quinta-feira, julho 12, 2007

Harry Potter e a Ordem da Fênix


Para quem nunca leu Harry Potter e a Ordem da Fênix (Harry Potter and the Order of the Phoenix, 2007), o quinto filme da série adaptada da obra de J.K. Rowling parece cheio de "buracos" no roteiro. Claro que a trama é compreensível para quem tem mais de cinco anos, só que alguns detalhes parecem nebulosos na construção da história na cabeça dos leigos. Mas como o filme foi feito para os fãs, que estudaram direitinho para a prova e sabem todas as respostas, qualquer erro em A Ordem da Fênix é inveja ou piti de gente boba e chata. Na língua deste universo, os "trouxas".

Antes de continuar, vamos combinar só uma coisa, por favor: É fácil dizer que o filme é mais sombrio do que os anteriores - a cada Harry Potter, os críticos dizem isso. Então, não quero ver ninguém dizendo que os próximos filmes serão mais "sombrios" que A Ordem da Fênix. Ok? O filme
é sobre amadurecimento e responsabilidades que chegam cedo demais. O protagonista (Daniel Radcliffe - cada vez melhor ator) é forçado a encarar seus medos para se tornar um grande líder. É óbvio que Harry Potter não é mais para crianças. Só que essa é a natureza da evolução da saga criada por J.K. Rowling. O segredo para tornar um novo episódio mais dark que o anterior está na forma como a autora conta sua história, que acompanha o crescimento de seus leitores. No caso do filme, essa função é do diretor.

Mas numa cinessérie marcada pela irregularidade, que cada hora tem um diretor com sua visão pessoal, Harry Potter sofre na telona. Em A Ordem da Fênix, David Yates carregou na fotografia escura, tremeu a câmera como se estivesse dirigindo A Supremacia (e O Ultimato) Bourne e abusou de sustos com auxílio da trilha sonora. Enfim, coisas de principiante.

Pelo óbvio tom político do quinto livro, o produtor David Heyman contratou Yates, um especialista em minisséries inglesas politizadas, para comandar o longa. Se o único objetivo de A Ordem da Fênix era esse, Yates até que se saiu bem. E ele teve sorte de cair numa franquia consagrada. Mas sejamos justos: Os tiques citados acima podem ser corrigidos no próximo filme (O Enigma do Príncipe), que também será dirigido por David Yates. O diretor não merece comparações com Alfonso Cuarón, que fez o melhor Harry Potter, e Mike Newell, mas tem futuro. Está em boas mãos; tem a atenção do público e pode acertar se ler e ouvir as críticas.

Mesmo com furos de roteiro e um diretor novato, até que dá para se divertir bastante com Harry Potter e a Ordem da Fênix. Só de pensar nos primeiros filmes de Chris Columbus, o longa de David Yates ganha créditos. Principalmente pelos eletrizantes 20 minutos finais. A pancadaria rola solta entre a Armada de Dumbledore, liderada por Harry Potter, e os Comensais da Morte. O duelo entre Dumbledore (Michael Gambon) e Voldemort (um assustador Ralph Fiennes) é emocionante e muito bem orquestrado pelos magos dos efeitos visuais. A impressão é que o filme começa no final.

Mas a carta na manga de Harry Potter e a Ordem da Fênix atende pelo nome de Imelda Staunton. A atriz indicada ao Oscar por O Segredo de Vera Drake dá um show particular como a professora, alta inquisidora e ditadora Dolores Umbridge, a responsável por transformar Hogwarts no colégio que serviu de cenário para o Pink Floyd tocar Another Brick in the Wall. Imelda não precisa de sombras, fotografia escura e câmeras trêmulas para entrar no clima. O filme é dela.

Harry Potter e a Ordem da Fênix (Harry Potter and the Order of the Phoenix, 2007)
Direção: David Yates
Roteiro: Michael Goldenberg (Baseado no livro de J.K. Rowling)
Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Ralph Fiennes, Michael Gambon, Imelda Staunton, Alan Rickman, Emma Thompson e Gary Oldman

20 Comments:

At 3:29 PM, julho 12, 2007, Anonymous Anônimo said...

Também achei esse filme mediano, especialmente depois do crescendo em que a série vinha com os filmes de Cuarón e Newell. Mesmo assim, tem a Staunton maravilhosa (como vc disse) e o Alan Rickman roubando todas as cenas.

