sábado, agosto 30, 2008

Madonna dos tímidos e extrovertidos


Madonna é uma figuraça do universo pop. Não há como negar. Com shows confirmados no Brasil em dezembro, a gurizada de Rio e São Paulo não fala em outra coisa, pois nesta segunda-feira, dia 1º de setembro, é dia de ver neguinho dormindo em fila pra descolar ingressos para os shows da moça de 50 anos.

Depois que o mundo se tornou sem vergonha, com uma boa dose de colaboração da musa pop, Madonna decidiu se reinventar uma, duas, três vezes nos últimos 10, 15 anos. A maioria dos fãs aprovou suas músicas cada vez mais dançantes e eletrônicas e os cinéfilos deram graças aos céus quando ela deixou de se levar a sério como atriz.

Confesso que gosto dela, mas parei de ouvir suas músicas há tempos, pois minha alma é rock and roll e não adianta fugir muito disso. Saiba que estou por fora das canções novas e velhas pós-Bedtime Stories, álbum de 1994. Mas a verdade é que Madonna foi muito importante para o meu interesse pela música durante a infância e a pré-adolescência. Por motivos óbvios, não havia menino da minha idade que não curtisse a loira e suas mensagens de uma vida adulta promiscuamente promissora.

Like a Virgin, ela disse. Como Material Girl, ela se definiu. Dali pra frente, a vida não seria a mesma. Foi um aprendizado cultural e social, que animava as festinhas e deixava uma garotada tímida um pouco mais desinibida. Ainda mais numa época muito mais conservadora do que hoje, Madonna falou e cantou mais alto para mostrar aos nossos pais que santo moderno não vive e não sai de casa sem o pecado na carteira ou no bolso. E olha que nos tempos de Like a Prayer, Madonna ainda ficava nas metáforas. Imagine só como foi depois do álbum Erotica.

Mas os anos passaram e Madonna foi se reinventando. Bom pra ela. Não gosto quando os ídolos de uma geração desaparecem e se tornam humanos, mas também ninguém é obrigado a gostar de tudo o que uma artista como a Madonna faz. Ninguém é perfeito. Porém, ouço sempre que possível o The Immaculate Collection, mas olhe lá. Ainda adoro Open Your Heart, Like a Prayer, Papa Don't Preach, Borderline, Material Girl, True Blue, Who's That Girl, Holiday e Into the Groove, a minha favorita (you know: "And you can dance... For inspiration... Come on, come on..."). Mas eu deixei pra lá, pois como a puberdade, ela já havia me ensinado o que era preciso. Eu não precisava mais dela.

Madonna seguiu em frente, afinal tem marmanjo que não se apegou somente às músicas da artista e levou seus trejeitos e maneirismos muito a sério. Já entre as mulheres, não conheço uma só que não goste dela. Tem gente que nem curte mais a Madonna atual, mas também irá ao show assim mesmo porque estamos falando da Madonna em pessoa e não de uma wannabe como Britney Spears, que fez apenas uma única coisa boa em toda a sua medíocre carreira: Beijar a Madonna.

Talvez até valha a pena aparecer no Morumbi, estádio que só fica cheio em show da Madonna, para prestigiar essa mulher que foi muito importante para uma galerinha que viveu muito bem os anos 80. Ela já está com 50. E pode ser a última chance para mandar um "muito obrigado" para a ex-rival da Cyndi Lauper em terras brasileiras. Mas eu prefiro guardar uma grana e esperar pela possível vinda do R.E.M. em novembro. Fazer o quê? Eu posso escolher e arriscar. Foi a Madonna quem me ensinou.

Watchmen na SET


A revista SET de setembro chegará às bancas com 4 capas diferentes (e sensacionais) com heróis de Watchmen, um dos filmes mais esperados de 2009. Essa aqui é a capa do Dr. Manhattan (Billy Crudup).



Capa com O Comediante, personagem irado de Jeffrey Dean Morgan, que se deu bem depois de sua participação em Grey's Anatomy, como o paciente romântico Denny Duquette.


Capa com a magistral atriz sueca Malin Akerman, de Vestida Para Casar e Antes Só do que Mal Casado. Vai que é tua, Malin!



Meus amigos Salem e Seu Ricardo conseguiram desta vez. Parabéns, caras! E quero a capa do Rorschach - é o ator Jackie Earle Haley por trás desta máscara. Pelo menos, dizem que é ele...

quarta-feira, agosto 27, 2008

Três amigos


Se você tem juízo nesta cabeça, possivelmente conseguiu reparar na falta de originalidade e graça nas comédias atuais. Como sempre, o problema para a produção em massa de lixo hollywoodiano é culpa do público, o consumidor deste tipo de produto. Ou seja, a mesma inconveniência das drogas - elas existem porque existem consumidores.

Atualmente, tirando os devaneios de Judd Apatow (O Virgem de 40 Anos, Ligeiramente Grávidos, Superbad) e Agente 86, a comédia anda a passos largos para o brejo. Mas o que fazer? O público adorou Todo Mundo em Pânico, não é mesmo? Então, tome Os Espartalhões, Não é Mais um Besteirol Americano e Super-Herói: O Filme. Parece que o jeito é brincar com o sucesso dos outros, algo feito sem o mínimo de inteligência quando olhamos para filmes não muito antigos como Apertem os Cintos, O Piloto Sumiu, Corra que a Polícia Vem Aí! e Top Secret. Ou outros originais da velha escola, que deixam você com o bico rachado de tanto rir como Férias Frustradas (gosto mais do segundo), Os Safados e Três Amigos. Aliás, este último parece que infectou os gênios da comédia atual em filmes como Heróis Fora de Órbita e o novíssimo Trovão Tropical, de Ben Stiller, que estréia sexta-feira com ótimas críticas na bagagem.


