sábado, agosto 04, 2007

Duro de Matar 4.0


O problema de Duro de Matar 4.0 (Die Hard 4.0, 2007) é chegar aos cinemas brasileiros depois de tantas produções do verão norte-americano, afinal muitos espectadores estão cansados de filmes repletos de tiros e explosões. Se Hollywood não planejasse o cinema como um negócio e resolvesse lançar a quarta aventura de John McClane (Bruce Willis) em outra temporada, o prazer geral, certamente, seria maior. Mas quem entrar nesta sessão com um compreensível pé atrás (ou quem deixar para o DVD), vai perder um grande (e genuíno) filme de ação. E nada como a velha escola para mostrar como se faz um belo exemplar do gênero.

Talvez Duro de Matar 4.0 seja superior às duas seqüências anteriores. É o filme da série que mais se esforça para oferecer algo de novo na "mitologia" de McClane. O primeiro Duro de Matar, de John McTiernan, continua imbatível, claro. É o fardo de um homem destinado a se tornar um herói. É o cara errado na hora certa. Ou o cara certo na hora errada. O efeito é o mesmo. O original de 1988 é o filme de ação mais influente (e imitado) dos últimos 19 anos. Até mesmo por suas seqüências. O original ligou McClane ao homem comum. Ele acompanha a evolução tecnológica do mundo com desconfiança. Nos anos 1980, voar já era rotina para grandes executivos. McClane não acha normal ficar dentro de um avião e não tem a mínima intenção de se atualizar. Em Duro de Matar 2 e 3, ninguém acrescentou nada ao herói. Só deram mais do mesmo em cenários cada vez maiores.

Depois de tantas imitações e a definitiva entrada do cinema na era digital, o diretor Len Wiseman, de Anjos da Noite, ganhou a missão de colocar McClane e Duro de Matar no novo milênio. E conseguiu. E qual é o segredo deste sucesso? É não mexer em um time que está ganhando. Bruce Willis pode ter 52 anos, mas ainda é John McClane. Ninguém tenta modernizar o herói como, infelizmente, aconteceu em 007. Willis também não se coloca acima do papel como Tom Cruise faz em cada Missão Impossível. Ele é puro carisma. McClane pode estar velho, mas tem orgulho de ser um "relógio Timex em um mundo digital". Nada de ter vergonha disso. O filme é para os fãs da série e mais ninguém.

Só que Duro de Matar 4.0 não seria um Die Hard sem exageradíssimas cenas de ação. Desta vez, uma supera a outra. Os efeitos são atuais, mas surgem como coadjuvantes a serviço do roteiro. E o melhor de tudo isso é colocar Bruce Willis e a velha escola de dublês para suar a camisa: McClane escapa de um tiroteio no início do filme, desvia de veículos desgovernados em um túnel, derruba um helicóptero com um simples carro, sai no tapa com uma vilã e (a minha favorita) enfrenta um caça F-14 dentro de um caminhão. E o visual pretendido por Len Wiseman é ação à moda antiga. Ponto para ele.


Mas a grande contribuição do quarto filme em relação ao original é conduzir todo o espetáculo por uma trama com elementos atuais e reflexivos. Duro de Matar 4.0 discute o "velho" e o "novo", o "analógico" contra o "digital" (quem é mais inteligente ou capaz?) e põe McClane para lutar contra vilões norte-americanos. O filme também vem da parte de Hollywood insatisfeita com George W. Bush? Eu realmente não sei, mas Duro de Matar 4.0 aproveita para criticar os meios de comunicação como aliados do governo e reflete se há manipulação nas notícias de rádio, TV, jornal e internet. É um terrorismo virtual, que prega o medo como forma de controle.

Outro tapa na cara dos EUA é uma cena passada dentro de um carro. Não há tiros ou explosões, apenas um diálogo entre McClane e Matt Farrell (Justin Long). O tira explica ao garoto que não há nada de especial em ser herói. Ninguém pede por isso. Um herói ganha apenas um aperto de mão e um tapinha nas costas por seus feitos. É um homem atormentado e condenado a salvar pessoas inocentes, porque ninguém mais pode fazer isso. E todo esse conteúdo veio de um típico filme do verão norte-americano...

Duro de Matar 4.0 (Die Hard 4.0/Live Free or Die Hard, 2007)
Direção: Len Wiseman
Elenco: Bruce Willis, Justin Long, Mary Elizabeth Winstead, Timothy Olyphant, Cliff Curtis, Maggie Q, Cyril Raffaelli e Kevin Smith

13 Comments:

At 8:41 PM, agosto 04, 2007, Blogger Kamila said...

Otávio, demorou esse texto, hein??? :-)

Não acho que a data de lançamento de "Duro de Matar 4.0" nos cinemas brasileiros prejudica o filme, porque, quem gosta de assistir películas neste estilo, vai assistir da mesma forma. O problema do filme é ter estreado depois de "Ratatouille". rsrsrs

Adorei seu texto, e acho que a espera por esse quarto filme vale muito a pena. O filme consegue ser atual e seguir direitinho a cartilha de "como fazer um bom filme de ação".

 
At 9:07 PM, agosto 04, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

Kamila, para mim, a data de lançamento não atrapalhou em nada. Mas sei de muita gente que não quer ver por estar "saturada".

É o que eu quis dizer. Quem pensar assim, vai perder um belo filme de ação.

E a crítica demorou pq deixo para publicar na data de estréia. Não consegui fazer ontem, pq minha semana no trabalho foi DURA DE MATAR. Queria refletir sobre o filme, etc... e não tive cabeça ontem... desculpa.

