John Hughes, o Rei das Comédias dos Anos 80
Homenagem do HOLLYWOODIANO, e outros blogs legais de cinema,
ao diretor falecido no início de agosto
ao diretor falecido no início de agosto
Os anos 80 podem ter sido o maior barato, mas não foram fáceis. Se você viveu intensamente aquela época de roupas coloridas, penteados esquisitos e maquiagens cafonas, certamente viu (e compreendeu) os filmes do diretor, produtor, roteirista - e algumas vezes ator e compositor - John Hughes. Falecido no último dia 06 de agosto, o cineasta tentou traduzir as mudanças da década de 80 para pais e filhos, afetados por um período agressivo de transição política e cultural.
Foi a época em que o capitalismo dominou os países em desenvolvimento, inaugurando a cultura voltada para o consumo. Por isso mesmo, a geração revolucionária das décadas passadas enfrentou uma dificuldade danada em educar os próprios filhos, alvos da revanche do governo contra os arquitetos dos protestos dos 60 e 70. A vingança é um prato que se come frio e pais com seus idealismos viram seus filhos crescerem alienados e confusos com a chegada dos videogames e os computadores. Houve muita informação para uma geração ainda na idade da pedra do raciocínio tecnológico.
Passar adiante foi uma dificuldade para os jovens da época. Os pais, que entendiam tudo isso muito menos que seus filhos, só sabiam cobrar responsabilidade e comportamento com seus métodos já ultrapassados. No meio de toda essa loucura, o jovem só queria ver o tempo passar, ouvir sua música, namorar, curtir a vida adoidado e se desgrudar da realidade.
Mas filmes como Gatinhas e Gatões (1984), Clube dos Cinco (1985) e Curtindo a Vida Adoidado (1986) tentaram explicar ao jovem o que estava acontecendo. O autor/diretor John Hughes pensou em fazer filmes SOBRE adolescentes e não PARA adolescentes. O cineasta mostrou que entendia o jovem e como deveria ser o seu papel no mundo ao analisar seu comportamento em temas como amor, sexo, educação, trabalho, família e a busca pela felicidade (de preferência, antes que a vida adulta chegue).
E como é impossível entender o jovem sem olhar para a família, Hughes fez filmes como Antes Só do que Mal Acompanhado (1987) e Quem Vê Cara Não Vê Coração (1989). Para o cineasta, a família pode ser formada por parentes, claro. Mas, sobretudo, por amigos. E não há nada como um amigo de verdade para dar a você uma sensação incondicional de conforto e compreensão.
Entre o drama e a comédia, Hughes desvendou a América dos anos 80. Tentou unir pais, filhos e amigos. Quem não pegou isso na época, ainda tem tempo para rever a filmografia do cineasta, que fez muita gente que eu conheço gostar de cinema. E sou um deles.
Abaixo, veja alguns testemunhos de fãs do rei das comédias da década de 80. São visões particulares e emocionantes de amigos deste blog, que reafirmam: sem dúvida nenhuma, seja como diretor, produtor ou roteirista, John Hughes foi um dos mestres que definiu uma geração.
Otavio Almeida / Hollywoodiano
ANTES SÓ DO QUE MAL ACOMPANHADO
(Direção, produção e roteiro de John Hughes)
Pedro Henrique / Tudo é Crítica
As idiossincrasias dos ianques transformadas em divertido filme de comédia. Não há antagonismos, tampouco herói ou vilão. John Hughes fez um filme que explora a solidão humana, mas o faz com muito bom humor e propriedade, afinal ele era o filósofo da puberdade. Antes Só do que Mal Acompanhado é aquele tipo de filme que nos faz lembrar do porque vamos ao cinema.
CLUBE DOS CINCO
(Direção, produção e roteiro de John Hughes)
Denis Torres / Cinemaníaco
Em Clube dos Cinco, os jovens são vistos como eles são: problemáticos e conflituosos. Há pouca ou quase nenhuma idealização do chamado "típico jovem americano". O que contribuiu imensamente para o sucesso deste filme foi a química perfeita entre os cinco atores principais. Porém, nenhum deles teve uma carreira promissora, exceto por Emilio Estevez. Clube dos Cinco foi feito com sinceridade, abertura e sem o selo de politicamente correto. Hoje, até se fazem filmes mais abusados, mas não há uma preocupação com o lado psicológico dos jovens. A música do Simple Minds, Don´t You Forget About Me, fecha com chave de ouro todo o clima mágico e nostálgico que o filme proporciona.
