sexta-feira, abril 13, 2007

O Problema Grindhouse


A mania da semana foi comentar o fracasso de bilheteria de Grindhouse nos EUA. O terror trash dividido em dois filmes dirigidos por Quentin Tarantino e Robert Rodriguez dura mais de três horas e rendeu apenas US$ 11,6 milhões em seu final de semana de estréia nos EUA. E daí?

A imprensa divulgou diversas desculpas ou explicações da produtora Weinstein Company, enquanto o New York Times comentou o próprio conceito de Grindhouse – salas de cinema dos anos 70 com sessões duplas de filmes trash. Podres mesmo. Nesses lugares, o bom comportamento do público durante a projeção nunca foi uma regra. Pessoas entravam e saiam da sala sem cerimônia alguma, enquanto o filme continuava com trailers entre uma sessão e outra. Sem falar nas falhas de rolo. A idéia do Grindhouse de Tarantino e Rodriguez parece que não foi compreendida pela massa atual. O diretor de Pulp Fiction e Kill Bill filmou uma das partes: Death Proof. Dizem que é melhor do que a metade chamada Planet Terror, de Rodriguez.

Na verdade, as notícias de que Harvey Weinstein confiou na dupla que apoiou por tanto tempo, parecem uma espécie de contra-ataque ao ex-chefão da Miramax. Durante a década de 90, seu estúdio foi rotulado de “Papa-Oscar”. As campanhas eficientes da Miramax resultaram em estatuetas de Melhor Filme para produções fracas como Shakespeare Apaixonado, ou no exagerado número de nove indicações para um filme apenas modesto como Gênio Indomável. Muita gente ficou irritada na indústria e na imprensa. Agora, Weinstein fracassou e chegou a hora de cair em cima dele. De qualquer forma, parece que ele errou em algumas decisões mesmo: cinemas especializados em filmes B ou o Grindhouse Festival, de Portland, em Oregon, foram ignorados pelo executivo e não puderam exibi-lo.

Só pode ser essa a explicação para detonar o resultado de Grindhouse, porque não importa se o grande público vai aceitar a produção. Ou se a crítica norte-americana não gostou. Tarantino jamais fez estrondosos sucessos de bilheteria. Qual é o problema? É realmente patético fazer uma análise de um filme tomando como ponto de partida o seu retorno financeiro. Se ainda fosse um fracasso de Piratas do Caribe ou Homem-Aranha 3... Kill Bill, por exemplo, levou os fãs de Tarantino aos cinemas, mas a bilheteria dos dois volumes nunca ameaçou o reinado de Titanic nos cifrões. Tarantino, Rodriguez, essa gente é cult.

Antes da estréia nos EUA, Harvey Weinstein decidiu adotar a estratégia de lançar as duas partes de Grindhouse em datas distintas no mercado externo, incluindo o Brasil. Agora, ele pretende relançar Grindhouse neste formato nos EUA, mas em plena temporada do verão norte-americano. Em maio, Cannes será outra plataforma, onde Death Proof, de Tarantino, concorre à Palma de Ouro.

Se a salvação de Grindhouse está no restante do mundo, as datas de estréia ainda não foram confirmadas no Brasil. O primeiro dos dois filmes seria lançado em agosto ou setembro. Três meses depois, chegaria a "seqüência". Mas a boa notícia é a possível vinda de Quentin tarantino e Robert Rodriguez ao Brasil para divulgá-los. A Europa Filmes já adiantou que alguns cinemas brasileiros devem ter sessões duplas de Grindhouse, após o lançamento do pacote completo.

Ou seja, qual é o motivo para tanto barulho negativo? Dinheiro? Vingança contra Harvey Weinstein? O que importa é garantir a exibição dos dois Grindhouse para os fãs. Só isso. Mas seria pedir uma compreensão inexistente na cabeça dos executivos de Hollywood. E desta vez, parece que a imprensa norte-americana caiu na armadilha dos estúdios – a de julgar um filme por sua bilheteria. Depois não adianta reclamar.