Bjs! E bom final de semana!

 
At 9:31 PM, agosto 04, 2007, Anonymous Anônimo said...

Muito bom Duro de Matar 4.0, um filme de ação à antiga com efeitos especiais de ponta. Como vc disse, efeitos estes que surgem como coadjuvantes a serviço do roteiro. Ao contrário de Transformers, mesmo que algumas cenas sejam forçadas ( como Bruce Willis em cima de um jato!), não deixa de ser divertido e o carisma de Willis compensa e muito a credibilidade da história. O vilão foi bem escolhido e Justin Long está perfeito no papel. Direção esperta e que prende a atenção desde o começo. É aquele filme que tem que ser visto no cinema, a menos que vc tenha um telão, é claro! E vale a pena ver de novo também! Abs.

 
At 9:34 PM, agosto 04, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

É verdade, Denis! E embora eu tb goste de TRANSFORMERS, a preferência ainda é ação à moda antiga. É apenas uma das qualidades deste novo DURO DE MATAR. Tirando RATATOUILLE e ZODÍACO, esse é o melhor filme da temporada de março a agosto!

Abs!

 
At 11:01 PM, agosto 04, 2007, Anonymous Anônimo said...

Foda. Me interessou ainda mais pelo filme. Achei o primeiro sensacional e vi o dois hoje, achei bom também. Vou ver o terceiro e amanhã vejo esse amanhã, com expectátivas lá em cima graças à você.

Legal as legendas!
E eu amo a reivenção de 007 :)
Fora isso sua crítica ta ótima!

 
At 12:44 AM, agosto 05, 2007, Anonymous Anônimo said...

Otavio, concordo com vc, essa coisa de épocas determinadas para cada tipo de filme me cansa um pouco.

No fim do verão americano já não aguento mais explosões e muitas vezes em novembro estou louca para curtir um super blockbuster com meu baldão de pipoca em mãos.

Eu gostaria sim q fosse mais diversificado, mas os chefões do cinema parecem discordar de mim.

Bjs e bom findi

 
At 4:36 AM, agosto 05, 2007, Anonymous Anônimo said...

Também adorei "Duro de Matar 4.0", acho que quem deixar de vê-lo perderá uma boa oportunidade de conferir um ótimo filme de ação. Pra mim é o melhor da série, mas preciso uma revisão dos demais (especialmente do primeiro, o qual só vi em minha infância). Engraçado como o fraco Len Wiseman conseguiu fazer um bom filme... Ah, gostei do novo "007", mesmo achando que a crítica exagerou no apoio ao filme.

Abraço!

 
At 9:52 AM, agosto 05, 2007, Blogger Kamila said...

Otávio, depois de ler sua resposta e o comentário da Vivis, entendi o que você quis dizer.

Tendo disto isto, é uma pena mesmo que as pessoas possam perder "Duro de Matar 4.0" porque estão cansadas de explosões... Um filme como esse deve ser assistido no cinema, porque, no DVD, ele perde muito em qualidade.

Beijos e boa semana!

 
At 10:22 AM, agosto 05, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

Bom fim de semana, Vivis, Kamila! Wally e Vinicius, o que penso é o seguinte: John McClane é o mesmo cara de DURO DE MATAR I, de 1988. James Bond, para mim, é Sean Connery. Roger Moore, George Lazenby, Timothy Dalton e, principalmente, Pierce Brosnan trabalharam suas atuações com base em Sean Connery. O James Bond de Daniel Craig não existe. Craig é ótimo ator, mas poderia ter iniciado um novo herói de ação em uma nova franquia... Bond ele não é... e não é por ser loiro. Bond é Bond, agente charmoso, inteligente... não um Jason Bourne ou Jack Bauer, que parte para a ignorância.

Seria como Indiana Jones voltar no ano que vem com a obrigação de se atualizar. Ele não tem que ser um Tomb Raider de cuecas, pq a garotada de hj não sabe bem quem é o Indy.

Seria como Michael Corleone retornar com jeito de Tony Soprano, etc...

Essa é a minha revolta com Bond.

Abs! E bom fim de semana!

 
At 2:37 PM, agosto 05, 2007, Anonymous Anônimo said...

Entendi sua revolta, mas a verdade é que nunca fui fã dos filmes de James Bond. Os únicos que vi foram os de Pierce Brosnan e o acho um péssimo ator. Cassino Royale que me conquistou de verdade, pois é excelente cinema de entretenimento, talvez não de Bond, mas sim, de cinema.

 
At 3:36 PM, agosto 05, 2007, Blogger Alex Gonçalves said...

Otavio, mesmo que eu esteja ciente de como "Duro de Matar" virou referência para o gênero, não sou fã do original, é apenas um filme OK para mim. Vou procurar por Duro de Matar - A Vingança nas locadoras (ainda não vi, acredite) e talvez veja "4.0" na tela grande.

 
At 8:23 PM, agosto 06, 2007, Blogger Wiliam Domingos said...

O trailer é incrível!
Acho que nem Missão Impossível conseguiu criar um trailer tão empolgante e um filme digno de ação delirante como Duro de Matar 4 parece ter conseguido!
Abrço

 
At 10:45 AM, agosto 07, 2007, Anonymous Anônimo said...

Otavio, entendo perfeitamente sua opinião. Vendo "Cassino Royale", não parece realmente um filme do James Bond, mas ainda assim é um bom filme (como disse, não achei tão bom quanto a maioria, mas tem lá seus méritos). Bem, dizem que o próximo terá um tom mais cômico, será que isso é bom? Ao menos teria mais a ver com a série...

 

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