CURTINDO A VIDA ADOIDADO
(Direção, produção e roteiro de John Hughes)
Cassiano Sairaf / Museu do Cinema
A vida passa muito depressa. Não devemos nos levar tão a sério. Existem dois tipos de pessoas nesta vida: aqueles que fazem acontecer e aqueles que perseguem os que fazem acontecer. Qual você quer ser? Nunca se vai longe demais. Nenhum problema é tão grande quanto nossa capacidade de se divertir. Se não pararmos de vez em quando para curti-la, a vida escapa de nossas mãos.
ESQUECERAM DE MIM
(Produção e roteiro de John Hughes)
Vinícius Pereira / Blog do Vinicius
Muitos podem se perguntar como um filme tão ingênuo como Esqueceram de Mim faz tanto sucesso até hoje, mas a resposta não é tão difícil de ser encontrada: são poucas as produções que conseguem manter a magia mesmo após inúmeras revisões. Hughes, que produziu e roteirizou o longa, fez desse filme um dos clássicos da época do Natal numa trama que mostra como um garoto consegue se defender sozinho de dois ladrões quando é acidentalmente deixado sozinho em casa durante o feriado. Uma história simples, mas que Hughes desenvolveu com a paixão de um realizador que sabia como atingir de forma perfeita todos os públicos possíveis.
FÉRIAS FRUSTRADAS
(Roteiro de John Hughes)
Kamila Azevedo / Cinéfila Por Natureza
Dos muitos filmes realizados por John Hughes que tinham a cara da Sessão da Tarde, poucos são uma diversão bobinha tão de qualidade quanto os longas da série Férias Frustradas. Apesar da falta de variabilidade do roteiro, que seguia sempre a família do personagem interpretado por Chevy Chase em busca de férias tão meticulosamente planejadas, mas que sempre acabavam... frustradas, o filme possui um carisma próprio e um charme todo peculiar. O segredo para o sucesso com o público: a capacidade de Hughes de criar situações com as quais podemos nos identificar. E é impossível não ficar torcendo, no final, para que tudo dê certo.
MULHER NOTA 1000
(Direção e roteiro de John Hughes)
Fabio Rockenbach / Cinefilia
John Hughes, alma de menino preso em corpo de adulto, tinha a peculiar capacidade de falar direto ao seu público sem ceder a histrionismos visuais que tanto marcaram a comédia dos anos 80. A trama de Mulher Nota 1000 é tão esdrúxula que se torna um banquete para os sentidos, desligados da sempre rígida realidade. Nerds usando sutiã na cabeça e espinhas na cara tendo, de repente, um mulherão perfeito, criado à base de uma seleção rigorosa nas revistas de mulher pelada escondidas embaixo da cama ou dentro da gaveta? É o tipo de comédia que só cabe em uma época específica, aquela em que Hughes falou direto aos anseios, hábitos e desejos dos adolescentes. Foi o paizão deles. Estamos órfãos.
13 Comments:
ele é um mestre!
Maravilhosa homenagem! Adorei os comentários.
Muito bom! Eu nem sabia que todos esses filmes eram dele... Praticamente todos os filmes que marcaram a Sessão da Tarde e que trazem inúmeras boas lembranças.
Ontem li uma frase cretina de um crítico que dizia: "o filme x é antipipoca, antimultiplex e, portanto, arte". Acho muito legal valorizar o trabalho de pessoas que fazem filmes (ou música ou livros) divertidos e despretensiosos, porque no final são essas pessoas que criam as obras mais presentes nas nossas vidas. E porque isso não seria arte?
Ficou ótimo Otávio!
Gostei do que o Vinicius e a Kamila falaram!
Obrigado, pessoal! E agradeço aos amigos Pedro, Denis, Cassiano, Fabio, Kamila e Vinicius.
Abs!
Realmente, é um cineasta que fará falta. Mas susa comédias sempre estarão vivas em nossos corações.
Bela homenagem e vida longa a Hughes! ;)
Excelente ideia, Otávio. Parabéns! Adorei o comentário do Denis, genial mesmo!!!
Otavio, obrigada pelo convite para participar da homenagem! Adorei todos os textos. Beijos!
Todos os comentários excelentes. A sessão da tarde ainda está de luto. Nós também.
Ficou ótimo teu texto e os comentários também! O cara merece, que fique bem onde quer que esteja, nosso mentor!
Abraço, tchê!!!
Ao mestre com imenso carinho!
Obrigado a você pelo convite ;-) Sem dúvida foi uma grande homenagem ao trabalho do Hughes e me deixou ainda mais curioso para conferir seus filmes que ainda não vi.
Valeu, amigos! Abs!
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