segunda-feira, outubro 30, 2006

Bob Dylan volta com tudo no álbum Modern Times

Saudosistas do bom e velho rock não podem deixar de ouvir o novo CD de Bob Dylan, Modern Times (2006). Mesmo com uma boa dose de baladas, o álbum representa mais um acerto do responsável por clássicos como Like a Rolling Stone.

Depois do Grammy de Melhor Álbum de Folk Contemporâneo por Love and Theft (2001), Dylan reflete um pouco sobre morte em seu novo trabalho, como na faixa When the Deal Goes Down. Mas também fala sobre o amor nas mais empolgantes Someday Baby e Thunder on the Mountain, que abre o CD citando sua musa Alicia Keys.

Em plena forma aos 65 anos, Dylan trilha pelo country e o blues americano com um jovem coração apaixonado por esses gêneros que tanto inspiraram sua carreira. Esse é o seu primeiro álbum com músicas inéditas em cinco anos, que fecha uma bem-sucedida trilogia com Time Out of Mind (1997) e o já mencionado Love and Theft (2001).

Dylan teve recentemente a honra de ver seu clássico Like a Rolling Stone escolhido como a melhor canção de todos os tempos pela revista americana Rolling Stone. Modern Times ficou em primeiro lugar na lista da Billboard, o que o cantor não conseguia desde 1976, quando lançou o álbum Desire.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Estréias da semana

Enquanto O Grande Truque, de Christopher “Batman Begins” Nolan não chega, os cinéfilos podem conferir as batalhas aéreas de Flyboys, drama sobre jovens pilotos na Primeira Guerra Mundial. Também tem Nicolas Cage em O Sacrifício, refilmagem duvidosa do suspense cultuado dos anos 70, O Homem de Palha. Cage é um detetive que investiga o desaparecimento de uma menina e os rastros o levam até uma comunidade pagã. Além desses filmes, temos a animação O Segredo dos Animais (mais uma?) e a comédia romântica nacional Fica Comigo Esta Noite, com Vladimir Brichta e Alinne Moraes.

Mas o melhor ainda está na 30ª Mostra Internacional de Cinema. Os filmes mais concorridos pelo público são A Scanner Darkly (hoje), de Richard Linklater, Fonte da Vida (hoje), de Darren Aronofsky, Volver (amanhã), de Pedro Almodóvar, Babel (terça), de Alejandro González Iñarritu, e O Labirinto de Fauno (quinta), de Guillermo del Toro.


O melhor é comprar pela internet para evitar o caos da desorganização na hora das filas. Sábado passado, tentei comprar na bilheteria de Os Infiltrados e Babel, mas me dei mal. Só fui ver o filmaço de Martin Scorsese na terça, graças à internet.

Avaliação de alguns filmes em cartaz:
(**** Excelente / *** Bom / ** Regular / * Ruim)

Carros ****
(Viva a Pixar)

Dália Negra *
(Brian De Palma não acerta uma)

O Diabo Veste Prada ***
(Mas Meryl Streep acerta em tudo)

Obrigado Por Fumar ***
(Quando um bom roteiro faz a diferença)

Pequena Miss Sunshine ****
(Um dos melhores filmes do ano)

Piratas do Caribe – O Baú da Morte ***
(Legal demais, vai)

As Torres Gêmeas *
(O pior filme de Oliver Stone)

Vôo 93 **
(Interessante, mas não acho que isso é cinema)

quinta-feira, outubro 26, 2006

Os Infiltrados


Depois de se arriscar em épicos como Gangues de Nova York e O Aviador, Martin Scorsese volta ao terreno da violência urbana de onde jamais deveria ter saído. É nesse cenário que ele realizou obras-primas como Taxi Driver, Touro Indomável, Os Bons Companheiros e Os Infiltrados (The Departed, 2006). O filme é um exemplo de perfeita harmonia entre direção, roteiro, música, montagem, fotografia, elenco e todas as áreas necessárias para fazer cinema.

Como nos grandes filmes de Scorsese, Os Infiltrados mostra um mundo à parte dominado pela violência. Parece que não existe nada ao redor desse caos onde ninguém presta e a perda da identidade é inevitável. Mas é um universo alternativo que não está tão distante da realidade. Um lugar onde as falcatruas são justificadas, assim como a própria violência. É como Frank Costello (um alucinado Jack Nicholson) diz na seqüência que abre o filme: “Eu não quero ser um produto do meio ambiente. Eu quero que o meio ambiente seja um produto meu”.

