O adeus de Robert Altman
O diretor Robert Altman reflete sobre a morte de forma otimista em A Última Noite (2006), filme em cartaz nos cinemas. É estranho e bonito que este tenha sido seu último trabalho. Nesta segunda-feira, o grande diretor morreu aos 81 anos em um hospital em Los Angeles.
Altman buscava um cinema ousado e autoral dentro de uma indústria como Hollywood. Em plena guerra do Vietnã, ele lançava o hilário M.A.S.H. (1970), com seus médicos açougueiros e obcecados por sexo no meio de tanta matança. Mas seus grandes filmes foram mesmo Nashville (1975), O Jogador (1992) e Short Cuts - Cenas da Vida (1993). Não gosto de Assassinato em Gosford Park (2001) e A Última Noite é um belo e agradável filme, mas nenhum grande Altman - talvez agora ganhe uma reverência maior pelos motivos discutidos em minha crítica (veja neste blog).
Hollywood deve muito a Altman. Ótimo diretor de atores (um dos melhores ao lado de Woody Allen), ele deixava a qualidade de seus filmes surgir da interpretação (e improvisação) de seu elenco. Nada mais parecia importar durante as filmagens.
Altman foi autor pela linguagem, discutindo a imagem antes que isso virasse moda nas mãos de diretores menores como Steven Soderbergh e Paul Thomas Anderson – de onde você acha que veio a chuva de sapos em Magnólia (1999)? Ainda acha que Anderson nunca viu o terremoto no fim de Short Cuts?
Neste ano, Altman recebeu um Oscar honorário pelo conjunto de sua obra – um pedido de desculpas da Academia por tê-lo indicado cinco vezes ao prêmio sem jamais deixá-lo sair como vencedor. Ele concorreu na categoria Melhor Diretor por M.A.S.H. (1970), Nashville (1975), O Jogador (1992), Short Cuts - Cenas da Vida (1993) e Assassinato em Gosford Park (2001).
Talvez uma nova geração ainda não entenda sua importância. Mas Robert Altman tem seu lugar na história do cinema. Talvez seja hora de rever seus grandes trabalhos para discutir o que perdemos. Eu mesmo não sou grande fã de seus filmes mais recentes, mas ao olhar para trás, senti uma imensa tristeza. E chega de falar em morte neste blog. Bola pra frente!
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