O Ultimato Bourne
Na cena final de A Supremacia Bourne, o ex-agente sem memória (interpretado de forma brilhante por Matt Damon) conversa por telefone com Pamela Landy (Joan Allen), a líder da força-tarefa encarregada do caso na CIA. Ela conta ao herói sobre seu verdadeiro nome: David Webb. Ao desligar, Bourne parece não se importar muito com a informação e se perde no meio da multidão em Nova York. O filme termina, mas essa cena é importantíssima para compreender a proposta do diretor Paul Greengrass em O Ultimato Bourne (The Bourne Ultimatum, 2007), o extraordinário final desta trilogia.
Agora ficou mais fácil entender que Greengrass não quis fazer “mais uma aventura de Jason Bourne” no segundo filme. Antes, parecia que Supremacia ia do nada a lugar nenhum. A impressão é que faltava alguma ligação dramática no festival de ação, pancadaria, velocidade, metal e vidro das duas primeiras partes. Com Ultimato, todos os filmes fazem sentido. São três episódios que formam apenas um.
Lógico que é impossível experimentar todas as qualidades de O Ultimato Bourne sem ter Identidade e Supremacia bem fresquinhos na cabeça. Porém, o terceiro episódio fala mais alto do que os anteriores e surge como um filme de verdade. Claro que ainda é um thriller de ação e suspense, mas aqui é possível encontrar tudo o que um cinéfilo procura em um grande filme. Para mim, isso é um sonho que vira realidade. Sempre esperei que um diretor tentasse fazer um ótimo filme fora do gênero drama. Você me entendeu? Quero dizer "qualquer gênero" como Ficção Científica, Fantasia, Aventura, etc. Eu esperava pela chegada de um diretor capaz de apresentar um projeto desafiante a outros gêneros (e com a proposta de levá-lo a sério). Isso é raridade. Quando um roteiro não é assumido como drama, há uma idéia infeliz por ser generalizada: a maioria acha que são filmes feitos somente para diversão escapista. Mas nesta década, veio O Senhor dos Anéis, de Peter Jackson. E, agora, Paul Greengrass nos dá O Ultimato Bourne de presente. Nunca pensei que diria isso a respeito desse diretor, mas assisti ao filme como um aluno admirado pela grande aula de cinema do professor Greengrass. Logo ele, que nunca tinha me surpreendido antes.
Agora ficou mais fácil entender que Greengrass não quis fazer “mais uma aventura de Jason Bourne” no segundo filme. Antes, parecia que Supremacia ia do nada a lugar nenhum. A impressão é que faltava alguma ligação dramática no festival de ação, pancadaria, velocidade, metal e vidro das duas primeiras partes. Com Ultimato, todos os filmes fazem sentido. São três episódios que formam apenas um.
Lógico que é impossível experimentar todas as qualidades de O Ultimato Bourne sem ter Identidade e Supremacia bem fresquinhos na cabeça. Porém, o terceiro episódio fala mais alto do que os anteriores e surge como um filme de verdade. Claro que ainda é um thriller de ação e suspense, mas aqui é possível encontrar tudo o que um cinéfilo procura em um grande filme. Para mim, isso é um sonho que vira realidade. Sempre esperei que um diretor tentasse fazer um ótimo filme fora do gênero drama. Você me entendeu? Quero dizer "qualquer gênero" como Ficção Científica, Fantasia, Aventura, etc. Eu esperava pela chegada de um diretor capaz de apresentar um projeto desafiante a outros gêneros (e com a proposta de levá-lo a sério). Isso é raridade. Quando um roteiro não é assumido como drama, há uma idéia infeliz por ser generalizada: a maioria acha que são filmes feitos somente para diversão escapista. Mas nesta década, veio O Senhor dos Anéis, de Peter Jackson. E, agora, Paul Greengrass nos dá O Ultimato Bourne de presente. Nunca pensei que diria isso a respeito desse diretor, mas assisti ao filme como um aluno admirado pela grande aula de cinema do professor Greengrass. Logo ele, que nunca tinha me surpreendido antes.
E não somente pelo estilo do cineasta em filmar a ação de perto: você não a vê de longe, mas é jogado dentro dela. Para quem não quer estudar muito, a aula de Greengrass pode ser resumida em duas cenas (ou seqüências). E o professor é genial ao se aproveitar do máximo do suspense em um “filme de entretenimento”. Só vi isso em Hitchcock e Spielberg. São dois momentos de deixar qualquer um agarrado na cadeira, mas que seriam reduzidos a uma expressão barata e corriqueira como “pura diversão” nas mãos de outro cineasta. A primeira cena envolve Bourne ajudando um jornalista do The Guardian (Paddy Considine) e a segunda coloca o herói saltando de telhado em telhado no Marrocos até uma luta dolorosa de tão seca dentro de um banheiro minúsculo. As seqüências são tão bem filmadas e editadas que deveriam estar em qualquer curso de montagem de cinema. O melhor nisso tudo é que a história vai junto com um filme que pode muito bem ser classificado como uma perseguição ininterrupta do primeiro ao último minuto. O roteiro é excepcionalmente conduzido até um desfecho nervoso – desde a abertura (e aproveitando o título do filme), a idéia fixa é a de que Bourne morrerá no final.