Ao lado de Jack Black e Robert Downey Jr., Stiller aposta numa comédia disparada por trios ou quartetos, que já deu certo com muita gente boa, divertida e completamente lelé da cuca como os irmãos Marx, os Três Patetas e até Os Trapalhões, claro.

Dizem que fazer rir é muito mais difícil para um ator do que a tarefa de emocionar a platéia em uma cena dramática. E a missão de Trovão Tropical é colocar a boa comédia de volta na cabeça do público, pois desta vez não temos "ilustres desconhecidos" como Seth Rogen e Jonah Hill. Agora, o apelo está nos nomes famosos de Ben Stiller, Jack Black (ambos andaram fazendo bobagens, mas chegou a hora deles) e o "quem te viu, quem te vê" Robert Downey Jr. Como Elvis fez com o rock e Eminem fez com o rap, chegou a hora de Trovão Tropical, com ajuda direta de Downey Jr., colocar o preto no branco.

Mas entre os responsáveis, eu começo pelo chefe, que é Ben Stiller, o diretor de O Pentelho e Zoolander. Em seus melhores momentos como ator, ele mostrou como relaxar de forma romântica antes de um encontro com uma bela garota, em Quem Vai Ficar Com Mary?, além de ensinar como dançar com Jennifer Aniston, em Quero Ficar Com Polly (repararam na originalidade das traduções brazucas?), e a destruir a casa de Robert DeNiro com classe, em Entrando Numa Fria. As pessoas não estavam preparadas para O Pentelho, é verdade, mas Stiller entende comédia como poucos. Não é careteiro, mas sabe imitar, ou melhor, interpretar colegas de profissão de maneira sublime.

Jack Black provou por A + B que a música deveria fazer parte da educação de qualquer criança, em Escola de Rock, um dos meus filmes favoritos sobre este gênero musical que corre em minhas veias (só perde para Quase Famosos, de Cameron Crowe). Aliás, Black nunca esteve tão bem. Sua atuação visceral demonstra o que é o rock em cada uma de suas reações, que entendem cada nota, cada grito. Aquilo é coisa pra Oscar, mas a Academia não considera atores taxados como comediantes (no sentido preconceituoso da palavra). Mas acho que Stiller e Black não precisam provar mais nada a ninguém. Lembre-se que tal necessidade de aprovação dramática mandou o humor de Jim Carrey para o buraco. Espero que o mesmo não ocorra com eles.

Já Robert Downey Jr. fez o contrário. Aliás, 2008 pertence a ele. É um sujeito que sempre foi bom ator, mas Homem de Ferro foi para Robert Downey Jr. o que Piratas do Caribe significou para a carreira de Johnny Depp. Em Trovão Tropical, seu personagem já nasceu polêmico, mas dizem que ele simplesmente arrebenta o público (sem a palavra "racismo" no vocabulário) de tanto dar risada - se você ainda não sabe, neste filme, Downey Jr. passa pelo processo inverso daquela mudança de pele que afetou Michael Jackson para sempre.

Trovão Tropical conta a história de três atores que rodam a produção de guerra mais cara do cinema. O problema é que os patetas caem numa guerra de verdade, mas eles não sabem disso, o que torna tudo mais engraçado graças a Deus. Enfim, Três Amigos, com Steve Martin, Chevy Chase e Martin Short fez escola.

Tenho muita fé nesse trabalho de Stiller, Black e Downey Jr., e acho que vai predominar a lógica. É hora de passar mal de tanto rir no cinema novamente.

Irmãos Coen abrem o Festival de Veneza


De novembro de 2007 a março de 2008, os irmãos Joel e Ethan Coen nadaram pela temporada de prêmios a braçadas de Michael Phelps rumo ao Oscar. Onde os Fracos Não Têm Vez ganhou as estatuetas de Melhor Filme, Direção, Roteiro Adaptado e Ator Coadjuvante (Javier Bardem). Muita gente achou uma obra-prima. Outros tantos odiaram. Eu achei... nhé. Mas todos concordam que os caras, geralmente, são geniais. Hoje, eles abrem o 65º Festival de Veneza com a exibição (fora de competição) de Queime Depois de Ler.

É claro que todos os filmes dos Coen carregam uma boa dose de humor negro, mas Onde os Fracos Não Têm Vez é da ala mais séria dos irmãos loucos. Pertence ao time de Fargo e Gosto de Sangue, enquanto Queime Depois de Ler parece se encaixar na divisão cômica da dupla, que nos presenteou com O Grande Lebowski, por exemplo.

