sexta-feira, outubro 17, 2008

O Fim das Trilogias e o Renascimento das Cinesséries


Por Otavio Almeida e Fábio M. Barreto*


Começo, meio e fim. Introdução, desenvolvimento e conclusão. Nascimento, vida e morte. A idéia de contar uma só história em três partes obviamente não saiu da cabeça de Hollywood, mas o conceito teve início no cinema graças à ambição de Francis Ford Coppola em fazer de O Poderoso Chefão I e II praticamente um filme só num intervalo de apenas dois anos de produção durante a década de 70. Naquela época, a Parte III da saga dos Corleones nem estava nos planos do diretor, porém, um de seus amigos, George Lucas, aproveitou o amadurecimento dos estúdios em relação à idéia para fazer uma aposta ousada.

Antes de continuar a análise, é bom explicar: As cinesséries já existiam, claro, como 007 e Dirty Harry, assim como as seqüências (Operação França II). Mas não estamos falando de continuações. Falamos de trilogias - três filmes para contar apenas uma história. Na verdade, uma saga em três partes, que só se completa no terceiro e último ato. Estamos entendidos? Então vamos lá.

Lógico que a grana faturada pelo Guerra nas Estrelas, de 1977, ajudou George Lucas em seu caminho. Steven Spielberg, que dirigiu Os Caçadores da Arca Perdida logo depois, com produção de Lucas, começou a moldar as três aventuras clássicas de Indiana Jones nos anos 80. Mas cada filme de Indy tem sua própria história. Um não depende necessariamente do outro, mas os marketeiros dentro e fora de Hollywood, fãs e não-fãs, chamaram Indiana Jones de "trilogia" assim mesmo. Era um termo cool para ganhar uma boa grana em cima do produto. Mas trilogia mesmo, depois de Guerra nas Estrelas, foi De Volta Para o Futuro, com direção de Robert Zemeckis e produção de Spielberg (olha ele de novo). As aventuras no tempo de Marty McFly (Michael J. Fox) foram pensadas por Spielberg, Zemeckis e o roteirista Bob Gale em três filmes (começo, meio e fim). Mas como a idéia ainda era ousada demais, todo e qualquer estúdio precisava avaliar o retorno financeiro nas bilheterias para pensar no desenvolvimento de uma cinessérie. Ou uma trilogia. Hoje, nem isso importa mais. Todo mundo já assina contrato para possíveis três (ou mil) filmes.


Como o mercado mudou, assim como as exigências do público (e a falta de criatividade de Hollywood), as últimas trilogias do cinema que honraram o conceito original foram O Poderoso Chefão, Matrix e O Senhor dos Anéis. Err... Será que Austin Powers entra nessa? E Mad Max? Ah, deixa pra lá. Mas até a Trilogia Bourne, que foi concluída brilhantemente por Paul Greengrass deve ganhar um quarto filme em breve. Hollywood nem quer saber mais se Bourne foi baseado em "somente" três livros de Robert Ludlum. Até Piratas do Caribe, que fechou a saga iniciada em A Maldição do Pérola Negra, já tem um quarto episódio engatilhado.

Agora, veja outros exemplos de cinesséries em três partes e não exatamente trilogias fechadas que continuaram: O diretor Sam Raimi já confirmou Homem-Aranha 4 e 5, Duro de Matar já está na quarta parte, Indiana Jones encontrou a caveira de cristal, Rambo voltou a matar, e O Exterminador do Futuro, que nem era pra ter chegado ao 3, já ganhou um 4. Tudo isso, sem citar as "reinvenções". James Bond recomeçou suas aventuras como uma espécie de Jason Bourne loiro na pele de Daniel Craig, em Cassino Royale e Quantum of Solace, enquanto o Homem-Morcego arrebentou nas mãos do diretor Christopher Nolan, em Batman Begins e O Cavaleiro das Trevas (alguém duvida que a terceira parte será feita?).

Ironicamente, a culpa (ou não) do fim das trilogias, mas ao mesmo tempo do renascimento das cinesséries (reinventadas ou não), cai nas costas do Sr. George Lucas - como nas trilogias, mitologias, enfim, Hollywood também é um ciclo. O cineasta voltou no tempo para contar a saga de Darth Vader e a indústria cinematográfica entendeu que prequels de grandes sucessos também significavam dinheiro no bolso.


