sábado, junho 14, 2008

Sex and the City - O Filme

"Deve haver algum site em que eu possa comprar um pijama mais confortável"


OK, preciso dizer algumas coisas antes de você prosseguir com a leitura desta crítica. Eu não vi a maioria dos episódios de Sex and the City, mas a série é ótima. Admito. Mas também aviso que não entendo nada, absolutamente coisa alguma de moda. Para você ter uma idéia, eu pensava que Yves Saint Laurent já havia batido as botas há um tempão. Fiquei surpreso quando soube da morte dele.

Agora, a crítica: quando dizem que um longa vale apenas por seus efeitos visuais, eu faço essa comparação a Sex and the City - O Filme (Sex and the City, 2008), que vale somente pelo desfile de roupas e grifes. Tirando isso, o filme se concentra em dramas que eu não compreendo. Um deles é mostrar que uma mulher bem vestida se torna melhor que as outras. Outro draminha é acompanhar uma mulher sofrendo com a possibilidade de não realizar uma festa de casamento caríssima. Quer mais? O filme tenta arrancar lágrimas de quem se emociona com gente que ainda não decidiu se comprará aquela cobertura bacana com vista para Manhattan ou um closet gigantesco capaz de guardar milhões de sapatos. Enfim, são conceitos que não me emocionam facilmente.

Aliás, os aspectos comentados acima não eram tão descarados na série da HBO. Na TV, a mulher partiu para o ataque. A moda estava lá, mas não era o mais importante. A mulher era mais ousada e independente. No cinema, ela é carente, meiga, dependente. Na série, ela ganhou espaço na sociedade com muita garra. No cinema, ela só chora e bate o pé. Que exemplo é esse? Onde foram parar o sexo e a cidade, que fizeram a série conquistar tantos fãs? É o sinal dos tempos: a TV é mais criativa, inteligente e ousada que o cinema. Hoje, a sétima arte é direcionada aos adolescentes.

A verdade é que Sex and the City andou para trás em sua transposição para o cinema. Ao menos, espero que os fãs estejam satisfeitos. Não sendo devoto da série, eu preciso fazer a crítica em cima do que entendo como cinema - roteiro, direção, atuações, etc.

É inegável que Cynthia Nixon e principalmente Sarah Jessica Parker e Kim Cattrall são atrizes carismáticas. Todas criaram personagens adoráveis. Já Kristin Davis é careteira e exagerada. Não perdôo. Ainda assim, o quarteto fantástico não pode segurar um filme com o roteiro fraco do diretorzinho Michael Patrick King. Sex and the City - O Filme é basicamente uma comédia romântica como já estamos cansados (ou não) de ver nos últimos 20, 30 anos. Não é Bonequinha de Luxo, mas elas atuam como se fossem as "Bonequinhas de Luxo". Também não é uma comédia romântica da classe de um Woody Allen de Manhattan, Annie Hall ou Hannah e Suas Irmãs. É uma comédia romântica lotada de clichês mesmo. Dessas que saem todas as semanas. A pequena diferença é que estamos falando de Sex and the City. Isso quer dizer que o filme é mais picante do que outros exemplares do gênero.

Michael Patrick King também é frouxo na edição de seu filme. Todos os conflitos poderiam ser resolvidos com apenas uma hora de duração, mas o diretor e roteirista inventa um imprevisto com as garotas e adia um final que não é preciso ser Nostradamus para adivinhar como será. O problema não é ser previsível, mas fazer o público esperar pela conclusão óbvia. Veja bem: são duas horas e meia de filme, meus amigos. Duas horas e meia! E pensar que tudo era muito bem feito na TV com cerca de quarenta e poucos minutos.

Com tantos erros e enrolações no roteiro e os quase 150 minutos de duração, Sex and the City pode até irritar a paciência de alguns fãs, mas sobra para quem gosta de moda. Assim, um ingresso acabará custando o valor de uma bolsa da Louis Vuitton em um futuro não muito distante. Tem gente que vai pagar pra ver e ainda dirá que o valor é justo.


Sex and the City - O Filme
(Sex and the City, 2008)
Direção: Michael Patrick King
Roteiro: Michael Patrick King (Baseado na obra de Candace Bushnell e na série criada por Darren Starr)
Elenco: Sarah Jessica Parker, Kim Cattrall, Kristin Davis, Cynthia Nixon, Chris Noth, Candice Bergen e Jennifer Hudson

7 Comments:

At 9:11 AM, junho 15, 2008, Anonymous Anônimo said...

Há muito tempo postaram num comentário no meu blog a seguinte frase: "há produções que não deveriam ser refeitas, refilmadas e séries que deveriam permanecer eternamente na TV". Acredito ser esse o caso de Sex and the City. O lugar da série - como vc mesmo disse ótima - é, definitivamente, na telinha. Não chega a valer um filme na tela grande. Mas os caros brothers hollywoodianos, sempre carentes de dinheiro, não podiam deixar de passar mais essa, não é mesmo?

Saudações,
Roberto.

 
At 10:26 AM, junho 15, 2008, Anonymous Anônimo said...

Que pena que não gostou, ainda espero me surpreender - apesar dos comentários abaixo da média por parte dos blogueiros. Abraço!

 
At 1:58 PM, junho 15, 2008, Blogger Kamila said...

Otavio, você está certo em muitos pontos, especialmente no que diz respeito ao maior problema de "Sex and the City - O Filme": o roteiro. Na vontade de tratar temas que seriam melhor abordados numa temporada inteira, Michael Patrick King faz um filme superficial demais. Acho que a essência das personagens, o relacionamento delas está ali, mas falta aquele algo mais que a série tinha.

Beijos!

 
At 3:22 PM, junho 16, 2008, Blogger fabiana said...

Eu nem estou tão louca para ver mais, sei lá por que... vou pensar se vejo amanhã ou se troco por fim dos tempos.

 
At 7:15 PM, junho 16, 2008, Blogger Dr Johnny Strangelove said...

Pergunta ... viu de graça?

 
At 4:56 PM, junho 17, 2008, Blogger Otavio Almeida said...

Roberto, SEX AND THE CITY não deveria ter saído da TV.

Vinicius, você pode até gostar, mas se surpreender? Bom, você quer dizer que gostar do filme será uma surpresa, não?

Kamila, o filme é fraco e falta... tempero.

Fabiana, FIM DOS TEMPOS também não é bom. Ao menos, o M. Night Shyamalan é um diretor mais talentoso que Michael Patrick King.

Johnny, infelizmente não.

 
At 6:19 PM, julho 05, 2008, Blogger vera maria said...

Descobri seu blog hoje, lá pelo Favoritos, o grande caminho para encontrar gente legal... vou linkar seu blog só pela excelente crítica ao sex 'in' the city, perfeitíssima! Vou voltar sempre.
Um abraço,
clara lopez

 

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