O cinema perturbador de David Fincher
Diretor do novo Zodíaco, David Fincher achou que jamais voltaria a contar uma história sobre serial killer. Mas também nunca disse que sua idéia era evitar um retorno ao tipo de roteiro capaz de lembrar Seven (1995) em algum detalhe.
O interessante sobre David Fincher é que ele não é um cineasta somente preocupado em utilizar o que há de melhor na tecnologia a serviço do cinema ou, simplesmente, em contar suas histórias. Para ele, Seven ou Zodíaco não são exatamente “filmes sobre serial killers”. Com sua filmografia, parece que ele quer se comunicar. Dizer algo para a platéia. Ou você acha que aquele final de Seven foi apenas para brincar com quem pagou o ingresso. Ou acha que Clube da Luta (1999) não quer dizer coisa alguma? Ou que é apenas uma celebração da violência? Se você pensa assim, ainda não chegou perto de tentar compreender a comunicação proposta por Fincher.
O interessante sobre David Fincher é que ele não é um cineasta somente preocupado em utilizar o que há de melhor na tecnologia a serviço do cinema ou, simplesmente, em contar suas histórias. Para ele, Seven ou Zodíaco não são exatamente “filmes sobre serial killers”. Com sua filmografia, parece que ele quer se comunicar. Dizer algo para a platéia. Ou você acha que aquele final de Seven foi apenas para brincar com quem pagou o ingresso. Ou acha que Clube da Luta (1999) não quer dizer coisa alguma? Ou que é apenas uma celebração da violência? Se você pensa assim, ainda não chegou perto de tentar compreender a comunicação proposta por Fincher.
Sempre penso que Clube da Luta é uma análise sobre as exigências da sociedade para reconhecer um “vencedor” no meio de “perdedores”. Inicialmente, são pressões feitas para "tirar" o melhor de cada indivíduo e com nenhuma intenção de prejudicá-lo. Mas a pressão diária pode levar ao stress e, conseqüentemente, ao descontrole da realidade. Então, Clube da Luta também pode ser visto como um filme sobre o stress. Por que não? Será que a sociedade que cultiva o desejo de se organizar não sobrevive sem o caos? Tem gente que vê Clube da Luta como uma completa bobagem ou um perigoso produto endossado por Hollywood para espalhar o mal. Quem sabe? Ao menos, não dá para ignorar que o cinema de David Fincher intriga, faz pensar. O que é bom. E isso também não quer dizer que o diretor não goste de explorar a tecnologia sempre em evolução no cinema.
Em 1990, Fincher começou a manifestar sua arte em estilosos e badalados videoclipes da melhor fase da cantora Madonna – Express Yourself, Oh Father e Vogue receberam sua assinatura. Dois anos mais tarde, ele foi convidado pela Fox para comandar a terceira aventura espacial de Ellen Ripley (Sigourney Weaver), em Alien 3 (1992). O filme dividiu os fãs da série, mas as portas de Hollywood se abriram para o diretor, que ao realizar os perturbadores Seven (1995), Vidas em Jogo (1997) e Clube da Luta (1999), finalmente ganhou a atenção de público e crítica. Longe das telas desde O Quarto do Pânico (2002), Fincher voltou com Zodíaco, baseado em fatos reais e nos livros Zodiac e Zodiac Unmasked: The Identity of Americas Most Elusive Serial Killer Revealed, de Robert Graysmith, interpretado no filme por Jake Gyllenhaal, de O Segredo de Brokeback Mountain (2005). Atualmente, Fincher filma The Curious Case of Benjamin Button, sua terceira parceria com Brad Pitt, que tem previsão de lançamento para 2008.