Engraçado como Os Infiltrados comprova o que já deveríamos saber. Ninguém filma a violência como Martin Scorsese. Ela é uma conseqüência desse universo. Nesse longo hiato de Scorsese com o gênero, vários cineastas banalizaram a violência, tornando-a teatral. Scorsese é mais seco, intenso e visceral. Não há nada de espetacular em ver um tiro na cabeça e os miolos sujando a parede.

A saga de Billy Costigan (Leonardo DiCaprio), jovem policial infiltrado na máfia irlandesa para ajudar a prender o chefão Costello, e Colin Sullivan (Matt Damon), protegido do criminoso que entra pela porta da frente do Departamento de Polícia de Boston saiu da cultuada produção chinesa Conflitos Internos. Apesar de fiel ao original, Scorsese conseguiu melhorar o que já estava bom.

Os Infiltrados é cinema policial como Hollywood não faz mais. É uma produção atual com alma dos anos 70, onde sangue e sexo eram colocados na tela sem pudor algum. O cineasta atira primeiro e pergunta depois. A geração Tarantino que desconhece o “Scorsese das ruas” pode estranhar até os diálogos do filme, mas se os velhos fãs reclamarem desta vez, pode ser um sinal de má vontade.

Todo o elenco está muito bem nessa terceira (e melhor) parceria entre Leonardo DiCaprio e Scorsese. Além das insanas atuações de Di Caprio e, principalmente, Jack Nicholson, temos Matt Damon em um grande momento. Seu cinismo em cena é irresistível. O canastra Mark Wahlberg ganha do diretor a ferocidade necessária para construir a melhor performance de sua carreira. Aliás, seu personagem permanece como o único a não perder a identidade entre os vários “ratos” de Os Infiltrados. A novata Vera Farmiga é uma agradável surpresa. Ela é dona de um papel muito importante, que representa o ponto de equilíbrio entre os personagens de DiCaprio e Damon.

Vale citar também o trabalho de Thelma Schoonmaker, habitual colaboradora do diretor na montagem de seus filmes, que reforça a tensão e o delírio visual de cada cena. Ela é uma das melhores que já passaram por Hollywood.

Em Os Infiltrados, temos referências a linha tênue que separa o céu do inferno ou o bem do mal. O olhar fixo do catolicismo (representado por símbolos da Igreja) presenciando a ascensão e queda dos personagens de Scorsese no submundo é uma constante em sua carreira – como o Jake La Motta, de Robert De Niro, em Touro Indomável.


Muitos dizem que é o melhor filme de Scorsese desde Os Bons Companheiros. Sem dúvida. Mas é até injusto comentar Os Infiltrados sem voltar ao filme por diversas vezes. Há muitas metáforas sobre a nossa sociedade, que precisam ser dissecadas com o tempo. Depois de algumas visitas, eu já acredito que estamos diante de uma obra-prima. E você?

Os Infiltrados
(The Departed, EUA, 2006)
Direção: Martin Scorsese

Roteiro: William Monahan (Adaptado do filme Conflitos Internos, de Andrew Lau e Alan Mak)
Elenco: Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Jack Nicholson, Martin Sheen, Mark Wahlberg e Vera Farmiga

segunda-feira, outubro 23, 2006


Veja aqui o trailer da sexta temporada de 24 Horas

Nesta terça-feira, dia 24 de outubro, os fãs de Jack Bauer (Kiefer Sutherland) podem conferir o trailer da aguardada sexta temporada de 24 Horas.

O site
www.24trailer.com já está em contagem regressiva. Quando o cronômetro zerar às 17h, é hora de ver as primeiras imagens da nova aventura do ex-agente da CTU de Los Angeles. Quem viu a quinta (e melhor) temporada da série, sabe que o final foi terrível para Bauer.

A trama é guardada a sete chaves pela equipe. Recentemente, Sutherland comentou: "Tivemos cinco anos de Jack Bauer salvando coisas grandes. Esta será mais sobre ele salvando a própria pele. De caçador, ele vai virar caça, então isso muda todo o jogo da série".

