segunda-feira, agosto 17, 2009

G.I.Joe - A Origem de Cobra


Olha, eu acho que não cresci ranzinza. Lembro-me com carinho de belas produções made in Hollywood com a única intenção de divertir o público. Esses filmes são constantemente citados aqui no blog e você deve estar careca de saber quais são os títulos. Portanto, não serei repetitivo ao citá-los. Mas houve uma época em que os filmes saíam dos sonhos que marcaram a infância de bons produtores, roteiristas e diretores. Todo mundo queria ganhar dinheiro, claro, mas eram filmes feitos com coração. É por isso que ninguém saía do cinema lembrando apenas das cenas de ação ou dessa ou aquela fala escrita para dar um alívio cômico no meio de tanta barulheira. O que ficava era o conjunto. Algo que marcava as nossas vidas para sempre.

Veja, por exemplo, o caso de G.I.Joe - A Origem de Cobra (G.I.Joe - The Rise of Cobra, 2009). Tem ação pra cacete, efeitos mirabolantes, mas lá pela meia hora de filme, você nem lembra que está vendo uma "adaptação" dos sensacionais bonequinhos oitentistas da Hasbro. Aliás, muita gente deve até esquecer que há algo para ver na tela, além de cenas de ação que parecem retiradas de games de última geração. Na hora, até que funciona. Mas será que, dias depois, um produto desses permanece na cabeça de alguém? Pode não ficar como cinema, mas Hollywood sabe o que faz.



Antes de explicar, tenho uma pergunta: Será que é só comigo ou você também acha que os filmes de entretenimento estão cada vez mais parecidos com desenhos animados? Falo isso no mau sentido mesmo, até porque temos grandes animações desde que me conheço por gente. E um bom desenho animado, pode notar, nunca é exclusividade do público infantil. Antigamente, acredito eu, esses filmes estimulavam a criança dentro de cada adulto. Estimulavam a nostalgia e a imaginação. Para as crianças, seus heróis das telas personificavam tudo o que ainda gostariam de fazer na vida. Antes, os estúdios tentavam adivinhar exatamente o que o público queria ver. Hoje, coisas como G.I.Joe - A Origem de Cobra, são resultados frios de várias discussões entre pessoas que fazem cinema para lucrar. Para o público-alvo, não fica nada. Pelo contrário, ele só perde tempo e dinheiro. Aliás, este último ingrediente verde é o que interessa.

Para explicar, devo admitir: Caímos direitinho nessa. Antes, os estúdios corriam atrás da gente. Hoje, nós corremos atrás deles. A situação foi invertida. Antes, a venda de bonequinhos inspiravam os estúdios a criarem filmes que representassem os nossos sonhos para roubar o público de casa e mostrar que o cinema também é um lugar para voltar a ser criança. Hoje, esse tipo de filme é parte de um plano maquiavélico da indústria do entretenimento para forçar o cérebro a reconhecer o que é bom e divertido sem que ninguém tenha capacidade de escolha ou opinião própria. Funciona assim: Entra e sai do cinema, depois, como próximo passo da cadeia evolutiva, passa na loja para comprar o brinquedo promovido pelo filme. Ou vice-versa. Quem trabalha com filmes está conectado com profissionais da música, da TV, dos games, dos quadrinhos e dos fabricantes de bonecos e outros brinquedos. É a troca de mercadorias por trabalho. Cinema virou escambo.


É claro que o diretor Stephen Sommers, que fez A Múmia e Van Helsing, não é um visionário. Muito menos admitirá a existência dessa louca teoria da conspiração. E a culpa não é toda dele. O cara é um operário padrão, que faz o que o estúdio quer. É claro que temos exceções neste meio, mas Stephen Sommers é a regra. E não dá para reclamar do homem que fez os filmes citados acima, certo? Ele é apenas mais uma peça na arquitetura da destruição de nosso livre arbítrio cultural.

G.I.Joe, o filme e não os bonecos (coitados), tem um fiapo de história com diálogos esquecíveis, que só estão lá para preencher a minutagem ideal para a divisão de sessões de cinema em qualquer sala de exibição do mundo: Duas horas. A lavagem cerebral é construída em cima de três sequências de ação que intercalam as curtas passagens do roteiro dedicadas à trama. Uma delas acontece em Paris e põe a Torre Eiffel abaixo. Ei, pelo menos deixaram Nova York em paz. A sequência foi concebida para ser a melhor do longa. De fato, é uma correria danada com os heróis saltando mísseis, carros em movimento e atravessando trens à toda velocidade. Não dá tempo pra raciocinar. Tudo é trabalhado de forma minuciosa para capturar meninos que idolatram Ben 10 e Clone Wars, dois desenhos de audiência monstruosa nos dias atuais, que não passam de reciclagens de todo o lixo cultural, que em um belo dia, devidamente separado, serviu para alguma coisa.

Neste sistema, dificilmente serei ouvido. Mas alerto: É melhor ficar em casa e jogar Halo ou Gears of War, games que oferecem uma interatividade muito maior entre o público e a ação criada. E, ao contrário de G.I.Joe, possuem roteiros muito bem trabalhados. Você não acredita em games? Então brinque com seu filho, sobrinho ou irmãozinho com sua nostálgica coleção de bonequinhos. Aposto que vocês construirão um enredo mais interessante e empolgante. Sairá mais barato e ainda sobrará dinheiro para alugar um DVD de qualquer clássico dos anos 80 produzido por Steven Spielberg, que realmente mereça ser mostrado ao seu pequeno herdeiro.