Eu prefiro os caras sendo completamente bobos e já ri bastante com os trailers de Queime Depois de Ler. O filme acompanha um tapado instrutor de academia (Brad Pitt, o marido feio de Angelina Jolie), que encontra um CD de um ex-agente da CIA (John Malkovich), que pretende escrever um livro sobre suas memórias registradas no disco. Mas o espertalhão Pitt pede uma grana considerável em troca do CD e a própria CIA coloca um assassino profissional (George Clooney) para solucinar este pequeno problema. Se você conhece os Irmãos Coen, já sabe que não sairá boa coisa disso.

Nos EUA, Queime Depois de Ler estréia em 12 de setembro. No Brasil, só em 28 de novembro, mas bem que o Leon Cakoff poderia colocá-lo na 32ª Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo, que deve acontecer em outubro.

Enquanto aguardamos o filme, veja um dos trailers de Queime Depois de Ler:


terça-feira, agosto 26, 2008

10 coisas que eu aprendi com Esqueceram de Mim


1) É ótimo ter a casa só para você em alguns momentos.

2) Sujar e desarrumar tudo sem ter ninguém para reclamar é como a paz na Terra.

3) Se um ladrão tentar invadir a sua casa, acerte-o com toda a sua força com o primeiro objeto que estiver pela frente. Não se preocupe, pois ele não sairá machucado, já que a violência é no melhor estilo desenho animado.

4) Chris Columbus já fez filmes bons.

5) Ninguém escuta ninguém quando todo mundo fala ao mesmo tempo durante aquela reunião de família. Mas ninguém aprende.

6) Quando acordar atrasado para algum compromisso, não esqueça, ao menos, de se despedir das pessoas que moram na sua casa. Talvez ela se lembre que irá com você a algum lugar.

7) Fazer barulho com os efeitos sonoros de um filme chama mesmo a atenção dos vizinhos curiosos. Eles acabam sabendo que tipo de pessoa você é.

8) Um menino nasce pronto para a guerra (leia: pronto para enfrentar as dificuldades). Na maioria das vezes, só falta um empurrãozinho.

9) O Natal seguinte poderia ser muito mais divertido que o anterior. E o anterior.

10) Espionar a linda vizinha trocando de roupa é um ato obrigatório e um rito de passagem na vida de qualquer garoto em crescimento (Hmm... isso foi em Paranóia ou Esqueceram de Mim?)

Eu já sabia


Rapaz, eu pensei que já havia visto de tudo nesta vida. Mas hoje saiu a primeira imagem oficial da comédia I Love You Phillip Morris, com Jim Carrey e Ewan McGregor... err... conversando bem de perto. Que bonito, não?

A trama é inspirada na história real de Steven Russell (Carrey), um trambiqueiro milionário e completamente apaixonado por seu ex-colega de cela, Phillip Morris (McGregor), que não tem nada a ver com o nome da companhia famosa de cigarro.

I Love You Phillip Morris ainda conta com a presença de Rodrigo Santoro, que não jogava pelo time sem camisa desde Carandiru, de Hector Babenco. Sério agora: a comédia chega aos cinemas em 2009 e marca a estréia na direção de Glenn Ficarra e John Requa, os roteiristas de Papai Noel às Avessas, com Billy Bob Thornton.

segunda-feira, agosto 25, 2008

Um raio cai duas vezes no mesmo lugar?


Cara de um, focinho de outro: Por enquanto, Will Ferrell faz sua graça ao lado dos Sleestaks nas fotos da adaptação para o cinema de O Elo Perdido, a série de TV setentista que minha vovó adorava. Com direção de Brad Silberling (Gasparzinho, Cidade dos Anjos, Desventuras em Série), o filme só estréia em 17 de julho de 2009, mas a pergunta que já não quer calar é: Will Ferrell será mais importante que o roteiro e o espírito das aventuras originais de O Elo Perdido?

A dúvida tem razão de existir, pois você lembra que o comediante arruinou A Feiticeira. Ou, pelo menos, ajudou a arruinar. Está certo que o roteiro era uma bomba, mas que houve uma superexposição da imagem (e do ego) do ator, ah, isso houve. E na trama daquela bobagem assinada por Nora Ephron, Ferrell ganhou muito mais importância que Nicole Kidman, a dona do novo narizinho mágico. Então, quem pagou pra ver A Feiticeira, acabou vendo O Chato. Só espero que o mesmo raio não caia em O Elo Perdido.

Líder da família Marshall, que vai parar na Pré-História, o personagem de Will Ferrell é fundamental na trama de O Elo Perdido, mas os dinossauros, os Sleestaks e, por favor, o Cha-Ka também pedem passagem.

Tomara que o filme não seja só mais uma egotrip do comediante. E não me venha com o mesmo erro do recente Viagem ao Centro da Terra, que tratou a criançada como seres de inteligência limitada, como o pobre Cha-Ka.

Ah, você é novinho (a) e não conhece o Cha-Ka, não é? Aqui está ele:




Sim, Cha-Ka nasceu há 10.000 anos atrás e não tem nada neste mundo que ele não saiba demais...

sábado, agosto 23, 2008

Os melhores álbuns do ano - Parte I

Em ordem alfabética, eis parte da lista dos álbuns de 2008 que eu mais ouvi até o momento. Semana que vem, tem mais.


Accelerate / R.E.M.

Ouça e veja:

Supernatural Superserious
Hollow Man
Houston

Comentário:
R.E.M. volta mais revoltado e rasgado na guitarra.
Não ouço e vejo os caras assim desde 'Monster'.



