Scoop
Em toda a história de Hollywood, ninguém jamais pregou um humor ácido e, ao mesmo tempo, delicioso como Woody Allen. Depois de algumas tentativas de retornar ao gênero que o consagrou, o baixinho hipocondríaco de óculos gigantescos finalmente foi bem-sucedido em Scoop – O Grande Furo (Scoop, 2006).
Será que faltava a inspiração de uma musa como em seus melhores trabalhos ao lado Diane Keaton e Mia Farrow? Talvez Scarlett Johansson represente esse reencontro do autor com sua energia criativa – mesmo que ela não seja Diane ou Mia. O importante é que, em cena, Allen está engraçadíssimo com um timing perfeito para a comédia. Há tempos ele não tinha uma química tão radiante na tela ao lado de uma estrela. Não bastava exatamente mudar de ares – como de Nova York para Londres. Scarlett era a peça que faltava para vermos um Woody Allen de 70 anos enlouquecido, hipocondríaco e afiado nas piadas como conhecemos há mais de três décadas.
Mesmo não sendo uma femme fatale como em Dália Negra (2006), de Brian De Palma, ou em Match Point (2005), do próprio Allen, Scarlett consegue ser sensual mesmo fora de todos os estereótipos. É só perceber a fixação da câmera do diretor quando Scarlett está sozinha na tela ou usando um maiô vermelho de liquidação, como ela admite – por essa cena, “obrigado, Woody”. Quando o cineasta não atua, exceto por Match Point, ele sempre coloca sua personalidade no protagonista – foi assim com John Cusack, em Tiros na Broadway (1994), e com Kenneth Branagh, em Celebridade (1998). Scarlett só não é uma versão feminina da mente de Woody Allen porque ele atua em Scoop. Mas, me referindo a uma das passagens cômicas da trama, ela é a “filha que Woody Allen jamais teve”. Scarlett é Sondra Pransky, uma estudante de jornalismo norte-americana de passagem em Londres. Ela é inseparável de seus óculos, assumidamente nerd e atrapalhada, mas não chega a ser neurótica como o mágico Sid Waterman (Allen). Em um de seus shows, ele usa Sondra como voluntária e a moça recebe uma mensagem do espírito de Joe Strombel (Ian McShane), um conceituado jornalista inglês. Ele tem um “grande furo” para a jovem estudante: o aristocrata britânico Peter Lyman (Hugh Jackman) é o famoso "assassino das cartas de tarô", que aterroriza Londres. Mas será que um espírito pode se enganar? A improvável dupla parte para a investigação e as risadas brotam da tela naturalmente.
Tem crítico batendo em Scoop e dizendo que “não é o melhor de Woody Allen” ou “não está entre os melhores do diretor e roteirista”. Eles até têm razão, mas isso não é um problema do filme. Já vimos muita coisa de Scoop em, principalmente, Um Misterioso Assassinato em Manhattan (1993). Allen adora um crime - foi assim em Crimes e Pecados (1989) e Match Point (2005) -, e Londres é o cenário ideal para esse tipo de trama. Então, Scoop lembra outros filmes de Woody Allen? Qual o problema? Acho que isso representa qualidade, afinal a obra do cineasta não foi esquecida. E mesmo não sendo um de seus melhores trabalhos, Scoop é uma comédia despretensiosa e infinitamente superior à média que domina o circuito, e que prova para uma nova geração que ninguém se aproxima do humor de Woody Allen.
Scoop - O Grande Furo (Scoop, 2006)
Direção: Woody Allen
Elenco: Scarlett Johansson, Woody Allen, Hugh Jackman e Ian McShane
Será que faltava a inspiração de uma musa como em seus melhores trabalhos ao lado Diane Keaton e Mia Farrow? Talvez Scarlett Johansson represente esse reencontro do autor com sua energia criativa – mesmo que ela não seja Diane ou Mia. O importante é que, em cena, Allen está engraçadíssimo com um timing perfeito para a comédia. Há tempos ele não tinha uma química tão radiante na tela ao lado de uma estrela. Não bastava exatamente mudar de ares – como de Nova York para Londres. Scarlett era a peça que faltava para vermos um Woody Allen de 70 anos enlouquecido, hipocondríaco e afiado nas piadas como conhecemos há mais de três décadas.
Mesmo não sendo uma femme fatale como em Dália Negra (2006), de Brian De Palma, ou em Match Point (2005), do próprio Allen, Scarlett consegue ser sensual mesmo fora de todos os estereótipos. É só perceber a fixação da câmera do diretor quando Scarlett está sozinha na tela ou usando um maiô vermelho de liquidação, como ela admite – por essa cena, “obrigado, Woody”. Quando o cineasta não atua, exceto por Match Point, ele sempre coloca sua personalidade no protagonista – foi assim com John Cusack, em Tiros na Broadway (1994), e com Kenneth Branagh, em Celebridade (1998). Scarlett só não é uma versão feminina da mente de Woody Allen porque ele atua em Scoop. Mas, me referindo a uma das passagens cômicas da trama, ela é a “filha que Woody Allen jamais teve”. Scarlett é Sondra Pransky, uma estudante de jornalismo norte-americana de passagem em Londres. Ela é inseparável de seus óculos, assumidamente nerd e atrapalhada, mas não chega a ser neurótica como o mágico Sid Waterman (Allen). Em um de seus shows, ele usa Sondra como voluntária e a moça recebe uma mensagem do espírito de Joe Strombel (Ian McShane), um conceituado jornalista inglês. Ele tem um “grande furo” para a jovem estudante: o aristocrata britânico Peter Lyman (Hugh Jackman) é o famoso "assassino das cartas de tarô", que aterroriza Londres. Mas será que um espírito pode se enganar? A improvável dupla parte para a investigação e as risadas brotam da tela naturalmente.
