terça-feira, janeiro 30, 2007

30 anos de Rocky Balboa

Antes da inesquecível Gonna Fly Now, do maestro Bill Conti, tocar nas salas de cinema, Sylvester Enzio Stallone ainda era um ator pouco conhecido e sem prestígio em Hollywood. Em 1971, Sly, como é conhecido entre os amigos, foi testado para um papel em O Poderoso Chefão (1972). Depois de ser recusado no clássico de Francis Ford Coppola, ele concentrou seus esforços em dois roteiros: Os Lordes de Flatbush (1974) e Rocky – Um Lutador (1976), que para seu autor é uma história sobre “orgulho, reputação e a luta de um homem para não ser mais um vagabundo na vizinhança”.

A idéia para Rocky surgiu quando o próprio Stallone assistiu a uma emocionante luta de Mohammed Ali contra um desconhecido Chuck Wepner. Todos pensaram que o confronto seria fácil, porém o grande Ali foi derrubado no nono round, mas ganhou por nocaute técnico. Talvez por isso as lutas na série cinematográfica sejam intermináveis. Com um roteiro elogiado e disputado nas mãos, Stallone vendeu os direitos para o cinema com uma condição: ele faria o papel principal. John G. Avilsen foi contratado para dirigir e o filme entrou para a história. Conquistou 10 indicações para o Oscar e recebeu as estatuetas de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Montagem. Stallone disputou as categorias de Melhor Ator e Melhor Roteiro Original. Rocky é considerado, até hoje, um dos filmes mais inspiradores do cinema.

Embora as quatro seqüências – Rocky II: A Revanche (1979), Rocky III: O Desafio Supremo (1982), Rocky IV (1985) e Rocky V (1990) – transformem o lutador em uma caricatura dele mesmo, a série rendeu fãs devotos ao redor do mundo e consagrou Stallone na indústria dos anos 80. Mas depois do sucesso da franquia (e dos três Rambo), o astro comemorou poucos projetos bem-sucedidos, como Risco Total (1993), e muitos fracassos, como D-Tox (2002). Sly chegou a se aventurar pela comédia, mas seu talento como ator nunca foi respeitado.

Com tantas mudanças no mundo e no cinema, o herói de ação foi obrigado a passar por uma reformulação. Ninguém engole mais a típica patriotada norte-americana em qualquer manifestação da arte, algo consolidado nos últimos anos graças ao governo de George W. Bush. O público já começava a rir de protagonistas musculosos e indestrutíveis no cinema ou na TV, o que levou Hollywood a apostar em heróis mais próximos do estereótipo do homem real. Agora, o mocinho tem que apanhar, suar e sangrar de verdade para convencer. É a época de perfis como Jason Bourne (Matt Damon) e Jack Bauer (Kiefer Sutherland). Até James Bond mudou na pele de Daniel Craig.

Não há mais espaço para os heróis do passado no cinema? Recentemente, Stallone tentou a sorte na TV ao produzir e apresentar, ao lado do lendário boxeador Sugar Ray Leonard, o reality show The Contender. O programa acompanha a luta de jovens por uma chance no boxe profissional. O esporte está mesmo no sangue de Sylvester Stallone, mas seu nome estava ligado ao cinema. Como dar a volta por cima nessa atual Hollywood?

A resposta veio com o roteiro e a direção de Rocky Balboa (2006), sexto e último filme da série que chega para comemorar 30 anos de um mito. Sly contou com integrantes do elenco original como Burt Young (o cunhado falastrão Paulie) e Tony Burton (o amigo Duke que gritava nos cantos do ringue para incentivar o lutador). Mas Talia Shire (Adrian, a esposa de Rocky) não participou do novo filme por causa de um problema pessoal. Claro que podem dizer que Stallone está mais preocupado em retornar pela porta da frente da indústria com esse filme, mas não é certo ignorar um astro que foi o herói de muita gente. Além disso, Rocky Balboa é um deleite nostálgico para os fãs, que respiram aliviados com a conclusão da série após o vergonhoso Rocky V (1990). Stallone está de volta e já prepara o retorno de outro herói que o consagrou. Trata-se de Rambo IV: Pearl of the Cobra, com estréia marcada para 2008, e com a provável presença do brasileiro Bruno Campos, da série Nip/Tuck, no elenco.

