terça-feira, fevereiro 12, 2008

Cloverfield


Em Cloverfield - Monstro (Cloverfield, 2008), como na foto acima, Rob (Michael Stahl-David), Marlena (Lizzy Caplan) e Lily (Jessica Lucas) tentam sobreviver uma noite inteira durante o ataque de uma criatura gigantesca a Nova York. Eles sabem como é o monstro. Mas nós não. Os únicos registros que temos são as imagens da gravação digital do colega do trio, Hud (T.J. Miller). E é isso.

Na verdade, o rapaz corre com a câmera e acaba dando de frente com o monstro, mas como uma pessoa normal nesta situação, ele se assusta e já corre para o outro lado que nem um louco. Quero dizer que em todas as vezes em que os personagens ficam cara a cara com o bichão, nós testemunhamos apenas um segundo de seus movimentos.

Já vimos isso antes, não? Ou não vimos. Falo de A Bruxa de Blair, que mostrava o conteúdo de uma fita de três jovens, que desapareceram numa floresta teoricamente assombrada pela lenda de uma feiticeira que matava crianças. Muita gente vaiou o filme de Daniel Myrick e Eduardo Sanchez, mas a mesma produção gerou uma metade inteira de fãs.

Nunca pensei que iria comentar sobre as influências de A Bruxa de Blair. Mas ao contrário do que muitos pensam, este filme de 1999 não foi o primeiro a apostar nessa narrativa única e exclusiva saída de uma câmera caseira. Em, 1980, o diretor italiano Ruggero Deodato fez Holocausto Canibal (Cannibal Holocaust), um trash caprichado sobre uma equipe de documentaristas que desaparece nas "perigosas" selvas da América do Sul, enquanto rodava um vídeo sobre canibalismo. É para o espectador de estômago forte, mas o filme é o conteúdo da fita. Nada mais. Sim, estou falando sério. Holocausto Canibal existe e pode até ser encontrado no You Tube. Só não sei se houve algo assim antes do clássico podre de Ruggero Deodato.

Lógico que Holocausto Canibal é muito mais pesado do que A Bruxa de Blair e Cloverfield. Mas a "técnica" é a mesma. Os adoradores deste filme de monstro dirigido por Matt Reeves e produzido pelo mestre do marketing JJ Abrams defendem que não se deve fazer comparações com A Bruxa de Blair - e
mbora muitos não saibam que existiu Holocausto Canibal.

Não deixa de ser apenas uma referência, afinal o orçamento de Cloverfield é bem superior e Nova York é destruída com classe, etc. Do pouco que se vê do monstro dá a impressão de que os caras foram criativos nos efeitos digitais competentes mais desnecessários da história do cinema.

E até que Cloverfield é divertido. Quando a correria começa depois de uma introdução chata, a ação pega pra valer. O som é bacana e o ritmo é tenso com uma galera gritando "Oh, My God" para lá e para cá. É claro que Reeves e Abrams discutem a manipulação da imagem nos dias de hoje, mas o que eles querem mesmo é faturar com a massa.

Só dei uma estrela, porque já cansei de rever o mesmo tipo de filme. Será que da próxima vez iremos ao cinema para assistir a mesma técnica numa invasão alienígena? Ou será numa "inovação" dos filmes de serial killers? É possível. Acabei de dar duas "idéias" para Hollywood. Mas eu cansei de cair nessa. Prefiro rever King Kong (o original e o de Peter Jackson), Godzilla (o japonês, claro), Jurassic Park, Alien e... Holocausto Canibal.

Cloverfield - Monstro (Cloverfield, 2008)
Direção: Matt Reeves
Roteiro: Drew Goddard
Elenco: Michael Stahl-David, Lizzy Caplan, Jessica Lucas, T.J. Miller, Mike Vogel e Odette Yustman

21 Comments:

At 3:09 PM, fevereiro 12, 2008, Anonymous Anônimo said...