In Rainbows / RADIOHEAD

Ouça e veja:
All I Need
(Tenha paciência, pois o som é de virar a cabeça,
mas só começa na casa de 1:50 neste vídeo)
House of Cards
Reckoner


Comentário:
Radiohead totalmente viajante! Para ouvir, abandonar o corpo na Terra e sair voando. Uma boa garrafa de vinho ajuda.


Konk / THE KOOKS

Ouça e veja:
Always Where I Need to Be
Shine On
Sway

Comentário:
Rock romântico correto, mas sem ser baladinha clichê também cai bem.



Midnight Boom / THE KILLS
Ouça e veja:
U.R.A. Fever
Last Day of Magic
Sour Cherry
U.R.A Fever (Live)

Comentário:
Pra começar, adoro as performances de Alison Mosshart. Que garota doida!
Esse é um som meio desconcertante para ouvidos sensíveis, mas sinto uma pequena influência de David Bowie nesta dupla - o que pode atrair os detratores de primeira viagem numa segunda chance.



The Red Album / WEEZER

Ouça e veja:
Pork and Beans
Heart Songs
Dreamin'
Troublemaker

Comentário:
Os nerds mais legais e competentes do rock contemporâneo já fizeram melhor, mas o álbum vermelho não decepciona os fãs.

sexta-feira, agosto 22, 2008

O Procurado


O diretor Timur Bekmambetov, de Guardiões da Noite e Guardiões do Dia, é louco. Não há discussão neste diagnóstico. E graças ao sucesso internacional de suas saladas russas cinematográficas, este doido varrido saiu do país do Borat com a permissão de um grande estúdio hollywoodiano para fazer O Procurado (Wanted, 2008) a sua imagem e semelhança.

Não posso dizer que o resultado seja original, mas tem gente que vai se exaltar e dar um passo maior que a perna alegando que o cara entregou uma novidade - já que as grandes idéias sofrem uma duradoura mandinga. O que posso dizer é que, apesar da existência de mil filmes iguais a O Procurado, Bekmambetov tem o mérito de aliar a técnica vertiginosa do cinema rodado, editado e idealizado por gênios da computação da era pós-Matrix a um roteiro que não é uma maravilha, mas consegue manter a atenção do espectador até a última cena.

E a sacada do texto de Derek Hass, Michael Brandt e Chris Morgan (baseado na HQ de Mark Millar e J. G. Jones) está na influência de temas mitológicos e religiosos inseridos nos mínimos detalhes da trama, o que é um prato cheio para os nerds sedentos pela reciclagem dos anos dourados da cultura dos grandes contos e filmes de aventura, fantasia e ficção científica. Você sabe que isso é batata. Pegue um personagem miserável, fragilizado e menosprezado pelas regras impostas pela sociedade. Da noite para o dia, um acontecimento inesperado, extraordinário muda sua vida para sempre, colocando-o como peça fundamental na eterna batalha do bem contra o mal. Estou falando do "Escolhido", a figurinha mais importante de obras cultuadas como Star Wars, O Senhor dos Anéis, Harry Potter, Matrix, Kung Fu Panda e tantos outros. Nos dias de hoje, isso dá a sensação de que o ingresso foi bem pago. E já está bom demais.

Citei Matrix no segundo parágrafo porque os irmãos Wachowski mudaram de vez a montagem de filmes e trailers com a utilização de movimentos de "câmera" exagerados e vertiginosos. Pode procurar: quase todos os trailers têm o famoso "bullet time" de Matrix. Mas O Procurado lembra muito mais aquele Mandando Bala, com Clive Owen, que parece uma adaptação de graphic novel. Mas não é. Já O Procurado justifica a estética visual dos quadrinhos traduzida em imagens na tela. E acho que o filme de Timur Bekmambetov se leva muito mais a sério que Mandando Bala, o que facilita o respeito dos fãs deste tipo de história. Já quem pensa que o único compromisso de um filme como O Procurado está na diversão, é bom passar longe, pois Bekmambetov acredita nesta história e quer que você faça o mesmo.


As presenças de James McAvoy e Angelina Jolie contribuem bastante para as pretensões do diretor. Ambos estão a vontade e fazem o melhor que podem pelo filme. Não quero estragar as várias surpresas da trama, mas os dois estão ótimos. Por isso, peço perdão de joelhos a Angelina Jolie, merecedora de vingança contra um cara como eu, que sempre menosprezou suas escolhas cinematográficas. Vale lembrar de Morgan Freeman, o Cid Moreira de Hollywood, que surpreende e não faz nenhuma narração em off. Ele está ali para se divertir e fazer o público embarcar nesta lorota bacana.

Portanto, O Procurado não engana ninguém. Na primeira cena, você já sabe o tom do filme com o sujeito correndo como The Flash e saltando de um prédio a outro. De início, será impossível não resgatar na memória a imagem de algo já visto antes no cinema. Mas resista bravamente: a viagem, desta vez, vale a pena. Depois de 15 ou 20 minutos, não há como escapar da diversão. Ainda mais se você se amarra em ação, Angelina Jolie e sagas de gente simpática como Luke Skywalker, Frodo Baggins, Harry Potter, Neo, etc, etc.