“Eu sabia que poderia passar por constrangimentos ao ouvir diversos tipos de piada. Até minha mulher tentou me impedir”, confessou Stallone. “As pessoas parecem considerar Rocky como um homem real. Não sei dizer quantos já me perguntaram sobre minha carreira como boxeador. É como se realmente quisessem acreditar na existência de Rocky. Eu estou impressionado com tudo isso. Depois de 30 anos, Rocky alcançou um patamar que eu jamais imaginei”. Acredite: ao ouvir os primeiros acordes de Gonna Fly Now, de Bill Conti, na abertura de Rocky Balboa, os fãs irão tremer.



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15 Comments:

At 9:12 PM, janeiro 30, 2007, Blogger Kamila said...

"Gonna Fly Now" era o toque do meu celular. :-)

Otávio, "Rocky" pode ser aquele filme telegrafado, que a gente sabe como termina, mas, ao mesmo tempo, a gente se identifica com aquela história de superação e de vitória pela qual o personagem passa.

Tudo bem trazer Rocky Balboa de volta, agora o que diabos quer o Stallone revivendo "Rambo", um dos clássicos trash dos anos 80??? Cresci assistindo a este tipo de filme, mas confesso que não gostaria de reviver essa época. Vai que a moda pega... Quem será o próximo a voltar: Lorenzo Lamas, Chuck Norris ou Van Damme? ;-)

 
At 9:59 PM, janeiro 30, 2007, Blogger Flávia said...

Hahahahaha! Vc esqueceu do Dolph Lundgren, Kamila!

E hoje não se fazem mais músicas-tema né? Revi os Indiana Jones no último final de semana e aquela música não me sai da minha cabeça... Não lembro de nenhum filme recente que tenha isso. Corrijam-me se estiver errada!

Bjs!

 
At 10:38 AM, janeiro 31, 2007, Anonymous Anônimo said...

Kamila, eu sou fã de ROCKY. Como vc, tb cresci com aquelas lutas exageradas... o primeiro é o melhor. É sobre ele. As continuações são sobre as lutas. Não sobre o Rocky. E o novo (ROCKY BALBOA) resgata o espírito do filme original. É o melhor desde o primeiro. Nada extraordinário... cai até na pieguice. É um filme bem triste. Achei que ia dar muita risada pq fazia um bom tempo que eu não via um filme da série. Mas acho que essa "parada" fez bem ao Stallone. É um bom filme - jamais achei que diria isso. Acho que, pelo jeito, vc vai gostar. E não saia do cinema durante os créditos.

Flavia, acho que os filmes mais recentes que usam música marcante (ou tema) quase o tempo inteiro são os do Peter Jackson: os três O SENHOR DOS ANÉIS e KING KONG. Sempre acho isso importante em um filme. Veja só: ficaram para a História nos últimos anos filmes com trilhas marcantes como TITANIC, GLADIADOR, O SENHOR DOS ANÉIS e até o recente BROKEBACK MOUNTAIN. Os STAR WARS novos tb fizeram isso, assim como o Spielberg em MUNIQUE (que tem uma trilha nervosa). Mas a habitual colaboração entre Spielberg e John Williams anda meio que na... amizade. O John Williams é extraordinário, mas não é mais o mesmo dos tempos de INDIANA JONES, E.T., TUBARÃO, etc... Por exemplo, ele acertou nas trilhas recentes de MUNIQUE e HARRY POTTER, mas não fez nada em MINORITY REPORT e GUERRA DOS MUNDOS.

Eu estava falando de ROCKY BALBOA e a música do Bill Conti toca durante o filme inteiro em uma versão melosa de piano. Mas isso é legal. Eu gosto. Acho, inclusive, que os trabalhos recentes de Clint Eastwood na trilha de seus filmes como SOBRE MENINOS E LOBOS e MENINA DE OURO merecem reconhecimento. Sua composição para a trilha de A CONQUISTA DA HONRA é linda... vcs precisam ver (ou ouvir).

Bjs!

 
At 11:26 AM, janeiro 31, 2007, Blogger Museu do Cinema said...

Parabéns pelo texto elucidativo Otávio, eu te confesso que adoro o primeiro Rocky, mas do segundo em diante eles se perderam completamente, alias como deve ser essa sequência absurda.

Gonna Fly Now, de Bill Conti, INESQUECIVEL.

 
At 11:45 AM, janeiro 31, 2007, Anonymous Anônimo said...

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At 11:51 AM, janeiro 31, 2007, Anonymous Anônimo said...

