300
Adaptado da graphic novel de Frank Miller, 300 (2007), o filme de Zack Snyder (de Madrugada dos Mortos) que está dando o que falar, é bom para a cabeça, mas não para o coração.
Uma vez, li que alguns críticos consideram Amadeus, de Milos Forman, um filme sobre Mozart para roqueiros. Então 300 só pode ser um épico para metaleiros. Ou para quem adora passar horas jogando videogame. Ou para um eterno menino que adorava brincadeiras estúpidas com seus coleguinhas. De uma beleza visual absurda, 300 realmente empolga e deixa quem tem o perfil acima louco para berrar no cinema junto com o Rei Leônidas (o ator escocês Gerard Butler, que finalmente encontra seu lugar no Olimpo) e acertar a cabeça de quem esteja ridicularizando o filme.
Como não li a obra de Frank Miller, fontes me garantem que está tudo ali na tela, mas onde está a visão de Zack Snyder como cineasta? Em cada cena, lembramos de um filme semelhante. Além dos movimentos dos guerreiros espartanos lembrarem Matrix, existem momentos de Coração Valente, e principalmente Gladiador e O Senhor dos Anéis. Talvez se 300 tivesse acontecido antes da monumental trilogia de Peter Jackson, o filme de Zack Snyder seria merecedor dos rótulos de “revolucionário” como alguns exaltados pregaram. Lógico que isso é um exagero. Inclusive, a mesma técnica foi empregada em Sin City.
Mas nas primeiras cenas, já sabemos qual é o tipo de filme em que 300 se encaixa. É pegar ou largar. Snyder não engana ninguém. É um festival de berros, sangue e testosterona – o que é muito bom para a cabeça. Mas falta alma ou coração ao diretor. Embora domine muito bem as técnicas do cinema atual, Snyder entrega um filme tão violento quanto Apocalypto, de Mel Gibson, mas não acrescenta nada ao que já vimos antes. A sensação de déjà vu é inevitável e a pergunta surge: Enfim, o que é cinema?
Sobra espetáculo visual, mas falta um compromisso dramático com a tragédia evidente do exército espartano. Embora não tenha uma montagem de videoclipe, 300 respeita os fatos históricos, insere alguns monstros (!) e segue uma narrativa clássica. Temos 10% de cenas dedicadas à construção da história, enquanto os outros 90% partem para a ignorância e dá-lhe Leônidas! Há alguma desculpa para tanto exibicionismo? Quem pensou somente em “quadrinhos”, errou. O filme é narrado por um soldado espartano e seu entusiasmo pelo ato heróico do exército de Leônidas contra os persas justifica os exageros. Esperto esse Zack Snyder.
Ah! Rodrigo Santoro... ele está lá. É o Rei Xerxes, que se leva muito a sério como divindade. Para isso, Zack Snyder deixou o ator mais alto e turbinou sua voz à la Darth Vader. Ele não é necessariamente um vilão. Depende do seu ponto de vista. Bom para Santoro, que entra pela porta da frente de Hollywood com todo o sucesso do filme.
Alguns críticos acusaram uma certa apologia à guerra em 300 – de que tudo pode ser resolvido no tapa ou na ponta da lança. Insistem em citar os feitos de Bush, que ignorou as decisões da ONU e o apelo de outros países ao invadir o Iraque. Ora essa! Os espartanos eram educados para guerrear desde meninos. Isso é História! Por que eles não dizem isso ao Leônidas de Gerard Butler, que existiu muito antes de Bush? E 300 é para a massa, principalmente a adolescente. Quem se importa com isso? É como andar numa montanha russa bacana. É legal, você sai totalmente alucinado, mas esquece em pouco tempo. Se isso também é cinema, 300 é o filme certo.
Uma vez, li que alguns críticos consideram Amadeus, de Milos Forman, um filme sobre Mozart para roqueiros. Então 300 só pode ser um épico para metaleiros. Ou para quem adora passar horas jogando videogame. Ou para um eterno menino que adorava brincadeiras estúpidas com seus coleguinhas. De uma beleza visual absurda, 300 realmente empolga e deixa quem tem o perfil acima louco para berrar no cinema junto com o Rei Leônidas (o ator escocês Gerard Butler, que finalmente encontra seu lugar no Olimpo) e acertar a cabeça de quem esteja ridicularizando o filme.