A sexta temporada de 24 Horas estréia na Fox em janeiro nos EUA e em março no Brasil. Além de Sutherland, que assinou para mais dois anos, a série tem as presenças confirmadas de James Cromwell, Regina King, Peter MacNicol, David Hunt, Chad Lowe, entre outros.

quinta-feira, outubro 19, 2006


Estréias da semana

Finalmente o público de São Paulo pode curtir a 30ª Mostra Internacional de Cinema. É a chance para conferir os novos trabalhos de Pedro Almodóvar (Volver), Martin Scorsese (Os Infiltrados), Robert Altman (A Última Noite), entre tantos outros. Babel, de Alejandro González Iñarritu, e O Grande Truque, de Christopher Nolan, são outros destaques. Mais informações:
www.mostra.org

Mas para quem não quer saber da Mostra, a principal estréia da semana é o excelente Pequena Miss Sunshine (veja crítica abaixo), com Greg Kinnear, Toni Collette, Steve Carell, Alan Arkin e essa menininha aí ao lado, Abigail Breslin.

Avaliação de alguns filmes em cartaz:
(**** Excelente / *** Bom / ** Regular / * Ruim)

Abismo do Medo ***
(O melhor filme de terror em muito tempo)

Dália Negra *
(Mais uma bola fora de Brian De Palma)

O Diabo Veste Prada ***
(Anne Hathaway é uma graça, mas o show é de Meryl Streep)

Pequena Miss Sunshine ****
(Pequeno grande filme)

Piratas do Caribe – O Baú da Morte ***
(O terceiro filme poderia estar na sala ao lado)

As Torres Gêmeas *
(Ainda não encontrei Oliver Stone no meio dessa tragédia)

Vôo 93 **
(Obviamente tenso, mas dispensável)

Pequena Miss Sunshine

A capa de uma das edições da revista Entertainment Weekly deste ano perguntou “Como uma produção independente do Festival de Sundance se tornou a maior surpresa do verão americano?”. Na primeira cena de Pequena Miss Sunshine (2006), observamos o olhar fixo de Olive Hoover (a extraordinária menina Abigail Breslin) com seus óculos imensos. Já dá para perceber que se trata de um filme sobre sonhos. Os minutos restantes da abertura apresentam cada integrante da família Hoover com pouquíssimos diálogos – o que também revela uma trama sobre ilusões. Até aparecer o título do filme e mais uma seqüência que acompanha um jantar tumultuado entre os Hoover, temos a prova de que é possível criar um elo entre a platéia na sala de cinema e os personagens na tela. Desse momento em diante, já somos parte da família e estamos prontos para a viagem que segue por todo o filme.

Há um talento notável no casal de diretores estreantes Jonathan Dayton e Valerie Faris para se contar uma história. Como marinheiros de primeira viagem, eles confiaram na interpretação do elenco para o excepcional roteiro de Michael Arndt. Então foi só empurrar, literalmente, a Kombi amarela e deixá-la rodar. Outro segredo de Pequena Miss Sunshine é que nenhum dos envolvidos tenta fazer o filme ser mais do que ele é – exatamente o que não acontece com a maioria das produções do verão americano (cheias de sonhos e ilusões). Acho que isso responde a pergunta da Entertainment Weekly.

O elenco de Pequena Miss Sunshine merecia um Oscar (se houvesse uma categoria para isso). Greg Kinnear é Richard Hoover, o chefe da família obcecado em vencer na vida, Toni Collette é Sheryl, sua esposa protetora e preguiçosa, e Steve Carell (cada vez melhor) é o Tio Frank, que tentou se suicidar após uma decepção amorosa. Alan Arkin é o vovô Edwin viciado em drogas, Paul Dano é o jovem Dwayne, que fez voto de silêncio até realizar o sonho de ser piloto. E, claro, Abigail Breslin é a adorável Olive, a menina que sonha em ser a Pequena Miss Sunshine em um concurso de beleza. Ela é o motivo da viagem dos Hoover na ridícula Kombi amarela em direção ao evento que fecha o filme.

É uma emocionante e divertida comédia que traz novas diretrizes para o sonho americano pós-11 de setembro. As idéias de winners e losers ficam em segundo plano. O filme mostra que não importa o tamanho do fracasso, mas sim quem está ao seu lado nessa hora. Decepções acontecem para nos fortalecer. Se a tal viagem não unir os Hoover, nada mais será capaz disso. É mesmo um pequeno grande filme. Tem tudo para trilhar o caminho vitorioso das comédias independentes Encontros e Desencontros (2003), de Sofia Coppola, e Sideways (2004), de Alexander Payne, nos prêmios de Hollywood.

