terça-feira, agosto 05, 2008

Arquivo X - Eu Quero Acreditar


Como fã da série criada por Chris Carter, eu diria que o filme Arquivo X - Eu Quero Acreditar (The X-Files - I Want to Believe, 2008) é um episódio longo, um pouco mais sério que a maioria (alguns são assim mesmo), mas que não está entre os melhores, porém, apresenta um resultado satisfatório para quem conhece um dos maiores fenômenos da TV norte-americana. Como filme feito para a telona, no entanto, Eu Quero Acreditar é monótono, arrastado, nada impressionante, não justifica o sucesso da série para os leigos e fica no mesmo nível de thrillers de segunda categoria encomendados por Hollywood.

Dez anos depois dos acontecimentos do último filme, Arquivo X - Eu Quero Acreditar começa com o desaparecimento da agente do FBI Monica Bannan (Xantha Radley). Liderando as investigações, a agente Dakota Whitney (Amanda Peet) tem a inesperada ajuda do Padre Joe (Billy Connolly), que jura de pés juntos que tem visões sobre o paradeiro da moça. Como o assunto foge do controle de quem não acredita em figuras como ETs, o Coelho da Páscoa, o Papai Noel, o Saci e o Bicho Papão, Dakota pede ajuda a dois experts: os ex-agentes Fox Mulder (David Duchovny) e Dana Scully (Gillian Anderson, que evoluiu como atriz).

Para os fãs, o interessante é conhecer o rumo tomado por Mulder e Scully depois que ambos deixaram o FBI e as conspirações governamentais para trás. Scully deu continuidade a sua profissão original, a medicina, enquanto Mulder permaneceu, graças a Deus, esquisitão e vivendo isolado da Humanidade com uma barba quase do tamanho daquela usada por Tom Hanks, em Náufrago. Ambos continuam os mesmos - ele acredita em tudo aquilo que você não acredita. Ela ainda é cética por natureza. Juntos, eles são perfeitos.

Lógico que a conclusão da trama é bizarra, mas o criador da série, que estréia na direção, conduz tudo com uma preguiça desgraçada. Embora Mulder e Scully estejam no filme (claro, isso é Arquivo X), assim como o tema musical que toda criança deveria aprender na escola de sua educação cultural, nada justifica a realização do longa. Como cinema, não é só a trama que é sofrível. Tecnicamente, Arquivo X - Eu Quero Acreditar é de uma pobreza imperdoável. Carter poderia ter feito um episódio especial para a TV, pois até a edição lembra o formato original da série. Mas a televisão de hoje já evoluiu. Enquanto Carter pensa com a cabeça dos anos 1990, a qualidade atual das produções de TV, semelhante ao formato para cinema, mostra que o autor parou no tempo.

Mas o que impede a trama de agarrar você na cadeira é a parte do roteiro que acompanha um drama profissional de Scully, que tenta salvar um menino com uma doença terminal. Está certo que isso está lá para mostrar que ela "precisa acreditar", como diz o título. Scully não tem a fé intensa carregada por Mulder e o filme gira em torno da aceitação (ou não) da ex-agente pela luz (ou pela escuridão), um destino que Mulder já aceitou faz tempo. Mas os fãs já conhecem as personalidades de Mulder e Scully de longe. E pelo tratamento dado por Carter, quem nunca assistiu a Arquivo X vai precisar de um large coffee para segurar o sono.

Os fãs, pelo menos, têm um ou outro momento para perdoar o autor. Eu pulei na cadeira quando vi a foto de um cachorrinho no jornal, por exemplo. Se você está rindo, então dê uma olhada no bichinho quando ele aparecer pela primeira vez. Outra parte que vale uma atenção é a melhor cena do filme, que acompanha uma discussão entre Scully e o Padre Joe. Não que seja uma grande cena, mas é a melhorzinha.

Isso é pouco para quem esperou pela volta de Arquivo X. Faltou mais escuridão, mais nervosismo, mais tensão - não aqueles sustos gratuitos dos filmes de terror de hoje em dia. Falo da tensão natural transmitida pelos melhores episódios da série. Mas parece que Chris Carter não está preocupado com mais nada. Eu só gostaria que os iniciantes em Arquivo X soubessem que a série é infinitamente superior a este filme.