Como não li a obra de Frank Miller, fontes me garantem que está tudo ali na tela, mas onde está a visão de Zack Snyder como cineasta? Em cada cena, lembramos de um filme semelhante. Além dos movimentos dos guerreiros espartanos lembrarem Matrix, existem momentos de Coração Valente, e principalmente Gladiador e O Senhor dos Anéis. Talvez se 300 tivesse acontecido antes da monumental trilogia de Peter Jackson, o filme de Zack Snyder seria merecedor dos rótulos de “revolucionário” como alguns exaltados pregaram. Lógico que isso é um exagero. Inclusive, a mesma técnica foi empregada em Sin City.
Mas nas primeiras cenas, já sabemos qual é o tipo de filme em que 300 se encaixa. É pegar ou largar. Snyder não engana ninguém. É um festival de berros, sangue e testosterona – o que é muito bom para a cabeça. Mas falta alma ou coração ao diretor. Embora domine muito bem as técnicas do cinema atual, Snyder entrega um filme tão violento quanto Apocalypto, de Mel Gibson, mas não acrescenta nada ao que já vimos antes. A sensação de déjà vu é inevitável e a pergunta surge: Enfim, o que é cinema?
Sobra espetáculo visual, mas falta um compromisso dramático com a tragédia evidente do exército espartano. Embora não tenha uma montagem de videoclipe, 300 respeita os fatos históricos, insere alguns monstros (!) e segue uma narrativa clássica. Temos 10% de cenas dedicadas à construção da história, enquanto os outros 90% partem para a ignorância e dá-lhe Leônidas! Há alguma desculpa para tanto exibicionismo? Quem pensou somente em “quadrinhos”, errou. O filme é narrado por um soldado espartano e seu entusiasmo pelo ato heróico do exército de Leônidas contra os persas justifica os exageros. Esperto esse Zack Snyder.
Ah! Rodrigo Santoro... ele está lá. É o Rei Xerxes, que se leva muito a sério como divindade. Para isso, Zack Snyder deixou o ator mais alto e turbinou sua voz à la Darth Vader. Ele não é necessariamente um vilão. Depende do seu ponto de vista. Bom para Santoro, que entra pela porta da frente de Hollywood com todo o sucesso do filme.
Alguns críticos acusaram uma certa apologia à guerra em 300 – de que tudo pode ser resolvido no tapa ou na ponta da lança. Insistem em citar os feitos de Bush, que ignorou as decisões da ONU e o apelo de outros países ao invadir o Iraque. Ora essa! Os espartanos eram educados para guerrear desde meninos. Isso é História! Por que eles não dizem isso ao Leônidas de Gerard Butler, que existiu muito antes de Bush? E 300 é para a massa, principalmente a adolescente. Quem se importa com isso? É como andar numa montanha russa bacana. É legal, você sai totalmente alucinado, mas esquece em pouco tempo. Se isso também é cinema, 300 é o filme certo.
300 (2007)
Direção: Zack Snyder
Elenco: Gerard Butler, Rodrigo Santoro, Lena Headey e David Wenham
13 Comments:
Bem, tendo sido Sin City um dos 5 melhores filmes que eu vi em 2005, tenho muito o que aguardar de 300. Eu adoro filmes diferentes, que possam chamar minha atenção de uma maneira diferente. Sinceramente nao me incomodo com o aspecto de video game, ja que Sin City tem aspecto de quadrinho. Eu acho que essa eh uma boa epoca pra apreciar as produções inovadoras do cinema. Se esse filme for a maravilha que to esperando e me conquistar como Sin City fez, ele corre o risco de ser um dos melhores de 2007 pra mim...
Abraço!!!!
Apesar de achar a história interessante, 300 não é o tipo de filme que me atrai muito... Mas espero que o filme abra muitas portas para o Rodrigo Santoro, que é um ótimo ator e merece as oportunidades que está tendo.
Bjs!
Acho que "300" chega aos cinemas brasileiros já cheio de expectativas, pelo bom rendimento dele no box-office americano e por ter o Rodrigo Santoro no elenco.
Desde que você colocou os primeiros posts sobre o filme por aqui, disse que não compartilho do mesmo entusiasmo que algumas pessoas têm sobre o filme.