Pequena Miss Sunshine (Little Miss Sunshine, EUA, 2006)
Direção: Jonathan Dayton e Valerie Faris
Elenco: Greg Kinnear, Toni Collette, Steve Carell, Alan Arkin, Paul Dano e Abigail Breslin

quarta-feira, outubro 18, 2006

Dália Negra

É impressionante como ainda deixam Brian De Palma filmar em Hollywood. Um dos mais superestimados diretores da história está em cartaz nos cinemas brasileiros com o seu Dália Negra (2006). O filme só reafirma a mediocridade de um diretor sem personalidade.

Ele é um cinéfilo que se estabeleceu na indústria e seu papel é somente o de fazer referência aos seus ídolos – principalmente Alfred Hitchcock. Já chegaram a chamá-lo de “mestre do suspense” – o que é um ledo engano! De Palma nunca foi mestre de coisa alguma e o gênero dentro do cinema só teve um gênio. Seus suspenses são medíocres e quando flertou com o policial só acertou em Os Intocáveis (1987).

Sua frieza com os personagens e a história contada em cada filme é evidente. Sua câmera observadora permanece distante e não há nenhum envolvimento emocional com o roteiro. Tudo está lá para satisfazer seu ego. De Palma só filma para exercitar movimentos de câmera desnecessários.

Ao menos, Dália Negra tinha tudo para dar certo. Adaptado do cultuado romance de James Ellroy, que deve ter ficado mais feliz com o belo trabalho de Curtis Hanson em Los Angeles – Cidade Proibida (1997), o filme serve apenas para De Palma mostrar que entende do gênero noir. Entende coisa nenhuma! Apesar do verniz luxuoso dos anos 40 retratados no livro, De Palma transforma Dália Negra no trash mais caro produzido por Hollywood neste ano. Tudo é de um extremo mau gosto. Desde a escolha do elenco aos figurinos e fotografia. Josh Hartnett é canastrão e não pode assumir um papel de protagonista, Scarlett Johansson está perdida e sua evidente sensualidade é deixada de lado pelas lentes de De Palma. Ele conseguiu estragar Hilary Swank, a vencedora de dois Oscar por Meninos Não Choram (1999) e Menina de Ouro (2004). Hilary é ótima, mas sensual ela não é. Só Mia Kirshner se salva como Elizabeth Short em pouquíssimas cenas. Sua personagem move o mistério de Dália Negra, mas até a investigação se torna banal nas mãos do cineasta.

De Palma ainda consegue arrumar espaço na trama para exercitar suas “homenagens” ao grande Hitchcock. E posso estar enganado, mas no fim do filme, a atriz Fiona Shaw parece uma versão exagerada da Norma Desmond de Gloria Swanson no clássico Crepúsculo dos Deuses (1950), de Billy Wilder. Na verdade, isso só reforça a falta de personalidade do diretor. Chega de Brian De Palma! E será que Os Intocáveis é mesmo bom? Preciso rever meus conceitos.

Dália Negra (The Black Dahlia, EUA, 2006)
Direção: Brian De Palma

Elenco: Josh Hartnett, Aaron Eckhart, Scarlett Johansson, Hilary Swank, Mia Kirshner e Fiona Shaw

terça-feira, outubro 17, 2006


Boa Noite e Boa Sorte e alguns dos melhores filmes sobre a força do jornalismo

A Paris Filmes acaba de lançar o DVD de Boa Noite e Boa Sorte (2005) para venda direta ao consumidor. O filme de George Clooney é sobre jornalismo liberal; direto. Ele vai ao ponto para que o povo entenda as verdades. Ou para que, ao menos, possa discutir os fatos sem medo.

Clooney vai ao período do McCarthismo para mostrar que a nossa atualidade não é tão diferente. Enquanto o Senador Joseph McCarthy caçava supostos comunistas, o Presidente Bush vai atrás de “terroristas” com o aval (ou não) da imprensa. Já cansei de dizer que o longa de George Clooney foi o melhor filme do ano passado.

Mas é interessante como Hollywood se arma para criticar o governo americano utilizando outros fatos marcantes da história do jornalismo. É o caso do impecável Todos os Homens do Presidente (1976), de Alan J. Pakula, que narra os esforços da dupla Bob Woodward (Robert Redford) e Carl Bernstein (Dustin Hoffman), do Washington Post, para desmascarar o incidente no hotel Watergate, que destruiu o Presidente Richard Nixon. Outro grande exemplar do gênero (e mais recente) é O Informante (1999), de Michael Mann. O diretor conta toda a estratégia de Lowell Bergman (Al Pacino), produtor do programa 60 Minutes para concretizar o maior processo da história contra a indústria do tabaco.