Arquivo X - Eu Quero Acreditar (The X-Files - I Want to Believe, 2008)
Direção: Chris Carter
Roteiro: Frank Spotnitz e Chris Carter (Baseado na série de TV criada por Chris Carter)
Elenco: David Duchovny, Gillian Anderson, Amanda Peet, Billy Connolly, Xzibit, Mitch Pilleggi e Xantha Radley

11 Comments:

At 8:44 PM, agosto 05, 2008, Anonymous Anônimo said...

Sim, a série é infinitamente melhor que este filme, mas "Eu Quero Acreditar" tem um ponto positivo: é melhor que muita coisa apresentada pelo Chris Carter e roteiristas nas duas últimas temporadas de "Arquivo X".

Beijos!

 
At 9:47 PM, agosto 05, 2008, Anonymous Anônimo said...

Otávio, cadê os filmes bons?

 
At 12:19 AM, agosto 06, 2008, Anonymous Anônimo said...

Vi relâmpagos da série anos atrás. Peguei essa semana o primeiro filme para ver. Aí assim poderei entrar no clima e tentar gostar dessa criticada continuação...

Ciao!

 
At 10:04 AM, agosto 06, 2008, Anonymous Anônimo said...

Pensei que o filme seria um dos melhores dessa temporada, mas a cada crítica de leio, fico mais desanimado. Como já disse outras vezes, nunca vi nada de "Arquivo X" (a não ser o primeiro filme, que inclusive acho bem fraco) e agora não tenho nenhuma animação para ver esse "Eu Quero Acreditar". Abraço!

 
At 10:38 AM, agosto 06, 2008, Blogger Dr Johnny Strangelove said...

Assim, não sou fã da série, então posso correr o risco de ver um filme extremamente fraco? ou apenas um filme bom que dá para Killing the time?

 
At 11:05 AM, agosto 06, 2008, Blogger Otavio Almeida said...

Kamila, você está certa. As temporadas finais são fracas demais.

Denis, tá difícil...

Wally, talvez o primeiro filme não ajude muito... é fraco também.

Vinicius, acho que dá pra esperar pelo DVD sem problemas.

Johnny, achei bem fraco.
E você tem visto filmes melhores. Estou doido pra ver WANTED.

Abs!

 
At 12:36 PM, agosto 06, 2008, Anonymous Anônimo said...

Otávio, vc assistiu August Rush (O Som do Coração)? É meio mela cueca, mas muito bem feito. É daqueles filmes sentimentalóides que só Hollywood sabe fazer. O Robin Williams se baseou no Bono do U2 para compor seu personagem e sempre achei os 2 parecidos. E Freddie Highmore parece ser o ator mirim da vez, espero que ele consiga manter o seu talento. Abs.

 
At 2:33 PM, agosto 06, 2008, Blogger Pedro Henrique Gomes said...

Eu nunca esperei nada demais desse filme, por isso nem fico surpreso com o teu texto, Otávio. Mesmo assim pretendo ver o filme no cinema.

Abraço!

 
At 6:29 PM, agosto 06, 2008, Blogger Otavio Almeida said...

Denis, eu aluguei o DVD outro dia, mas não consegui passar da primeira hora.

Pedro, eu fiquei surpreso, cara. Achei que o filme seria bom.

Abs!

 
At 3:20 PM, agosto 07, 2008, Anonymous Anônimo said...

Otávio, eu sempre assisto um filme até o fim não importe o quanto ruim seja, para não fazer uma apreciação infundada. E depois de ter conseguido assistir 10.000 AC, O Som do Coração foi um deleite, acredite.

 
At 4:24 PM, agosto 07, 2008, Blogger Otavio Almeida said...

Ah, sim. Não deu tempo. Eu não estava gostando. Mas é que não deu tempo mesmo. Um dia eu termino. E tem razão, não dá pra ser pior que 10,000 AC.

Abs!

 

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