E um dos gêneros que entrou na dança foi o terror, ao contar o que aconteceu cronologicamente antes de clássicos como O Exorcista e O Massacre da Serra Elétrica. Com o sucesso de Jogos Mortais, que já alcança seu quinto episódio e só deve parar lá pelo número 33, o importante agora não é mais a condução narrativa, mas sim as novidades em termos de mortes e sadismo.

Mas a verdade é que a opção pelas prequels é normalmente ruim para a nova geração de cinéfilos, uma vez que muito da força de personagens impactantes como Darth Vader ou o Padre Merrin se perde durante a “reconstrução”. Convenhamos, ninguém precisa saber como foi o primeiro dia de trabalho de Norman Bates em seu motel. Mas conhecendo Hollywood, nada é impossível.

Voltando ao culpado por tudo isso, levando em conta a batida influência de Joseph Campbell (escritor-referência em mitologia) na criação de George Lucas, não foi dali que saiu a idéia para os três filmes originais de Star Wars - o fã mais radical vai defender o roteiro gigantesco que renderia nove filmes, mas que foi reduzido para seis (o resultado final depois de 30 anos) e que começou pelo meio, no Episódio IV. Entendeu?

Bom, tudo isso está certo, mas a estrutura dessa primeira trilogia tem um pezinho nos livros de J.R.R. Tolkien e seu O Senhor dos Anéis, que fornece um dos melhores guias para se contar uma história em três atos, incluindo dilemas de personagens, virada de mesa a favor dos caras maus no segundo episódio e um renascimento milagroso para salvar o dia na parte final. Isso só mostra que o pensamento em três episódios estava por ali quando Lucas criou seu filho predileto.


O investimento maciço nas cinesséries acaba sendo a evolução natural para o sucesso das trilogias nos anos 80, uma vez que a nova realidade das bilheterias (que faz Hollywood ser a única indústria do mundo não afetada pela crise econômica) e a experiência com o mercado de home entertainment, fazem com que uma série de filmes com investimentos normalmente menores a cada novo episódio, garanta bom retorno financeiro primeiro nos cinemas e depois no lançamento direto para DVD. Voltemos, então, a citar exemplos como A Profecia, que já tem cinco filmes em seu acervo, isso sem contar os intermináveis Sexta-Feira 13 e A Hora do Pesadelo. E será que o Harry Potter do cinema termina mesmo no sétimo filme? Ops, a Warner já decidiu dividir o episódio final em dois filmes. Ou seja, não interessa se a fonte original, a autora J.K. Rowling, escreveu "apenas" sete livros.

Tudo isso expõe dois sintomas claros: Hollywood está mesmo passando por uma crise criativa, que se arrasta há dez anos, e há muito medo entre os executivos na hora de ousar. Ninguém é imbatível ali - vide os irmãos Wachowski que emplacaram Matrix, a última grande trilogia original, ousaram em Speed Racer e o filme ficou aquém do esperado. Esse temor existe quando é necessário criar algo, mas quando se tratam de continuações, com públicos definidos (como no caso de Jason Bourne, um personagem que deu certo) e sucesso garantido, tudo pode acontecer. E quando alguma coisa funciona, a overdose é inevitável.


Essa overdose pode vir com efeitos negativos em alguns casos. Vejamos o terceiro filme da “trilogia” da Múmia, com Brendan Fraser. As aspas tem função aqui, pois embora três filmes principais componham a série, há o spinoff do Escorpião Rei, além de um desenho animado envolvido na brincadeira. Dez anos separam o primeiro filme de sua conclusão em A Múmia - Tumba do Imperador Dragão, que perdeu uma das principais chaves da série: Rachel Weisz, substituída após dispensar o papel. Mas o diretor picareta Rob Cohen alega que precisava de alguém mais sexy. Ok. De qualquer forma, Rick O’Connell (Fraser) é um bom herói de ação, mas cinematograficamente não oferece novidade. Como as bilheterias são boas, algum engravatado de Hollywood grita: “Oba, vamos aproveitar ao máximo!”

Mas o sinal de cansaço afeta até mesmo o herói. Em entrevista recente, Brendan Fraser confessou um certo cansaço e demonstrou incerteza a respeito de um quarto filme. “John Hannah poderia ir para a América do Sul sozinho, talvez”, disse por conta da sugestão feita pelo comediante inglês.


