terça-feira, julho 29, 2008

Vestida Para Casar


Tenho um problema com comédias românticas do mesmo modo como não consigo rever filmes de ação dos anos 80. São sempre os mesmos clichês, as mesmas fórmulas, os mesmo heróis e vilões seguindo os mesmo caminhos e a mesma pataquada. Nesta década, no entanto, Hollywood proporcionou um upgrade no gênero celebrado pelo público masculino. E um dos grandes exemplos está na trilogia Bourne. Mas o que acontece com comédias românticas como Vestida Para Casar (27 Dresses, 2008)?

Não há nada de novo aqui. Tudo já foi visto antes. Então, para quê repetir a dose? Talvez seja umaa tentativa para lançar Katherine Heigl como estrela de cinema, mas Hollywood não tem a coragem necessária para colocá-la num filme de verdade. Quando surge um bom roteiro, eles ainda preferem Julia Roberts. Ou outra atriz que já tenha emplacado um sucesso de bilheteria. Pobre Katherine Heigl...

Tem gente que vai defender o filme da seguinte forma: "Ah, mas as roupas da Katherine Heigl são legais." Também pudera... a mulher tem 27 vestidos no guarda-roupa como bem diz o título e a roteirista Aline Mckenna escreveu a adaptação cinematográfica de O Diabo Veste Prada. Bom, agora você já pegou que eu não entendo nada de moda, que é um detalhe em comum e, por isso mesmo, curioso em alguns filmes do gênero.

Como Bonequinha de Luxo, por exemplo, que traz Audrey Hepburn com roupas que inspiram até hoje. Mas embora eu não conheça as grifes daquele clássico, eu sei que ainda há muito cinema ali. Desde a direção de Blake Edwards, passando pela atuação de Audrey, o roteiro e, claro, a trilha de Henry Mancini. Aliás, vocês notaram como não fazem trilhas marcantes para comédias? Saudades do grande Henry Mancini...

Talvez eu esteja pedindo demais, mas quando injetam uma ou outra coisa nova ou ousada em um filme do gênero, ele ganha destaque e a admiração de público e crítica. É o caso de Encontros e Desencontros, da Coppolinha, que joga dois perdidos numa noite suja com os habituais clichês em razão do significado do título nacional, mas com uma certa pitada de originalidade. Naquele filme, a diretora olha com sentimento particular para a situação e os olhares perdidos de Bill Murray e Scarlett Johansson em Tóquio. Há uma curiosa profundidade nisso. Sem falar no cenário diferente para sair da mesmice. Outro exemplo reside em O Casamento do Meu Melhor Amigo, que traz uma cena surpreendentemente natural e original (o musical regido por Rupert Everett) e um final incomum, mas justo para mim, e injusto para outros. Ou seja, gera discussão até hoje. Tem também o uso do romantismo exacerbado em Sintonia de Amor, o conto de fadas moderno em Uma Linda Mulher, o olhar crítico e exigente da moda em O Diabo Veste Prada, e a comédia romântica surgindo inesperadamente em um filme que não parecia comédia romântica em seu início: Melhor é Impossível. Enfim, existem bons exemplos. O problema é a tendência, a repetição, que sai de um filme que oferece um pingo de originalidade em cada gênero. Aí Hollywood aproveita a laranja até o bagaço.

Em Vestida Para Casar, tudo acontece como se a diretora Anne Fletcher e a roteirista Aline McKenna estivessem seguindo regras ou fórmulas. Tem até o momento O Casamento do Meu Melhor Amigo, com Katherine Heigl e James Marsden cantando Benny and the Jets, clássico de Elton John. Só que diferente do filme com Julia Roberts e Rupert Everett, o tal momento não é espontâneo e, segundos antes, você é capaz de antecipar que, a qualquer hora, o casal pirar e colocar a vitrola pra tocar. Além disso, você vê o casal brigando, mas eles reatam no final (com direito a discurso em público). Tem até o momento "provador", com Katherine Heigl experimentando seus 27 vestidos com trilha sonora esperta ao fundo. É clichê atrás de clichê.

Se tem algo de bom que eu possa dizer é que absolvo Katherine Heigl, ótima, linda e carismática. Ok, James Marsden (o interesse romântico da protagonista) se sai bem e Malin Akerman (a irmã bonitona-ou-algo-assim, mas pentelha, da personagem de Katherine) até que é boa atriz. Mas é pouco. Nem comentei sobre a trama, não? Deixa pra lá! Mas pode ser que você seja capaz de extrair algo dali. Desculpe-me, mas eu não consegui.

