À Procura da Felicidade
À Procura da Felicidade (The Pursuit of Happyness, 2006) é um filme difícil de odiar e fácil de amar. É uma daquelas raras produções com capacidade para levar gente que nem vai tanto ao cinema para a sala escura mais próxima de casa. Mesmo na era da Internet, esse tem tudo para ser aquele filme que as pessoas comentam e divulgam no escritório ou na escola: "Nossa! Você viu? Tem que ver! Dá vontade de chorar!" e por aí vai...E sim! À Procura da Felicidade é filme para chorar. E muito! Não que o bom diretor italiano Gabriele Muccino, de L'Ultimo Bacio (2001), carregue na pieguice, mas é quase impossível não sofrer junto com as desgraças na vida de Chris Gardner (um grande momento de Will Smith, indicado ao Oscar de Melhor Ator). E põe desgraça nisso! Se as coisas podem piorar, elas realmente acontecem nessa história.
Em plena era Reagan, de nada adiantou para Chris Gardner ser inteligentíssimo na escola, afinal ele não consegue um emprego fixo e vive como um pobre coitado afundado em dívidas. Gardner apostou tudo nas vendas de um scanner de ossos, mas ao bater de hospital em hospital, ele descobre que os médicos não compartilham de seu entusiasmo com o produto. Sua única alegria e motivação é o filho de cinco anos (Jaden Christopher Syre Smith, filho do próprio ator). Por ele, Chris Gardner jamais desiste de lutar por uma condição melhor, apesar de lidar diariamente com a esposa insatisfeita (e ingrata, vai). Como disse, tudo vai mal, mas as coisas conseguem piorar ainda mais.
Há uma sucessão incrível de desilusões em sua vida - chega até a dar raiva certa hora (eu me contorcia na cadeira do cinema), mas o diretor Gabriele Muccino nasceu para fazer um dramalhão. A música do filme é bem bonita, mas ele não se aproveita dela para fazer o público se emocionar - é um mérito do diretor como contador de histórias. É tudo muito sincero: você sente na pele o que acontece com Chris Gardner e seu filho. A emoção vem do sofrimento intenso e cruel sem apelações. O mais impressionante é o filme ser baseado em uma história real. Sabendo disso, podemos até dizer que dinheiro não traz felicidade, mas graças ao carisma de Will Smith, ao belo roteiro de Steve Conrad e a direção de Muccino somos levados a crer que ninguém merece mais uma boa grana do que esse Chris Gardner. É o poder do cinema. Em tempos menos cínicos, esse seria um grande favorito ao Oscar. Concordando ou não com a Academia.
Pode não ser um filme perfeito, mas À Procura da Felicidade agrada por reviver um tipo de drama competente que se fazia nos anos 70 (ou na virada dos 80), como o de tema semelhante, mas não igual, Kramer Vs. Kramer (1979). Há até um certo diálogo com Capra ou a loucura de Roberto Benigni em A Vida é Bela (1998) - quando um pai tenta amenizar a terrível realidade ao seu filho. Mas são apenas lembranças de filmes que conhecemos e gostamos. À Procura da Felicidade segue com identidade própria e difere desses títulos ao carregar na tristeza e na amargura. Ficamos até o final pensando: "Será que vai acontecer algo de bom na vida deles?". Pode levar a caixa de lenços para o cinema.
À Procura da Felicidade (The Pursuit of Happyness, 2006)
Direção: Gabriele Muccino
Elenco: Will Smith, Jaden Christopher Syre Smith, Thandie Newton e Brian Howe
12 Comments:
Otávio, você resumiu bem "À Procura da Felicidade": aquele tipo de filme que a gente ama, porque não tem como odiar.
Adoro essas histórias de superação. Viva o sonho americano, que está mais vivo do que nunca!
Tenho certeza de que vou chorar horrores assistindo a este filme. :-)
Beijo.
