quinta-feira, maio 15, 2008

Os bastidores do templo da perdição


Depois do sucesso de Os Caçadores da Arca Perdida, o diretor Steven Spielberg partiu para o set daquele que seria o seu filme mais querido pelo público: E.T. - O Extraterrestre. Enquanto isso, George Lucas arrastou Harrison Ford para concluir a trilogia original de Star Wars com O Retorno de Jedi.

O trio se tornou consolidado e insubstituível em Hollywood. Chegaram a dizer que Steven Spielberg era o nome mais forte ligado ao entretenimento desde Walt Disney. Com Han Solo, Indy e Deckard (de Blade Runner) no currículo, Harrison Ford deixou a pauta pronta para a imprensa chamá-lo de "astro do século" ainda na década de 1980. Já George Lucas virou referência de efeitos especiais (sonoros e visuais) graças ao império erguido com os resultados financeiros de Os Caçadores da Arca Perdida e Star Wars: a Industrial Light & Magic. A ILM, como também é conhecida, tornou-se absoluta no mercado. Diferente dos dias de hoje, não havia concorrência leal em termos de efeitos especiais.

É claro que os três (e a Paramount) ainda se reuniriam para novos filmes estrelados pelo arqueólogo Indiana Jones. Aliás, quando Spielberg aceitou dirigir Os Caçadores da Arca Perdida, Lucas disse que ainda queria fazer, pelo menos, mais duas aventuras com Indy. Era questão de tempo e agenda. George Lucas não queria repetir o primeiro longa em nenhum quesito. Para isso, o produtor buscou uma temática mais sombria - assim como ele fez com o segundo (e agora quinto) Star Wars, O Império Contra-Ataca.

Steven Spielberg jamais imaginou que Indy retornaria para um filme sombrio e não gostou tanto da idéia. Mas concordou com o amigo. O diretor também queria que Karen Allen voltasse, porém Lucas quis colocar Indy com mulheres diferentes em cada um dos filmes - assim como James Bond. Spielberg disse "sim" mais uma vez.
Só que ele se encantou com o teste de Kate Capshaw, que ganhou o papel da cantora Willie Scott. Detalhe: Willie era o nome da cadela de Spielberg. Vocês sabem que Indiana era o cachorro de Lucas, mas não sabem que Short Round (papel de Ke Huy Quan, que faria Os Goonies um ano depois) foi o nome do cachorro do casal de roteiristas Willard Huyck e Gloria Katz.

O fato é que muitas idéias de Indiana Jones e o Templo da Perdição já estavam prontas antes da contratação dos mesmos roteiristas de American Graffiti, outro sucesso de George Lucas. A seqüência do bote usado como pára-quedas, a fuga do bar Obi-Wan no início do filme e a perseguição nas minas foram criadas originalmente no roteiro de Os Caçadores da Arca Perdida.

Lucas queria filmar na Índia, mas complicações com o governo local, que não permitiu que a produção utilizasse a palavra "marajá", levaram todos para o Sri Lanka. A vila que guarda uma das pedras de Sankara e que teve suas crianças raptadas foi erguida em uma das locações de A Ponte do Rio Kwai, clássico de David Lean idolatrado por Spielberg.

Apesar da diversão reinar durante as filmagens, a produção enfrentou um inesperado problema que colocou o filme em risco. Numa cena de luta no quarto do Palácio Pankot, Harrison Ford machucou gravemente as costas. Lucas convenceu a Paramount a interromper a produção para que Harrison pudesse ser operado. Algumas cenas de ação até foram rodadas com o dublê Vic Armstrong - mais tarde, Spielberg inseriu alguns closes de Harrison quando o ator retornou.


Indiana Jones e o Templo da Perdição tem um ritmo impressionante de ação e aventura, mas a crítica em geral acabou com o filme. Muitas resenhas foram realmente pesadas e o próprio Spielberg confessa que esse é o episódio que menos gosta. No entanto, o diretor não se arrependeu de nada, afinal ele conheceu sua atual esposa: Kate Capshaw. Além disso, Spielberg dirigiu uma seqüência musical para abrir o filme - algo que ele jamais fez em sua carreira. Novamente, a idéia saiu da mente de George Lucas, que convenceu o amigo desta forma: "Você é um diretor frustrado de musicais. Sempre quis fazer um. Essa é a sua chance."

Em O Templo da Perdição, Spielberg aceitou as sugestões de Lucas, afinal o criador de Star Wars passou por um divórcio complicado naquela época. E a diversão era o que realmente importava na hora de fazer mais um filme de Indiana Jones. Então, nada de contrariar o amigo. Mas Spielberg teria mais "liberdade" para tocar a terceira parte da saga. Ele só precisou esperar mais um pouquinho.

4 Comments:

At 1:16 PM, maio 16, 2008, Anonymous Anônimo said...

Esse filme é ótimo! E tem muita coisa aí de seu ótimo texto que eu não sabia. Spielberg é mestre e ninguém o tira de seu trono. Indiana Jones é uma trilogia imperfeita mas que nunca será esquecida.

Ciao!

 
At 4:59 PM, maio 16, 2008, Blogger Kamila said...

Quando assisti a este "O Templo da Perdição", imaginei que foi ali que Spielberg e Kate Capshaw tinham se conhecido. Particularmente, este é o meu filme menos favorito da trilogia, mas acho que o menino Ke Huy Quan rouba a cena!

Beijos e bom final de semana!

 
At 5:21 PM, maio 16, 2008, Anonymous Anônimo said...

Spielberg já era um nome consolidado mesmo, acho que imbatível para a época. A continuação foi um grande sucesso, mesmo sendo o mais fraco da trilogia. Gosto muito, mas esperava mais - aquilo que depois vi apenas em "A Última Cruzada". Abraço!

 
At 2:07 PM, maio 19, 2008, Blogger fabiana said...

Falem o que quiser, mas, nada supera a diversão de Templo da Perdição, mesmo com a pior mocinha da série. Adoro esse filme!

 

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