No meio de tudo isso, temos crossovers (Alien Vs. Predador, Freddy Vs. Jason), remakes, além de um excesso de adaptações de livros, quadrinhos (como Hellboy, que deve virar trilogia), séries de TV, games, e os já citados spinoffs (Wolverine, Elektra, Escorpião Rei) e reinvenções. Vale tudo para criar uma cinessérie lucrativa. Reinventaram Bond, Batman, recuperaram a imagem do Hulk com o último filme da Universal e agora é a hora de recomeçar Star Trek. Na 11ª aventura da cinessérie, JJ Abrams entra na dança e reinventa a origem de James T. Kirk, Spock e Cia. (embora essa história nunca tenha ido parar no cinema, a origem da lendária Enterprise já foi tema da série de TV, que não foi muito bem, aliás). Muito mistério cerca o lançamento do filme, que já foi adiado uma vez, mas se Abrams conseguir recuperar o respeito de Star Trek, há muito marcada por filmes similares a longos episódios, podemos ter certeza de que a franquia renascerá e, pelo menos, mais dois filmes com essa mesma “tripulação” serão encomendados.

Como você já sabe, Hollywood é um ciclo. Para conquistar diferentes gerações, a indústria tenta se manter e prosperar ao longo dos anos se reinventando algumas vezes e se repetindo de tempos em tempos. Depende de cada época e da necessidade de cada geração. Assim caminha a Humanidade.



*Vocês já sabem quem eu sou, mas Fábio M. Barreto é meu amigo e jornalista correspondente em Los Angeles. Ele escreve para a revista Sci-Fi News e tem um blog, o S.O.S. Hollywood. E esclarecendo as aspas de Brendan Fraser neste texto, o ator foi entrevistado pelo Fábio na divulgação de "Coração de Tinta", que estréia em janeiro.

37 Comments:

At 4:56 PM, outubro 17, 2008, Anonymous Anônimo said...

Muito bom o texto. Tem várias coisas que gostaria de comentar mas tô sem tempo agora. Mas o trilogia Bourne é simplesmente espetacular, pelo amos de deus não façam um quarto filme. Fechou de forma séria e inteligentíssima.
Star Trek é ansiedade total mesmo com a heresia de Kirk Spock mcCoy não serem Shatner, Nimoy, Kelley.
Hollywood deveria acreditar mais em si, produzir ótimas trilogias com Senhor do Aneís e Bourne e partir pra coisa nova, criatividade. Parece cara que não aceita fim de namoro.

 
At 5:07 PM, outubro 17, 2008, Anonymous Anônimo said...

Uau, que texto completo! Realmente vocês não deixaram escapar nada nesse post. O último parágrafo resume bem qual é o sentido de tudo aqui, visto que essas cinesséries têm seu lado negativo - hoje, quando acompanhandos uma história no cinema, não sabemos quando exatamente ela terá algum fim. Enfim, parabéns pelo texto!

 
At 5:30 PM, outubro 17, 2008, Blogger Dr Johnny Strangelove said...

Antes de tudo ... Jason Bourne fede ...

Voltando ao assunto, um texto direto mostrando de como está sobrevivendo o atual mercado hollywoodiano, em base de reinvenções e falta de conteudo ...
Um texto que merece ser divulgado, debatido e quem sabe, esclarecido a todos que gostam de ver seus herois em tela ...


e Jason Bourne sucks!

 
At 6:09 PM, outubro 17, 2008, Blogger Barretão said...

Otavio, normalmente é um prazer passar por aqui para ler o que você escreve. Agora poder colaborar é uma honra adicional.
Já te falei, deveríamos escrever um livro sobre todas as nossas teorias sobre Matrix! Bons papos aqueles, hein?

Abs, obrigado e ótimo fim de semana!
Fábio

 
At 6:34 PM, outubro 17, 2008, Blogger Otavio Almeida said...

Robson, obrigado! Gostei da comparação com fim de namoro.

Valeu, Vinicius! Mas acho que faltou citar alguma cinessérie como exemplo. Não lembro no momento, mas só pode ter faltado algo.

Johnny, obrigado! E BOURNE é legal, rapaz!

Fábio, valeu! E ainda acho que MATRIX é mais simples do que parece. Não tem essa de Matrix dentro da Matrix. Neo é especial em relação aos escolhidos que já passaram. Por isso, ele desenvolve poderes no mundo real - já que ele definitivamente é o THE ONE que vai resolver a parada. Só que o vírus Smith ferrou tudo no ciclo do Neo. E as máquinas fizeram um acordo de paz com o herói para que ele salvasse os dois mundos. Sabe? Algo assim...