O Procurado
(Wanted, 2008)
Direção: Timur Bekmambetov
Roteiro: Derek Hass, Michael Brandt e Chris Morgan (Baseado na HQ de Mark Millar e J.G. Jones)
Elenco: James McAvoy, Angelina Jolie, Morgan Freeman, Common, Terence Stamp e Thomas Kretschmann

quinta-feira, agosto 21, 2008

Provérbio Stalloniano


Um recado aos amigos gremistas
(especialmente para Cassiano, Marcus e Pedro):

It ain’t about how hard ya hit.
It’s about how hard you can get it and keep moving forward.
How much you can take and keep moving forward.
That’s how winning is done!


Sylvester Stallone, em Rocky Balboa (2006)


Uma vez Flamengo, sempre Flamengo!

quarta-feira, agosto 20, 2008

O Método Kurt Russell de Atuação


Nos anos 80 (e início dos 90), Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone fizeram história no cinema de ação brucutu. Como nada se cria (e eles não foram exatamente os primeiros músculos sem cérebro em Hollywood), wannabes como Chuck Norris e Jean-Claude Van Damme fizeram o mesmo check-in básico e ainda tentaram sentar na janelinha. Nada contra, já que a rica história do cinema está repleta de molambos sem antecedentes que alcançaram a penthouse do templo de Zeus antes que qualquer mortal fosse capaz de fazer tal previsão. O próprio Mr. Chuck Norris conquistou um inexplicável e imenso fã clube depois de pendurar as chuteiras. Parece brincadeira, mas o Braddock em pessoa tem uma legião de seguidores tão ampla quanto as comunidades que idolatram Che Guevara e o Seu Madruga.

Enfim, muitos gostam de chamá-los de canastrões. Acho um termo feio, baixo, mas compreensível na percepção da boca pra fora de adoradores de Godard e Visconti. Embora sejam da mesma Era, Bruce Willis e Mel Gibson estão em outro patamar - você sabe, lá no fundo, que a comparação não é justa se analizada friamente. Então, entre Schwarza, Sly, Van Damme e Norris, havia um nome que compreendia as raízes da canastrice e usava esta técnica a seu favor.

Enquanto seus colegas atuavam no piloto automático, Kurt Russell entregou um padrão distinto de todos os demais e, ainda assim, parecia estar subordinado aos mesmos momentos de inspiração minimalista, por assim dizer, dos amigos nascidos do boom das academias oitentistas - não é que os ditos canastrões tenham surgido naquela época, mas a década de 80 tornou evidente e popular um tipo de atuação de forma realista com desempenhos que alternam entre o razoável e o meramente preciso. No caso de Kurt Russell, não por falta de talento, mas por pura técnica. Bom, esqueçam o termo "canastrão". Não usarei mais tamanha palavra infame neste texto.

Gringo, porém com alma de mineiro, Kurt Russell foi pelas beiradas e se destacou como ator entre os colegas famosos e milionários das fitas de ação ao empregar um naturalismo materializado dramaticamente em questões morais e cotidianas na eterna busca pela expressividade realista - de maneira bem simples na prática, mas de complexo desenvolvimento. Não estou falando, claro, de uma inovação na arte dramática, mas enquanto Sly & Cia. pagavam o alto preço da fama sendo aprisionados dentro do gênero de ação, Kurt Russell pôde variar sem passar vergonha - o que é mais uma prova de seu talento.

Você pode lembrar de seu Snake Plissken, um dos personagens mais fascinantes do cinema, no clássico Fuga de Nova York (e na seqüência legal, mas inferior Fuga de Los Angeles), como um cara de, digamos assim, poucas palavras. Mas o fato é que o ator encontrou o tom exato de seu personagem. Snake é um anti-herói num mundo sem regras. Lá, o negócio é matar ou morrer. Ou seja, não há tempo para expressões sentimentais maiores do que a vida. Snake é um produto do ambiente hostil criado pelo diretor John Carpenter, portanto, não confundam a atuação de Russell com um poste sem expressão.

Diferente de Sly & Cia., o ator se deu muito bem na vida familiar. Acho que é um suporte e tanto para uma carreira tão visada, pois a ausência da família pode levar astros e estrelas direto para a estrada da perdição de Hollywood. Desde 1983, Kurt Russell vive com Goldie Hawn, uma das gatas do cinemão dos anos 70 e 80. Além disso, ele ajudou a educar a filha de Goldie, a gatíssima Kate Hudson. Nada mal.

O apoio da família bonita só contribuiu para o caminho do ator. Com um método de atuação definido, como eu disse, Russell pôde variar sem medo de ser feliz. Diretores e produtores respeitados como Robert Zemeckis, Mike Nichols, Robert Towne, Ron Howard, Cameron Crowe e Quentin Tarantino contaram com seus serviços. E não é fácil ter essas referências no currículo.

Quando fez ação, Russell marcou época na parceria com John Carpenter. Na verdade, os filmes estão mais para ficção científica, fantasia e terror. São eles: Fuga de Nova York, O Enigma de Outro Mundo e Os Aventureiros do Bairro Proibido, um clássico da Sessão da Tarde. Diferente de Schwarza e Sly, Russell pôde fazer comédia sem levar pedradas da crítica e pagar mico diante de seus fãs. O astro esteve em filmes como Super Escola de Heróis e Capitão Ron - O Louco Lobo dos Mares, mas ninguém reclamou. Pelo contrário, o público se divertiu vendo Russell se divertindo.

