A palavra de Maurice Jarre
Filmes e trilhas sonoras sempre foram unha e carne um do outro. Desde a época de Metrópolis e O Gabinete do Dr. Caligari. Infelizmente, hoje, acho que a sétima arte tenta explorar cada vez mais a realidade e, você sabe, a vida não tem trilha sonora. Triste assim.
Representantes da manifestação da arte, os temas estão praticamente extintos e as trilhas mais elogiadas do momento só funcionam durante a exibição de um filme - ninguém mais sai do cinema assobiando. Ou é muito raro isso acontecer. Como penso desta forma, lamento profundamente a partida do maestro francês Maurice Jarre, um dos últimos ícones da música no cinema. Compositor favorito do monumental David Lean, Jarre morreu nesta semana e deixou um legado fascinante.
Autor de trilhas inesquecíveis para filmes como Lawrence da Arábia, Doutor Jivago, A Filha de Ryan, Passagem Para a Índia, A Testemunha, Sociedade dos Poetas Mortos e Ghost, Jarre foi um dos maiores em seu ofício. Para mim, um dos cinco grandes. Os outros, claro, são Bernard Herrmann, Nino Rota, John Williams e Ennio Morricone.
Mas para relembrar Maurice Jarre, eu gostaria de esquecer o português e falar com vocês no idioma do maestro. Por exemplo, no final de Sociedade dos Poetas Mortos - isso que é final de filme -, o aluno Todd Anderson (Ethan Hawke) tenta explicar ao Sr. Keating (Robin Williams) que o professor foi vítima de um complô da diretoria do colégio. Quando o mestre é obrigado a deixar a sala, a música de Maurice Jarre entra. Note que a intenção do diretor Peter Weir é fazer um tributo à arte do ensino. A música vai crescendo à medida em que os alunos, a Sociedade dos Poetas Mortos, sobem em suas mesas para homenagear Keating evocando as palavras de Walt Whitman, "Oh Captain, My Captain!". É como se os antepassados da sociedade voltassem do além. É algo sobrenatural que acontece ali. Agora, tente imaginar a cena sem a música de Maurice Jarre.
Em A Testemunha, outro grande filme de Peter Weir, há uma sequência que mostra a comunidade amish construindo um celeiro com a ajuda do policial John Book (Harrison Ford). A trilha de Maurice Jarre domina a cena e ilustra todos os significados do melhor filme de Weir. Com música, som e imagem, vemos um conflito de emoções entre a inveja, o ciúme e o amor. Fantástico. Agora, tente imaginar a cena sem a música de Maurice Jarre.
Lawrence da Arábia é um dos meus filmes favoritos. É o maior épico já feito para o cinema. David Lean alcançou um nível jamais igualado por outros cineastas ao contar a saga de um homem desprezível apaixonado pelo deserto e pela sensação de aventura. Mas não me leve a sério, por favor, afinal a história de T.E. Lawrence (Peter O' Toole) é maior que a vida e não se resume somente ao que tenho a dizer sobre o filme. É por isso que David Lean filmou (pintou?) o deserto com uma fotografia que eu considero a mais bela de todas. Freddie Young é o nome da fera. Bom, mas voltando: Uma das melhores cenas de Lawrence da Arábia mostra o herói em seu primeiro contato com o deserto. Mas tente imaginar o cenário inteiro sem a música de Maurice Jarre.
Para terminar, talvez você ainda não tenha visto Doutor Jivago, mas certamente conhece o Tema de Lara. Preciso dizer algo mais?
Apenas imagens não construiriam tal magia. Assim falou o maestro Maurice Jarre.
Representantes da manifestação da arte, os temas estão praticamente extintos e as trilhas mais elogiadas do momento só funcionam durante a exibição de um filme - ninguém mais sai do cinema assobiando. Ou é muito raro isso acontecer. Como penso desta forma, lamento profundamente a partida do maestro francês Maurice Jarre, um dos últimos ícones da música no cinema. Compositor favorito do monumental David Lean, Jarre morreu nesta semana e deixou um legado fascinante.