Que nerd isso...

Abs! Bom fim de semana a todos!

 
At 7:03 PM, outubro 17, 2008, Blogger Pedro Henrique Gomes said...

Eu não acredito mais em reinvenção, cedo ou tarde tudo vai virar remake, trilogia, quadrilogia, franquia, série, e por aí vai. Não sou, porém, anti-continuações, apenas acho que de continuações o espectador já está cheio. Sou defensor do cinema autoral e contra remakes. Hoje em dia existem muitos enganadores e poucos diretores (há excessões, lógico). Há ótimos, exepcionais diretores (Scorsese, Spilberg) mas eles não contam nada de novo, não tem idéias novas, parecem presos ao que já foi dito. Exemplos básicos: Spielberg fez um quarto filme com "O Reino da Caveira de Cristal" (gostei do filme). Scorsese fez remake com "Os Infiltrados"(excelente filme). Entende o que quero dizer? É bonitinho e bem acabado, mas e daí? Não há nada novo ali! Cansa ver sempre uma adaptação de uma obra literária virar filme. E as idéias novas? Ninguém quer pensar mais em Hollywood. Salvo Tarantino, Woody Allen, os irmãos Coen, Coppola, Shyamalan, e alguns outros raros. Veja bem, não estou comparando talentos, nem A com B, apenas estou colocando quem me parece que apresenta conteúdo novo, sem discutir a qualidade do filme. Há uma crise criativa grave por lá, e não se sabe quando isso irá acabar. Quem "perde" somos nós, aqueles que amam e respeitam o cinema como arte, e não aquele moleque que vai ao cinema ver um "Jogo de Amor em Las Vegas" da vida e despreza um "Sangue Negro". Precisamos de mais Truffaut's e menos Emmerech's.

Ótimo texto, rapazes!!!

 
At 7:06 PM, outubro 17, 2008, Blogger Pedro Henrique Gomes said...

Até errei o nome do infeliz, é Emmerich!!!

 
At 7:23 PM, outubro 17, 2008, Blogger Otavio Almeida said...

Mas isso é um ciclo, Pedro! Quando Hollywood estava em baixa, quebrando de grana, Spielberg e Lucas apareceram com TUBARÃO e STAR WARS. Aí veio a era dos blockbusters, a temporada do verão americano... essas coisas que vieram para o bem ou para o mal. Depende do seu ponto de vista. Do ponto de vista dos estúdios, isso veio para o bem.

Hoje, os caras estão analisando novas alternativas. Ou velhas. Depende do seu ponto de vista. Ou seja, talvez a gente viva pra ver um zé ninguém dirigindo remakes ou reinvenções de STAR WARS, INDIANA JONES e O PODEROSO CHEFÃO.

Sempre foi assim... STAR WARS, INDY, O PODEROSO CHEFÃO nasceram sob influências de outras fontes. Enfim, o ciclo se repete. Uma hora, surge um blockbuster como O SENHOR DOS ANÉIS, THE DARK KNIGHT, TITANIC. E Hollywood explora essa fórmula à exaustão, você sabe. Mas tem hora, que surge um SANGUE NEGRO. E o valor para os cinéfilos é outro, e você também sabe disso.

Abraços! E obrigado!

Abs!

 
At 7:28 PM, outubro 17, 2008, Blogger Barretão said...

Curioso como Titanic resistiu e, até agora, ninguém deu um jeito de continuar, né?

Rola um "Aventuras de Rose" fácil fácil! ehhehe

 
At 7:42 PM, outubro 17, 2008, Blogger Pedro Henrique Gomes said...

Mas é exatamente contra isso que eu argumento. Chega de mais do mesmo! E esse ciclo já está na ativa há quanto tempo? 30 anos? Pouco me importa o que os estúdios pensam, é claro que para eles isso veio para o bem, afinal, estamos diante do cinema comercial, não existe mais amor (repito, há excessões). Você mesmo sempre diz (muito bem, diga-se de passagem) que o público alimenta isso. Eles só fazem porque sabem que existe público que compra. O que quero é defender o cinema de autor. Não quero que parem de fazer continuações, não é isso. Só quero coisa nova de vez em quando, isso muito raro. É impossível tantas cabeças não conseguirem inventar nada. O cinema não é mais feito para o público, é apenas uma fonte de riqueza. Pra mim, o ditado "nada se cria, tudo se copia" é uma grande bobagem. Existe evolução sim, e o que Hollywood faz hoje não é isso. Ou talvez eu que tenha nascido na ciclo errado...

