Perigosos somos nós
Tentei ignorar o fato neste blog, mas assim não dá. É impossível deixar isso passar, quando tem muita gente culpando o cinema por causa do ato selvagem de um único maluco.
Cho Seung-hui, estudante que matou mais de 30 pessoas antes de cometer suicídio no campus do Instituto Tecnológico da Virgínia (Virginia Tech), no dia 16 de abril, disparou mais de 170 vezes durante os nove minutos de duração do ataque no prédio de engenharia da universidade. Quando um professor de Virginia Tech levantou a hipótese de que o infeliz agiu inspirado pelo filme coreano Oldboy, muita gente voltou a comentar que o cinema tem culpa no cartório. E olha que realmente brigam por essa teoria.
Vejam só: o tiroteio de Virginia superou o número de mortos na escola de Columbine, no Colorado, em 1999. Daquela vez, os intelectuais de plantão tentaram culpar Matrix, já que os assassinos eram fãs da ficção científica dos irmãos Wachowski. No mesmo ano, aqui no Brasil, um doido invadiu um cinema do Morumbi, em São Paulo, e atirou para todos os lados. Além da tragédia, o cara tinha que entrar exatamente na sala que exibia Clube da Luta, a análise ultra cool de David Fincher sobre o stress. O filme que acabava de chegar aos cinemas do país foi manchado pelo ato e banido de várias salas.
A discussão sobre a exibição da violência e suas conseqüências é antiga. Os filmes não têm culpa. Quando um lunático como Cho Seung-hui faz algo assim, uma explicação plausível para os fatos alivia a tensão do povo. Então, uma obra de arte surge como resposta ou, melhor, uma espécie de bode expiatório. Mas embora façam parte de nossas vidas e sonhos, os filmes não têm culpa. Taxi Driver, Laranja Mecânica, Assassinos por Natureza, Oldboy, Clube da Luta, Cães de Aluguel, Os Infiltrados ou Pulp Fiction não são perigosos. Nós somos. Muitos filmes violentos surgem como reflexo da realidade e não o contrário. Por exemplo, Caminhos Perigosos, de Martin Scorsese é baseado em suas próprias experiências em uma Nova York violenta. Filme é arte. Algumas pessoas são loucas. Não se deve calar a arte por causa de gente que não bate bem. Infelizmente, as opiniões ficam divididas. Como em qualquer outro assunto.
A famosa crítica norte-americana Pauline Kael disse certa vez: "Como se pode continuar falando no brilho fascinante de certos filmes sem perceber que seus diretores estão adulando os canalhas selvagens na audiência?". As pessoas são assim mesmo. Deixando de lado os filmes violentos, O Código Da Vinci provocou a ira da Igreja Católica e os primeiros Harry Potter foram acusados de incentivar à bruxaria (!). Essas opiniões sempre existirão. Mas há diferença entre ficção e realidade. Você nunca ouviu dos seus pais ou parentes para não imitar o Superman e não pular pela janela? Gente, desenhos também são terríveis: Tom & Jerry é violento demais, e o Pica-Pau é um sujeito malvado... Se um maluco se atirar de uma montanha com sua bicicleta, a culpa não é de E.T. Se eu levar um tiro na testa depois que a porta do elevador se abrir, a culpa não é de Os Infiltrados. Se você entendeu esse texto, espalhe para as “crianças” que filme é arte. Ou melhor, diga que é tudo “de mentirinha”.
A discussão sobre a exibição da violência e suas conseqüências é antiga. Os filmes não têm culpa. Quando um lunático como Cho Seung-hui faz algo assim, uma explicação plausível para os fatos alivia a tensão do povo. Então, uma obra de arte surge como resposta ou, melhor, uma espécie de bode expiatório. Mas embora façam parte de nossas vidas e sonhos, os filmes não têm culpa. Taxi Driver, Laranja Mecânica, Assassinos por Natureza, Oldboy, Clube da Luta, Cães de Aluguel, Os Infiltrados ou Pulp Fiction não são perigosos. Nós somos. Muitos filmes violentos surgem como reflexo da realidade e não o contrário. Por exemplo, Caminhos Perigosos, de Martin Scorsese é baseado em suas próprias experiências em uma Nova York violenta. Filme é arte. Algumas pessoas são loucas. Não se deve calar a arte por causa de gente que não bate bem. Infelizmente, as opiniões ficam divididas. Como em qualquer outro assunto.
A famosa crítica norte-americana Pauline Kael disse certa vez: "Como se pode continuar falando no brilho fascinante de certos filmes sem perceber que seus diretores estão adulando os canalhas selvagens na audiência?". As pessoas são assim mesmo. Deixando de lado os filmes violentos, O Código Da Vinci provocou a ira da Igreja Católica e os primeiros Harry Potter foram acusados de incentivar à bruxaria (!). Essas opiniões sempre existirão. Mas há diferença entre ficção e realidade. Você nunca ouviu dos seus pais ou parentes para não imitar o Superman e não pular pela janela? Gente, desenhos também são terríveis: Tom & Jerry é violento demais, e o Pica-Pau é um sujeito malvado... Se um maluco se atirar de uma montanha com sua bicicleta, a culpa não é de E.T. Se eu levar um tiro na testa depois que a porta do elevador se abrir, a culpa não é de Os Infiltrados. Se você entendeu esse texto, espalhe para as “crianças” que filme é arte. Ou melhor, diga que é tudo “de mentirinha”.
