quinta-feira, maio 21, 2009

Quem quer ser um astro?


O ator australiano Sam Worthington (foto) é a nova aposta dos estúdios de Hollywood. Aos 32 anos, o candidato a astro veio do nada para protagonizar O Exterminador do Futuro - A Salvação, ao lado de Christian Bale. O filme estreia no dia 5 de junho, mas Sam Worthington reforçará a sua marca até o fim do ano. Ele é o protagonista da misteriosa ficção científica Avatar, de James Cameron, que chega em dezembro aos cinemas. E em 2010, Worthington já está garantido no papel principal da refilmagem de Fúria de Titãs.

Mas qual será o segredo do sucesso de um rapaz que ainda não fez nada? Por que os estúdios, além de diretores consagrados, acreditam em seu potencial? Uma coisa é certa: no ano da crise econômica mundial, Sam Worthington é mais barato. E quando todo mundo se ferra em Hollywood com os efeitos da pirataria, economizar no salário dos astros significa redução de custo nas superproduções. Ou, então, pode ser que Sam Worthington tenha o mesmo agente de Orlando Bloom e Shia LaBeouf, que andaram pegando papéis mais populares que Tom Cruise e Jude Law nos últimos anos. Hmm... Robert Downey Jr. também deve trabalhar com o agente desses "novatos", mas isso é outra história e não quero perder o foco.

É fato que Hollywood vem repensando seus investimentos. Há pouco tempo, Julia Roberts valia os US$ 20 milhões que ganhava por filme, assim como Tom Cruise. Ainda inédito nos cinemas brasileiros, Duplicity, thriller de Tony Gilroy, o diretor de Michael Clayton/Conduta de Risco, rendeu o mesmo cachê a Julia, mas o filme naufragou nas bilheterias ianques. Quase que na mesma época do lançamento, de Duplicity, Hollywood ainda vivia sob a empolgação de Quem Quer Ser um Milionário?, que não tinha astros e estrelas. Nem mesmo algum rosto conhecido no elenco. E o filme faturou alto nas bilheterias, sendo que custou uma bagatela. É o filme dos sonhos dos produtores. Aliás, pela tendência dos filmes que realmente valem a pena, talvez não seja mais vantajoso até do ponto de vista criativo trabalhar com celebridades. Ou melhor, com seus salários exorbitantes.

É só lembrar dos filmes do diretor Judd Apatow (O Virgem de 40 Anos e Ligeiramente Grávidos), com Steve Carell, Seth Rogen e Paul Rudd, que são bem mais populares que Operação Valquíria, com Tom Cruise, ou Sete Vidas, com Will Smith. E numa época em que diretores como James Cameron e Robert Zemeckis investem no futuro do cinema com animação, motion capture e 3D, será que ainda tem cabimento pagar US$ 20 milhões para astros e estrelas? Ao seu modo, Lars Von Trier também pensa no amanhã. Por trabalhar longe dos holofotes, ele convoca (e consegue) nomes como Nicole Kidman em seu elencos. Mas isso não passa de uma estratégia para ajudá-lo a vender seus filmes. Lars Von Trier desenvolve ideias e conceitos. Para alcançar seus objetivos, ele usa os atores como iscas. E esse é um processo que não começou agora no cinema mundial.

Antigamente, a garotada precisava passar por testes de fogo. C. Thomas Howell, Matt Dillon, Ralph Macchio, Rob Lowe, Emilio Estevez sobreviveram à Vidas Sem Rumo, de Francis Ford Coppola, e seguiram em frente. Hoje nem é necessário colocar um rosto novo para brilhar ou roubar a cena. Hollywood quer gastar menos e o tiro (certo ou errado) deve ser imediato.

No começo desta década, o inexpressivo Orlando Bloom ganhou o papel do elfo Legolas, um dos integrantes da Sociedade do Anel na trilogia O Senhor dos Anéis, de Peter Jackson. Em pouco tempo, trabalhou em filmes como Falcão Negro em Perigo e Cruzada, ambos de Ridley Scott, Tróia, de Wolfgang Petersen, Tudo Acontece em Elizabethtown, de Cameron Crowe, e nos três Piratas do Caribe, de Gore Verbinski. Estamos falando de produções badaladas de diretores e produtores famosos com algo em comum: Orlando Bloom. Quase rimou.