Abraço!!!

 
At 7:44 PM, outubro 17, 2008, Blogger Pedro Henrique Gomes said...

Ninguém deu jeito de continuar Titanic, mas quantas versões do filme existem por aí? É o ciclo, só que o ciclo vicioso!

Abraço!

 
At 7:44 PM, outubro 17, 2008, Anonymous Anônimo said...

Excelente texto, Otavio e Fabio! Acho que vocês falaram sobre o ponto principal dessa situação toda. Claro que as cinesséries existiam há um bom tempo, mas o que vemos, recentemente, é uma consequência clara da crise criativa vivida em Hollywood. Existem filmes que se transformam em trilogia sem necessidade alguma.

Beijos e bom final de semana!

 
At 9:47 PM, outubro 17, 2008, Anonymous Anônimo said...

Otávio, a indústria dos sonhos não é mais a mesma, mas volta ou outra aparecem grandes filmes, vide O Senhor dos Anéis, que é um labour of love. O público médio não quer mais saber de filmes inteligentes, pois hoje as salas estão lotadas de adolescentes comendo pipoca e com seus celulares ligados. Das trilogias citadas gosto de todas, mas acredito que Matrix derrapou feio na última parte. Espero que Batman faça bonito na sua terceira parte e se torne uma das grandes trilogias do cinema. Nós somos exigentes, mas infelizmente somos a minoria. Abraços.

 
At 10:40 PM, outubro 17, 2008, Blogger Otavio Almeida said...

Fabio, algo derivado de TITANIC, só quando James Cameron morrer. E o Pedro tem razão, tivemos PEARL HARBOR, por exemplo, que é um TITANIC grotesco.

Pedro, só estou explicando a idéia do ciclo. Como eu vejo. Como o Fabio vê. Mas saiba que concordo 100% com o seu descontentamento.

Kamila, obrigado! Trilogias desnecessárias temos aos montes. Como continuações desnecessárias. Ainda bem que não tivemos AS PANTERAS 3. Ah, nessa, lembrei que esquecemos de citar uma trilogia desnecessária: MISSÃO IMPOSSÍVEL.

Denis, O SENHOR DOS ANÉIS é a produção da década. E a conclusão de MATRIX, a grande decepção.

Abs!

 
At 10:48 PM, outubro 17, 2008, Blogger Pedro Henrique Gomes said...

O pior é que tem um Titanic "falso". Passava direto no SBT. Ou eu que estou louco?

Abraço!

 
At 10:57 PM, outubro 17, 2008, Blogger Fábio M. Barreto said...

Pedro, tem um Titanic com a Catherine Zeta-Jones, um filme feito para TV, que passou como minissérie.

Otavio, não vejo Pearl Harbor como Titanic grotesco. Vejo mais como uma tentativa de recuperar um sentimento de união que a Guerra causou nos americamos, mas não funcionou. Nem mesmo o 11 de setembro conseguiu recuperar aquilo.

Denis, por mais que sejam três filmes do Nolan, Batman não tem como ser uma trilogia. Afinal, desde Tim Burton vemos o morcegão. Digamos que ela seja uma cinessérie similar ao Bond, que é definida por seus atores e, no caso do novo Batman, do diretor, uma vez que o Nolan é muito mais relevante ali do que o Bale.

Pedro falou sobre o cinema autoral. Ainda há espaço, mas a chance disso virar sucesso é cada vez menor. Tarantino consegue fazer isso pq já virou cult. Caras como ele, Tim Burton ou o Peter Jackson conseguem fazer o que bem entender por conta do que já realizaram. Acredito que o cinema autoral nunca morra, mas vamos precisar ficar atentos aos caras do naipe do Jim Sheridan, que estão por aí, mas nunca aparecem nos posteres ou nas grandes campanhas de marketing. Moro numa cidade que respira e vive do cinema, espaço para idéoas próprias existe, só nao há salas disponíveis para tudo isso, especialmente no Brasil.

abraço!

 
At 12:02 AM, outubro 18, 2008, Blogger Pedro Henrique Gomes said...

