quinta-feira, agosto 23, 2007

A guerra interna


Muita gente aposta no nome de Charlie Wilson's War entre os finalistas do próximo Oscar. Com direção de Mike Nichols (Closer), o drama acompanha o envolvimento de um congressista (Tom Hanks) com a CIA no treinamento de rebeldes no Afeganistão. A polêmica está na identidade de um desses alunos: Osama Bin Laden.

Baseado no livro de George Crile, produtor do 60 Minutes, Charlie Wilson's War traz Hanks no papel-título. O vencedor do Oscar de Melhor Ator por Filadélfia e Forrest Gump lidera um elenco grandioso: Julia Roberts, Philip Seymour Hoffman e Amy Adams.
O roteiro é de Aaron Sorkin, especialista nos bastidores da política norte-americana devido ao ótimo trabalho realizado na série The West Wing. O filme chega aos EUA no dia 25 de dezembro. No Brasil, só em 22 de fevereiro de 2008.

O interessante nisso tudo é observar como Hollywood vem mudando nos últimos anos. Não somente nas várias produções sérias que vêm por aí sobre os conflitos no Oriente Médio (como Lions For Lambs, de Robert Redford, e In the Valley of Elah, de Paul "Crash" Haggis), mas também nos recentes filmes de ação.

Duro de Matar 4.0 e O Ultimato Bourne são dois exemplos. No primeiro, John McClane (Bruce Willis) enfrenta terroristas que proliferam o caos virtual em território norte-americano. Nada de bombas ou coisas do gêneros. O medo está nos meios de comunicação. A teoria da conspiração consiste na manipulação das notícias. Ninguém sabe inteiramente até onde vai a verdade. E o principal de Duro de Matar 4.0: os vilões não são estrangeiros, mas norte-americanos descontentes com o governo. Em O Ultimato Bourne, Matt Damon é um ex-agente de uma divisão secreta da CIA, que tenta descobrir sua verdadeira identidade. Seu grande objetivo é entender como ele foi capaz de cometer atos terríveis no passado. Para ele, entender essa questão é o caminho direto para a própria redenção. Mais uma vez, os vilões são norte-americanos.

Na TV, isso não é diferente. A ação de 24 Horas é totalmente paranóica. A quinta (e melhor) temporada da série, que foi ao ar em 2006, colocou o presidente dos EUA como vilão. Ele era apenas uma marionete nas mãos de uma organização secreta acima do governo.

Essa nova fase de Hollywood representa uma fagulha de esperança, afinal a classe artística é formadora de opinião. E nada melhor do que o cinema para fazer o público refletir - mesmo que seja com produções voltadas para consumo rápido. Já é um início. Na edição do Oscar 2006, Steven Spielberg disse que Hollywood estava retornando aos anos 1970, quando a indústria se mobilizou com filmes que investigavam a realidade (e a sujeira) do governo. Principalmente pela participação dos EUA na Guerra do Vietnã. Agora é o Oriente Médio. A única verdade é que não sabemos da missa a metade.

12 Comments:

At 5:49 PM, agosto 23, 2007, Blogger Kamila said...

Otávio, belíssimo post. Eu acho que é muito importante o cinema tocar em pontos que fazem parte do nosso dia-a-dia, como a Guerra do Iraque (no caso dos EUA), ou a guerra do narcotráfico (aqui no Brasil), porque o cinema é uma forma de arte que nos ajuda a compreender o mundo em que vivemos.

Eu tenho altas expectativas a respeito de "Charlie Wilson's War". Não só porque o filme tem o elenco que tem, ou o diretor que tem, mas, principalmente, porque o roteiro é do Aaron Sorkin (o criador de séries como "The West Wing", "Sports Night" e "Studio 60 on the Sunset Strip") e ele é uma das mentes mais inteligentes que Hollywood tem.

 
At 7:31 PM, agosto 23, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

Obrigado, Kamila! Nada melhor do que uma sala escura com toda a atenção da platéia voltada para uma tela gigante.

Por isso que não como pipoca... desvia minha atenção da tela... Só dá pra consumir algo na sala de cinema quando o filme não é interessante.

Bjs!

 
At 9:44 PM, agosto 23, 2007, Anonymous Anônimo said...

Muito foda sua visão sobre 24 Horas, Duro de Matar 4.0 e Ultimato Bourne (verei esse ultimo no fim de semana), achei muito interessante mesmo. ótimo post!

Sobre Charlie Wilson's War, acredito que pode muito bem marcar a volta de Tom Hanks ao pareo do Oscar como também dar o reconhecimento merecido à Mike Nichols, que não cativou o Oscar com o brilhante Closer.

Grande abraço.

 
At 5:06 AM, agosto 24, 2007, Blogger Marcus Vinícius said...

Promete mesmo. Depois da atuação pífia em O Código Da Vinci, acho que o Tom Hanks vai debochar nesse filme. Nem preciso dizer que o texto ficou tri massa... muito bem notado esse contexto político dos filmes e seriados atuais.
Ah, dá uma olhada no novo trailer do MGS4 lá no blog. Vou ter que vender um rim pra comprar o PS3, hehehe.

Saudações e um abraço!

 
At 10:14 AM, agosto 24, 2007, Blogger Museu do Cinema said...

Tô doido para ver o Charlie War, só o Tom Hanks já vale.

 
At 10:30 AM, agosto 24, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

Não acho que Tom Hanks vacilou em O CÓDIGO DA VINCI. Ele "é" Robert Langdom.

 
At 12:17 PM, agosto 24, 2007, Anonymous Anônimo said...

Nem eu Otavio. Tudo bem que seu cabelo tava meio brega, mas quando li o livro, já havia sido anunciado que ele seria o Robert e imaginei ele com extrema facilidade na leitura.
A verdade é que Tom Hanks é um ator foda!

 
At 12:19 PM, agosto 24, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

É... o cabelo estava sinistro...

 
At 3:59 AM, agosto 25, 2007, Anonymous Anônimo said...

Otávio, não se esqueça de colocar na sua lista de produções sérias sobre os conflitos no Oriente Médio o filme Kingdom (O Reino). Eu acabei de ver o trailer e só por incluir na trilha a música Bullets the Blue Sky, do U2, já deu vontade de assistir!

 
At 11:27 AM, agosto 25, 2007, Anonymous Anônimo said...

Belo texto, Otavio! Já tinha lido ontem, mas só agora estou comentando. Acho que o 11/09 mudou um pouco a forma de Hollywood ver esse tipo de filme, aliás acho que agora essas fitas tem um tom de crítica ainda maior do que as de antigamente.

 
At 1:36 PM, agosto 25, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

Tem razão, Denis! E li que esse THE KINGDOM é de ação, né?

Obrigado, Vinicius!

Abs!

 
At 6:21 PM, agosto 25, 2007, Blogger Wanderley Teixeira said...

É isso mesmo,volta e meia eles se enchem de coragem e insere tais questões em filmes de ação ou dramas oscarizáveis.Mas é preciso maturação para Hollywood assumir essa postura,eles demoram em por o dedo na ferida.

 

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