Poxa, é a primeira crítica de verdade que leio do filme. Até agora todo mundo tem gostado. Pelo jeito o marketing não era pra valer né? Mas eu verei mesmo assim. Tentarei essa semana, nos cinemas, se der.

Ciao!

 
At 3:12 PM, fevereiro 12, 2008, Blogger Otavio Almeida said...

Crítica de verdade? Por que? E obrigado!

Abs!

 
At 3:48 PM, fevereiro 12, 2008, Blogger Kamila said...

Muita gente compara esse filme com "Godzilla", mas eu concordo que a maior influência é "A Bruxa de Blair". "Cloverfield" funcionou comigo. Achei um filme agoniante. E gostei do ator que interpreta o Rob. Acho que ele capturou com perfeição essa angústia que predomina no filme.

Beijos.

 
At 4:30 PM, fevereiro 12, 2008, Blogger Museu do Cinema said...

Eu tô por fora mesmo, acho que houve um bloqueio por aqui.

Mas por falta de aviso não foi hein Otávio.

 
At 4:45 PM, fevereiro 12, 2008, Blogger Otavio Almeida said...

Kamila, ele grita, corre e faz cara de medo. Só que eu cansei... E tudo começou com HOLOCAUSTO CANIBAL. Não se esqueça.

Cassiano, vc tem razão. Não foi por falta de aviso. Mas te recomendo HOLOCAUSTO CANIBAL. Vc vai adorar :)

Abs!

 
At 5:01 PM, fevereiro 12, 2008, Blogger Kamila said...

Otavio, como não conheço "Holocausto Canibal"....

 
At 5:06 PM, fevereiro 12, 2008, Anonymous Anônimo said...

Rá! Não sei por que mas achava que você não ia gostar. Bem, eu nem vi o filme, mas já fico com o pé atrás porque geralmente concordo com sua opinião. Enfim, verei muito em breve, ainda espero me surpreender.

Abraço!

 
At 5:16 PM, fevereiro 12, 2008, Anonymous Anônimo said...

Não... King Kong cansa minha beleza tremendamente, já Cloverfiel não, gostei muito! Achei o recurso das imagens gravadas por baixo da gravação do monstro muito legais, dá um sentido muito bacana para os flashbacks e elipses do filme.

 
At 5:52 PM, fevereiro 12, 2008, Blogger Otavio Almeida said...

Kamila, tem no You Tube. É podre :)

Vinicius, nós geralmente concordamos? Legal. Bom, o filme é câmera na mão do início ao fim. Acaba e termina assim. Só que a situação envolve um monstrengo destruindo tudo. Revelei algo? Prefiro a câmera tremida do Paul Greengrass, que não deixa de passar uma sensação real por um olhar de documentário.

Daniell, não rolou comigo. E será que os flashbacks são fascínios de JJ Abrams? Vc não gosta de KING KONG? Ora, os brutos também amam. Os monstros não podem simplesmente destruir...

Abs!

 
At 8:32 PM, fevereiro 12, 2008, Blogger Victor said...

1 estrela só?? Pena..
Pra mim, foi um filme dos mais agoniantes!
É bem verdade que poderia ter tido um roteiro mais bem caprichado, não entendo pra que mostrar a parte do "romance" na fita se no "tempo real" não se vê o comprometimento do personagem em fazer isso valer. (Tudo bem que o filme anda por isso, por essa busca do personagem atrás da menina, mas não chegou a me transmitir a sensação de "devo salvá-la por tudo que ela representa e bláblá...)
Também acho que falta um ápice ao filme. O ritmo pra mim foi meio "prende a respiração-relaxe-prende-relaxe". Quando deveria ter tido um "prende-prende-prende-ok, chame a ambulância que mais um sufocou!" hehe..Também acho que mais meia hora de filme não faria mal a ninguém.
Mesmo assim, o considero dos mais agoniantes! E uma experiência válida sim!

Abs Otávio!

 
At 9:45 PM, fevereiro 12, 2008, Blogger Manoela Maia McGovern said...