Fabio, você disse: "espaço para idéoas próprias existe, só nao há salas disponíveis para tudo isso, especialmente no Brasil".

Um paradoxo interessante você levantou! Mas porque não tem salas? Simples, porque elas estão lotadas de blockbusters idiotas. Ou de remakes inúteis. Chega de "vale a pena ver de novo". O espaço existe, mas é menor. É como um pobre na universidade federal, espaço existe, mas é difícil consegui-lo.

Abraço!

 
At 12:20 AM, outubro 18, 2008, Blogger Alex Gonçalves said...

Muito bom o texto, Fabio e Otavio. O cinema atual acaba quebrando as próprias "regras" e "limites" do jogo, chegando ao extremo de ampliar o que era para ser uma mera trilogia em uma série de inacabáveis capítulos.

Essas atitudes acabam em alguns casos dando certo e muitas vezes não. Mas são essas as escolhas que permitem que a indústria se sustente e vá, em pequenas proporções, investindo em idéias aparentemente inéditas.

 
At 12:45 AM, outubro 18, 2008, Anonymous Anônimo said...

Fábio, não concordo. Nolan começou o Batman do zero e ignorou tudo que foi feito antes. Senão o primeiro filme nem precisava explicar a origem do herói, que já é conhecida por todos desde o filme de 89 de Tim Burton, mas só agora transportada para o cinema com dignidade e respeito ao personagem. Tanto que não tem nem como comparar o nível cartunesco dos Batman anteriores com a concepção atual, que é fiel aos quadrinhos e ao mesmo tempo toma vários passos à frente na sua concepção como filme. Todas as liberdades que Nolan tomou foram extremamente inteligentes e felizes. É verdade que a princípio Nolan nem teria idéia se seria uma trilogia, pois dependia do sucesso comercial, mas acredito que a sua ousadia na segunda parte elevou a obra para um outro patamar, até artístico demais para esse tipo de produção e padrão de filme. Se a obra será fechada de maneira feliz como uma grande trilogia só saberemos quando o próximo filme sair. Abs.

 
At 1:31 PM, outubro 18, 2008, Blogger Otavio Almeida said...

Obrigado, Alex! Hollywood está tentando se ajustar ao público de hoje. E não o contrário. Veja só os dois últimos vencedores do Oscar (OS INFILTRADOS e ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ). São filmes pessimistas. Assim como SANGUE NEGRO, que foi indicado neste ano. São filmes que jamais ganhariam o Oscar há três, quatro anos atrás. Tivemos UMA MENTE BRILHANTE, por exemplo, ganhando o prêmio máximo ainda nesta década. As pessoas reclamam da pieguice hoje, excesso de sacarose nos filmes... agora agüenta. O blockbuster do ano é pessimista, embora dê uma fagulha de esperança para a humanidade. Estou falando de THE DARK KNIGHT, claro. Então, Hollywood não quer moldar o público hoje. Eles querem é se adaptar ao público de hoje.Mas isso é assunto para outro texto que estou desenvolvendo. Abs!

Denis, eu simplesmente não acredito que o novo BATMAN será uma trilogia. Por um fato até infantil e bobo; uma desculpa esfarrapada: "BATMAN BEGINS III" terá 3 vilões? Vc acha isso? Pingüim, Mulher Gato e Charada? Acha que vai dar certo? Algum ficará pra depois... Ou a qualidade dos filmes de Nolan cairá inevitavelmente. Três vilões é demais! Um quarto filme, ao menos, acontecerá. Simplesmente para que usem todos os vilões clássicos do Morcego. Abs!

 
At 2:12 PM, outubro 18, 2008, Anonymous Anônimo said...

Otávio, por enquanto é tudo especulação sobre os vilões. A galeria de vilões do Batman é rica e dá pra fazer uns 20 filmes só com eles, mas será que um diretor inteligente como Nolan terá saco para dirigir uma quarta parte? Ele vai embarcar em outros projetos, assim espero. Não foi vc mesmo que disse que vê o segundo Batman como uma continuação e complementação do primeiro filme? Que o terceiro filme siga essa linha, por favor! O personagem Batman continuará para sempre, é lógico. Só espero que caia na mão de outro diretor tão competente como Nolan. Abs.

 
At 3:32 PM, outubro 18, 2008, Blogger Fábio M. Barreto said...