E, mesmo que a maioria dos atores, só tenha uns 15 segundos em cena, seria esse o filme com o melhor elenco da do cinema recente?

 
At 4:03 PM, julho 12, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

É um ótimo elenco, Anderson. Mas alguns fãs me disseram que a Professora Sibila (Emma Thompson) tinha mais a dizer na história, mas resolveram cortar. E deixar uma atriz como Emma Thompson sem espaço é brincadeira, não?

E me incomodou a escuridão do filme. Pareceu artificial. Se assistirmos aos cinco filmes em DVD... na hora de passar do 4 para o 5, a impressão é que temos de aumentar o brilho da TV.

Abs!

 
At 4:15 PM, julho 12, 2007, Blogger Dani Fernandes said...

Otávio,
Não sou lá muito fã de Harry Potter, mas adorei a crítica, real, sincera e sem forçar a barra...
Me deu vontade de ver!
Bjs

 
At 5:14 PM, julho 12, 2007, Anonymous Anônimo said...

Gostei muito do filme Otavio, mais do que eu esperava, simplesmente adorei o resultado. Notas:

1.Prisioneiro de Azkaban ***** [9,5]
2.Ordem da Fênix **** [9,0]
3.Cálice de Fogo **** [9,0]
4.Pedra Filosofal **** [8,0]
5.Câmara Secreta **** [8,0]

 
At 5:22 PM, julho 12, 2007, Anonymous Anônimo said...

Otavio, gostei da crítica. O filme é bom, os atores são bons, mas o roteiro cheio de buracos e, até certo ponto, um receio do Yates deixam o filme mediano.

É superior aos 2 primeiros e acho q até ao 4, q não concordo contigo, ele é bom, mas o roteiro não foi só esburacado e sim estraçalhado.

Realmente a batalha entre Dumbledore e Voldemort é fantástica, feita sem trilha, gostei muito.

Eu queria esse filme mais longo, gosto em geral dos filmes, mas me incomoda os cortes muito grandes q são feitos, o q deixa o elenco estelar como coadjuvante e o produto final perde desperdiçando talentos como Emma Thompson, Gary Oldman, David Thewlis, Maggie Smith e outros.

Acabei de ver q A ordem da Fênix quebrou o então record do Retorno do Rei, 44 milhões na bilheteria do primeiro dia. Amazing!

 
At 5:27 PM, julho 12, 2007, Anonymous Anônimo said...

Escrevi um dado errado, o record era do Homem-aranha 2, com US$ 40,4 milhões, em 2004.

 
At 6:16 PM, julho 12, 2007, Blogger Túlio Moreira said...

A "condensação" desse HP 5 sempre me preocupou. Como espectador da série, me acostumei com a narrativa detalhada, em filmes de quase três horas... Parece que o maior livro, A Ordem da Fênix, rendeu o menor filme, e é claro que isso causa problemas.

Preciso assistir (vou ver sábado) para ter noção do tamanho do prejuízo. E adoro Imelda Staunton, sem dúvida uma atriz completa.

abraço!

 
At 6:20 PM, julho 12, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

Eu adorei alguns momentos, Wally. Eu vibrei em alguns momentos. na luta entre Dumbledore e Vodlemort principalmente. Sem trilha, como disse a Vivis.

E Vivis, isso dá impacto mesmo. Lembra o que Peter Jackson fez no ataque dos Orcs nas Minas de Moria, em O SENHOR DOS ANÉIS? Quando eles arrebentam o portão para atacar a Sociedade do Anel, a música desaparece. É de arrepiar.

Wally, mas não consigo perdoar alguns furos. E eles estão lá. AGORA, CUIDADO COM OS SPOILERS: Vivis, me ajuda. Aqueles cavalos alados (que esqueci o nome) não eram vistos por quem jamais viu a morte de perto, não é? Pensei que Ron e Hermione estavam vendo os bichos na hora do vôo em direção ao Ministério. Já me disseram que no livro, eles não vêem e a sensação da dupla é a de estar flutuando. No filme, isso não fica claro. Outra coisa: Já soube que Snape é quem avisa a Ordem da Fênix sobre o paradeiro de Harry e a Armada de Dumbledore... certo? Mas no filme, a impressão é que eles surgem do nada para ajudá-lo. Bom, fiquei com essas impressões...

Abs!

 
At 6:36 PM, julho 12, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

Imelda está sensacional, Tulio!