10 Comments:

At 7:43 PM, abril 13, 2007, Blogger Kamila said...

Acho um grande erro de estratégia por parte dos irmãos Weinstein lançar o filme "Grindhouse" em duas partes no resto do mundo. Uma coisa é o filme não funcionar em um país, mas quem sabe o formato não funcione em outras partes do mundo? Acho que o grande problema foi apostar que esse filme seria um grande sucesso de bilheteria. O público dele não é aquele que gosta de filme-pipoca, e sim pessoas interessadas em cinema e que gostam de ver experiências novas.

Veremos se essa decisão se mostrará a mais correta mais na frente...

Bom final de semana!

 
At 11:37 PM, abril 13, 2007, Anonymous Anônimo said...

Não entendi o fracasso do filme entre os americanos (que preferiram "Blades of Glory", errrr...). Espero que todos nós vejamos as duas versões de "Gindhouse", não apenas os dois segmentos separados. Dizem mesmo que "Planet Terror" é melhor que "Death Proof", por isso acho que suas chances em Cannes são poucas. Não sei se esse relançamento nos EUA vai dar certo, mas tomara que sim...

Té mais!

 
At 11:44 PM, abril 13, 2007, Blogger Museu do Cinema said...

Fazer o que né? O dinheiro sempre falou mais alto em Hollywood!

 
At 5:07 PM, abril 14, 2007, Anonymous Anônimo said...

O problema está no grande público. A verdade é que Tarantino e Rodriguez são para poucos. E ponto final.

abs!

 
At 1:28 AM, abril 15, 2007, Blogger Wiliam Domingos said...

Infelizmente os executivos de Hollywood visam bilheterias! Este realmente é o problema do cinema americano. Por isto o cinema esta cheio de filmes padrões, comuns, que agradam a grande massa das pessoas, inves de filmes alternativos, críticos, novos...
Grindhouse tem vários motivos pelo fracasso de bilheterias, como a censura alta, o estilo trash (que não agrada muitos)...
Eu estou ansioso para conferir esta proposta!
Abraços

Visite: http://eco-social.blogspot.com/

 
At 8:23 AM, abril 15, 2007, Anonymous Anônimo said...

Acho complicado num momento em que o cinema vive de apuro técnico e efeitos especiais em demasia, a dupla Tarantin/Rodriguez conseguir vender essa proposta de um filme nostálgico trash com falhas na cópia e etc e tal. O público americano é muito cheio de regras (quantos não viram The Passion, de Mel Gibson, por que era dublado em outra língua). Certeza mesmo é que eu só vou ver em DVD. Não caio nessa armadilha dos filmes separados nunca mais (aprendi muito com Kill Bill).

(http://claque-te.blogspot.com): A Pele, de Steven Shainberg.

 
At 11:50 AM, abril 15, 2007, Blogger Wanderley Teixeira said...

Realmente naum tem nem sentido se julgar Grindhouse por bilheteria.Todos sabem q apesar de naum serem dramas independentes ou filmes para o Oscar,essa proposta de Tarantino e Rodriguez nunca iria faturar horrores.Mas q Weinstein merecia apodrecer por suas campanhas para o Oscar no fim da década de 90 merecia...

 
At 9:51 AM, abril 16, 2007, Blogger Túlio Moreira said...

Alguém aí sabe a que pé está Inglorious Bastards?

 
At 11:53 AM, abril 16, 2007, Blogger Museu do Cinema said...

Túlio, Tarantino irá desenvolver e finalizar o roteiro de Inglorious durante a viagem de promoção de Grindhouse, o jeito que ele mais gosta de fazer e que saiu Pulp Fiction.

 
At 1:55 PM, abril 18, 2007, Anonymous Anônimo said...

Infelizmente o povo não entendeu a idéia do duplo-longa, o que é triste, visto que por causa desse fracasso (que na minha opinião não foi) os filmes terão de ser divididos, tanto nos EUA quanto aqui no Brasil, que corre o risco até mesmo de sair diretamente em DVD.

Uma pena, pois parece ser uma sessão inesquecível.

 

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