Denis, justamente pela sua segunda mensagem volto a defender que Batman seja uma cinessérie aos modes de Bond, não uma trilogia. Acredito que possa atér existir a "Trilogia de Nolan" e etc, mas o personagem em si é um verdadeiro camaleão no cinema.

E ainda tenho esperanças de que Clint Eastwood faça o O Cavaleiro das Trevas antes de morrer! :p


Pedro, sobre as salas. Trabalhei com distribuição no Brasil. O ponto é: existe um número pequeno de salas no Brasil, especialmente comparando com os Estados Unidos. Cada uma dessas salas tem que fazer o máximo de dinheiro possível para manter o negócio rodando. Aritimética pura. Entretanto, quando o governo institui a Cota do Cinema Nacional, eles não tiveram escolha.
E o que isso tem a ver?

Bem, a realidade é que as próprias companhias distribuidoras - Cinemark, UCI, Severiano Ribeiro, PlayArte, e etc - deveriam pensar em criar salas com outro perfil que não o cinema pipoca cheio de fila no shopping. Há caminhos para que eles incluam uma sala de pouco giro no orçamento, especialmente nas grandes, e aí sim encaixar filmes que nao precisem lotar a sala numa sexta de noite.

Entretanto, isso é bem utópico e o foco do crescimento no Brasil é mesmo o multiplex e seus filmes pipoca. Seria ótimo ver mais espaço para filmes diferentes fora do Espaço Unibanco os das Salas de Arte, além daquelas iniciativas de UOL e IG.

Alguns cinemas de rua ainda conseguem colocar uma obra ou outra durante a tarde. Relancei o Cine Lumiere em São Paulo e a grade inicial era bem autoral e artística. Não sei como está hoje, mas passar lá às 3 da tarde era garantia de filme não pipoca. Claro, 3 da tarde é inglório, mas fazer o que.

O que dá raiva é entrar num multiplex em LA, com quase 20 salas, e ver filmes de todos os tipos. Acho é questão de sobrevivencia, entao todo mundo tem um lugar ao Sol. Já no Brasil, que é consumidor indireto, só entra quem fatura mais.

Abs,

 
At 4:42 PM, outubro 18, 2008, Anonymous Anônimo said...

Fabio, still unanswered...

 
At 5:47 PM, outubro 18, 2008, Blogger Fábio M. Barreto said...

Denis, havia uma pergunta?

 
At 5:54 PM, outubro 18, 2008, Anonymous Anônimo said...

Fabio, havia uma resposta? rsrsrs
O que eu quis dizer é que só saberemos se os três filmes de Nolan serão considerados uma trilogia quando sair a última parte. Eu considero os 2 filmes até agora excepcionais, principalmente o último, mas entendo quando vc quer dizer que o personagem Batman se encaixa mais no conceito de cinessérie, afinal Batman is forever, rsrs. Abs.

 
At 6:30 PM, outubro 18, 2008, Blogger Kau said...

Excepcional esta análise. O Poderoso Chefão é obra-prima; como um todo.

Me corrijam (por que temos um debate com várias pessoas aqui, hahahaha) se estiver errado: existem as triologias e as trilogias ou não? São sinônimos? Fiz aulas para entrar em faculdade de cinema, mas o professor que deu esta matéria era muito louco e não sei se ele me explicou certo. Ele disse que quando são três filmes em sequência (um é continuação do outro) chamamos de triologia. Quando são três filmes que apenas se assemelham na idéia central (ex.: A Igualdade é Braca + A Liberdade é Azul + A Fraternidade é Vermelha; Amores Brutos + 21 Gramas + Babel) cahamamos de trilogias. Entende?! Isso é certo ou ele é muio freak mesmo?!

Abraços.

 
At 6:37 PM, outubro 18, 2008, Anonymous Anônimo said...

KAU, fala pro teu professor trocar o bagulho que ele tá fumando, pois não tá fazendo bem pra ele. Essa explicação foi uma das coisas mais loucas que já ouvi. KKKKKKKKKKKK Triologia não existe, veja: http://corrector.blogs.sapo.pt/arquivo/046248.html

Abraços.

 
At 7:36 PM, outubro 18, 2008, Blogger Fábio M. Barreto said...

Denis
hahahaha
pois é? não sei o que havia, mas há dois malucos aqui, com certeza! :p

Sim, você está certo. É que nao expliquei uma coisa de onde saiu meu conceito. Li uma matéria na inglesa TotalFilm que já antecipa a tal trilogia do Nolan. É um label besta, na verdade, já que cada um inventa a classificação que quiser na era da internet, mas fazer o que.

