Vale boicotar uma obra de ficção?
Um protesto ou tentativa de boicote contra o filmeco americano Turistas anda circulando pela Internet. Claro que irritou os brasileiros, afinal é sobre um grupo de mochileiros que vem ao nosso país e acaba vítima de sádicos traficantes de órgãos. Tem até mesmo um site picareta promovendo o filme (www.paradisebrazil.com).
É fato que a maioria dos americanos não tem vergonha em admitir que não conhece nada sobre a história de outros países. Mas sempre foi assim no cinema de Hollywood. Filmes de guerra, terror, ficção-científica, ou seja, o que for: tudo é mais perigoso quando a ameaça é externa. O medo do desconhecido se mistura com a ignorância.
Em Um Lobisomem Americano em Londres, dois jovens ianques são atacados por um lobo a caminho da capital inglesa. Um morre e o outro se transforma na criatura do título. Já a primeira versão de Guerra dos Mundos era uma metáfora relacionada ao medo da Guerra Fria.
Lógico que a trama de Turistas é absurda, mas a proposta não difere muito da que vimos em O Albergue, por exemplo. O trash cool de Eli Roth sugere que a principal fonte de renda nos confins da Eslováquia é convidar milionários para torturar mochileiros até a morte. Nesse caso, o que será que os europeus pensam sobre O Albergue? A verdade sobre Turistas é que a temática mexeu com o brio de nosso povo.
Enfim, por mais que Turistas apresente erros bizarros como índios andando nas praias ou uma selva perigosa paralela ao calçadão de Copacabana, trata-se de uma obra trash de ficção. Não dá para levar a sério. É como ver o filme e constatar que todo americano é idiota. Então valem as perguntas: o cinema retrata sempre a realidade? E qual é a definição para cinema? Com estréia nacional prevista para fevereiro, Turistas é mais do mesmo lixo. Só que dessa vez incomodará o brasileiro que sempre faz fila para ver filmes de terror como esse.
1 Comments:
Eu, como sempre, tô fora! Não tenho problema com filmes de terror, mas filmes de tortura eu dispenso, seja na Eslováquia, no Brasil, na chuva, na fazenda...
Mas parece que o filme é tão ruim e foi tão mal na bilheteria que nem vale a pena se preocupar com os possíveis danos à imagem do Brasil.
Bjus!
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