quarta-feira, dezembro 19, 2007

Encantada


Prometo não usar palavras derivadas de Encantada (Enchanted, 2007) nesta resenha, mas o clima festivo alcançado pela Disney no filme estrelado por Amy Adams realmente impressiona. Em primeiro lugar, gostaria de dizer que consegui assistir ao filme na única sala de São Paulo com áudio original e legendas em português. No caso de Encantada, essa versão faz a diferença.

A produção da Disney é uma tentativa bem-sucedida de resgatar os grandes filmes infantis da Hollywood clássica. Acima de tudo, tenta criar uma nova estrela de cinema. Não essas magrelas que precisam de um sanduíche. Não essas garotas recém-saídas de um American Idol da vida. Falo de uma legítima e carismática estrela. E Amy Adams é um belo nome. Ela canta, dança e atua tão bem, que sua imagem ingênua não parece caricata, mas real. Bom, eu acreditei em Amy Adams. E as crianças vão adorar, principalmente as meninas. Mas assistir ao filme com áudio em inglês ajuda a conquistar os adultos. São eles que entenderão as diversas referências a Branca de Neve e os Sete Anões, Cinderela, A Bela Adormecida, A Noviça Rebelde e Mary Poppins.

É uma sensação que emociona, contagia. Encantada narra a saga da princesa Giselle (Amy Adams), que vive num mundo animado da Disney sonhando acordada com a chegada de seu Príncipe Encantado (James Marsden). Depois de capturar um ogro verde (alfinetada sutil em Shrek?), ele finalmente encontra Giselle. Só que a mãe do Príncipe tagarela, a Bruxa Malvada (Susan Sarandon), não gosta nada da idéia e manda Giselle para a Times Square. Como a vilã diz, ela vai para um lugar onde não existem finais felizes. A partir deste momento, Encantada muda da animação para o live action. É uma realidade baseada nos desenhos - exatamente o oposto do que vemos na maioria dos filmes de hoje.

A atmosfera romântica proposta pelo roteiro de Encantada é interessante. Na vida real, não existe amor eterno. Pelo menos, é o que dizem para Giselle. E ela não consegue acreditar nisso. Perdida em Nova York, a princesa recebe a ajuda do advogado Robert Philip (Patrick Dempsey) e sua filha Morgan (Rachel Covey).

Numa cena, ele revela a Giselle que não brinca muito com a filha. Sua preocupação é educá-la para o mundo. Robert pensa que Morgan precisa crescer forte para não ser derrotada pela vida cruel. No dia-a-dia de pai e filha, não há tempo para a fantasia. Aos poucos, Giselle muda a forma de pensar do advogado, enquanto ela descobre o que significa viver com os pés no chão.

O final disso tudo é previsível, claro. Mas embarcar nessa viagem pode fazer com que o mais ranzinza dos espectadores saia do cinema com um sorriso de orelha a orelha.

Apesar dos pontos positivos, que são muitos, existem alguns problemas que não transformam Encantada numa referência como Mary Poppins. As canções de Alan Menken e Stephen Schwartz não são tão fascinantes assim (a melhorzinha é That’s How You Know) e o diretor Kevin Lima não ousa em momento algum e só se preocupa em entregar um produto perfeito com a marca Disney. Por tudo isso, graças a Deus por Amy Adams. Sua performance como Giselle não é exagerada. É a medida certa para a eternidade. Até os números musicais ficam mais interessantes - destaque para a cena que é um tributo aos grandes desenhos da Disney: Giselle recebe a ajuda dos "bichinhos" de Nova York para limpar o apartamento de Robert Philip.

Não sei se Amy Adams é a "nova Julie Andrews", como gostam de dizer. Ela é simplesmente... Amy Adams. Se Encantada será lembrado daqui há 20 anos, os méritos são todos dela.

Encantada (Enchanted, 2007)
Direção: Kevin Lima
Roteiro: Bill Kelly, Rita Hsiao e Todd Alcott
Elenco: Amy Adams, Patrick Dempsey, James Marsden, Timothy Spall, Rachel Covey, Susan Sarandon, Idina Menzel e Michaela Conlin. Narração de Julie Andrews.

12 Comments:

At 7:00 PM, dezembro 19, 2007, Blogger Kamila said...

Otavio, sinto uma inveja boa de você porque eu adoraria ter assistido "Encantada" com áudio original e legendas em português.