12 Comments:
Concordo com vc, Otavio. Realmente parece que o maluco se inspirou em Oldboy, mas se não fosse isso, seria outro filme, ou uma música, ou um livro, ou qualquer outra coisa. O problema não é a inspiração, mas sim a cabeça doentia do cara. Culpar o filme seria como culpar a arma. Armas não matam, pessoas matam.
Bjs
Tsssskkkk Culparam "OldBoy"?!? Minha nossa...Eu nao consigo nem entender o paralelo entre o filme e o crime que o garoto cometeu..a nao ser o fato de que o filme eh sul-coreano e o louco...tb?
Gosto de todos esses filmes "violentos" que vc citou aqui, alias..adoooro um bang-bang e o teor de "violencia-glamour" que certos filmes possuem, mas nao vou sair por aih atirando nas pessoas..
Como eu jah disse no post de "Clube da Luta" lah no Museu do Cinema, a culpa nao eh do cinema. Maior hipocrita esse professor..
Bom fds
^^
Falou o que tinha que ser dito....
muitos filmes realmente se inspiram na realidade que nós mostramos, então se o filme é violento é porque "algo" o inspirou!
Eu acho ridiculo culpar o cinema, na minha opinião serve como desculpas, pois não sabem como solucionar esse tipo de fato imprevisto!
Abraço cara...
http://eco-social.blogspot.com/
Cada maluco que aparece... e ainda culpam os filmes! Ótimo texto!
Esse é o típico discurso dos sociólogos de plantão q vêem tudo na superficialidade sem entender a mínima o q está nas entrelinhas de obras tão importantes como Clube da Luta(sim,vc tem razão.Aqui no Brasil se criou uma demonização do filme na época injustificada)ou mesmo os filmes de Tarantino e Scorsese.Se um sujeito toma como base algum filme para cometer atos como os q vc citou é certo de q algo já se apresenta errado em suas condutas e criação.
Desde o início achei uma bobagem colocarem a "culpa" do que aconteceu no cinema. Como a Flávia disse, ele pode até ter se inspirado em "Oldboy", mas a culpa do ocorrido é de sua mente doentia, não do filme.
Belo post! Abraço.
Eu até acho normal, o problema é que ninguém culpa os livros, a biblia, as artes em geral.
A violência é parte de nós, Ghandi já dizia que o homem é ó único animal que não produziu uma arma natural de defesa.
Essa frase diz muita coisa, e culpar o cinema, é só nossa incapacidade de nos culparmos por vivermos num mundo onde Cho Seung-hui nasceu.
Otavio, belíssimo texto. Idiotice das autoridades mundiais sempre creditarem a culpa a algum filme. Dessa vez foi Oldboy, qual será o próximo? Para mim, ninguém tira isso da minha cabeça, quiseram tirar onda com a cara do oriental e ele foi às vias de fato. Até o caso de Columbine, eu acredito que aqueles dois rapazes sofriam preconceito e ouviam piadinhas medíocres de colegas de classe. Ainda mais num país como os EUA onde popularidade é tudo.
(http://claque-te.blogspot.com): O Céu de Suely, de Karim Ainouz.
"Se eu levar um tiro na testa depois que a porta do elevador se abrir, a culpa não é de Os Infiltrados."
Acho que eu nem preciso acrescentar nada, né?
abs!
Essa falsa polêmica de que cinema influência a violência torra o saco de qualquer admirador da sétima arte que se preze. Se as coisas continuarem como estão, amizade obsessiva com conseqüências drásticas será culpa de “Mulher Solteira Procura”, suicídio de alguma escritora foi por culpa de “Sylvia – Paixão Além das Palavras” e sintomas de dupla personalidade foi com o incentivo do persona Norman Bates. Exemplos exagerados que um dia possam se concretizar...
Obrigado, pessoal! Bom feriado a todos!
Abs!
Otávio, concordo com você neste assunto polêmico do imbecil que matou pessoas nos EUA.
Quer dizer então que se eu asistir um filme pornô eu vou agarrar uma mulher na rua?
Se realmente as pessoas são influenciadas pelos filmes, então que os diretores só produzam comédia,assim ninguém mata ninguém e viveremos todos felizes!
Imagine se fôssemos ao cinema, sala lotada, 300 pessoas, e todas influenciadas pelo filme resolvem atirar adoidado.
Seria melhor fechar as salas de cinema né?
Não se sabe exatamente o que leva uma pessoa a fazer uma loucura destas, alguma falha em sua criação, com certeza.
Mas culpar os filmes, como tu mesmo disseste, é achar um bode expiatório.Uma vergonha que pessoas que tem o privilégio de divulgar sua opinião a façam afirmando que os filmes são culpados.É sim, atestado de burrice.
Finalizando, vendo a Kristen Dunst com cabelos loiros, por que não colocaram ela como Gwen Stacy?
Abraços!
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