O astro também deu certo em thrillers como Breakdown, que apesar de seguir descaradamente a proposta de Encurralado, o primeiro filme de Steven Spielberg, revelou o diretor Jonathan Mostow, de U-571 e O Exterminador do Futuro 3. Russell também teve força para peitar Mel Gibson e Michelle Pfeiffer em Conspiração Tequila, além de salvar a pátria de produções fracas como Momento Crítico. Só não conseguiu salvar aquele 3.000 Milhas Para o Inferno, com Kevin Costner. Mas aí seria pedir demais.

Isso tem nome certo e é carisma. Isso é o Método Kurt Russell de Atuação. Seu legado foi compreendido e as gerações seguintes só precisaram evoluir o que já estava pronto. Pode procurar, mas há algo de Kurt Russell em atores da moda como Gerard Butler, Hugh Jackman, Josh Holloway (um Kurt Russell loiro) e até mesmo Russell Crowe. Todos eles gostam de Snake Plissken. Todos já viram Tango & Cash pelo menos uma vez na vida. As técnicas dramáticas de Stallone, Schwarzenegger e Van Damme (quase esqueci de citar Mr. Steven Seagal) podem ter seus detratores. Mas todos são fãs de Kurt Russell.

Vai uma cinebiografia aí?


Se W., a cinebiografia do desgraçado George W. Bush, tiver a mesma pegada dos cartazes divulgados, o diretor Oliver Stone (Platoon, JFK, Nascido em 4 de Julho) está definitivamente de volta à boa forma. Aindo acho muito cedo para um filme sobre Bush, mas vamos ver no que dá.



Na tela, o homem será representado por Josh Brolin, um dos novos astros de Hollywood, graças ao sucesso de seu caipira Llewelyn Moss, de Onde os Fracos Não Têm Vez. Na verdade, o Hollywoodiano jamais esqueceu o talento do ator, que fez história como o irmão mais velho de Os Goonies. Pelos pôsteres, a impressão é que o cara está se divertindo bastante com o papel. E não é pra menos.


W. estréia no dia 17 de outubro nos EUA - um pouco antes da eleições presidenciais que mandarão Bush para o espaço. Além de Brolin, o filme tem um elenco de apoio bacana: Elizabeth Banks, James Cromwell, Ellen Burstyn , Ioan Gruffudd, Thandie Newton, Rob Corddry, Scott Glenn, Jeffrey Wright e o sumido Richard Dreyfuss. Se você ainda não viu o trailer, clique aqui.

terça-feira, agosto 19, 2008

Eu gosto mesmo é de cinema

Mas bons tempos foram aqueles em que Dunga
era conhecido somente como um dos Sete Anões...

domingo, agosto 17, 2008

Audrey teve o que elas não têm

"As feias que me desculpem, mas beleza é fundamental", disse o poeta Vinicius de Moraes. Pode parecer grosseria, machismo ou soberba de um homem inseguro, mas acho que Vinicius não titubeava.

Pelo menos, eu imagino que o grande poeta só conseguia se apaixonar pela beleza em seu estado puro. Por isso, não assimilei esta expressão como uma fala de um homem das cavernas. Prefiro imaginá-la como um provérbio romântico, afinal a beleza está nos detalhes que formam um "todo".

Na verdade, não tento decifrar aqui os pensamentos de um mestre, mas quero aproveitá-lo para iniciar uma discussão sobre a beleza fêmea no cinema.

Para mim, Audrey Hepburn foi a perfeição em forma de mulher. Hoje, em filmes e fotos, seu olhar ainda captura a atenção de um aluno desinteressado na aula. Sua boca é um desenho de linhas, cores e volume em total harmonia. Sua pele e seus cabelos só podiam ter o cheiro das flores mais caras de uma loja daquelas que metem a mão no bolso dos pobres homens apaixonados. Sua voz é a mais bela entre as mais belas vozes das Deusas da sétima arte - agüentei até os gritinhos chatos de sua personagem em My Fair Lady.

Audrey também foi significado e influência de moda. Sei que suas roupas me hipnotizam, embora eu não saiba o nome de nenhuma marca famosa vestida pela atriz. Mas o que mais me impressionou em Audrey Hepburn foi o jeito de menina andando de mãos dadas com o porte natural de princesa. Como aquela de A Princesa e o Plebeu, de William Wyler. Já repararam como Audrey caminha, desfila ou anda naquele filme? Ou como ela olha e fala? Não só no clássico de Wyler, mas também em obras como Sabrina e Bonequinha de Luxo, um dos meus filmes favoritos. Que classe! Que elegância!

Claro, Audrey foi uma excelente atriz, que escolheu muito bem os seus papéis. Ótima em dramas, excepcional em comédias e musicais. Como se não bastasse, ela também foi um exemplo de responsabilidade e compaixão como embaixadora da UNICEF. Linda, meiga, carinhosa, charmosa, respeitada e admirada em cada atitude dentro e fora das telas, Audrey foi uma estrela completa.

