segunda-feira, maio 19, 2008

Indiana Jones e o Templo da Perdição


Você lembra como foi a sua sensação depois de andar de montanha-russa pela primeira vez? Ou como você se sentiu ao saborear o gosto inédito de um doce como pudim de leite ou quindim? E como foi a experiência pela segunda vez? Tão boa quanto a primeira, certo? A diferença é que a primeira é especial, inesquecível. Agora, imagine como seria a sensação de ineditismo se Indiana Jones e o Templo da Perdição (Indiana Jones and the Temple of Doom, 1984) fosse o filme original da saga em vez de Os Caçadores da Arca Perdida. Tenho certeza de que O Templo da Perdição teria o devido reconhecimento de crítica e público.

Mas Os Caçadores da Arca Perdida veio primeiro, então, sua originalidade permanece até os dias de hoje. E não adianta. Se tiver de escolher o Indy favorito numa rodinha de intelectuais, escolha Caçadores. Ou você dará vexame. Faça assim: durante a conversa, mostre sua admiração pela continuação aos poucos. Diga a eles que O Templo da Perdição é só correria e ação ininterrupta como ninguém mais conseguiu repetir ou copiar. Diga também que o filme te deixou sem fôlego e que Steven Spielberg e George Lucas criaram seqüências ainda mais impressionantes do que aquelas que você testemunhou de queixo caído em Os Caçadores da Arca Perdida (como a perseguição nas minas e o clímax na ponte). Não esqueça de elogiar uma nova trilha composta pelo maestro John Williams, que intercala com o tema principal, para ilustrar o tom sombrio deste segundo filme.

Diga aos admiradores do cinema de arte que Willie Scott (Kate Capshaw), a nova mocinha, não é tão carismática quanto Marion Ravenwood (Karen Allen). Mas lembre a todos de que a atriz tem o grito mais escandaloso do cinema desde que Fay Wray fez o King Kong original. E que você gargalhou na cena em que Willie fica coberta de insetos nojentos para salvar Indy (Harrison Ford) e seu sidekick mirim Short Round (Ke Huy Quan). Comente o quanto é impressionante a cena do sacrifício em nome da Deusa Kali, em que o vilão Mola Ram (Amrish Puri) arranca o coração de um pobre coitado. E tenha coragem para dizer que você decorou a sinistra fala: "Kali Ma... Kali Ma... Kali Ma... sha-ti-day" (juro que me esforcei, mas é algo assim).

Agora que você já deu na cara que é fã do filme, não tenha vergonha para revelar que já comentou sobre a famosa cena do jantar no Palácio Pankot durante uma refeição ao lado de amigos ou da própria família. E só para ver a cara de nojo da mãe, da irmã, da avó ou da namorada enquanto elas degustam o cardápio, que está longe de oferecer cobras, besouros, sopas de olhos e sorvetes de miolos de macacos.

Não tem jeito, lá no fundo, você adora esse filme. Não adianta esconder. Indiana Jones e o Templo da Perdição é o parâmetro, a referência para filme de aventura com ação interminável. Deve ter sido por causa deste longa que surgiram expressões tão clichês como "os cinemas deveriam colocar cinto de segurança nos assentos" ou "esse filme é uma montanha-russa".

Apesar da originalidade de Os Caçadores da Arca Perdida, Spielberg e Lucas não repetiram nada do primeiro filme. O curioso é que a trama de O Templo da Perdição se passa um ano antes de Caçadores. Ou seja, você deveria saber que Indy chegará vivo até o final. Mas durante o filme, todo mundo esquece deste detalhe, afinal ninguém pára de torcer por Indiana Jones - mesmo quando ele é hipnotizado pelo sangue de Kali.

Quando o filme termina, você conversa com os amigos e todos disfarçam que são adultos sérios ao disparar comentários do calibre de "É lógico que o Indiana Jones não ia morrer..." ou "Esse filme tem muita mentira." Então, não seja tímido. Solte a criança que existe em você. Isso é pura magia cinematográfica.

Indiana Jones e o Templo da Perdição (Indiana Jones and the Temple of Doom, 1984)
Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Willard Huyck e Gloria Katz
Elenco: Harrison Ford, Kate Capshaw, Ke Huy Quan, Amrish Puri, Roshan Seth, Philip Stone, Roy Chiao e David Yip

15 Comments:

At 6:04 PM, maio 19, 2008, Blogger Barretão said...

Esse é o O., sempre impactante e eficiente! Parabéns!
De um fã que concorda com cada linha que você escreveu aqui!

abs,
Fábio

 
At 6:25 PM, maio 19, 2008, Anonymous Anônimo said...

