O Gângster
Entre outras coisas, os anos 70 representaram o fim da inocência. A Guerra do Vietnã veio para fazer o povo americano questionar as decisões de seus governos e as drogas viraram um negócio lucrativo, que aumentou a criminalidade, a desordem social, o caos urbano, a corrupção na polícia e nos altos escalões da justiça. A violência reinava absoluta.
O ingresso vale cada centavo, principalmente, pela atuação da dupla principal. Não concordo quando dizem que Denzel ganha de lavada de Crowe. Seu Frank Lucas, acho, é um personagem mais fácil. O grande Denzel já mostrou antes que sabe passar de simpático a monstro num piscar de olhos como em Dia de Treinamento. E ele repete a técnica em O Gângster. Já não sabemos o que esperar do Richie Roberts de Russell Crowe, um policial honesto até o último fio de cabelo, mas incapaz de manter relações humanas e de ser fiel às próprias mulheres de sua vida. Seu conflito é saber que na terra, ele é bom, mas no céu, ele precisará acertar contas.
Quem procura por ação e muitos tiroteios, pode se decepcionar com O Gângster. É bom cinema que dá voz a dezenas de personagens e aposta no poder da narrativa. Nesse ponto, as contribuições de Denzel Washington e Russell Crowe elevam a qualidade de um filme que parece que já vimos antes. É isso mesmo. O problema de O Gângster é parecer um pouco over, datado. E a trama é detalhada demais, por vezes até muito didática.
Além disso, O Gângster tropeça também no que poderia ser a parte mais interessante a ser contada, que surge no final. Ridley Scott leva cerca de duas horas para chegar ao embate entre Crowe e Denzel, aí resolve correr nos minutos finais e encerrar tudo com aquele bom e velho texto que explica os destinos dos personagens na última cena.
Enfim, são pequenos detalhes que não deixam O Gângster no patamar de clássicos como O Poderoso Chefão, Scarface, Serpico, Um Dia de Cão e Operação França. Esqueci algum? Pode ser, mas garanto que o filme em questão também supera O Gângster.
O Gângster (American Gangster, 2007)
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Steven Zaillian
Elenco: Denzel Washington, Russell Crowe, Chiwetel Ejiofor, Josh Brolin, Ruby Dee, Lymari Nadal, Ted Levine, RZA e Cuba Gooding Jr.
13 Comments:
Puxa, que filme ruim, sem dúvida a maior decepção de 2007 até agora - se tivesse que escolher o filme mais superestimado do ano, "O Gângster" estaria em primeiro lugar. Apesar de você ter gostado, concordo com alguns pontos de seu texto. Russell Crowe dá um pouco de dignidade à fita e está MELHOR do que o Denzel Washington; é o filme mais datado da temporada, cheira até a poeira; o desfecho é muito fraco; qualquer um desses filmes citados é infinitamente superior a ele.
Abraço!
O filme é bom, Vinicius. Mas não é um grande Ridley Scott, pois cheira a poeira (como vc disse). E o desfecho é sem sal.
Concordo que o Russell Crowe surpreende mais que o Denzel Washington.
Mas não concordo quando alguns comparam O GÂNGSTER a OS INFILTRADOS. A comparação deve ser feita com os filmes policiais dos anos 70, que são superiores.
Abs!
Ah, Otavio, outra coisa que esqueci de comentar: o que dizer da Ruby Dee, hein? Sua indicação ao Oscar foi o absurdo dos absurdos dessa edição.
Vejo esse na segunda amigo. abs
Vou assistir "O Gângster" amanhã e comento seu post com calma depois.
Beijos e bom final de semana!
Nossa, eu esperava mais. Vou tentar ver este fim de semana, mas não sei se vou conseguir entrar para ver, já que a censura é 18 anos e tenho apenas 16. Vamos ver...
Ciao!
ainda nao chegou por aqui !!
Mas é o tipo do filme que eu assistiria mais no DVD...
Gostei do filme, apesar do terceiro ato que é bem ruim, tentando transformar o traficante em uma espécie de herói. Mas o filme vale pelas atuações e a ótima direção do Scott, que compensa o roteiro capenga.
Eu gostei do filme, mas concordo que o final me pareceu corrido.
A forma como Lucas gerenciava seus negócios é impressionante. Me fez lembrar das minhas aulas de marketing na faculdade, e ele não fez faculdade mas entendia muito bem das ferramentas de marketing.
Em tempo, segundo o CineTotal:
http://www.cinetotal.com.br/noticia.php?cod=1480
O Ministério da Justiça alterou a classificação do filmes, de 18 para 16 anos.
Ainda mais depois de ter visto JUNO, tudo parece menor diante do filme do Jason Reitman...
Abs!
Otavio, concordo que o filme tropeça no final, com aquela redenção toda para o Frank Lucas. Odiei!
No mais, gostei da paciência com que o roteiro do Steven Zaillian explica a ascensão do Frank Lucas, bem como a investigação de Richie Roberts.
Outros pontos altos do filme são a sua direção de arte, a fotografia e a edição.
Beijos.
Esperava mais desse filme, porém gostei e assim como você disse, vale cada centavo.
Abraço!!!
OBs:Vou linká-lo no Tudo é Crítica.
Valeu, Pedro! Coloquei teu link aqui.
Abs!
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