Tem crítico batendo em Scoop e dizendo que “não é o melhor de Woody Allen” ou “não está entre os melhores do diretor e roteirista”. Eles até têm razão, mas isso não é um problema do filme. Já vimos muita coisa de Scoop em, principalmente, Um Misterioso Assassinato em Manhattan (1993). Allen adora um crime - foi assim em Crimes e Pecados (1989) e Match Point (2005) -, e Londres é o cenário ideal para esse tipo de trama. Então, Scoop lembra outros filmes de Woody Allen? Qual o problema? Acho que isso representa qualidade, afinal a obra do cineasta não foi esquecida. E mesmo não sendo um de seus melhores trabalhos, Scoop é uma comédia despretensiosa e infinitamente superior à média que domina o circuito, e que prova para uma nova geração que ninguém se aproxima do humor de Woody Allen.
Scoop - O Grande Furo (Scoop, 2006)
Direção: Woody Allen
Elenco: Scarlett Johansson, Woody Allen, Hugh Jackman e Ian McShane
15 Comments:
Oi pessoal! Tudo bem?
A crítica para SCOOP é o 100º post do blog!!!
Obrigado a todos pela participação!! Espero que possamos conversar cada vez mais sobre essa maravilha que é o cinema em outras centenas de posts!
;-)
Adorei esse filme! É leve, muito divertido, um tipo de humor que me agrada muito.
Bjs!
Eu sou apaixonada pelo estilo do Woody Allen, Otavio. Vc usou as palavras certas (humor acido e ao mesmo tempo delicioso). Agora fiquei ainda mais curiosa pra ver o filme, quero soh ver a versao "nerd" da Scarlett hehe
Parabens pelo post 100!
Abs,
Parabéns pelo centesimo post, espero que outros 100 venham.
Scoop é um filme delicioso, uma comédia inteligente mesmo, como só o Woody Allen é capaz de fazer.
Saudações tricolores! Parabéns pelo 100º post e que venha o milésimo!
Então, como está no GOW2, já zerou? Aqui chega semana que vem, mais uns dias roendo as unhas, hehe. Quanto ao filme, desse final de semana não passa, até sábado assisto Scoop.
Abraços!
Oi Otávio... parabéns pelo sucesso do blog... adorei a crítica!
Fui assistir no sábado com a Flavinha e tb amei o filme ... uma comédia inteligente como eu não via há algum tempo.
Beijokas
Parabéns pelo centésimo post! Espero mesmo que seja apenas o começo :)
Quanto à "Scoop", ainda acho que de todas as tentativas de Allen em voltar às comédias prefiro "Melinda e Melinda" (que ainda tem uma parte dramática). Os críticos tem razão em dizer que não é um dos melhores do Allen (eu mesmo afirmo isso), mas nem de longe é um filme ruim.
Parabéns pelo centésimo post do blog "Hollywoodiano", Otávio. E que venham outros tantos 100 posts!
Quero muito assistir "Scoop", mas, infelizmente, os filmes de Woody Allen demoram uma eternidade para estrear nos cinemas daqui - e, quando estream, ficam pouco tempo em cartaz.
Obrigado a todos vcs!
Repararam que quase todo filme do Sr. Woody Allen começa com uma boa conversa de bar?
Se a cena do bar não abre o filme, geralmente ela está nos primeiros 20, 30 minutos...
Acontece isso em SCOOP, MELINDA E MELINDA, BROADWAY DANNY ROSE, MANHATTAN, etc... Mas é mais ou menos o que desenrola durante todo o filme, não? Seus filmes são papos entre amigos de bar... no bom sentido.
Abs!
Acho que não vem ao caso se esse é ou não o melhor Allen. Poxa, um diretor que entrega um filme por ano e tem no currículo alguns dos clássicos do cinema não precisa filmar uma obra-prima anual. Scoop é como você disse, totalmente acima da média das produções atuais, com um Woody Allen incomparável e ácido (boa definição), que só encontro similar em toda a história do cinema na obra de Luis Buñuel.
Se todo ano tivermos um Scoop para assistir, não será preciso deixar de ir ao cinema tão cedo.
abração!
Realmente vc tem razão Otavio, quanto a conversas de bar, vou reparar mais nisso nos proximos filmes dele, gostaria muito de fazer uma revisita a sua obra, mas o cara manda um filme por ano, é capaz de nunca finalizar.
E vcs têm um favorito do Sr. Woody Allen? O meu HANNAH E SUAS IRMÃS.
Cassiano, tem um filme que eu acho que o Billy Crystal fez pensando na obra do Woody Allen. O nome é ESQUEÇA PARIS (http://www.imdb.com/title/tt0113097/). Não sei se já viu, mas tem a Debra Winger. Eu acho ótimo. Todo o filme é narrado por amigos numa mesa de bar...
Abs!
Otavio. Ainda não vi "Hannah e Suas Irmãs", mas dos que vi, fico na dúvida entre "Match Point" e "Annie Hall" - tá bom, o segundo, por ser do gênero preferido do cineasta.
Meu favorito dos que vi é Everyone says I love you. Tem a cena mais fantástica da filmografia de Woody Allen (ele dançando com Goldie Hawn em estilo O Tigre e o Dragrão).
abs!
É verdade, Tulio! Hahhahahaha.... é a Goldie Hawn ou a Julia Roberts nessa cena?? Não me lembro...
Abs!
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