Noivo Neurótico, Noiva Nervosa
Acho que todo mundo já viveu alegrias e tristezas no amor. Nas telas do cinema, Woody Allen sabe representar as neuroses e a complexidade dos relacionamentos amorosos como ninguém. Acho que se todo mundo estudasse direitinho a cartilha que Woody preparou durante os anos 70 e 80, as dores de cotovelo seriam reveladas em índices menores.
Não que ele mostre soluções fáceis para o fim do sofrimento nos romances, mas elas estão lá. Principalmente em seus três melhores trabalhos: Annie Hall (ou Noivo Neurótico, Noiva Nervosa), Manhattan e Hannah e Suas Irmãs. Nesses dois últimos, Woody apresenta conclusões românticas para quebrar a análise contundente do teatro da vida real em Annie Hall (1977). Acho que essa é a comédia romântica mais direta, profunda e estudiosa da mente humana no cinema.
Há 30 anos, o filme revelou Woody de uma vez por todas para o mundo. Ele interpreta Alvy Singer e Diane Keaton é Annie Hall. Pode-se dizer que o casal não pára de falar o filme inteiro. Muitos dizem que o segredo para um bom relacionamento é manter o diálogo vivo. Woody mostra que não existem regras, afinal Alvy e Annie podem dar certo ou errado, mesmo não parando de falar nem por um segundo. Em algumas cenas, Alvy conversa com Annie e a platéia ao mesmo tempo. O filme viaja entre ficção e realidade em um piscar de olhos – Alvy invade sua mente, mas não para compreender a si próprio. Ele só quer criticar fantasmas do passado (ex-namoradas e parentes), que o transformaram na pessoa que ele é. Por causa deles, visita um psiquiatra por 15 anos e vive cada minuto comentando suas próprias ações. Há essa análise constante que, na verdade, aponta soluções para seus problemas.
Annie é mais madura, como a maioria das mulheres, e encara tudo com mais clareza. Ainda assim, parece a alma gêmea de Alvy. Mesmo com tudo para dar certo, o casal procura imperfeições na perfeição. Nesta comédia romântica, não há ninguém que represente uma ameaça para seu relacionamento. Há somente Annie, Alvy e Nova York. Bom, talvez a ida do casal a Los Angeles represente a crise derradeira. Naquela época de ouro de Woody Allen, deixar Nova York para trás significava a morte. Ou seja, o filme se chama Annie Hall, mas é muito mais sobre Alvy Singer.
Certa hora, ele testa atores para uma peça autobiográfica e ensaia um final feliz para seu romance com Annie. Alvy comenta com a platéia que aquilo ali não é realidade, então, ele tem o direito de fazer o seu final feliz. De qualquer forma, a visão do filme é otimista. Por que um conhece as qualidades do outro enquanto não existe um relacionamento amoroso? Por que os defeitos de cada um brotam durante um namoro? Por que nunca aprendemos mesmo com filmes como Annie Hall diante de nós? É como Alvy diz na cena final: “Eu penso naquela velha piada. Tem esse cara que vai ao psiquiatra e fala ‘Doutor, meu irmão pensa que é um frango’. O médico responde ‘Por que você não o convence disso?’ e o sujeito devolve ‘Eu poderia fazer isso, mas então eu precisaria de ovos’. Acho que é mais ou menos sobre como vejo os relacionamentos, sabe? Totalmente irracionais, loucos e absurdos e... Acho que continuamos neles porque a maioria de nós precisa dos ovos”.
Não que ele mostre soluções fáceis para o fim do sofrimento nos romances, mas elas estão lá. Principalmente em seus três melhores trabalhos: Annie Hall (ou Noivo Neurótico, Noiva Nervosa), Manhattan e Hannah e Suas Irmãs. Nesses dois últimos, Woody apresenta conclusões românticas para quebrar a análise contundente do teatro da vida real em Annie Hall (1977). Acho que essa é a comédia romântica mais direta, profunda e estudiosa da mente humana no cinema.
Há 30 anos, o filme revelou Woody de uma vez por todas para o mundo. Ele interpreta Alvy Singer e Diane Keaton é Annie Hall. Pode-se dizer que o casal não pára de falar o filme inteiro. Muitos dizem que o segredo para um bom relacionamento é manter o diálogo vivo. Woody mostra que não existem regras, afinal Alvy e Annie podem dar certo ou errado, mesmo não parando de falar nem por um segundo. Em algumas cenas, Alvy conversa com Annie e a platéia ao mesmo tempo. O filme viaja entre ficção e realidade em um piscar de olhos – Alvy invade sua mente, mas não para compreender a si próprio. Ele só quer criticar fantasmas do passado (ex-namoradas e parentes), que o transformaram na pessoa que ele é. Por causa deles, visita um psiquiatra por 15 anos e vive cada minuto comentando suas próprias ações. Há essa análise constante que, na verdade, aponta soluções para seus problemas.
