das produções do verão americano (cheias de sonhos e ilusões). Acho que isso responde a pergunta da Entertainment Weekly.

O elenco de Pequena Miss Sunshine merecia um Oscar (se houvesse uma categoria para isso). Greg Kinnear é Richard Hoover, o chefe da família obcecado em vencer na vida, Toni Collette é Sheryl, sua esposa protetora e preguiçosa, e Steve Carell (cada vez melhor) é o Tio Frank, que tentou se suicidar após uma decepção amorosa. Alan Arkin é o vovô Edwin viciado em drogas, Paul Dano é o jovem Dwayne, que fez voto de silêncio até realizar o sonho de ser piloto. E, claro, Abigail Breslin é a adorável Olive, a menina que sonha em ser a Pequena Miss Sunshine em um concurso de beleza. Ela é o motivo da viagem dos Hoover na ridícula Kombi amarela em direção ao evento que fecha o filme.

É uma emocionante e divertida comédia que traz novas diretrizes para o sonho americano pós-11 de setembro. As idéias de winners e losers ficam em segundo plano. O filme mostra que não importa o tamanho do fracasso, mas sim quem está ao seu lado nessa hora. Decepções acontecem para nos fortalecer. Se a tal viagem não unir os Hoover, nada mais será capaz disso. É mesmo um pequeno grande filme. Tem tudo para trilhar o caminho vitorioso das comédias independentes Encontros e Desencontros (2003), de Sofia Coppola, e Sideways (2004), de Alexander Payne, nos prêmios de Hollywood.

Pequena Miss Sunshine (Little Miss Sunshine, EUA, 2006)
Direção: Jonathan Dayton e Valerie Faris
Elenco: Greg Kinnear, Toni Collette, Steve Carell, Alan Arkin, Paul Dano e Abigail Breslin

3 Comments:

At 8:16 PM, outubro 29, 2006, Blogger Poetrica said...

O Miss Sunshine é superestimado! Personagens ralos, estereotipados, me parece mais um filme que tenta *oficialmente* ser independente em hollywood, tanto que usa um elenco holywoodiano. Tenta colocar em cheque o american dream mas aaaacaba parttindo para um patético superficial, com personagens quadrados, sem nuancves, dos quais não se espera sutilezas nem surpresas. O que vale o filme é a cena das misses, pequenas mulhersinhas americanas, quase que uma paródia do filme, que ºe uma fábula enfeitada de fulme cult, com receita certa para ganhar Oscar. O Altman, com sua última noite, evoca com simplicidade e delicadeza a alma norteamericana, buscando raízes e melancolia no meio do nada. No Altman, o elenco hollywoodiano apenas não atrapalha, uma vez que qualquer ator seria bem dirigido pelo gênio.

 
At 8:16 PM, outubro 29, 2006, Blogger Poetrica said...

O Miss Sunshine é superestimado! Personagens ralos, estereotipados, me parece mais um filme que tenta *oficialmente* ser independente em hollywood, tanto que usa um elenco holywoodiano. Tenta colocar em cheque o american dream mas aaaacaba parttindo para um patético superficial, com personagens quadrados, sem nuancves, dos quais não se espera sutilezas nem surpresas. O que vale o filme é a cena das misses, pequenas mulhersinhas americanas, quase que uma paródia do filme, que ºe uma fábula enfeitada de fulme cult, com receita certa para ganhar Oscar. O Altman, com sua última noite, evoca com simplicidade e delicadeza a alma norteamericana, buscando raízes e melancolia no meio do nada. No Altman, o elenco hollywoodiano apenas não atrapalha, uma vez que qualquer ator seria bem dirigido pelo gênio.

 
At 9:54 AM, maio 12, 2009, Anonymous Anônimo said...

Discordo do comentário acima.
Puro recalque!
O filme é excelente!

 

Postar um comentário

<< Home