Pessoal, já que David Yates volta para o sexto filme, quem vcs gostariam de ver comandando o sétimo? Eu voto em Alfonso Cuarón...

 
At 6:43 PM, julho 12, 2007, Blogger Túlio Moreira said...

Ah, e votei em Blade Runner, claro. Não é só o melhor filme de robôs, bem como um dos melhores objetos artísticos de todos os tempos.

Voto em Cuarón, com certeza! O terceiro foi um dos melhores filmes de aventura da década!

abraço!

 
At 6:51 PM, julho 12, 2007, Anonymous Anônimo said...

Otavio, vou cometer aqui o q sei ser um pecado. Não gostei de Senhor dos Anéis, assisti um pedaço do 1 e não me encantou, me prometi q ainda este ano vou ler o livro e ver os filmes quem sabe assim me encanto. Acho q no geral cenas intensas sem trilha são difíceis de se fazer, afinal a trilha é um recurso q ajuda e muito.

E os Trestálios são vistos só por quem já viu a morte, a cena perdeu sim pq não fica claro e antes é citado numa conversa entre o Harry e Luna. Aliás, aqui até acho q existe um furo da Rowling. Harry só passa a ver os tais cavalos depois da morte do Cedrico, mas ele não estava presente no assassinato dos pais? Por mais q ele não se lembre ele estava lá e presenciou tudo.

É Snape de fato quem avisa a Ordem da Fênix q a AD vai ao ministério.

Enfim, acho q são buracos no roteiro, melhor, rombos. Imagino q fazer um roteiro de HP deve ser muito difícil, são muitos detalhes interligados, mas tbm penso q a WB têm uma neura com o tempo q não consigo entender, os fãs adorariam q os filmes fossem mais longos e detalhados. Eu com certeza adoraria.

 
At 8:32 PM, julho 12, 2007, Anonymous Anônimo said...

Hehe, belo texto Otavio, ainda que me deixe mais apreensivo em relação à qualidade do filme. Até então você e o Anderson não gostaram tanto, já o Wally adorou. Vejo o filme amanhã (ao que tudo indica) e tiro minhas conclusões.

Abraço!

 
At 10:43 AM, julho 13, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

Tb escolhi BLADE RUNNER, Tulio! Um dos melhores filmes de todos os tempos!

Vinicius, veja e depois volte aqui, ok? E Kamila??? Cadê vc????

Vivis, esse problema de tempo para terminar as filmagens é compreensível, mas tb é uma armadilha. No caso de uma franquia, o ideal seria fazer um filme a cada 3 anos. Ou 2. Para terminar bem o roteiro, filmar com mais tranqüilidade ou pressão, etc. Mas no caso de HARRY POTTER, são SETE filmes. Não três. E os atores estão crescendo. Infelizmente, eles têm que se virar para enfrentar o tempo. Mas em A ORDEM DA FÊNIX, eles poderiam ter um pouquinho mais de paciência para terminar o filme sem buracos, não? Ou para aproveitar uma duração maior... Talvez o Natal seja a melhor data para lançar um filme como HARRY POTTER, onde todo mundo corre contra o tempo.

Abs!

 
At 11:58 AM, julho 13, 2007, Anonymous Anônimo said...

A primeira coisa que você disse é verdade. A parte dos "cavalos alados" me incomodou muito mesmo, eu lembro que no livro eles se sentem completamente estranhos, Yates perdeu uma boa chance de tornar esse momento mágico e prazeroso. Mas o resto deu para engolir, esse foi o único furo que realmente me incomodou, mas claro, li os livros. Talvez se eu não tivesse teria sido diferente. Mas enfim, realmente o filme é vibrante e visualmente arrebatador.

Acho que vou ver mais uma vez. :)
E o show realmente é de Imelda.

 
At 11:58 AM, julho 13, 2007, Anonymous Anônimo said...

A primeira coisa que você disse é verdade. A parte dos "cavalos alados" me incomodou muito mesmo, eu lembro que no livro eles se sentem completamente estranhos, Yates perdeu uma boa chance de tornar esse momento mágico e prazeroso. Mas o resto deu para engolir, esse foi o único furo que realmente me incomodou, mas claro, li os livros. Talvez se eu não tivesse teria sido diferente. Mas enfim, realmente o filme é vibrante e visualmente arrebatador.