"300" tem originado diferentes interpretações e, como te disse, só assistindo mesmo para saber.
Bom final de semana!
Uma dica para assistir a 300, pessoal: deixem os neurônios do lado de fora do cinema.
Só assim mesmo para embarcar nessa doideira. É divertido, tem muita gritaria e sangue... Acho que não é para levar a sério...
É épico para metaleiros! Com todo o respeito ao HEAVY METAL! E acho que a comparação com SIN CITY vale pela tecnologia aplicada em 300. Só! Zack Snyder pareceu ter mais liberdade para "zoar" do que o Robert Rodriguez teve em SIN CITY.
Abs a todos! E bom final de semana!
THIS... IS... SPAAAAAARTAAAAAAAA!!!!!
O ingresso do cinema vale pelo visual. Descreveu bem o filme: vai lá, assiste, acha legal, vibra e vai embora. Eu sou da opinião que é necessário um filme pancadaria-guerra-sangue-pra-tudo-que-é-lado (Charles Bronson!!!!) de vez em quando, e 300 é um desses. Um filme pra se ver sem compromissos.
Abraço e bom final de semana!
Domingo estou lá no cinema vendo. Que bom que gostou e espero que eu goste tanto quanto vc.
Acho que será bem satisfatório.
Até mais.
E sim...veja Atirador. vale a pena.
Como já havíamos comentado, "300" não é nada inovador, mas conseguiu me divertir por duas longas horas. Para mim, o único defeito é ser um pouco forçado na ação até quando o roteiro não permite, além de ser parecido pacas com "Gladiador".
É filme pipoca da melhor qualidade e o Zach Snyder não parece ter vergonha disso (o Frank Miller deveria ficar feliz com o resultado, até porque fez mais sucesso do que "Sin City"). E, falando sério, não vi nada relacionado ao governo de Bush ali (pelamordedeus, "300" é um filme pra relaxar, não pra ficar fazendo relações históricas sem propósito). Mais uma vez parabéns pela crítica!
Ah, o papel do Rodrigo não lhe permite uma atuação shakesperiana, mas foi uma bela escolha para sua carreira! Até mais.
Otavio, não vou dizer que não gostei. Vibrei! O longa é bom paca, tem seus problemas (maniqueísmo²), mas a arrogância em doses iguais de espartanos e persas garante boas horas de diversão.
O visual ficou demais, a rainha enrabada - show!, muitas reviravoltas, com certeza inferior a Sin City, mas um filmão. E você resumiu bem, épico para metaleiros - que se foda o realismo histórico e aí temos convidados de O Senhor dos Anéis, a trilha sonora de X-Men e cenas direto de Gladiador, como você bem escreveu.
E, sinceramente, gostei muito de ver o Santoro, senti lá no fundo do peito uma ponta de orgulho brasileiro. Vida longa ao rei!
abração!
Adorei seu texto!
Sou de uma opinião bem próxima a sua. Apesar de minha cotação máxima, mais por sua direção e técnica do que pelo roteiro, 300 está realmente longe de algo revolucionário, já que mescla várias idéias de outros filmes merecedores do título. Mas acho que há espaço para uma visão mais além de "assista apenas por diversão" sem atingir os extremos que você citou.
Parabéns!
Acho besteira essa mania que os críticos especializados tem em declarar que tal filme utiliza referências ao governo Bush. Poxa, será que não é mais possível ver um bom filme pipoca sem ligar para essas baboseiras?
Não gosto do filme anterior de Zack Snyder, mas estou com muita expectativa com "300". Devo assisti-lo em breve.
No Cine Resenhas
* Comentário do filme “Uma Noite no Museu”
Luciano, obrigado!
Quem ainda não viu 300, passe aqui depois para me contar o q achou, ok?
Abs a todos e boa semana!
Filme fodástico!
Entretenimento de primeira!
3 estrelas também.
This is Sparta, indeed. Nao eh o tipo de filme pra se levar a serio mesmo, tb nao consigo ver nada de Bush e Guerra do Iraque..como vc disse, isso eh Historia, e aconteceu milhares de anos (?) atras.
Merece as tres estrelinhas.
Postar um comentário
<< Home