Hoje, qualquer atriz magra, bela e vestida pelas roupas e jóias mais caras de Hollywood é classificada como estrela de cinema num piscar de olhos. O termo foi esgotado entre garotas esqueléticas e mimadas. Mas a beleza não está somente na tela ou no sucesso de um filme recente. A beleza não está necessariamente em quilos de maquiagem e nos resultados dos flashes que iluminam os tapetes vermelhos. Popularidade é uma das expressões mais banais criadas no século XX. Audrey sabia disso. Ela se destacou entre os clichês fabricados ao seu redor. E ela mostrou o caminho para as gerações seguintes. As feias que me desculpem, mas ter classe e atitude ainda é fundamental.

sábado, agosto 16, 2008

A Família Savage


Eu não confio numa pessoa que vira para mim e diz que jamais passou por traumas, decepções e picuinhas familiares. Não é possível que alguém chegue completamente ileso à vida adulta para poder aproveitá-la com 100% de alegria e felicidade como nos contos de fadas. Se alguém te diz isso, acredite, estás diante não exatamente de um mentiroso, mas de um ser humano como qualquer outro. Alguém que simplesmente não tem forças para encarar a realidade e não consegue se expor admitindo que carrega problemas. Sabendo disso, a diretora e roteirista Tamara Jenkins faz com que A Família Savage (The Savages, 2007) tenha um diálogo fácil e direto com a mente e o coração do espectador.

Sem a esperança de que algo de bom acontecerá em suas vidas, os irmãos Jon (Philip Seymour Hoffman) e Wendy Savage (Laura Linney, indicada ao Oscar de Melhor Atriz) sofrem as conseqüências da infância cheia de ressentimentos e remorsos. Tudo é culpa da criação que tiveram do pai (Philip Bosco), que não preparou seus filhos para o mundo e, pior, deixou-os morrendo de medo de seguir adiante. Mesmo separados por um longo período, os três se reencontram quando o velho Savage é diagnosticado com demência. É hora de cuidar do pai que não cuidou bem de seus filhos. Há males, como você sabe, que vêm para o bem. E este pode ser o tardio rito de passagem para a vida adulta que Jon e Wendy estavam esperando.

Com a conexão estabelecida com o público, todos se preparam para um dramalhão, certo? Errado! Isso é um filme independente. E a emoção não pode ganhar uma proporção exagerada, certo? Não exatamente. Calma, deixe-me explicar, porque é mais ou menos assim: A Família Savage pode ganhar uma ou outra reclamação do fã radical do circuito alternativo, mas também pode ser apreciado por aqueles que admiram um típico dramalhão hollywoodiano.

Para começar, achei curioso como Tamara Jenkins exagerou na utilização de um recurso tão clichê como colocar o personagem dentro de um carro acompanhando pelo vidro a paisagem se deslocando constantemente do lado de fora, o que é um indício de mudança ou movimento. Não vejo mal neste exagero, porque é isso o que mais fazemos dentro de um carro: pensar na vida.

Há muito sentimento guardado neste filme, que não deixa de ter seus cacoetes de produção independente, mas que também não se prende às regras deste tipo de cinema que prega a economia de imagens e sentimentos. Em algumas partes, A Família Savage parece uma produção setentista dramática com um equilíbrio perfeito entre a quantidade de lágrimas e as emoções contidas. Mas só parece, pois sabemos de sua origem independente. E é esse "nem lá, nem cá" que torna o filme cada vez mais interessante até sua última cena.

O bom uso da trilha sonora instrumental, algo abandonado nos filmes atuais, e ainda por cima numa comédia dramática, também comprova essa divisão entre o velho e o novo cinema em A Família Savage. Tamara sabe qual é a sua escola cinematográfica, mas é uma aluna aplicada que estudou muito bem seus velhos professores da academia clássica da sétima arte.

Também fica impossível focar na anti-dramaticidade quando temos dois atores como Laura Linney e Philip Seymour Hoffman comandando o show. Quando eles estão em cena, o cinéfilo agradece e os tiques do cinema independente se recusam a dominar o espetáculo - mesmo quando surge a famosa e descarada tela escura com as palavras "Seis Meses Depois...", um artifício quase sempre preguiçoso e medroso para não deixar o espectador viver o ápice do drama.

Embora a verdade nua e crua da vida não tome conta de A Família Savage, ainda falta aquela cena mágica e especial que torna um filme inesquecível. Alguns momentos caminham para isso, mas o ponto de vista romântico jamais surge. E isso não é um mandamento em produções independentes. Lembre-se, por exemplo, da cena final de um filme que também analisa conflitos familiares na formação de uma pessoa. Falo de A Lula e a Baleia, de Noah Baumbach, que começa de forma contida, mas revela uma conclusão poderosa, emotiva, quando o garoto caminha para superar seus medos ao encarar a lula e a baleia. Naquela cena, repare na presença de um diretor apaixonado e focado em seus personagens, mas com uma visão romântica no movimento da câmera e no uso crescente da trilha. É isso o que falta a Tamara Jenkins.

Mesmo longe da perfeição, A Família Savage pode ser assistido sem problemas. Embora pareça mais um filme independente de coração petrificado, suas camadas revelam uma certa emoção que desabrocha lentamente. Graças a um bom e honesto roteiro e ao elenco, incluindo o veterano Philip Bosco com uma ótima atuação, mas difícil de ser lembrada num filme com Laura Linney e Philip Seymour Hoffman.