Passaria o dia escrevendo sobre filmes desse “gênero”, mas vale citar outras belas produções que pegam emprestados alguns contextos políticos e sociais de suas épocas para envolver o jornalismo como a voz do cinema. É o caso dos clássicos Cidadão Kane (1941), de Orson Welles, e A Doce Vida (1960), no qual Fellini disseca os paparazzi. Dois exemplos que tratam o lado ambicioso e sensacionalista do jornalismo de forma brilhante.

Nem de longe tão bom quanto esses, mas igualmente importante é A Síndrome da China (1979), uma produção praticamente esquecida nos dias de hoje. Vale pelas atuações de Jack Lemmon e Jane Fonda.

Todos esses filmes são encontrados em DVD – não é o caso do excelente Rede de Intrigas (1976), de Sidney Lumet. Mas é impressionante como essas produções resistem ao tempo. São filmes poderosos que falam do passado para criticar a atualidade.

sexta-feira, outubro 13, 2006


Estréias da semana

À espera da Mostra de Cinema, o espectador não tem tantas atrações nesta semana. Arriscar O Grito 2 é desperdício de dinheiro e neurônios. Mas é o filme que deve levar mais público aos cinemas - Brasileiros adoram terror! Pode fracassar lá fora, mas aqui dá certo. Já Deu a Louca na Chapeuzinho só confirma o exagerado número de animações em cartaz. A tendência é um problema em Hollywood. Tudo bem que os pequenos têm o que ver, mas daqui a pouco até eles vão reclamar da falta de qualidade. Não é para as crianças, mas o Brasil ataca com a animação Wood & Stock – Sexo, Orégano e Rock ‘n’ Roll, baseado nos personagens criados por Angeli.

Melhor tentar a pré-estréia de Pequena Miss Sunshine, provável candidato ao Oscar. O filme de Jonathan Dayton e Valerie Faris acompanha uma família neurótica atravessando os EUA numa Kombi amarela. Tudo isso para a filha caçula participar de um concurso de beleza. O elenco tem Greg Kinnear, Toni Collette, Steve Carell e Alan Arkin. O argentino Crônica de uma Fuga e o francês Pintar ou Fazer Amor são opções para fugir de mais do mesmo.

Avaliação de alguns filmes em cartaz:
(**** Excelente / *** Bom / ** Regular / * Ruim)

Abismo do Medo ***
(O melhor filme de terror desde sei lá quando.)

Carros ****
(Fábula que honra Frank Capra! A Pixar nunca erra!)

O Diabo Veste Prada ***
(Anne Hathaway é uma graça, mas nunca será Meryl Streep – Oscar à vista?)

O Maior Amor do Mundo *
(José Wilker?)

Miami Vice **
(Muito estilo e pouca história. Michael Mann pode mais do que isso.)

Obrigado Por Fumar ***
(Roteiro inteligente que revela Aaron Eckhart como um ótimo ator)

Piratas do Caribe – O Baú da Morte ***
(Exagerado sim! Mas e daí? O melhor do verão americano!)

Os Sem-Floresta ***

(Pelo esquilo Hammy!)

As Torres Gêmeas *
(O que houve com Oliver Stone?)

Vôo 93 **
(Documentário animado e oportunista)

quarta-feira, outubro 11, 2006

Conflitos Internos

Antes tarde do que nunca! Acabei de conferir o elogiado policial chinês Conflitos Internos (2002) em DVD. Às vésperas da estréia de Os Infiltrados (2006), a versão americana de Martin Scorsese com Leonardo DiCaprio, Matt Damon e Jack Nicholson, não seria justo deixar de lado a fonte original.

É duro admitir, mas com a hegemonia americana nas salas de cinema de todo o mundo, filmes como Conflitos Internos não recebem o público que merecem. Basta dizer que o longa de Andrew Lau e Alan Mak é um dos melhores policiais dos últimos anos. E isso não é pouca coisa! Talvez o último grande filme do gênero seja Fogo Contra Fogo (1995), de Michael Mann, que recentemente decepcionou com Miami Vice (2006).

Lançado em DVD no Brasil pela Buena Vista Home Entertainment, Conflitos Internos precisa ser descoberto nas locadoras! O filme trata com perfeição o conceito de bem e mal na história de dois homens em lados opostos da lei. Chan (Tony Leung) é um policial infiltrado no perigoso círculo criminoso da Tríade, enquanto Lau (Andy Lau) é um espião da gangue em ascensão no Departamento de Polícia. Ambos são consumidos por seus disfarces e lidam com suas personalidades entre a ética e o dever. Não demora muito para um ser obrigado a caçar o outro.