Concordo com seu texto. O filme não é uma obra-prima, mas tem seu ponto forte nessa tentativa de atualizar os contos de fada que foram tão celebrados pela Disney. Os valores podem parecer fora de moda, mas existe lugar para eles. E isso é provado pela trama de "Encantada".

Não acho que a Amy Adams seja a nova "Julie Andrews". Acho que ela é a nova "Julia Roberts". As duas têm as mesmas características: carisma, talento e um sorriso contagiante.

E espero mesmo que ela seja indicada ao Oscar.

Beijos.

 
At 7:50 PM, dezembro 19, 2007, Blogger Romeika said...

Otávio, adorei seu texto, principalmente essa parte: "Não essas magrelas que precisam de um sanduíche. Não essas garotas recém-saídas de um American Idol da vida." Mal posso esperar pra ver esse filme!

 
At 10:10 PM, dezembro 19, 2007, Anonymous Anônimo said...

Ainda não vi "Encantada". Fim de ano me dá um desânimo para ir ao cinema, sinceramente! Nem sei se irei ver "A Bússola de Ouro", não até o fim do ano - tanto que minha cédula do Blog de Ouro está praticamente completa. Tenho muita curiosiade em relação a esse filme por causa da Amy Adams. Ótima crítica (principalmente essa parte que a Romeika comentou)!

Abraço!

 
At 10:50 PM, dezembro 19, 2007, Anonymous Anônimo said...

Ótima crítica, mas estou com medo de ver o filme, já que estreiou aqui apenas dublado. Vale a pena ver? Ou vale a pena esperar?

Ciao!

 
At 10:33 AM, dezembro 20, 2007, Blogger Museu do Cinema said...

Esse estou totalmente por fora! Mas acho legal essa coisa de retornar ao velhos filmes hollywoodianos de fantasia, ainda mais em dias que vivemos!

 
At 12:49 PM, dezembro 20, 2007, Blogger Flávia said...

Nossa, inveja mesmo de vc ter visto legendado... Mas eu vi dublado e gostei mesmo assim. É muito leve e divertido. Tb adorei a cena que ela limpa a casa com os ratos, baratas e pombos e a mímica do esquilinho...

Bjs!

 
At 3:16 PM, dezembro 20, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

Obrigado, amigos!

Quem não viu, veja. Mesmo que dublado. O filme é... fofo (Não quero usar nada derivado de "Encantada").

Abs!

 
At 7:55 PM, dezembro 23, 2007, Blogger Wanderley Teixeira said...

Amy Adams [e mesmo fant[astica fiquei emocionado com seu desempenho em Retratos de Familia e agora ela me chega com essa perfeita princesa Disney.Teve sorte em assistir a vers'ao legendada, a dublada [e um completo desastre consegue estragar o filme quase q por completo, e olhe q mesmo com a dublagem lixo ainda fiquei com meus olhos brilhando com a interpreta;'ao de Amy Adams.

 
At 9:27 AM, janeiro 05, 2008, Anonymous Anônimo said...

Como podem dizer que a dublagem é um lixo? Que falta de respeito com os dubladores. A dublagem do filme é de fato excelente. Principalmente as músicas. O trabalho de dublagem de filmes infantis vem melhorando a passos largos e resulta em audios tão bons quanto os originais. Menos preconceito e mais informação.

 
At 3:31 PM, janeiro 05, 2008, Blogger Otavio Almeida said...

Oi Marise!

Tudo bem?

Não é que a dublagem não seja boa. Pelo contrário. Está cada vez melhor, mais competente, eficiente.

O problema é que a maioria do público que realmente ama o cinema fica indignada com a falta de opção proposta pelos distribuidores e exibidores. Em São Paulo, ENCANTADA só foi lançado em apenas uma sala em sua versão original. E imagine como foi o lançamento em outras cidades...

O problema é a falta de opção. E as pessoas ficam irritadas. Elas só querem escolher.

Abs! E bom final de semana!

 
At 10:46 AM, janeiro 09, 2008, Blogger dan said...

òtima crítica. ótimo filme. atriz maravilhosa. sai do cinema com um sorriso.

 
At 6:59 PM, janeiro 09, 2008, Blogger Otavio Almeida said...

Danusa? Você por aqui? Muito obrigado!!! E que bom que você gostou do filme... É para sair do cinema com um sorriso gigante mesmo...

Bjs!

 

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