Eu verdadeiramente acho esse filme o mais fraco da série, inclusive nem considero tão divertido quanto a maioria. Ainda assim, é um ótimo filme e acima de qualquer cópia que vemos atualmente no cinema. Abraço!

 
At 6:33 PM, maio 19, 2008, Blogger Otavio Almeida said...

Obrigado, Fabio!

Vinicius, o cinema também pode ser divertido. Acho que isso não diminui um filme, sabe? Ao menos, para mim. Eu não diria que O TEMPLO DA PERDIÇÃO é o "mais fraco". Ele é apenas o terceiro colocado.

Abs!

 
At 7:52 PM, maio 19, 2008, Blogger Wiliam Domingos said...

Indiana Jones nunca foi o meu forte para discutir ou apreciar...
Mas reconheço o talento ímpar de Spielberg com está aventura!
Bacana seu texto, abraço!

 
At 9:04 PM, maio 19, 2008, Blogger Robson Saldanha said...

Otávio, você tá mais empolgado do que todos nós hein, cara? Mas realmente também estou empolgado, apesar de que ainda vou assistir ou reassistir os três!

 
At 9:44 PM, maio 19, 2008, Blogger Marcus Vinícius Freitas said...

Bah, praticamente uma retrospectiva Indiana Jones, e pra variar, textos de ótima qualidade. Em breve providencio os filmes antigos, pra poder ver o novo.

E que droga aquele Bruno, pegou tudo no domingo! >=/

Abraços!!

 
At 12:22 AM, maio 20, 2008, Anonymous Anônimo said...

Otávio, o seu site continua com problemas de visualização. Além disso, não consegui ver a cotação que vc deu ao filme Speed Racer. Abs.

 
At 12:22 AM, maio 20, 2008, Anonymous Anônimo said...

Otávio, o seu site continua com problemas de visualização. Além disso, não consegui ver a cotação que vc deu ao filme Speed Racer. Abs.

 
At 1:40 AM, maio 20, 2008, Anonymous Anônimo said...

Eu não dou 5 estrelas, mas é vibrante entretenimento e como você bem colocou, pura magia cinematográfica. É "pure movie bliss". Adorei cada segundo e me diverti demais. O escapismo, o humor e o elenco, todos em sicronia. Na verdade, ele é meu segundo colocado, atrás do primeiro, óbvio, o único que dou 5 estrelas.

Ciao!

 
At 8:22 AM, maio 20, 2008, Blogger Ygor Moretti said...

Concordo dos Indy´s esse é o melhor mesmo, é o filme que deixou gravado com mais forças as cenas que são referências para filmes de aventura, todas as sequências são ótimas mas O templo da perdição de fato é a melhor...

 
At 8:48 AM, maio 20, 2008, Blogger Kamila said...

Otavio, você é fã mesmo, hein??? Não acho que "Indiana Jones e o Templo da Perdição" seja um filme cinco estrelas.

Como disse no seu post sobre a produção da obra, acredito que o filme é divertido, mas que só vale mesmo por causa do garotinho Ke Huy Quan, que rouba a cena!

Beijos!

 
At 3:29 PM, maio 20, 2008, Blogger Otavio Almeida said...

Obrigado, William!

Robson, o site Omelete recomenda que é melhor rever os três filmes antes de encarar o novo.

Valeu, Marcus! E o Bruno é uma muralha! Se não fosse por ele...

Desculpe-me, Denis! Ainda não encontrei o problema...

Pure movie bliss, Wally!

Ygor, a série é maravilhosa. Pelo menos até A ÚLTIMA CRUZADA.

Kamila, sou fã e não posso esconder. Seria injusto com vocês. E vai que eu não gosto do novo filme, né... minha empolgação com STAR WARS - EPISÓDIO I foi a mesma, mas quebrei a cara na Hora H... E o Ke Huy Quan merecia um Oscar de Coadjuvante ;)

Abs!

 
At 5:05 PM, maio 20, 2008, Anonymous Anônimo said...

Otávio, vai conseguir esperar até quinta ou vai ver o filme na pré-estréia? Amanhã sai a crítica da Última Cruzada para fechar a trilogia? Abraços.

 
At 5:08 PM, maio 20, 2008, Anonymous Anônimo said...

Otávio, vc sabe se o ator Ke Huy Quan ainda atua? Ele tem alguma ponta nesse último filme? Merecia, não? Já que eles desenterraram a Karen Allen...

 
At 5:25 PM, maio 20, 2008, Blogger fabiana said...

Adoro Templo da Perdição, tô nem aí.

 

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