Vestida Para Casar (27 Dresses, 2008)
Direção: Anne Fletcher
Roteiro: Aline McKenna

Elenco: Katherine Heigl, Malin Akerman, Edward Burns, James Marsden, Judy Greer, Michael Ziegfeld, Krysten Ritter, Maulik Pancholy e Melora Hardin

Obs: Disponível em DVD pela Fox

13 Comments:

At 7:53 PM, julho 29, 2008, Anonymous Anônimo said...

Otavio, eu concordo que o filme não acrescenta em nada ao gênero de comédia romântica. Mas, ao mesmo tempo, te deixo uma pergunta: qual o propósito de filmes assim? Eles querem fazer com que a gente se sinta bem, naquele momento; e que a gente acredite na possibilidade do amor e do final feliz.

Nestes dois aspectos, "Vestida Para Casar" passa com louvor. Especialmente por causa da dupla James Marsden e Katherine Heigl.

Beijos!

 
At 8:48 PM, julho 29, 2008, Anonymous Anônimo said...

Otávio, se não fosse Wall-E e The Dark Knight vc estaria numa sequência de filmes ruins espantosa!

 
At 9:25 PM, julho 29, 2008, Blogger Otavio Almeida said...

Sim, Kamila! É verdade. Mas... os outros filmes que eu citei no post também fazem acreditar na possibilidade do amor e do final feliz. Não é? Com uma diferença: são ótimos filmes. Bjs!

Denis, é mesmo. Rparei só agora que ando falando mal de quase tudo. Abs!

 
At 9:44 PM, julho 29, 2008, Anonymous Anônimo said...

Não sei se é por que adoro a Katherine Heigl, mas me diverti muito com esse "Vestida Para Casar". Realmente não traz nada de novo em relação a outras comédias, mas dei boas risadas no cinema - o que me surpreendeu, já que não sou fã do gênero. Abraço!

 
At 9:51 PM, julho 29, 2008, Blogger Flávia said...

Otavio, eu que gosto de moda e adoro filmes com figurino caprichado, posso te dizer que o desse filme não tem nada de interessante. Todos os 27 vestidos são horrorosos, até porque a proposta é essa mesma. Acho que na divulgação tentaram puxar por esse lado, com o título (27 Dresses) e a relação com o Diabo Veste Prada. Mas não tem nada a ver mesmo.

Bjs

 
At 5:33 AM, julho 30, 2008, Anonymous Anônimo said...

O filme é mesmo muito comum e segue muito a tendência. Ta certíssimo. Mas ele me divertiu mais. Provavelmente por causa da Heigl, que adoro.

Dei 3 estrelas.

Ciao!

 
At 10:07 AM, julho 30, 2008, Blogger Otavio Almeida said...

Hmm... Talvez a Kamila tenha razão e eu esteja um pouco carrancudo, hein...

 
At 11:05 AM, julho 30, 2008, Blogger fabiana said...

Eu disse que era lixo!

 
At 12:50 PM, julho 30, 2008, Blogger Hypado said...

A Katherine Heigl é um tesão. Valeu por ela, por que esta fita é muito clichê.

Nota: 7.0

 
At 2:32 PM, julho 30, 2008, Blogger Museu do Cinema said...

Eu gostei do filme e vou dizer porque, primeiro pela estrela de Katherine, sem duvida a nova namoradinha de Hollywood, segundo porque o filme é clichê mas em nenhum momento ele nos engana sobre isso, então compra quem quer ver clichê, ao contrário de outras pérolas "chichêzisticas", que muitos jornali$tas querem vender como arte.

 
At 4:15 PM, julho 30, 2008, Blogger pseudo-autor said...

Nunca consigo destinar meu tempo para ver comédias românticas. Considero sempre desperdício de dinheiro! Portanto, já dá pra ter uma pequena idéia do que penso de produções como Vestida para casar. Aliás, pensando em compédia, as únicas que vi esse ano até agora foram Hairspray e Juno (e essa segunda nem considero tão comédia assim!)

Discutir mídia e cultura?
http://robertoqueiroz.wordpress.com

 
At 5:43 PM, julho 30, 2008, Blogger Pedro Henrique Gomes said...

Um dos filmes mais clichês que eu já vi. Uma edição terrível de ruim e figurino que beira o ridículo. Isso sem contar no pobre roteiro...

 
At 9:45 PM, julho 31, 2008, Blogger Gustavo H.R. said...

Comédia romântica genérica S.A. Não, obrigado! :p

 

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