Greengrass e os roteiristas Tony Gilroy, Scott Z. Burns e George Nolfi partem dessa dúvida para explorar uma tensão que não parece ter fim. Mas não espere 100% de explicação, afinal os segredos que envolvem o passado de Jason Bourne não deixam de ser um MacGuffin. O importante é presenciar como o personagem, que já fez coisas terríveis, tenta encontrar paz e redenção.
E tudo é tão rápido e envolvente que praticamente esquecemos as ilustres presenças de atores como David Strathairn, Albert Finney e Joan Allen até ler seus nomes nos créditos finais ao som (pela terceira vez) de Extreme Ways, de Moby. O Ultimato Bourne não é somente o melhor filme de ação do ano. Isso é cinema de primeira e merece indicações ao Oscar ou qualquer outro prêmio. No mínimo, deveria ganhar uma estatueta de Melhor Montagem.
Greengrass e os roteiristas Tony Gilroy, Scott Z. Burns e George Nolfi partem dessa dúvida para explorar uma tensão que não parece ter fim. Mas não espere 100% de explicação, afinal os segredos que envolvem o passado de Jason Bourne não deixam de ser um MacGuffin. O importante é presenciar como o personagem, que já fez coisas terríveis, tenta encontrar paz e redenção.
E tudo é tão rápido e envolvente que praticamente esquecemos as ilustres presenças de atores como David Strathairn, Albert Finney e Joan Allen até ler seus nomes nos créditos finais ao som (pela terceira vez) de Extreme Ways, de Moby. O Ultimato Bourne não é somente o melhor filme de ação do ano. Isso é cinema de primeira e merece indicações ao Oscar ou qualquer outro prêmio. No mínimo, deveria ganhar uma estatueta de Melhor Montagem.
O Ultimato Bourne (The Bourne Ultimatum, 2007)
Direção: Paul Greengrass
Elenco: Matt Damon, Julia Stiles, David Strathairn, Joan Allen, Scott Glenn, Albert Finney, Paddy Considine e Edgar Ramirez
Direção: Paul Greengrass
Elenco: Matt Damon, Julia Stiles, David Strathairn, Joan Allen, Scott Glenn, Albert Finney, Paddy Considine e Edgar Ramirez
25 Comments:
Otávio, amanhã é minha vez de se deliciar com essa maravilha, pois só pela crítica que você fez já fiquei curiosíssimo. Parabéns pelo texto, está muito bom. Abs.
Vou deixar para ler a sua crítica depois que eu assistir ao filme, mas, desde já, fica toda a minha ansiedade por este filme. Gosto muito dos filmes anteriores e quero muito ver o que o Greengrass vai aprontar desta vez.
Bom final de semana!
Eu nem sei mais que continuação é essa, é a quarta ou a terceira?
Gosto dos filmes do Bourne, mas acho que já tá bom! Eu ando ranzinza demais com continuações.
Nossa... até fiquei com vontade de ver os filmes(nunca vi nenhum deles).
Bjs!
Obrigado, amigos!
O problema é que eu li que a estréia seria no dia 17 (junto com OS SIMPSONS). Mas parece que vai ser na próxima sexta, dia 24.
Ainda assim, sei que muitos cinemas de SP estão com pré-estréias hoje e amanhã de O ULTIMATO BOURNE.
E Cassiano, acho que vc deveria tentar ver esse...
Abs! E bom final de semana!
Estou surpreso com sua reação, afinal, você não gostou tanto da Supremacia, mas deve ter revisto e admirado mais, sem dúvida. Sempre achei Grengrass excepcional e estou pronto para ser entretido com esse filme. Sua crítica ta ótima e fiquei com mais vontade de velo, afinal, não é todo dia que se compara um diretor com Hitchcock e Spielberg...
3/4 estrelas para os dois primeiros
eu quis de dizer 3 estrelas de quatro para ambos os filmes :)
Sim, Wally! Eu revi os dois primeiros.
Para mim, A IDENTIDADE BOURNE permanece com 3 estrelas, enquanto A SUPREMACIA BOURNE ganhou mais uma estrelinha. Agora são três tb.
Abs!
Nossa, essa sua crítica me deixou com água na boca, Otávio! Acabei de rever "A Identidade Bourne" e quero rever o segundo da série em breve, depois irei ao cinema.
Otávio, é até engraçado a distribuidora brasileira ter adiado a estréia do filme para fugir de "Os Simpsons" - se esse raciocínio tiver mesmo fundamento.
Afinal, "Ultimato Bourne", nos EUA, arrasou na bilheteria, mesmo com a concorrência dos Simpsons!!