Boa tarde!
Sei que fiquei um tempo sem entrar no seu Blog, Ota (posso te chamar assim? É que meus irmãos mais velhos se chamam Otávio tb e eu, quando era pequeno, não conseguia pronunciar o nome deles...No fim ficou Ota. É Ota Mauricio e Ota Alexandre. Se puder, manda um abraço para eles. Depois te mando os e-mails), mas é que meu computador deu aquelas coisas de computador, sabe? Pifou. E aí fiquei sem minha namorada, a iternet hahahaha.
Bom, vamos falar do que interessa. Acredito que esta nova filmagem será um sucesso, assim como os outros. Eu, como cinéfilo, aposto que dará o que falar. Ainda mais que nos tempos de hoje a tecnologia é outra e os socos beirarão o real. Pôxa vida...Particularmente sobre o Balboa, sou suspeito pra falar. Eu tinha 24 anos quando fui assistir o primeiro da série, no cinema, e graças a ele entrei no boxe. Frequentei um mês, mas foi inesquecível!
Só gostaria de saber se vc tem algum contato do Stallone (e-mail ou telefone). É que gostaria de fazer algumas sugestões para o novo filme. Acredito, por exemplo, q lutar contra o Arnold Schwarzenegger seria genial! Imagina? São dois atores que seguiram pela mesma linha e se consagraram por isso. Cá entre nós, não é qualquer um que consegue ser governador. Uma pena o Stallone não ter se candidatado a nada ainda, acredito que ele faria muitas coisas a favor do esporte e do cinema. Vamos ver, quem sabe, depois do novo Rambo e Rocky. Tomara!
E será que vem Oscar aí? Deixo a pergunta no ar...
Um abraço

 
At 12:13 PM, janeiro 31, 2007, Blogger Kamila said...

Flávia, realmente, me esqueci do Dolph Lundgren... rsrsrsrsrsrsrsrs

Otávio, assisti ao trailer de "Rocky Balboa" e vi que o filme retoma muito aquilo que fez de Rocky um vencedor, um cara que inspira muita gente. Tenho certeza de que acharei o filme bom.

A última vez que me lembro de assistir a um filme e ficar com a música-tema na minha cabeça foi a trilha de Philip Glass para "As Horas". Aquele tema repetitivo, que martela na mente da gente e que é tão importante para o filme quanto o próprio roteiro e as personagens.

 
At 12:17 PM, janeiro 31, 2007, Blogger Flávia said...

Hahahahaha! Getulio, vc é o máximo!

Bjs!

 
At 12:24 PM, janeiro 31, 2007, Blogger Flávia said...

Puxa, muito mais filmes do que eu pensei... Acho que, de todos que vcs citaram, a música mais marcante (pra mim) é a de Brokeback Mountain.

Bjs!

 
At 5:48 PM, janeiro 31, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

Obrigado, Cassiano!

Kamila, vc tem razão! A trilha de AS HORAS é hipnotizante!

E Getulio, pode me chamar de Ota!

Abs!!

 
At 5:48 PM, janeiro 31, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
At 7:53 PM, janeiro 31, 2007, Anonymous Anônimo said...

A série "Rocky" é marcada por altos e baixos. Acredita que já vi todos os filmes mas às vezes não consigo diferenciar um do outro? O melhor mesmo é o original, sem dúvida a melhor coisa que Stallone fez até hoje (aliás, ele só funciona nesse personagem, não gosto dele em "Rambo", por exemplo). Dizem que "Rocky Balboa" é uma maravilha, com certeza estarei nesse mês no cinema vendo o filme. As trilhas do Bill Conti sempre foi um grande destaque na série. Ah, valeu pelo link. :)

 
At 10:10 AM, fevereiro 01, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

Vinícius, a série é uma bobagem só. Mas cresci vendo esses filmes e "lutando" com outros colegas que adoravam as lutas intermináveis de ROCKY I, II, III, IV e V. Foi uma época divertida... Há cerca de 10 anos que não vejo um filme da série e achei que ia rir muito de ROCKY BALBOA. Não foi o que aconteceu. É bom pq se aproxima do original e é muito dramático. Esbarra na pieguice sim, mas coitado do Stallone... ele até que se esforça e o filme é bonito até. Os fãs vão gostar... não é uma "maravilha", mas os fãs vão adorar!

Abs!

 
At 4:30 PM, fevereiro 02, 2007, Anonymous Anônimo said...

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At 4:31 PM, fevereiro 02, 2007, Anonymous Anônimo said...

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