quarta-feira, dezembro 06, 2006

O Ilusionista

Desde os sucessos de Os Suspeitos e, principalmente, O Sexto Sentido, que Hollywood acha necessário colocar um final surpresa para resolver (e desconstruir) um filme inteiro de suspense. O que quero dizer com suspense na atual safra é algo como uma pitada de mistério na trama. Até pérolas como Jogos Mortais traçam esse caminho.

Com estréia prometida para essa sexta, O Ilusionista é o segundo “filme de mágico” de 2006. Ao abordar o fantástico mundo do ilusionismo, a fórmula do “final surpresa” parecia tentadora como nunca – o próprio pôster traz a isca “o filme mais surpreendente do ano”.

Mas ao contrário de seu primo O Grande Truque, O Ilusionista não define o seu rumo. Parece querer agradar a todos, mas não chega a lugar algum. Há um suspense que promete, mas termina de forma superficial. No meio disso tudo, há espaço para um romance que começa bem até cair nos clichês de sempre. De repente, para salvar o filme vem o tal final surpreendente em uma cena patética com Paul Giamatti.


Alfred Hitchcock ensinou que o “grande truque” por trás dos mistérios é deixar pistas por todo o filme - mas o diretor precisa desviar a atenção do espectador para que a solução não seja óbvia. Não é o caso de O Ilusionista, que nem precisava de uma conclusão dessas. Com tantos filmes assim, é até possível adivinhar o final.

A fórmula manjada ainda apresenta cenários e figurinos refinados, que conseguem deixar o talento de Edward Norton de lado. Será que isso é um elogio? E sobra Jessica Biel provando que é má atriz, enquanto o cineasta Neil Burger (em seu segundo trabalho) ainda mostra ter a mão pesada para a direção.


Pelo menos, a fotografia de Ondrej Nakvasil, que remete aos primórdios do cinema, e a trilha hipnotizante de Philip Glass merecem destaque. Dispensável, O Ilusionista faz O Grande Truque parecer perfeito. Ou seja, ainda não conseguiram fazer o “filme de mágico”.

1 Comments:

At 11:39 AM, abril 11, 2007, Blogger Museu do Cinema said...

Otávio, do seu texto só concordo com o Philip Glass, não gostei da fotografia, hollywoodiana e cópia demais, o filme é muito bem feito, e o suspense em nenhum momento é manipulativo. A história se desenrola e fecha na última cena de forma brilhantemente conduzida.

 

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