sexta-feira, setembro 25, 2009

Che 2: A Guerrilha


Em Che 2: A Guerrilha (Che: Part Two, 2008), o diretor Steven Soderbergh conclui sua análise humanista do amado e odiado revolucionário argentino. Como na primeira parte, o cineasta mais eclético da Hollywood atual continua distante de qualquer emoção com um olhar não exatamente gélido, mas indiferente. Só que uma coisa é acompanhar a campanha vitoriosa de um personagem real – mesmo sem tomar partido -, como vimos nas duas horas iniciais de Che. Mesmo com a falta de comprometimento dramático do diretor, o público se esforça e é até capaz de se envolver numa história de conquista, já que o espírito dialoga com motivações e princípios básicos da humanidade. Outra coisa – eis o grande erro de Soderbergh – é ver o diretor utilizar a mesma tática para narrar a derrota de Che Guevara pelas selvas bolivianas. Bom, você sabe, a sensação de perder é totalmente oposta à da vitória. Imagine então assimilar isso de maneira impassível. Ao sair do cinema sem sentir absolutamente nada, o espectador tem a convicção de que o filme não fede nem cheira.

Talvez Soderbergh tenha mergulhado de cabeça num esforço pessoal para compreender as razões que levaram Che ao fracasso de sua cruzada idealista na Bolívia. Até hoje, existem vários mistérios em torno da derrota do guerrilheiro. Talvez, movido pela euforia da vitória em Cuba, Che tenha sido dominado pelo excesso de confiança juvenil e a sensação de que jamais seria vencido. Talvez ele não tenha percebido que a idade avançou. Ou então achou que sua ideia utópica para a América nunca esbarraria em culturas que não respeitam fronteiras. Talvez Che Guevara não tenha se adaptado a novas condições climáticas e territoriais. Mas o que aconteceu de fato? Teria ele subestimado seus oponentes? Ele foi surpreendido pela organização das forças rivais, com total apoio dos EUA? Será que a Esquerda e as diretrizes comunistas não eram mais aquelas que resultaram na Revolução Cubana? Enfim, continua um enigma. O problema é que Soderbergh, assim como Che, se perdeu. Quando poderia, ao menos, seguir uma delas, o diretor tentou decifrar a questão em todas essas vertentes e meteu os pés pelas mãos.



O ponto é que o currículo eclético de Steven Soderbergh não deveria ser digno de admiração. Faz filmes comerciais competentes como a série Onze Homens e um Segredo, mas insiste em projetos experimentais como Confissões de uma Garota de Programa. Acho que ele deveria tirar uma férias, parar, relaxar e, por fim, pensar. É evidente que Soderbergh está perdendo o rumo com suas investidas como desbravador de novas técnicas com o digital em filmes estritamente voltados para a arte. Cara, ou você nasce com isso ou pede pra sair.

Mas Che 2: A Guerrilha não é um desastre, apesar de funcionar como uma conclusão decepcionante em termos de cinema em relação ao primeiro filme. Resta a atuação soberba de Benicio Del Toro. O que mais impressiona em sua performance é acompanhar a aniquilação física e mental de Che Guevara, que se une completamente à terra; ao ambiente. No fim, tanto a América quanto Che se tornam um só. Pena que não temos um especialista no assunto como Terrence Malick, de Além da Linha Vermelha, na direção.

Che 2: A Guerrilha (Che: Part Two, 2008)
Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: Peter Buchman e Benjamin A. Van Der Veen (Baseado em The Bolivian Diary, de Ernesto “Che” Guevara)
Elenco: Benicio Del Toro, Franka Potente, Joaquim de Almeida, Demián Bichir e Lou Diamond Phillips

5 Comments:

At 6:56 PM, setembro 25, 2009, Blogger Bruno Soares said...

Já ouvi reclamações sobre essa segunda parte. Mas quero ver os 2 ainda assim.

 
At 9:44 PM, setembro 26, 2009, Blogger Mayara Bastos said...

O que parece ter pegado feio para o filme é té-lo sido dividido em dois. Mas vejo pelo Benício Del Toro.

Beijos! ;)

 
At 9:47 PM, setembro 26, 2009, Anonymous Vinícius P. said...

Ainda nem vi o primeiro, mas como disse antes estou mais interessado nas novas obras do Soderbergh do que nesses filmes sobre Che.

 
At 12:24 PM, setembro 28, 2009, Blogger Robson Saldanha said...

Não tenho muita vontade de conferir nenhum dos dois... sinceramente!

 
At 6:38 PM, setembro 28, 2009, Blogger Otavio Almeida said...

Amigos, a primeira parte é boa. A segunda é mais chata que O PACIENTE INGLÊS!

Abs! Boa semana a todos!

 

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