Origado, Romeika! O filme é sensacional! Socos e pontapés com classe!
Kamila, a SET acabou de me dizer que a data sempre foi dia 24. Mas não é o que andei vendo por aí...
Wally, esqueci de comentar: minha intenção foi dizer que Paul Greengrass soube utilizar a tensão, o suspense de forma perfeita em um "filme de entretenimento". Hitchcock tb fez isso em filmes como INTRIGA INTERNACIONAL. E, claro, Steven Spielberg. Não quis, necessariamente, dizer que Paul Greengrass é um novo Hitchcock. Ou um Spielberg. Ok, gente? Seria um equívoco da minha parte.
Abs!
Eu quis dizer: "Obrigado, Romeika!"
Puxa, gostou mesmo do filme, hein? Espero que seja surpreendido também, pois não sou fã dos episódios anteriores (apesar de reconhecer os méritos de ambos). Bela crítica.
Bom final de semana!
Otávio, no cinema que eu frequento, tem um banner enorme de "Ultimato Bourne", com a data 17.08.07!!!
Eu entendi Otavio, mas de uma maneira ou de outra, comparou ele com dois mestres do cinema.
Ok, Wally! De uma maneira ou de outra, sim! :) Mas por maneirismos... não pela carreira, claro.
É, Kamila... então parece que a distribuidora ficou com medo de uma tal família amarela... :)
E obrigado, Vinicius! Dê uma chance ao filme... Eu tb pensava como vc.
Abs! E bom final de semana!
Não li sua crítica pq ainda não vi o filme e, não quero ter muitas expectativas sobre ele =)
Com relação à data de estréia, só fiquei sabendo hoje quando fui comprar o ingresso,assim como a Kamila, no cinema q frequento estava divulgado para 17/08.
Depois posto minha opinião sobre O Ultimato !
Abs a todos e bom fds !!
Putz...
Um terceiro maravilhoso, finalmente!!!!
xD
ainda não vi, mas logo logo resolvo isso!
Ação de primeira, adoro quando isso ocorre!
Abraço
Acabei de presenciar a espetacular obra cinematrográfica intitulada O Ultimato Bourne. É o melhor da franquia, excelente. A luta de Bourne x Desh me fez roer as unhas. Mas Edgar Ramirez me desapontou, principalmente por levar o rosto no poster, esperava mais dele, deveriam colocar Bourne/Desh no poster. Talvez seja preconteito contra latino americanos, o que acha? Ramirez é venezuelano.
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Otavio, tive o prazer de ver o filme na pré-estréia num dos cinemas da PlayArte e digo, sem decepção alguma, que gostei do resultado. Como é praxe relembrar e definir qual o melhor filme de uma série quando ganha seu último capítulo, opto pelo filme original de Doug Liman. Creio que os pequenos problemas de “O Ultimato Boorne” seja a câmara de Paul Greengrass não encontrar um foco, mesmo nas cenas mais calmas e a conclusão que não me foi tão interessante quanto as perseguições eletrizantes e o constante conflito entre os personagens de Joan Allen e David Strathairn. Fora isso, me diverti bastante.
Já vi o filme e confirmei muito do que li em sua crítica. Não gostei TANTO quanto você, mas sem dúvida é o melhor da série e um dos 15 melhores filmes do ano (ainda prefiro "Duro de Matar 4.0" no gênero de ação). Concordo que a montagem é o ponto alto, mas não achei o final tão surpreendente (na verdade já pensava que aquilo era uma possibilidade).
Finalmente, assisti a este filme e concordo plenamente, Otavio: "O Ultimato Bourne" é o melhor filme de ação do ano e a trilogia dos filmes de Jason Bourne têm que ter um lugar cativo na lista de melhores filmes de ação de todos os tempos.
O que eu mais gosto nestes filmes é que eles, apesar de serem independentes entre si, formam um todo.
Cada elemento novo nos é apresentado de uma forma que esteja ligado a tudo aquilo que a gente vinha assistindo antes.
E este filme fecha de uma maneira excelente toda essa história do Jason Bourne.
PS: nem tinha lido seu texto, mas acabei falando de uma coisa que você colocou no seu texto: a questão da câmera do Greengrass participar da ação, ao invés de só observá-la de longe. A gente se sente parte da cena, a gente sente o clima tenso e a gente se envolve muito mais na história do filme por causa disso.
É, Kamila! E esse negócio da câmera do Paul Greengrass balançar faz parte do enredo. Já não gosto da câmera balançando sem propósito algum como em algumas cenas de HARRY POTTER E A ORDEM DA FÊNIX e O JARDINEIRO FIEL.
Obrigado por ter voltado aqui! Deixei comentário pra vc lá no seu blog.
Bjs!
Otavio, eu gosto muito quando a câmera do diretor participa da ação junto dos personagens. Gosto quando ela se afasta daquela posição de somente observar o que se passa na cena.
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