Acho que a gente devia ser radical e dizer que trilogia só vale quando são três filmes, mesma história e ponto. E matem o George Lucas por ter ampliado a melhor de todas! :p

Abs.

 
At 8:33 PM, outubro 18, 2008, Anonymous Anônimo said...

Fábio, tem muito imigrante brazuca aí em LA? Eu morei no estado que mais tem brasileiro nos EUA: Massachussets, numa cidade chamada Worcester, a 1 hora de Boston. Tinha tanto brasileiro que muitas vezes não dava nem pra praticar o inglês direito, rsrs. A coisa que mais sinto saudade daí é o preço dos eletrônicos. Eu lembro que com 1 dia de trabalho eu comprava uma TV! Vou aproveitar que meu pai conseguiu recentemente o green card e pedir para ele me trazer umas bugigangas, hehehe. Abs.

 
At 8:40 PM, outubro 18, 2008, Blogger Pedro Henrique Gomes said...

Por minha causa nós fugimos totalmente do objetivo central do texto. Peço desculpa aos AUTORES.

Fabio, quem ama o cinema acima de tudo sai de casa no final de semana (sem saber o que está em cartaz) e vai ao melhor cinema da sua cidade. Quem é fã do cinemão, chega lá e vê Super-Heróis - A Liga da Injustiça, A Casa das Coelinhas, Espelhos do Medo. Eu volto pra casa na hora. Aí no próximo fim de semana a mesma coisa se repete.

Eu não quero que Hollywood pare de lançar blockbusters, afinal é deles que ela sobrevive, apenas quero uma dosagem melhor. Mas eu (e talvez você, o Otávio, o Dênis, o Alex) sou minoria. O Otávio disse que Hollywood se ajustou ao público. É verdade. A grande maioria só vai ao cinema para ver o cinemão pipoca, ou seja, eles fizeram experimentos, o público compareceu em massa, o retorno foi gigante, para quê parar?

Eu ganhei um ingresso para o cinema faz 1 mês e até agora não fui ao cinema. Não é preciso nem dizer o motivo...

Abraço!

 
At 8:45 PM, outubro 18, 2008, Anonymous Anônimo said...

Pedro, vendo a sua imagem me veio a lembrança do filme Queime Depois de Ler, que assisti ontem na Mostra. É um filme muito bom e o bom humor negro de Fargo está de volta e afiadíssimo. Abs.

 
At 8:47 PM, outubro 18, 2008, Anonymous Anônimo said...

Brad Pitt is as stupid as it gets... Ele e a Frances McDormand estão impagáveis!

 
At 2:55 AM, outubro 19, 2008, Blogger Unknown said...

Opa Otávio, tudo bem?

Cara, gostaria de saber como você vai comprar o ingresso do Che na Mostra de SP.

Abreços!

 
At 4:34 AM, outubro 19, 2008, Anonymous Anônimo said...

Texto perfeito, mesmo. Acho que por mais que tais cineséries e trilogias possam ter seus defeitos, precisamos levar em conta que são por causa do dinheiro que tanto faturam que podemos ver filmes independentes, sem grandes orçamentos ou apelos nos cinemas. O ciclo vicioso existe por isso. Possui propósito e, por isso, o aceitamos.

Ciao!

 
At 5:42 PM, outubro 19, 2008, Blogger Kau said...

He's a maaaad men?? Nossa, como pode um professor passar uma informação destas errada? Hahahaha.

Valeu e explicação!

 
At 12:06 AM, outubro 20, 2008, Blogger Pedro Henrique Gomes said...

Pô, Denis, e eu não aguento mais esperar pelo filme!!!

Abraço!

 
At 12:11 AM, outubro 20, 2008, Blogger Cecilia Barroso said...

Olá, Otávio!
Excelente texto!
Quando era mais nova, as sequências não me incomodavam tanto como hoje em dia.
Acho que como você disse, mais do que um surto de "incriatividade" o que complica a situação de Hollywood é o medo de ousar. Não estamos aqui falando de personagens que rendem muitas histórias, como James Bond e afins, e sim de outros bem menos expressivos e esquecíveis.
Mas é graças a isso que temos tantos filmes independentes aparecendo por aí...
Beijocas

 

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