Com papéis pequenos em Eu, Robô, As Panteras Detonando, e Constantine, o jovem astro
Shia LaBeouf, da série de TV Even Stevens, ganhou oportunidades de ouro da noite para o dia. Quando a gente percebeu, o garoto já havia protagonizado Transformers, Paranóia e Controle Absoluto. Sem falar em Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, de seu padrinho Steven Spielberg. Se dependesse de George Lucas, LaBeouf teria sua própria série como o filho de Indy, só que o público não comprou a ideia. Mas está tudo bem com o menino. No mês que vem, ele volta a contracenar com os robôs da Hasbro, em Transformers - A Vingança dos Derrotados.

Chris Pine foi o jovem Capitão Kirk, em Star Trek. Seu pai no filme, Chris Hemsworth, viverá o Deus do Trovão, em Thor, previsto para estrear em 2011. Agora é a vez de Sam Worthington dar sequência ao Efeito Orlando Bloom. E a experiência é válida. Nem que sirva para gerar uma mudança de paradigmas na indústria. Ainda assim, eu só espero que Worthington não seja escalado para ser o protagonista do filme de Martin Scorsese sobre Frank Sinatra. Aí já seria demais, não?

7 Comments:

At 4:57 PM, maio 22, 2009, Anonymous Anônimo said...

Belo post...

Bom, acho que deve ser uma tendência mesmo não gastar tanto com astros, a não ser que o retorno financeiro seja uma certeza, o que é bem difícil hoje em dia.

E o Orlando Bloom... certamente tem as costas quentes. O cara é um ator bem fraquinho, mas as vezes dá sorte de pegar um papel que precisa de um ator como ele, como foi o caso em Elizabethtown, ao meu ver.

 
At 8:01 PM, maio 22, 2009, Anonymous Kamila said...

Otavio, adorei o post. Mas, sabe o que acontece? Não é que Sam Worthington seja barato. A questão é que, quando atores como esse começam a chamar atenção, os diretores de elenco saem escalando os pobres em tudo que é projeto. Foi isso que também aconteceu com Edward Norton, em 1996, após ele fazer teste para "As Duas Faces de um Crime". Foi assim que ele bateu nos filmes de Woody Allen e Milos Forman que também viria a fazer naquele ano...

Beijos!

 
At 12:17 PM, maio 23, 2009, Blogger altieres bruno machado junior said...

Olá

É legal ver novos atores surgindo como este Sam Worthington que vai estar em Exterminador do Futuro e Avatar também do James Cameron.

até mais : )

 
At 10:04 PM, maio 23, 2009, Blogger Pedro Henrique Gomes said...

É isso aí! E o DiCaprio é o cara ideal pra viver o Sinatra!

 
At 10:46 PM, maio 23, 2009, Anonymous Vinícius P. said...

Acho que os estúdios tem mesmo que começar a cortar custos desnecessários, afinal daqui a um tempo filmes com orçamento de 150 milhões já não renderão tanto quanto deveriam.

 
At 4:40 AM, maio 25, 2009, Anonymous Wally said...

Eu acho que é bem o que a Kamila disse. Mas, contanto que os atores sejam bons, nem importa.

Ciao!

 
At 10:28 PM, maio 25, 2009, Blogger Otavio Almeida said...

Eu concordo com a Kamila sim... Só acho que esse é um aspecto que cabe mais ao talento, como é o caso do Edward Norton. Outra coisa é ter carisma pra segurar um blockbuster que envolve muito dinheiro. E o Sam Worthington é a nova aposta dos estúdios neste quesito. Agora, caso ele seja chamado pra ser o Sinatra, o que foi uma brincadeira de minha parte, aí seria sacanagem com nomes mais talentosos.

Abs a todos!

 

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