G.I.Joe - A Origem de Cobra (G.I.Joe - The Rise of Cobra, 2009)
Direção: Stephen Sommers
Roteiro: Stuart Beattie, David Elliot, Paul Lovett, Michael Gordon e Stephen Sommers (Baseado nos bonecos da Hasbro)
Elenco: Dennis Quaid, Channing Tatum, Sienna Miller, Marlon Wayans, Joseph Gordon-Levitt, Ray Park, Christopher Eccleston, Brendan Fraser, Rachel Nichols, Jonathan Pryce, Arnold Vosloo e Adewale Akinnuoye Agba

12 Comments:

At 8:12 PM, agosto 17, 2009, Blogger Fábio Rockenbach said...

Horrível. Não tão ruim quanto Transformers, mas horrível. Para lembrar de algumas frases, "Você é minha melhor aluno" e "Quando nosso mestre morreu você jurou vingança, mas agora, é você que vai morrer"
Esse tipo de frase saiu da mente de vários roteiristas a milhares de dólares de "inspiração?"
Subverteram a baronesa, tornaram o Cobra um vilão patético, criaram laços familiares onde não existiam, fizeram do Dennis Quaid um coadjuvante patético em cena, torraram nosso cérebro tão rápido quanto no filme ensinaram aqueles dois todas as técnicas dos GI Joe e o colocaram em sua equipe principal e abusaram da falta de criatividade usando flashbacks para tudo - bobear, na continuação vão usar um flashback para o Snake Eyes lembrar quando foi que ele pei...soltou gases pela última vez.
Sou fã dos bonecos, colecionava, cresci brincando com eles. A impressão que eu tenho é que minhas brincadeiras de criança tinham, senão mais inteligência, pelo menos mais pé no chão e senso do ridículo. Até as tramas de criança eram mais bem elaboradas do que isso.
Quero meu brinquedo de volta... (foi o título que usei na crítica para o jornal)!!!!!!

 
At 8:50 PM, agosto 17, 2009, Anonymous Denis Torres said...

kkkkkkkkkkkkkk

I´m a lot smarter than you...kkkkk

What a waste of time!

 
At 9:30 PM, agosto 17, 2009, Anonymous Denis Torres said...

Tem selo pra vc lá no meu blog:

http://thecinemaniaco.wordpress.com/

Abs!!!

 
At 10:19 PM, agosto 17, 2009, Blogger Museu do Cinema said...

Confesso que estou completamente ignorante sobre esse filme.

 
At 10:22 PM, agosto 17, 2009, Blogger Bruno Soares said...

Esse filme é a coisa mais pavorosa dos últimos tempos. Fiquei tão mal depois da sessão que achei que tava com gripe suína.

E você é que é um visionário, Otávio: LEGO vai virar filme. rsrs

 
At 11:35 PM, agosto 17, 2009, Blogger Otavio Almeida said...

FABIO
Esqueci de citar os amigos da MÚMIA, que aparecem ao longo do filme. É maior festa! Faltou a Rachel Weisz. Mas tá certa ela, que casou e mudou. E acredito em você quando diz que suas aventuras eram mais legais que este filme. Abs!

DENIS
Valeu pelo selo. Abs!

CASSIANO
Ignorante não. Sábio, afinal você não viu este filme. Abs!

BRUNO
Não sou visionário. Hollywood é previsível. Só isso. Mas se confirmarem um filme do Playmobil nos próximos dias, aí você me chama de visionário novamente. Ok? Abs!

 
At 12:14 PM, agosto 18, 2009, Anonymous Anônimo said...

Pronto. Desisti de Sommers.
Não ouso mais duvidar de suas opiniões quando se trata de bombas (ARQUIVO X 2 e A MÚMIA 3 que o digam).

 
At 6:10 PM, agosto 18, 2009, Blogger Otavio Almeida said...

Muito obrigado! Mas, daqui a pouco, postarei sobre um filme 4 estrelas! Abs!

 
At 9:33 PM, agosto 18, 2009, Blogger Mayara Bastos said...

Nossa, então não superou nem nas cenas de ação? Verei, mas sem pressa. rsrsrs. ;)

 
At 11:07 PM, agosto 18, 2009, Blogger Pedro Henrique Gomes said...

O pior do ano!!!

 
At 11:10 PM, agosto 18, 2009, Blogger Pedro Henrique Gomes said...

Algumas produções sobre filmes-brinquedo já estão em produção, como Batalha Naval (Peter Berg), Banco Imobiliário (Ridley Scott), Detetive (Gore Verbinski) e, acredite, já é confirmada a transposição de Lego: O filme.

 
At 12:29 PM, agosto 19, 2009, Blogger Otavio Almeida said...

MAYARA
Tem um cena de perseguição em Paris que é bacaninha, mas é melhor jogar videogame. Entendeu? Bjs!

PEDRO
Difícil escolher entre GIJOE e TRANSFORMERS 2. Hmm.. Não. Esquece! O filme do Michael Bay é pior. Já decidi. Enfim, não sabia de BATALHA NAVAL nem DETETIVE. E fiquei chocado quando soube semana passada sobre o sinal verde dado à LEGO. Absurdo, não? Abs!

 

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