sábado, maio 12, 2007

A nova tendência do leilão

Em Hollywood, poucos diretores têm controle total numa produção de grande estúdio. Poucos mesmo. Se você não é Steven Spielberg ou George Lucas, uma hora ou outra vai ter que se arriscar em algum projeto mais comercial para agradar aos engravatados que não entendem nada de cinema - só de dinheiro. Por muito tempo, vários filmes foram dominados e agredidos por estúdios, que chegavam a retalhar os pobrezinhos nas salas de edição sem aprovação do diretor. Mas nas últimas semanas, um admirável grupo de cineastas resolveu contra-atacar e, até agora, a jogada deu certo.

Cansado da briga com a New Line, que produziu a trilogia O Senhor dos Anéis, e praticamente fora da adaptação de O Hobbit como conseqüência disso, Peter Jackson mostrou ser um visionário até mesmo fora das telas. Sem esperar pela próxima oferta para dirigir um filme, o cineasta inverteu os papéis e enviou um pacote a quase todos os principais estúdios. A encomenda incluiu um roteiro de The Lovely Bones (ou Uma Vida Interrompida), inspirado no livro homônimo de Alice Sebold, uma previsão de orçamento, a data de início das filmagens, as locações sugeridas, um CD com músicas dos anos 70 para a trilha e, claro, um pedido de leilão. Isso mesmo. O estúdio que desse o melhor lance ficaria com o projeto. E não é que ele foi bem-sucedido nessa ousadia? Não demorou muito e a Dreamworks, de Spielberg, venceu a corrida com as concorrentes Sony, Universal e Warner.

Na seqüência, o diretor Michael Mann, de O Informante e Colateral, usou e abusou do mesmo marketing de Peter Jackson. O pacote de Mann incluiu um roteiro noir de John Logan, responsável por O Aviador e Gladiador, uma proposta de investimento e um esquema de distribuição, além de contar com Leonardo DiCaprio como astro e produtor. Outros nomes que entraram na ótima tendência são os amigos mexicanos Alfonso Cuarón, Guillermo del Toro e Alejandro Gonzalez Iñárritu. Ainda colhendo os louros por, respectivamente, Filhos da Esperança, O Labirinto do Fauno e Babel, eles enviaram propostas para cinco filmes produzidos em espanhol com orçamento total de US$ 100 milhões.

Quais serão as conseqüências em Hollywood se a moda pegar definitivamente? Será que é a solução tão esperada para bons diretores comandarem seus filmes à frente de qualquer opinião do estúdio? A verdade é que já estava na hora de alguém ensinar a Hollywood a gastar menos e produzir mais (e melhor). Dessa forma, o tradicional filme com cara de receita de bolo estaria com os dias contados? Acho que isso ainda não vai virar festa, afinal que estúdio aceitaria o "pacote" de um Michael Bay? Ou de um Joel Schumacher? Mas ainda assim, o caminho para um futuro promissor da indústria norte-americana foi apontado.

9 Comments:

At 8:35 AM, maio 13, 2007, Blogger Túlio Moreira said...

Otavio, os diretores vão à labuta!

Quero muito ver novos projetos de Mann e da trupe mexicana... Mas quanto ao Peter Jackson, desculpe o palavreado, quero mais é que se foda!!!!!

abs e bom domingo!

 
At 9:35 AM, maio 13, 2007, Blogger Kamila said...

Túlio, não diga isso. "The Lovely Bones" vai ser a próxima obra-prima do Peter Jackson. Marque minhas palavras! Um dos filmes que eu mais espero ser feito! Que bom que ele fez logo esse acordo.

Sobre o assunto de seu post, Otávio. Gosto muito dessa nova maneira de se fazer negócios em Hollywood. Acho muito bom que os diretores tenham o poder de escolha, de fazer os projetos que lhe interessam e nos quais eles realmente acreditam. Os estúdios que se virem para conseguir grandes nomes.

 
At 6:50 PM, maio 13, 2007, Blogger Wiliam Domingos said...

Poh...
que notícia ilária de boa!!!!
Acho que isto é um sinal de que o cinema Hollywoodiano possa voltar a ser o bom e velho cinema!
Apoio sim, os diretores tem o direito de estar a frente dos estúdios...
Eu adoro a dupla Cuarón e Iñárritu, então estou ansioso para as novas...
Abraço
http://eco-social.blogspot.com/

 
At 2:18 AM, maio 14, 2007, Blogger Marcus Vinícius said...

Ótimo! Até porque os caras que comandam os estúdios devem entender de dinheiro, então deixem o cinema pra quem entende, ora bolas! Abraços

 
At 10:05 AM, maio 14, 2007, Blogger Museu do Cinema said...

Eu tô com o Túlio, e com o palavrão e tudo!

 
At 10:28 AM, maio 14, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

Bom, gente... obrigado aí pela participação. Opinião todo mundo tem. E fiquem a vontade pra falar palavrão, desde que não agridam ninguém, claro.

Abs a todos!

 
At 10:57 AM, maio 14, 2007, Blogger Túlio Moreira said...

Otavio, mas eu agredi o Peter Jackson... ele pode?

huiahuiahuiahuiahuiahuia

abs!

 
At 11:14 AM, maio 14, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

Claro! Hahahhahaha... Ele nunca deixa comentários mesmo... problema dele...

Abs!

 
At 6:29 PM, maio 14, 2007, Anonymous Anônimo said...

Ah Túlio, sem querer entrar na discussão mas já entrando (hehehe), eu gosto do Peter Jackson. Ontem vi "Almas Gêmeas" e achei ótimo, tanto que espero ver o diretor novamente comandando um drama - esse "Uma Vida Interrompida" parece ser bem interessante. Adoro a trilogia "O Senhor dos Anéis" mas não suportei sua versão para "King Kong" (apesar da técnica ser excelente). É um diretor que certamente não figura entre meus favoritos, mas assim como a Kamila estou confiante para esse novo projeto.

Acho mesmo uma ótima idéia esse novo negócio, só espero que diretores do nível de um Michal Bay comecem a fazer seus "pacotes" também...

 

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