segunda-feira, dezembro 11, 2006

O Labirinto do Fauno

A nova fantasia do mexicano Guillermo Del Toro já merecia elogios somente por ser um roteiro original. O Labirinto do Fauno jamais seria feito em Hollywood e perto disso, os americanos só viram os esboços do superestimado Tim Burton, que sempre termina consumido pelo excesso de seus filmes.

Diferente de Burton, Del Toro leva sua ousadia até o fim. Em O Labirinto do Fauno, ele viaja com a imaginação da menina sonhadora Ofelia (a ótima Ivana Baquero) pelas sombras da Espanha dominada pelo fascismo. A fuga da brutal realidade de Ofelia reside em um universo habitado por criaturas repugnantes, mas incapazes de comparações à crueldade humana. Sem medo de desagradar a platéia, Del Toro faz a menina comer o pão que o Diabo amassou. E ele atende pelo nome de Capitão Vidal. O ator Sergi López faz com que o personagem ganhe um pedestal entre os grandes vilões do cinema. Ele é o pior dos monstros de O Labirinto do Fauno.

Entre citações que vão desde Alice no País das Maravilhas a O Iluminado, Del Toro sabe que um filme não vai para frente só com um visual exuberante e personagens maiores que a vida (como Tim Burton acha). Seu roteiro é muito bem amarrado e liga de forma quase perfeita os dois mundos de Ofelia. E por mais estranho que seja é exatamente neste ponto em que encontro o único problema do filme. E trata-se da mesma sensação incômoda encontrada em A Espinha do Diabo, outro trabalho semelhante de Del Toro.

O Labirinto do Fauno parece ser dois filmes em um. A parte fantástica da história é assustadora, mas não tanto quanto a realidade do batalha entre o Capitão Vidal e os rebeldes. No final, tudo faz sentido e os dois mundos dialogam entre si, mas ainda assim, o lado dedicado aos horrores da guerra parece ter mais importância. Até os planos são mais abertos do que na hora da fantasia – o que depõe contra a cartilha do gênero, mas é só um detalhe que pode ser perdoado.


Seria um filmaço sobre o sofrimento da Espanha com a guerra civil, mas as idas e vindas do mundo fantástico de Ofelia são muito curtas e impressionam mais pelo asco de algumas cenas do que pelo deleite visual e o envolvimento com o ambiente. Talvez o filme tivesse mais força se o diretor e roteirista deixasse o lado real mais de lado, ou se abordasse apenas o seu drama de guerra. Mas aí não seria O Labirinto do Fauno. Um filme deve ser julgado pelo que ele é. E o de Guillermo Del Toro é bom e criativo, mas poderia ser melhor.

1 Comments:

At 6:55 AM, março 07, 2007, Anonymous Anônimo said...

Uma obra-prima.

3.5/4 estrelas.

 

Postar um comentário

<< Home