sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Rocky Balboa

Mesmo sendo fã da série iniciada em 1976, eu não assistia a qualquer um dos cinco filmes há cerca de dez anos. Achei que a sensação de nostalgia proposta por Sylvester Stallone para o novo Rocky Balboa (2006) ia gerar boas risadas. Mas, felizmente, o ator, roteirista e diretor voltou em grande forma. Em tempos de Menina de Ouro (2004), de Clint Eastwood, Stallone entendeu que o mundo não é o mesmo de 30 anos atrás e entregou uma produção emocionante para os fãs. Rocky Balboa merece elogios, principalmente pelo esforço evidente do diretor em diminuir os exageros dos clichês, que deram à série um sinônimo de piada.

O desrespeito pelos cinco filmes foi consolidado pelas seqüências da produção original. As continuações perderam a essência dramática que movia o lutador no vencedor do Oscar de 1977 para realçar uma postura muito mais fantástica no personagem. Embora sejam filmes divertidos, havia pouco da obra original criada pelo astro. Rocky II, III, IV e V focavam nas lutas. Não em Balboa. Mas o sexto e último da série, além do peso dessa falta de respeito ao personagem, trazia outro problema: os 60 anos de Sylvester Stallone. Como fazer Rocky subir no ringue de forma convincente com essa idade?

Em Rocky Balboa, os americanos ainda amam o boxe, mas não admiram o campeão atual, Mason Dixon (Antonio Tarver). Ainda invicto, ele é um lutador frio, calculista, dono de carisma zero e seus empresários constatam que não há mais ninguém interessado em enfrentá-lo. A imprensa acha que Dixon não lutou contra um adversário à sua altura – assim como Michael Schumacher na Fórmula 1. Stallone acerta em caracterizar Rocky como um homem preso no passado, que sofre com a morte repentina da amada esposa, Adrian (Talia Shire, que não participa do filme), e o relacionamento problemático com o filho (Milo Ventimiglia, de Heroes). O ex-campeão administra um restaurante onde passa horas divertindo seus clientes com histórias de suas lutas. Seu cunhado Paulie (Burt Young) e uma nova amiga, Marie (Geraldine Hughes), tentam ajudá-lo a encontrar um novo sentido para a vida. Tudo muda quando a ESPN simula uma luta por computador de Balboa contra Dixon e o primeiro sai como vencedor. Lógico que os empresários inescrupulosos aproveitam a oportunidade para convencer o Rocky de verdade a participar de um combate de exibição. Quem vencerá? Quem é o melhor? Para Stallone, são questões que não importam mais.

Rocky Balboa é emocional e quase esbarra na pieguice, mas acerta ao aproximá-lo do filme original, que apostava no personagem. Além disso, ele atualiza a série ao circular por um lema pouco valorizado pelos americanos: “O importante é competir”. Essa é a idéia que traz Rocky de volta à vida. Sentindo-se capaz de subir no ringue – mesmo com 60 anos nas costas –, Balboa reencontra o amor e a esperança naquilo que mais gosta de fazer. Uma atitude que conquista o respeito do filho e faz o público gritar seu nome mais uma vez. Ou seja, tanto faz ganhar ou perder. A questão é inédita na série e move parte da indústria cinematográfica em uma análise diferenciada da América graças à tirania de George W. Bush. Rocky Balboa se encaixa nesses padrões que dominaram até a Academia nos filmes indicados ao Oscar no ano passado. Se Rocky pode mudar, a América também é capaz?


Não é o filme dos sonhos e Stallone não vai ameaçar o legado de Clint Eastwood entre os diretores. Mas seu esforço é louvável ao tentar agradar fãs e dar novos contornos políticos para a saga. Desafio quem gosta da série a não ficar emocionado quando ouvir a clássica trilha de Bill Conti ou observar Rocky subir novamente aquela velha escadaria.

Rocky Balboa (2006)
Direção: Sylvester Stallone
Elenco: Sylvester Stallone, Burt Young, Milo Ventimiglia, Tony Burton, Antonio Tarver e Geraldine Hughes

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16 Comments:

At 12:44 PM, fevereiro 09, 2007, Blogger Museu do Cinema said...

Olha, se Rocky estreasse há uns 3 meses atrás, quando o cinema só tinha Xuxa, eu veria. Mas agora, com milhões de filmes ótimos, Rocky me parece perda de tempo e dinheiro.

 
At 2:33 PM, fevereiro 09, 2007, Anonymous Anônimo said...

Túlio disse...

Cassiano, repito suas palavras, com as mesmas vírgulas e pontos. Filme de boxe pra mim é Touro Indomável e Menina de Ouro.

Otavio, acredite, nunca vi nenhum dos filmes da franquia Rocky, mas a comparação com Menina de Ouro tem mesmo algum fundamento? Porque o filme de Eastwood abrange muito mais que o boxe, é um belíssimo e muito bem construído filme. Já a série iniciada em 76 (e que também ganhou o Oscar de melhor filme), eu não faço idéia dos caminhos que trilha.

 
At 3:53 PM, fevereiro 09, 2007, Blogger Carla Martins said...

Hahahahahha. O Cassiano pensa IGUAL a mim!!!! Também iria ao cinema para ver esse filme caso não tivesse nehuma outra opão. Mas, como não é o caso, acho que vou esperar passar na TV.