David Fincher é um dos melhores diretores da atualidade e um dos mais interessantes do “boom” de cineastas surgidos nos anos 90 em Hollywood. Junto com ele, apareceram (ou foram consagrados) os norte-americanos Michael Mann (Fogo Contra Fogo, O Informante, Colateral), Spike Jonze (Quero Ser John Malkovich, Adaptação), Paul Thomas Anderson (Boogie Nights, Magnólia), Cameron Crowe (Jerry Maguire, Quase Famosos), Quentin Tarantino (Pulp Fiction, Kill Bill), além dos ingleses Sam Mendes (Beleza Americana) e Anthony Minghella (O Paciente Inglês), e o indiano M. Night Shyamalan (O Sexto Sentido), entre outros. Gente boa. O “boom” lembrou a grande revolução de diretores nos anos 70: Spielberg, Coppola, Scorsese, De Palma, Lucas, etc, etc, etc. Acho que David Fincher ainda tem muito a dizer. Só que o povo tem que dar uma chance a ele.
Em 1990, Fincher começou a manifestar sua arte em estilosos e badalados videoclipes da melhor fase da cantora Madonna – Express Yourself, Oh Father e Vogue receberam sua assinatura. Dois anos mais tarde, ele foi convidado pela Fox para comandar a terceira aventura espacial de Ellen Ripley (Sigourney Weaver), em Alien 3 (1992). O filme dividiu os fãs da série, mas as portas de Hollywood se abriram para o diretor, que ao realizar os perturbadores Seven (1995), Vidas em Jogo (1997) e Clube da Luta (1999), finalmente ganhou a atenção de público e crítica. Longe das telas desde O Quarto do Pânico (2002), Fincher voltou com Zodíaco, baseado em fatos reais e nos livros Zodiac e Zodiac Unmasked: The Identity of Americas Most Elusive Serial Killer Revealed, de Robert Graysmith, interpretado no filme por Jake Gyllenhaal, de O Segredo de Brokeback Mountain (2005). Atualmente, Fincher filma The Curious Case of Benjamin Button, sua terceira parceria com Brad Pitt, que tem previsão de lançamento para 2008.
David Fincher é um dos melhores diretores da atualidade e um dos mais interessantes do “boom” de cineastas surgidos nos anos 90 em Hollywood. Junto com ele, apareceram (ou foram consagrados) os norte-americanos Michael Mann (Fogo Contra Fogo, O Informante, Colateral), Spike Jonze (Quero Ser John Malkovich, Adaptação), Paul Thomas Anderson (Boogie Nights, Magnólia), Cameron Crowe (Jerry Maguire, Quase Famosos), Quentin Tarantino (Pulp Fiction, Kill Bill), além dos ingleses Sam Mendes (Beleza Americana) e Anthony Minghella (O Paciente Inglês), e o indiano M. Night Shyamalan (O Sexto Sentido), entre outros. Gente boa. O “boom” lembrou a grande revolução de diretores nos anos 70: Spielberg, Coppola, Scorsese, De Palma, Lucas, etc, etc, etc. Acho que David Fincher ainda tem muito a dizer. Só que o povo tem que dar uma chance a ele.
postado por Otavio Almeida @ sexta-feira, junho 01, 2007
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14 Comments:
Otávio, belíssimo texto.
David Fincher é meu diretor favorito. Acho que ele é um dos poucos que consegue fazer filmes sobre o mundo aonde a gente vive. Ou sobre quais os efeitos desse mundo louco na vida da gente.
Mal posso esperar para ver "Zodíaco".
Beijo e bom final de semana!
Exatamente, Kamila! É o que penso do cinema dele tb. Obrigado pelo elogio!
Vc disse que o filme não estreou aí, certo? Pois aqui em SP, chegou em poucas salas, viu... Vou tentar ver amanhã.
Bjs!
Um grande diretor. Foi preciso quando disse que ele parece querer se comunicar com a platéia, seus filmes sempre fazem o espectador pensar um pouco, refletir e tal. Seven é muito bom, Clube da Luta é um dos meus filmes favoritos e espero que Zodíaco seja tão bom quanto esses. Até mais!