Cara, não verei esse filme porque meu orçamento ainda é meio limitado e estou guardando para filmes digamos mais esperados. Mas é um filme que, ao tipo de Uma Lição de Amor e outros melodramas do gênero não conseguem não nos chamar a atenção - na verdade, são muito mais que filmes-de-cinema, são filmes que nos tocam como seres humanos, no melhor estilo A Cura ou Amigos para sempre.
O diálogo com Capra eu acho que é gentileza sua, mas talvez pode existir mesmo, ainda que de forma acidental, eu acho.
Abraço!
eu vou ver esse filme, apesar de parecer clichê acho que deva ser um filmão, e uma bela lição.
Kamila, eu nao chorei nada nesse filme, estou muito "insensivel" ultimamente...rsrsrs..
Otavio, concordo quando vc diz que o filme dialoga com "A vida eh bela"! Aquela cena antes dos dois terem de dormir num banheiro publico me lembrou o filme do Benigni na hora, foi muito tocante (o antes e o depois). Ah, e palmas para o Will Smith..
oi otávio ! Então, sou de brasilia mesmo. Mas agora to morando em Curitiba. Quer dizer que tem parentes brasilienses? Aonde elesmoram?!
Semana passada assisti APOCALIPTO.
fiquei surpresa, não sabia que seria tão bom, apesar do principal parecer o alexandre pires. hehehe
O mel gibson manda bem como diretor... e esse negócio de colocar um idioma "desconhecido" dá todo um toque especial. Ja assistiu? Vale a pena.
Vi APOCALYPTO sim, Natalia. Eu gostei, mas confesso que o filme já saiu da minha cabeça um pouco... do Mel Gibson eu gosto mesmo é de CORAÇÃO VALENTE, que não esqueci até hoje... Mas APOCALYPTO é bom e bem feito tecnicamente, embora limitado em alguns aspectos...
Romeika, passe aqui mais vezes para conversarmos sobre cinema... e eu não chorei em À PROCURA DA FELICIDADE, embora dê muita vontade... Mas dava pra ouvir muita gente se acabando de chorar no cinema. Chorei mesmo foi em A CONQUISTA DA HONRA, do Clint. E é exatamente essa cena de À PROCURA DA FELICIDADE que remete ao filme do Benigni... levemente, mas dá essa lembrança. O filme não traz nada de novo, mas é como a Kamila, o Cassiano e o Tulio disseram nos comentários acima...
Otávio, assisti hoje "À Procura da Felicidade" e concordo plenamente com você. É impossível a gente não se envolver com a história de Chris Gardner. A gente torce mesmo para que ele saia da pindaíba e consiga realizar seu sonho.
O filme não é uma obra-prima, mas funciona, pois, como você disse não tem pieguice. As coisas vão acontecendo e nossas reações são sinceras.
Grande atuação de Will Smith. Adorei a interação entre ele e o filho.
Sim, é um belo filme. Bonito e tal... O Will Smith está muito bem. Usa bem o seu carisma e é um trabalho que emociona tb pelo fato de que ele terá essa história registrada para o resto da vida ao lado da filho.
A cena do Chris Gardner saindo no meio da multidão e comemorando é de encher os olhos...
Bjs!
A minha cena favorita do filme foi a reação dele quando os homens contam que ele conseguiu o emprego. Olhos cheios de lágrimas, contido nos gestos, cara de agradecido. Atuação de primeira do Will Smith ali.
Beijo.
Gostei do filme, é mesmo uma história muito interessante. Mas se não fosse inspirado numa história real eu diria que é desgraça demais...
Também gostei mais dessa cena que vc citou, Kamila. Foi quando tive que enxugar as lágrimas...
BJs!
Estou aqui imprimindo a história de Chris Gardner após ver o filme.
Vale a pena guardá-la.
Um exemplo de superação.
[]s
Dificil achar alguém que gostou desse filme como eu. Achei tão sincero, inspirador e emocionante que nada mais importou a não ser a cativante performance de Will Smith. Ótimo.
3/4 estrelas.
Postar um comentário
<< Home