quinta-feira, dezembro 07, 2006

Vale boicotar uma obra de ficção?

Um protesto ou tentativa de boicote contra o filmeco americano Turistas anda circulando pela Internet. Claro que irritou os brasileiros, afinal é sobre um grupo de mochileiros que vem ao nosso país e acaba vítima de sádicos traficantes de órgãos. Tem até mesmo um site picareta promovendo o filme (www.paradisebrazil.com).

É fato que a maioria dos americanos não tem vergonha em admitir que não conhece nada sobre a história de outros países. Mas sempre foi assim no cinema de Hollywood. Filmes de guerra, terror, ficção-científica, ou seja, o que for: tudo é mais perigoso quando a ameaça é externa. O medo do desconhecido se mistura com a ignorância.


Em Um Lobisomem Americano em Londres, dois jovens ianques são atacados por um lobo a caminho da capital inglesa. Um morre e o outro se transforma na criatura do título. Já a primeira versão de Guerra dos Mundos era uma metáfora relacionada ao medo da Guerra Fria.

Lógico que a trama de Turistas é absurda, mas a proposta não difere muito da que vimos em O Albergue, por exemplo. O trash cool de Eli Roth sugere que a principal fonte de renda nos confins da Eslováquia é convidar milionários para torturar mochileiros até a morte. Nesse caso, o que será que os europeus pensam sobre O Albergue? A verdade sobre Turistas é que a temática mexeu com o brio de nosso povo.


Enfim, por mais que Turistas apresente erros bizarros como índios andando nas praias ou uma selva perigosa paralela ao calçadão de Copacabana, trata-se de uma obra trash de ficção. Não dá para levar a sério. É como ver o filme e constatar que todo americano é idiota. Então valem as perguntas: o cinema retrata sempre a realidade? E qual é a definição para cinema? Com estréia nacional prevista para fevereiro, Turistas é mais do mesmo lixo. Só que dessa vez incomodará o brasileiro que sempre faz fila para ver filmes de terror como esse.

1 Comments:

At 10:03 AM, dezembro 08, 2006, Anonymous Anônimo said...

Eu, como sempre, tô fora! Não tenho problema com filmes de terror, mas filmes de tortura eu dispenso, seja na Eslováquia, no Brasil, na chuva, na fazenda...

Mas parece que o filme é tão ruim e foi tão mal na bilheteria que nem vale a pena se preocupar com os possíveis danos à imagem do Brasil.

Bjus!

 

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