Depois de ler a crítica, fiquei curiosa pra ver o filme. Ainda mais que agora posso reconhecer os lugares quando passar!
Parabéns pelo blog e pelas dicas! Muito bom mesmo!
Manoela Maia

 
At 9:49 PM, fevereiro 12, 2008, Anonymous Anônimo said...

Bom, queria ver Cloverfield em breve, ainda não vi, até porque os cinemas de minha cidade estrearam No Country for Old Men e Eastern Promisses semana passada e pronto. Cloverfield dançou junto com Sweeney Todd. Acho que vai acabar passando atrasado aqui, até acho uma boa pedida esses filmes imbecis com intuito de entreter abusando de efeitos especiais e sustos. Sério. Mas com sua super cotação, considero a possibilidade de mandá-lo ao escambau e economizar alguns trocados para ver no cinema algo melhor. :-)
Abraço!

 
At 10:02 PM, fevereiro 12, 2008, Blogger Pedro Henrique Gomes said...

Confesso que não gosto desse tipo de filme. Iria passar longe desse, mas pelo jeito não é de todo dispensável.

Abraço!!

 
At 11:34 PM, fevereiro 12, 2008, Anonymous Anônimo said...

Eu quis dizer que voce realmente criticou Otavio. Entende? Não elogiou como a maioria. Voce tomou mais tempo em apontar as falhas e os podres. rsrsrs.

Ciao!

 
At 10:39 AM, fevereiro 13, 2008, Blogger Otavio Almeida said...

Como disse o Weiner ao "escambau" com esse CLOVERFIELD :-)

Prefiro TRANSFORMERS, que também destrói tudo.

E neste final de semana estréia SANGUE NEGRO e 3:10 to YUMA. Cinema tá caro...

Aliás, só vou rever CLOVERFIELD se o Cassiano confessar aqui que foi ao cinema ver o monstro.

Abs a todos!

 
At 10:51 AM, fevereiro 13, 2008, Blogger Museu do Cinema said...

HOLOCAUSTO CANIBAL? O que é isso Otávio?

 
At 11:09 AM, fevereiro 13, 2008, Blogger Otavio Almeida said...

Quem quiser enfrentar o trailer do clássico podre HOLOCAUSTO CANIBAL, entre aqui:

http://youtube.com/watch?v=Jvflno8ydJk

Abs!

 
At 11:22 AM, fevereiro 13, 2008, Blogger Marcus Vinícius Freitas said...

Eu gostei do filme, não é tão bom quanto THE HOST, mas como disse o Victor, também achei válida a experiência.

Abraço!

 
At 6:40 PM, fevereiro 13, 2008, Blogger Otavio Almeida said...

Marcus, O HOSPEDEIRO é muito melhor...

Abs!

 
At 1:15 AM, fevereiro 14, 2008, Anonymous Anônimo said...

O. isso pq vc se esqueceu que Diary of the Dead, do Romero, começou a ser feito antes e entrou nas paradas agora, mas tá levando porrada de todo lado...
"Inovação" por inovação, o Romero pensou nisso antes.. ehheeh

Mas, continuo insistindo, Cloverfield tem seus méritos sim.. Para o Genero tem...

 
At 7:34 PM, março 10, 2008, Blogger Amenar Neto said...

***

Infelizmente Otávio, eu consegui observar a inteligência que tu não notou. Ou felizmente né? Pra que origem de monstros (que EXISTE uma explicação, porém só com investigação)? Para que planos inteiros do monstro? Pra que câmeras bem focadas? Pra que mais do mesmo?

***

Cloverfield não é o "colírio-para-os-olhos-ao-estilo-holywoodiano"! É algo mais que percepção. É sentimento. É a inserção num mundo cinematográfico. É o poder convidativo e atrativo do cinema.

***

Uma obra-prima, por incrível que pareça, o filme não é. Mas ele é muito bom. Bom mesmo. Pena que vc num gostou... Mas eu respeito, na boa.

Abraço.


--> Fugindo do Holocausto Canibal

 

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