sexta-feira, dezembro 21, 2007

A Felicidade Não Se Compra


Não sei quantas vezes eu vi A Felicidade Não Se Compra (It's a Wonderful Life, 1946). Só sei que não me sinto bem no Natal se não fizer a tradicional reprise do maior clássico de Frank Capra.

Esse é o melhor e mais emocionante filme já feito não exatamente sobre o Natal, mas sobre o espírito que a data deveria proporcionar nas pessoas. No mundo inteiro. Tudo seria mais fácil e feliz se levássemos o filme a sério. É a comprovação do otimismo que marcou a carreira de Frank Capra, diretor de títulos maravilhosos que celebram a bondade que existe nos corações dos homens. São filmes inesquecíveis como Do Mundo Nada Se Leva, Horizonte Perdido, O Galante Mr. Deeds, A Mulher Faz o Homem e Este Mundo é um Hospício. Mas não adianta: A Felicidade Não Se Compra é a sua maior contribuição ao cinema.

James Stewart é George Bailey, um dos grandes personagens do cinema norte-americano. Ele é um homem comum, trabalhador, simpático e amado por todos. Só Bailey não sabe disso. Aos poucos, as dificuldades do dia-a-dia levam esse sujeito carismático a perder a fé e a vontade de viver.

George Bailey está prestes a cometer suicídio, quando recebe a visita de um anjo de segunda linha, Clarence (Henry Travers). O trato com Deus é o seguinte: se Clarence mostrar a George Bailey que a vida vale a pena, o anjo ganhará suas tão sonhadas asas.

É fascinante acompanhar a trajetória emocional e a transformação de George Bailey do início do filme até o final, quando ele perde a esperança. Essa mudança, muitas vezes, acontece com a maioria das pessoas. E quase nunca se sabe porque tudo chegou a tal ponto. O pior é que isso pode ser fruto da imaginação. No caso de George Bailey, ele só entende o quanto é importante para as pessoas de sua vida, quando alguém o pega pelo braço e lhe conta a verdade. É um conceito simples, que parece estar ali bem debaixo de nossos narizes. Mas nos momentos de tristeza, isso se torna estranhamente invisível, imperceptível.

Talvez você ainda não tenha visto A Felicidade Não Se Compra e vai se lembrar de filmes como Um Homem de Família, com Nicolas Cage, ou tantos outros. Mas é desta forma, que percebemos o quanto essa obra-prima de Frank Capra permanece até os dias de hoje. E A Felicidade Não Se Compra não é somente um "filme com mensagem bonita". Durante os anos, muita gente encontrou algo além do significado do espírito natalino e outros aspectos religiosos. Sei que o filme chega a ser utilizado em terapias e até mesmo em atividades motivacionais em empresas. Enfim, a perfeição pode ser inatingível e algumas perguntas sobre a nossa existência jamais serão respondidas. Mas Frank Capra só pode ter se aproximado do real sentido da vida. A verdade é que A Felicidade Não Se Compra acabou sendo obrigatório até para aqueles que não necessariamente amam o cinema.

Sua inesquecível cena final enche o coração de calor, alegria e emoção, mas também confirma a genialidade (e originalidade) do roteiro em sua época. É neste ponto em que dá vontade de voltar o filme inteiro e rever alguns detalhes como, por exemplo, lembrar os nomes e as características de todos os personagens que aparecem na casa de George Bailey na última cena.

Não há uma única vez em que esse momento não me faça chorar. Ou, ao menos, meus olhos ficam cheios d'água. Está rindo? Quero ver você aguentar quando o irmão de George Bailey brindar: "To my big brother George, the richest man in town". E ele não está falando sobre dinheiro.

A Felicidade Não Se Compra (It's a Wonderful Life, 1946)
Direção: Frank Capra
Roteiro: Philip Van Doren Stern, Frances Goodrich, Albert Hackett e Frank Capra
Elenco: James Stewart, Donna Reed, Lionel Barrymore, Thomas Mitchell e Henry Travers

7 Comments:

At 7:46 PM, dezembro 21, 2007, Blogger Romeika said...

Nossa, Otávio, não sabia que vc era assim tão sensível. O filme é indubitavelmente atemporal e por isso mesmo, brilhante, mas não sou muito fã de filmes com mensagens moralistas, nem nunca fui. Não sinto nada disso que muitas pessoas descrevem ao final do filme, e tampouco me emociono com o mesmo, e olha que eu não faço o tipo cínico e ultrapessimista. De qualquer maneira, belo texto! Feliz Natal pra vc! ^^

 
At 8:50 PM, dezembro 21, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

Obrigado! A sensibilidade é parte do ser humano, Romeika... Feliz Natal para você! E para toda a sua família!

Bjs!

 
At 9:48 PM, dezembro 21, 2007, Blogger Kamila said...

Otavio, adoro A FELICIDADE NÃO SE COMPRA e amei esse seu texto. Eu acho que esse filme é uma daquelas obras-primas do cinema, mas não porque tem uma linguagem diferente, mas porque conta uma história atemporal, que nos toca até o dia de hoje.

George Bailey é um ser humano admirável. E o filme é emocionante mesmo.

Bom final de semana e um ótimo Natal para você e sua família!

Beijos!

 
At 10:44 PM, dezembro 21, 2007, Anonymous Anônimo said...

Ótimo texto, mas é mais um que não acho para ver em lugar algum. Porém, vi seu primeiro filme 5 estrelas: Vinhas da Ira. Achei maravilhoso. Vou tentar procurar este A Felicidade Não Se Compra, do qual já ouvi muito sobre.

Ciao!

 
At 7:39 AM, dezembro 22, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

Obrigado, Kamila! O filme é maravilhoso mesmo!

Wally, VINHAS DA IRA foi o meu primeiro da lista. Mas não é meu favorito de todos os tempos :)

Estou colocando em ordem de preferência ao lado...

Sei que vcc costuma achar o DVD de A FELICIDADE NÃO SE COMPRA bem baratinho em alguns sites... Não perca!

Feliz Natal, amigos!

 
At 3:27 PM, dezembro 22, 2007, Anonymous Anônimo said...

Puxa, acho que sou um dos poucos que ainda não viu esse filme. De qualquer forma essa série é ótima para quem não conhece muito bem bem esses clássicos - como é o meu caso. Bela crítica, irei procurar o filme...

Abraços!

 
At 12:56 PM, dezembro 23, 2007, Blogger Wiliam Domingos said...

Nossa...
Acho que postamos artigos que se completam!
No meu post para falar do espírito que deveriamos ter no Natal utilizei a personagem Cabíria, de Noites de Cabíria...!

Ainda não vi A Felicidade não se compra, mas adorei o texto...gosto de filmes que sensibilizam!
Bom Natal e Ano Novo para você! Grande Abraço!

 

Postar um comentário

<< Home