Os diretores tratam o tema como se o bem e o mal fossem apenas pontos de vista diferentes – nada de lados bem definidos. Quem trilha o mau (ou o bom) caminho, acredita que está do lado certo. Sendo uma visão correta ou não, os diretores conseguem fazer você acreditar nela. Além de bons contadores de história, eles sabem montar um filme como poucos. A edição favorece o clima tenso de uma produção clássica do gênero e alia isso ao estilo dos tempos atuais – sem deixar cair na fácil tentação de transformar o filme em um verdadeiro videoclipe. Ou seja, em cada frame dá para entender a admiração de Scorsese pelo longa. A montagem de Conflitos Internos remete ao trabalho do diretor lá atrás em plena década de 70. Todo esse cuidado de Andrew Lau e Alan Mak faz de Conflitos Internos, um filme ousado e direto como Hollywood apresentava naquela época.

Será interessante ver o que Scorsese vai aprontar com esse material. Com estréia marcada para o dia 10 de novembro nos cinemas brasileiros, Os Infiltrados pode ser superior (ou não) ao original, mas é um crime para qualquer cinéfilo deixar esse DVD pegar poeira nas locadoras.

Conflitos Internos (Infernal Affairs/Mou gaan dou, Hong Kong, 2002)
Direção: Andrew Lau e Alan Mak

Elenco: Tony Leung, Andy Lau, Eric Tsang e Anthony Wong

terça-feira, outubro 10, 2006

Estréia rentável de Os Infiltrados pode aumentar chances de Martin Scorsese no Oscar

Para especialistas, a boa estréia no último fim de semana de Os Infiltrados, novo Martin Scorsese, pode favorecer o cineasta na corrida pelo Oscar 2007. O filme obteve uma arrecadação de US$ 27 milhões nos EUA em sua estréia - a abertura mais rentável da carreira de Scorsese.

Remake do cultuado policial chinês Conflitos Internos, Os Infiltrados é considerado um dos favoritos para a nova temporada de prêmios da indústria cinematográfica, que termina no próximo dia 25 de fevereiro com a entrega do Oscar. Até hoje, o genial Scorsese foi indicado cinco vezes a estatueta dourada. Perdeu em todas: Touro Indomável (para Robert Redford, por Gente Como a Gente), A Última Tentação de Cristo (para Barry Levinson, por Rain Man), Os Bons Companheiros (para Kevin Costner, por Dança Com Lobos), Gangues de Nova York (para Roman Polanski, por O Pianista) e O Aviador (para Clint Eastwood, por Menina de Ouro).

Apesar da arrecadação e das críticas favoráveis (muitos dizem ser o seu melhor trabalho desde Os Bons Companheiros, de 1990), o filme de Scorsese não está sozinho na briga pelo Oscar. Entre outros cotados para receber indicações estão Babel, de Alejandro González Iñárritu, A Rainha, de Stephen Frears, Goya’s Ghosts, de Milos Forman, O Bom Alemão, de Steven Soderbergh, Pequena Miss Sunshine, de Jonathan Dayton e Valerie Faris, e A Conquista da Honra, novo Clint Eastwood, o último algoz de Scorsese no Oscar.

Mostra de Cinema de SP abre central de informações

Os cinéfilos de São Paulo podem se preparar para mais uma maratona. A central de informações da 30ª Mostra Internacional de Cinema da cidade, que começa no próximo dia 20 e vai até 2 de novembro, abriu no Conjunto Nacional (av. Paulista, 2.073).

Até sexta-feira, a central funciona das 12h às 18h. A partir de sábado, quando começa a venda antecipada de ingressos, o posto fica aberto das 10h às 21h. O público pode adquirir pacotes de 20 ou 40 ingressos - Permanente Integral (dá direito a todas as sessões) ou Permanente Especial (direito a sessões até as 17h55). Ingressos unitários serão vendidos apenas nas salas.

A abertura oficial da Mostra ocorre no dia 19, apenas para convidados, com a exibição do documentário Os EUA Contra John Lennon, de David Leaf e John Scheinfeld, e do curta Eu Quero Ser Piloto, de Diego Quemada-Diez, câmera de Fernando Meirelles em O Jardineiro Fiel.

Volver, de Pedro Almodóvar, e Babel, de Alejandro González Iñárritu, o mesmo de Amores Brutos e 21 Gramas estão entre as principais atrações da Mostra.