quarta-feira, novembro 08, 2006

A Última Noite

Pode parecer apenas uma homenagem ao rádio, mas aos 81 anos, o diretor Robert Altman faz uma reflexão bem-humorada e otimista da morte em A Última Noite (A Prairie Home Companion, 2006).

Seria o All That Jazz de Robert Altman? O musical de Bob Fosse narra os últimos dias de um coreógrafo da Broadway, que precisa terminar seu show antes de morrer. É Bob Fosse falando de Bob Fosse. Ele tinha Jessica Lange como um anjo em seu filme. Altman tem Virginia Madsen. Estaria o diretor de O Jogador e Short Cuts enfrentando seus medos em A Última Noite? Altman não centra a agonia do fim em um personagem, mas em uma apresentação ao vivo que marca o encerramento de um programa de rádio chamado A Prairie Home Companion (o título original do filme). Após cerca de 30 anos no ar, seus artistas teriam algum futuro? Existe vida fora dali?

Diferente do caminho depressivo trilhado por Fosse em All That Jazz, Altman mostra que há luz no fim do túnel em uma comédia que consegue ser leve e despretensiosa mesmo com um tema difícil, sendo capaz de fazer você sair do cinema com um sorriso de orelha a orelha.

É divertido ver a câmera do diretor observar gente como Meryl Streep, Lily Tomlin, Kevin Kline, Woody Harrelson e John C. Reilly improvisando e cantando. Ele flagra suas tristezas e esperanças como um membro da equipe. E Altman faz isso como poucos. Além do rádio, ele declara seu amor aos vários gêneros do cinema – o personagem de Kevin Kline não se chama Mr. Noir por acaso.

Não há aqui o objetivo (ou a ambição) de entregar um filme maior do que ele representa (e nem precisava). É rápido, divertido e emocionante. Tudo na dose certa. A mensagem do diretor é simples e eficaz: ele viveu e foi feliz! Se o cineasta vai mesmo parar por aqui, ele parte em grande estilo.