Acho que vou ver mais uma vez. :)
E o show realmente é de Imelda.

 
At 4:47 PM, julho 13, 2007, Anonymous Anônimo said...

Otavio, realmente HP é quase uma produção industrial, mas me referi ao tamanho do filme em si, claro q uma coisa está diretamente ligada à outra. Neste HP o importante está lá, mas faltou certa sutileza, é tudo muito corrido, feito atabalhoadamente.

Os furos para mim são: A cena dos trestálios, a ida ao ministério q faltou a inclusão de pedaços importantes da trama, como Snape avisar a ordem e Harry tentando falar com Sirius sendo enganado por Monstro q estava do lado de Bellatrix. As aulas de oclumência tbm deixam a desejar, a história traumática q Snape teve com os marotos não fica clara e deveria mostrar a confiança de Dumbledore em Snape, a história entre Snape, Sirius e James, a preocupação de Dumbledore com as tentativas de Voldemort penetrar a mente de Harry. A morte de Sirius Black foi muito rápida e superficial, deveria ter sido mais explorada.

Estes para mim são os buracos mais comprometedores. Enfim, creio eu q 20 minutos a mais no produto final dariam conta dos episódios serem feitos com mais tato e um pouco mais narrativos.

 
At 6:39 PM, julho 13, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

É verdade, Vivis!

Minha bronca está nesses momentos.

Bjs e bom final de semana!

 
At 4:53 PM, julho 14, 2007, Blogger Kamila said...

Otávio, só li sua crítica agora, depois de assistir "Harry Potter e a Ordem da Fênix" e concordo: o filme é da Imelda Staunton. Amei a atuação dela. Acho que a melhor de todos os tempos em qualquer filme do Harry Potter.

No mais, acho que os filmes do Harry Potter são uma enrolação só. O processo de amadurecimento do personagem principal, que já dura uns três filmes, parece não terminar nunca. Eu queria que o próximo filme fosse direto ao que importa mais, no entanto, o combate entre Harry e Voldemort deve ficar mesmo para o último filme da série. Até lá, haja enrolação...

Bom final de semana!

 
At 5:34 PM, julho 14, 2007, Blogger Poetrica said...

Dear Mr Manager,
veja se concorda comigo: há filmes que são geniais em linguagem (um Tarantino, um Kar Wai), há os filmes que usam a mesma linguagem de sempre de maneira genial, seja pela maestria narrativa, pelo argumento bem desenvolvido ou por uma interessante direção de atores ou de arte, há os despretensiosos, que nada querem mas que fazem um gol quase sem querer, entregando um poema ou uma crônica fresca para o espectador, há os filmes de pura crônica - um W. Allen - e há os filmes simples, mas limpinhos. Esse Harry Potter é da categoria dos filmes comerciais, claro, mas, ao precisar atender a tantos requisitos (render milhões, seguir um roteiro adaptado, superar-se em efeitos histéricos e sem função) , ele perde a sua razão de ser. Os outros eram filmes infantis gostosos, que exploravam o assombro da magia, as figuras docemente bizarras, etc. Este perdeu o charme, não apenas por injetar hormônios nos encapuzados menininhos ingleses, mas por que não torna nada disso interessante. É a mesma batalha de sempre com o Valdemar(cujo fim até minha filha Cecília sabia), o mesmo sentimento de amizade dos amigos - que aliás, são cheer-leaders bobões e sem personalidade do atormentado Harry, uma Hogwarths repetitiva e desinteressante. Infelizmente, continuarão gastando dinheiro para fazer essa fantasia rentável, até que veremos um Harry separado da mulher ou levando sua varinha para a assistência técnica. A mágica , assim como no caso do aparvalhado Ogro Verde Shrek, acabou. Que pena. O mágico de Oz, com seu cenário de papelão, tem uma varinha de condão muito mais poderosa... Mas o tal David Yates não deve ter visto, ocupado que estava em entregar um filme que não decepcionasse as massas.

 
At 12:12 AM, julho 16, 2007, Anonymous Anônimo said...

Após ter assistido ao filme concordo plenamente com a Vivis quando ela diz que o filme poderia ter mais alguns minutinhos para não deixar tantos furos.
No mais, HP continua envolvendo e deixando à todos esperando pelo final. Pena que a previsão é para daqui a 4 meses para o lançamento do 7º (e último ??) livro no Brasil !!

 

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