Annie é mais madura, como a maioria das mulheres, e encara tudo com mais clareza. Ainda assim, parece a alma gêmea de Alvy. Mesmo com tudo para dar certo, o casal procura imperfeições na perfeição. Nesta comédia romântica, não há ninguém que represente uma ameaça para seu relacionamento. Há somente Annie, Alvy e Nova York. Bom, talvez a ida do casal a Los Angeles represente a crise derradeira. Naquela época de ouro de Woody Allen, deixar Nova York para trás significava a morte. Ou seja, o filme se chama Annie Hall, mas é muito mais sobre Alvy Singer.
Certa hora, ele testa atores para uma peça autobiográfica e ensaia um final feliz para seu romance com Annie. Alvy comenta com a platéia que aquilo ali não é realidade, então, ele tem o direito de fazer o seu final feliz. De qualquer forma, a visão do filme é otimista. Por que um conhece as qualidades do outro enquanto não existe um relacionamento amoroso? Por que os defeitos de cada um brotam durante um namoro? Por que nunca aprendemos mesmo com filmes como Annie Hall diante de nós? É como Alvy diz na cena final: “Eu penso naquela velha piada. Tem esse cara que vai ao psiquiatra e fala ‘Doutor, meu irmão pensa que é um frango’. O médico responde ‘Por que você não o convence disso?’ e o sujeito devolve ‘Eu poderia fazer isso, mas então eu precisaria de ovos’. Acho que é mais ou menos sobre como vejo os relacionamentos, sabe? Totalmente irracionais, loucos e absurdos e... Acho que continuamos neles porque a maioria de nós precisa dos ovos”.
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen e Marshall Brickman
Elenco: Woody Allen, Diane Keaton, Tony Roberts, Carol Kane, Paul Simon, Shelley Duvall, Janet Margolin, Colleen Dewhurst, Donald Symington e Christopher Walken
Elenco: Woody Allen, Diane Keaton, Tony Roberts, Carol Kane, Paul Simon, Shelley Duvall, Janet Margolin, Colleen Dewhurst, Donald Symington e Christopher Walken
8 Comments:
Eu sou uma romântica incurável e adoro filmes de romance, pois eles me relembram que o amor existe, sim.
"Annie Hall" é um ótimo filme e, o melhor, trata o amor real. Não o amor idealizado da maioria dos filmes.
Adorei esse post, Otávio.
Pareço o personagem de Woody Allen quando moleque em Annie Hall. A mãe o leva a um analista. O moleque deprimido porque o universo está se expandindo. "Você mora no Brooklyn. O Brooklyn não está se expandindo!", ela afinal argumenta, desesperada. // GRANDE ESCRITOR ANDRÉ DE LEONES
Gostei do texto, Otavio, mas faz um tempao que eu vi esse filme, preciso reve-lo qualquer dia desses... Adoro a Diane Keaton no filme, lembro de uma fala engracada e sem sentido dela, uma especie de onomatopeia..sei lah rsrsrs.. E tb adoro o visual dela no filme (essa foto que vc postou diz tudo). E o Woody Allen? Neurotico ontem, hj e sempre hehehe
Grande lembrança Otávio, adoro o Woody Allen, concordo com os 3 ótimos filmes, Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, Manhattan e Hannah e Suas Irmãs, mas para ser os melhores do Allen tinha que ter Matchpoint.
Allen é um dos diretores (roteiristas) que mais gosto justamente por se prender nessa criatura complexa que somos nós de uma maneira que só poderia dar certo: contando (e enfeitando) as experiências dele nos trabalhos que faz (com poucas exceções). Adoro Annie Hall por me identificar com o personagem, por saber que minhas reações e pensamentos já passaram muito próximas (ou foram exatamente iguais) às de Alvy.
Muito bom o texto ^^
Romeika, seria o famoso LA-DI-DA, LA-DI-DA, LA-LA?
Obrigado, Kamila! Valeu, Luciano! Tulio, essa parte é hilária. Cassiano, eu citei meus três favoritos. Ou meus três favoritos do Woody Allen romântico... Mas MATCH POINT é um filmaço.
Abs a todos!
Otavio, eh isso mesmo!!
hehehe
Acho que vc precisa me emprestar esse tb...
Bjs!
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