O segredo do MacGuffin
O grande Alfred Hitchcock talvez nunca tenha se considerado como intelectual ou teórico. Mas o cara foi um gênio do cinema. Ele não definiu somente um padrão para o bom suspense na tela, mas também conseguiu usar uma narrativa capaz de envolver até mesmo o sujeito mais cético da platéia. Hitchcock foi um exímio contador de histórias e, ao mesmo tempo, um cineasta habilidoso com a câmera. Se ele jamais se achou um gênio, então o que dizer, no mínimo, do MacGuffin? Aliás, você sabe o que significa a palavra MacGuffin?
Esse é o termo popularizado pelo diretor para identificar um objeto que não tem a mínima importância para o espectador, mas que pode valer a vida do protagonista. É a mulher morta, em Janela Indiscreta, ou a pedra que faz Cary Grant arriscar a vida de Ingrid Bergman, em Interlúdio. Um outro exemplo é o dinheiro que a personagem de Janet Leigh rouba em Psicose. Embora seja importante para a moça, a grana é irrelevante para a trama, que se concentra no suspense do Motel Bates. Ou seja, MacGuffin não é um simples exercício narrativo. O termo pode ser o motivo da trama.
Esse é o termo popularizado pelo diretor para identificar um objeto que não tem a mínima importância para o espectador, mas que pode valer a vida do protagonista. É a mulher morta, em Janela Indiscreta, ou a pedra que faz Cary Grant arriscar a vida de Ingrid Bergman, em Interlúdio. Um outro exemplo é o dinheiro que a personagem de Janet Leigh rouba em Psicose. Embora seja importante para a moça, a grana é irrelevante para a trama, que se concentra no suspense do Motel Bates. Ou seja, MacGuffin não é um simples exercício narrativo. O termo pode ser o motivo da trama.
O artifício também foi muito bem utilizado por outros cineastas. Em O Falcão Maltês, o MacGuffin de John Huston é a própria estatueta da ave - aquela que todos procuram. E o Rosebud de Cidadão Kane? Em Os Caçadores da Arca Perdida, um ótimo exemplo de como usar o MacGuffin em um gênero que não seja o suspense, Spielberg colocou o mistério dentro da arca. O que tem dentro dela? Por que é tão poderosa?
O cinema atual também tem seus MacGuffins. Você lembra de alguns? Temos exemplos diretos como a mala de Pulp Fiction, a valise de Ronin e o Pé de Coelho de Missão Impossível III. Entre alguns exemplos indiretos, destaque para a caixa da Fedex que Tom Hanks não abre em Náufrago e a pergunta por trás de A Identidade Bourne e A Supremacia Bourne: Quem é Jason Bourne?
O cinema atual também tem seus MacGuffins. Você lembra de alguns? Temos exemplos diretos como a mala de Pulp Fiction, a valise de Ronin e o Pé de Coelho de Missão Impossível III. Entre alguns exemplos indiretos, destaque para a caixa da Fedex que Tom Hanks não abre em Náufrago e a pergunta por trás de A Identidade Bourne e A Supremacia Bourne: Quem é Jason Bourne?
Ainda assim, a Hollywood de hoje tem pouca confiança na platéia e quase não corre riscos. Muitas vezes, o andamento de um bom filme é comprometido por respostas que acabam com todo o mito em torno de um MacGuffin. Infelizmente, o termo também é um motivo para qualquer amante da sétima arte cair na real e compreender que já não se faz cinema como antigamente.
8 Comments:
Sem dúvida, o melhor e mais relevante texto que já li aqui no Hollywoodiano. O cinema atual realmente está necessitando alguns MacGuffins e mesmo que ainda não tenha vista NENHUM filme de Hitchcock (não me culpe, culpe a falta de cultura de onde moro), compreendo o que você quis dizer e o ponto que queria chegar. Os melhores filmes são movidos por mistérios, elementos e se não somos envolvidos por um filme, ele obviamante falha e o MacGuffin é um elemento crucial na hora de envolver. Parabéns pelo texto.
O melhor MacGuffin de qualquer filme que já vi foi, sem dúvida, Rosebud.
Puxa, Wally! Muito obrigado!
E saiba que vc ainda tem muito tempo para ver a filmografia de Hitchcock. Isso não é vergonha nenhuma!
O primeiro passo já foi dado: vc ama o cinema. Para vc, é apenas uma questão de tempo ver os filmes de Hitchcock. Ou de qq outro mestre.
Grande abraço!
Otávio, excelente esse texto! Não conhecia essa palavra, mas que coisa interessante. Realmente o cinema do mestre Hitchcock tem muito disso. Se não foi ele que lançou esse exercício narrativo no cinema, sem dúvida o aperfeiçoou muito bem. Até em seus filmes "menores" ele usa o artifício. Fiquei pensando agora... Seria o conhecimento científico da personagem de Paul Newman em "Cortina Rasgada" um MacGuffin? Não sei se vc viu o filme, mas na trama, ele é um cientista americano que decide publicamente se mudar em definitivo para a Alemanha socialista em busca de suporte financeiro para o seu projeto científico. Enquanto na verdade, a história vai se concentrar na espionagem que ele fará no país, mas, exatamente que tipo de espionagem? Não é nenhuma obra-prima, mas acho que a coisa é por aí.
Até quando era despretensioso, Hitchcock ainda entregava ao menos um bom filme.
P.S.:vi seu recado no blog do Cassiano, mas já tinha tomado providências. Em breve poderei assistir "Os bons companheiros".
Otavio, ser artigo está show!
Não me vem na mente neste instante em questão do MacGuffin, mas acredito que o diário de Barbara em "Notas Sobre Um Escândalo", alguns objetos que ficam de segundo plano em "Femme Fatale", os livros de Catherine Tramell em "Instinto Selvagem" ou o disquete na refilmagem "Glória - A Mulher" podem ser alguns exemplos curiosos.
Grande Semana.
Otávio, adorei o texto. Também não conhecia o termo "MacGuffin", mas concordo plenamente com você: não se fazem mais filmes como antigamente. A impressão que a gente tem é a de que as pessoas não querem mais se arriscar, preferem seguir aquilo que sabem que dará certo; ou então, quando tentam algo novo parece uma coisa tão planejada que soa artificial demais.
Uma boa semana!
Parabéns pelo texto, Otavio. Realmente não sabia disso, muito relevante! Repito: está de parabéns!
Muito obrigado, pessoal!
E Romeika, minha lição agora é alugar o DVD de CORTINA RASGADA.
Abs! E boa semana a todos!
hehehe Alugue, mas não espere um filmaço. É um bom filme, mas não foi um dos projetos favoritos do diretor. Parece que ele não estava satisfeito com os casting (Julie Andrews e Paul Newman) e fez pouco pela direção deles no set. Mas há uma cena de assassinato memorável, tipicamente hitchcockiana.
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