Autor de trilhas inesquecíveis para filmes como Lawrence da Arábia, Doutor Jivago, A Filha de Ryan, Passagem Para a Índia, A Testemunha, Sociedade dos Poetas Mortos e Ghost, Jarre foi um dos maiores em seu ofício. Para mim, um dos cinco grandes. Os outros, claro, são Bernard Herrmann, Nino Rota, John Williams e Ennio Morricone.
Mas para relembrar Maurice Jarre, eu gostaria de esquecer o português e falar com vocês no idioma do maestro. Por exemplo, no final de Sociedade dos Poetas Mortos - isso que é final de filme -, o aluno Todd Anderson (Ethan Hawke) tenta explicar ao Sr. Keating (Robin Williams) que o professor foi vítima de um complô da diretoria do colégio. Quando o mestre é obrigado a deixar a sala, a música de Maurice Jarre entra. Note que a intenção do diretor Peter Weir é fazer um tributo à arte do ensino. A música vai crescendo à medida em que os alunos, a Sociedade dos Poetas Mortos, sobem em suas mesas para homenagear Keating evocando as palavras de Walt Whitman, "Oh Captain, My Captain!". É como se os antepassados da sociedade voltassem do além. É algo sobrenatural que acontece ali. Agora, tente imaginar a cena sem a música de Maurice Jarre.
Em A Testemunha, outro grande filme de Peter Weir, há uma sequência que mostra a comunidade amish construindo um celeiro com a ajuda do policial John Book (Harrison Ford). A trilha de Maurice Jarre domina a cena e ilustra todos os significados do melhor filme de Weir. Com música, som e imagem, vemos um conflito de emoções entre a inveja, o ciúme e o amor. Fantástico. Agora, tente imaginar a cena sem a música de Maurice Jarre.
Lawrence da Arábia é um dos meus filmes favoritos. É o maior épico já feito para o cinema. David Lean alcançou um nível jamais igualado por outros cineastas ao contar a saga de um homem desprezível apaixonado pelo deserto e pela sensação de aventura. Mas não me leve a sério, por favor, afinal a história de T.E. Lawrence (Peter O' Toole) é maior que a vida e não se resume somente ao que tenho a dizer sobre o filme. É por isso que David Lean filmou (pintou?) o deserto com uma fotografia que eu considero a mais bela de todas. Freddie Young é o nome da fera. Bom, mas voltando: Uma das melhores cenas de Lawrence da Arábia mostra o herói em seu primeiro contato com o deserto. Mas tente imaginar o cenário inteiro sem a música de Maurice Jarre.
Para terminar, talvez você ainda não tenha visto Doutor Jivago, mas certamente conhece o Tema de Lara. Preciso dizer algo mais?
Apenas imagens não construiriam tal magia. Assim falou o maestro Maurice Jarre.
6 Comments:
amigo o post esta simplesmente
S-H-O-W.
as explicações das cenas estão encriveis. me emocionei lendo e lembramdo dessas cenas e percembemdo detalhes que nunca vi antes. parabens mesmo.
Obrigado, John! E ainda preciso escrever sobre os filmes citados, exceto por A TESTEMUNHA, que já tem resenha no FILMES CINCO ESTRELAS.
Abs!
Otavio, juro que eu não sabia que Maurice Jarre tinha sido o autor da linda trilha de "Sociedade dos Poetas Mortos". E que lindo tributo você prestou aqui!
Beijos!
Essa cena de "Sociedade dos Poetas Mortos" é de arrepiar! A Testemunha em alemão ficou engraçado! Se você acha esse o melhor dele, assista "A costa do Mosquito". Abs!
Otávio, esses vídeos não nos deixam esquecer da maestria de Jarre, que viverá para sempre nos filmes que musicou. Belo tributo.
Sim, Kamila! Ele mesmo! Mais uma obra-prima composta por Maurice Jarre. Bjs!
Pois é, Denis! Eu só achei em alemão... Pelo menos tem a cena toda... Abs!
Gustavo, obrigado! São trilhas inesquecíveis mesmo! Abs!
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