 
At 4:03 PM, fevereiro 09, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

Não comparei com MENINA DE OURO. Eu só disse que para falar sobre boxe nos dias de hj, tem que atualizar o tema. Tratá-lo de forma séria - como em MENINA DE OURO. ROCKY II, III, IV e V são pastelões em relação ao filme de 1976. ROCKY BALBOA não é ridículo. Volta a concentrar o drama no personagem... como em ROCKY I. Lógico que MENINA DE OURO é mil vezes melhor... quis dizer, por exemplo, que aconteceu algo como a mudança dos filmes de guerra após O RESGATE DO SOLDADO RYAN... sabe? Eles ficaram mais brutais, diretos... foi assim em FALCÃO NEGRO EM PERIGO e nas cenas de batalha de A CONQUISTA DA HONRA. Se o Stallone fizesse ROCKY BALBOA como filmou ROCKY III ou IV, o público de hj ia dar risada na sala de cinema... foi isso.

Abs!

 
At 4:08 PM, fevereiro 09, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

Eu vi pq vejo quase tudo no cinema. E pq tenho 29 anos... eu era menino e "lutava" com meus coleguinhas como Rocky Balboa. Coisa de criança... Por isso eu disse: "Mesmo sendo fã da série iniciada em 1976, eu não assistia a qualquer um dos cinco filmes há cerca de dez anos. Achei que a sensação de nostalgia proposta por Sylvester Stallone para o novo 'Rocky Balboa' (2006) ia gerar boas risadas."

Ao menos ROCKY BALBOA é melhor do que CINDERELLA MAN (A Luta Pela Esperança). Hahahahha...

 
At 4:44 PM, fevereiro 09, 2007, Anonymous Anônimo said...

No geral gostei do filme. Não se compara com outras fitas desse subgênero, mas ainda assim consegue emocionar em certos momentos (quase caindo na pieguice, como você disse). Gostei principalmente porque lembra muito o primeiro (e melhor) filme da série, com os conflitos do personagem terminando na luta de boxe (uma parte no filme que deixou a desejar). O melhor momento do filme é o confronto emocional entre Stallone e o Milo Ventimiglia. No final, fiquei mesmo emocionado com a trilha do Bill Conti encerrando a série de vez.

 
At 5:06 PM, fevereiro 09, 2007, Blogger Davi G. Araújo said...

Bom texto! Estou realmente ansioso para vê-lo! Assistir um bom filme do Rocky no cinema certamente será uma grande experiência!

Depois comento novamente!

Abraços!

 
At 6:24 PM, fevereiro 09, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

É isso aí, Vinicius! E obrigado, Davi!

Bom final de semana a todos!

 
At 9:18 PM, fevereiro 09, 2007, Blogger Unknown said...

Túlio disse...

Foi mal ae, Otavio. Na verdade eu nem tenho argumentos, nunca vi um filme da franquia mesmo. Mas o último filme de Stallone no papel tinha sido quando? Ele deu uma de Arnold Scwharza (sic) voltando ao T-100 mais de uma década depois?

abs!

 
At 12:47 PM, fevereiro 11, 2007, Blogger Wanderley Teixeira said...

Com os lançamentos deste começo de ano fica irresistivel para mim deixar este filme para quando sair em DvD.Ainda naum vi À procura da felicidade,semana q vem tem Dreamgirls e Cartas de Iwo Jima...

 
At 4:45 PM, fevereiro 11, 2007, Anonymous Anônimo said...

Para mim, houve certos sacrifícios nesta década ainda não terminada com alguns atores a atrizes: Demi Moore provando que ainda é bela em As Panteras – Detonando (aprovada), Sharon Stone provando que ainda era fatal e boa atriz em Instinto Selvagem 2 (reprovado, mesmo que no filme ela esteja linda e que consiga provar o seu talento, mas em outros filmes), Harrison Ford mostrando boa forma em Firewall (reprovado, pois o filme é uma merda e a massa muscular do ator está esparramada em seu corpo) e Stallone tentando buscar a sua dignidade como ator. Aprovado ou reprovado, verei apenas em DVD, já que preciso ver e rever os Rocky’s anteriores.

 
At 10:39 AM, fevereiro 12, 2007, Blogger Túlio Moreira said...

Alex, você se esqueceu do (puta) sacrifício que foi para o Arnold Schwarza voltar a forma de dez anos atrás para voltar à pele do andróide-matador T-100...

 
At 2:24 PM, fevereiro 12, 2007, Blogger Otavio Almeida said...

O Schwarzenegger é o modelo T-800. Não T-100. O vilão de T2 é o T-1000 (Robert Patrick). Nunca mais se esqueça disso, Tulio.

Ah! E o último ROCKY (o quinto) foi de 1990. A última vez em que Sly deu as caras na telona foi no vergonhoso PEQUENOS ESPIÕES 3-D (2003)

Abs!

 
At 12:37 AM, fevereiro 24, 2007, Anonymous Anônimo said...

PELO AMOR DE DEUS!!! O FILME É ESPETACULAR!!!! QUEM DIZ QUE NÃO QUER VER É SÒ PORQUE ESTA FAZENDO BIRRA!!

Sly voltou com tudo e mostrou seu valor com esse filmaço!

"It´s not about how hard you hit, but how hard you GET hit and keep moving foward!"

 
At 11:24 PM, março 06, 2007, Anonymous Anônimo said...

Achei bom filme, não havia visto nenhum dos filmes anteriores antes, mas recentemente peguei o primeiro e achei excelentes (clímax lindo), mas Rocky Balboa é apenas correto. Achei melodramático demais na primeira metade e Sly é um ator caricato. Mas funciona como diretor, resgata nostalgia e cria uma segunda metade excitante.

2.5/4 estrelas.

 
At 11:14 PM, maio 07, 2007, Anonymous Anônimo said...

O filme é ótimo!!!
Uma injeção de otimismo, auto-estima, auto-recuperação e mostra que tudo é possível quando se acredita no que quer!!!

Vocês que estão criticando devem ser uns muleques acostumados com as superproduções fantasiosas!!

Rocky não é um filme, é uma lição de vida!!

Repensem seus conceitos!

 

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