Acredito que alguns desses diretores que você colocou não passaram de momento - ou modismo para definir melhor. Mas de qualquer forma tods eles tiveram algum filme (pelo menos um filme) interessante.
Quanto a Fincher ainda não assisti esse último e considero sua obra clássica (clichê, ams fazer o que?) Seven. Porém acho que Vidas em Jogo é um filme que me parece que não foi "descoberto", considero ele superior a Clube da Luta (e muito superior a Quarto...). Sem falar que é a melhor interpretação de Michael Douglas desde Wall Stret (depois ele melhorou ainda mais em Garotos Incríveis).
Abraço!
prêmios da cafeteria de maio já estão publicados.
Fincher é um mestre! Mas tb não se salva da lista dos que já fizeram bobeira...como é o caso de "O Quarto do Panico" que pra mim é um filme desnecessário...
mas....ele é muito mais do que imaginamos, como vc disse...falta espaço e chance pra ele!
Abraço
http://eco-social.blogspot.com/
Otávio, "Zodíaco" não estreou aqui em Natal, infelizmente... O que não me surpreende... Veremos se estréia na próxima semana.
Filme novo de David Fincher não se pode perder. Ainda me lembro do assombro que tive ao final de Seven. E Clube da Luta é outro ponto alto de sua carreira. E concordo com você, o Fincher tem muito a dizer, só precisa de espaço. Talento não falta. Valeu!!!
Sem dúvida o David Fincher é mesmo um dos melhores diretores da atualidade, nem sei porque ainda não teve o reconhecimento que merece (quem sabe com "Zodíaco"? Ainda não vi o filme, mas todos estão confirmando que é mesmo excelente). O diretor tem ao menos duas obras-primas: "Clube da Luta" e "Seven", mas até seus outros trabalhos são muito bons (à exceção de "Quarto do Pânico", o qual acho apenas razoável). Parabéns pelo texto.
Até mais!
Saudações, Otavio.
Fincher é mesmo um cineasta brilhante que tem potencial para entregar filmes preciosos ao longo da carreira. E assim como você mencionou com Spielberg, Coppola, Scorsese, De Palma, Lucas, entre outros, será um mestre saudado por uma nova geração de cinéfilos com suas obras indefectíveis. "Zodíaco" não foi exibido por aqui, mas tentarei conferir por outro meio.
Abraço.
Realmente David Fincher é um dos melhores representantes de sua geração...
e o boom de diretores dos anos 2000 está mais fraco, mas ainda com nomes de peso como Sofia Coppola e Christopher Nolan - com certeza eu esqueci de citar uma penca de bons talentos.
abs!
Fincher é um diretor de estilo, um diretor para ver e ser discutido, um diretor que não passa em branco.
Otávio, que texto perfeito, cara!
É inegável que Fincher atinge camadas maiores em suas obras. Uns gostam de Fincher por ser de uma geração mais agressiva de Hollywood, outros acham Fincher um visionário na sétima arte, que sabe incitar o espectador a enchergar além do que vê, além da beleza estética de seus filmes (me incluo nessa).
E é bom que não tenha se deixado levar pelas exigências capitalistas de produtores e empresários durante a criação de Zodíaco, para mim o segundo melhor filme do diretor e o melhor policial dos ultimos 10 anos.
PS: Incluiria no "Boom" Danny Boyle (Trainspotting) ^^, mas o melhor já está lá: Sempre espero algo inusitado de PTA e There Will Be Blood já consta na lista de "Eu PRECISO ver"!
Gente, obrigado! Espero que todos assistam a ZODÍACO o quanto antes. E... não é um filme fácil.
Abs!
Sou fã do Fincher desde a época dos clipes pra Madonna, e acho q ele vem fazendo de forma mto interessante sua carreira no cinema contemporâneo.
Um dos poucos diretores atuais que pode ser chamado de 'autor', e isso vindo do videoclipe, o que não é fácil!
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