A Família Savage (The Savages, 2007)
Direção: Tamara Jenkins
Roteiro: Tamara Jenkins
Elenco: Laura Linney, Philip Seymour Hoffman, Philip Bosco e Peter Friedman

Obs: Disponível em DVD pela Fox.

quinta-feira, agosto 14, 2008

Crônica indecente de uma mente hollywoodiana

A história que você vai ler aconteceu de acordo com a minha maturidade da época em questão. Ainda aqui? Então, vamos lá.

Confesso que antes de Instinto Selvagem, eu era um garoto muito tímido. Mas tímido de um jeito capaz de impedir qualquer um de diferenciar uma pimenta malagueta do meu próprio rosto.


As garotas adoravam me chamar de "bonzinho" e eu gostava daquele pseudo-elogio. Naquela época, eu não sabia disso, mas hoje sei o que "bonzinho" significa. Mas não culpo nenhuma delas, afinal eu era um moleque que fazia molecagem como qualquer outro bom garoto ao lado dos amigos mentalmente inferiores e retardados comparados às meninas.

E embora eu já fosse 'cinefilamente' ativo, isso não ajudava em nada na tentativa daquele pequeno macho se aproximar das amiguinhas do modo que queria. Explico: sorrir como Tom Cruise, em Top Gun, não impressionava. Olhar como o jovem Indiana Jones de Harrison Ford também não adiantava. O jeito foi apelar para as falas de Harry & Sally, mas as garotas daquela idade não assistiam a filmes com Billy Crystal quando Patrick Swayze e Rob Lowe davam Ibope.

Mas o problema não estava nas garotas. Eu precisava mesmo amadurecer e, ok, tudo tem o seu tempo. Na educação dada pela família de cada um de nós, os mais velhos sempre tentam preservar a inocência da criançada, embora os cinemas daquele período exibissem filmes como 9 1/2 Semanas de Amor e Atração Fatal, que permaneceram em cartaz por muito tempo se você não sabe. Mas nossos pais, tios e avós tinham razão: era preciso ir devagar com a sede ao pote e aproveitar cada fase da vida.

Porém, Deus escreve certo por linhas tortas. Em um belo dia, eu consegui entrar numa sessão de Instinto Selvagem graças aos meus amigos bem mais altos. Eu sabia que o diretor Paul Verhoeven havia feito RoboCop e O Vingador do Futuro (dois filmes que fazem a minha cabeça até hoje), que Michael Douglas fez Tudo Por uma Esmeralda e correu da mulher loira, mas feia, que assou o pobre coelhinho na panela, e que Sharon Stone esteve em O Vingador do Futuro (e era uma loiraça mais bonita que a Madonna). Tudo bem, eu sabia que Instinto Selvagem não era para menores. Só que a teoria não é como a prática e a minha vida mudou para sempre na famosa cena do interrogatório.


Não que eu jamais tivesse visto um filme tarja preta que ficava num departamento secreto das locadoras. Ou que eu nunca tivesse testemunhado, até ali, uma cena de sexo na TV numa época ainda dilacerada pela força da palavra "tabu". Mas ver algo daquele calibre na tela do cinema, amigo, confesso que foi uma experiência inédita. Quando Sharon dramatizou, o cinema veio abaixo. PIMBA! Não me concentrei mais e o filme acabou pra mim. Só fui entender o restante quando aluguei a fita na locadora meses depois. Se você está rindo neste momento é porque deve ter visto Instinto Selvagem somente na telinha graças ao seu gigantesco e jurássico vídeo cassete. Pois garanto que na telona, senhoras e senhores, o impacto é muito maior.

Eu era garoto e sabia que não merecia aquilo. Falo em merecer da seguinte maneira: eu não conquistei Sharon Stone para viver um momento de tamanha intimidade, certo? Para mim, aquilo também não foi como ver a Madonna dançando no clipe de Like a Virgin ou Papa Don't Preach. Nem foi como "ler" escondido da vigilância familiar as Playboys da Carla Marins e da Luma de Oliveira. Aquilo foi uma mensagem que falou a minha língua e eu captei o significado sem dificuldades. Pro inferno com as "bondades" que fiz para as garotas de outrora!

Com todo o respeito, mas dali pra frente, as meninas ganharam, eu ganhei e tudo ficou mais fácil. O importante é que acredito no cinema falando mais alto na educação e formação deste que vos escreve como um adulto responsável. Ninguém me ensinou na escola, pois o cinema é a minha vida. Obrigado, Sharon Stone!

quarta-feira, agosto 13, 2008

O templo sagrado


No meu tempo, ir ao cinema era muito mais divertido. Jamais pensei que diria uma expressão como "No meu tempo" (tão antiga quanto a Confeitaria Colombo), mas é verdade. Primeiro porque eu ainda era criança. E embora eu insista em não revelar a minha idade aos fiéis e bravos leitores, os filmes apresentavam não uma inocência em relação aos dias de hoje, mas uma sensação de frescor. É como se o cinema fosse mais jovem, porém cheio de potencial para ousadias. Assim como eu naquele Rio de Janeiro, que ainda estava longe de amedrontar o resto do País (e do mundo) com suas notícias a respeito de violência e criminalidade.

O Flamengo ainda era motivo de alegria e os cinemas de rua reinavam - mas já com seus dias contados. Perto de casa, tinha o Carioca, o América, o Bruni-Tijuca, o Art-Tijuca... Fui muito com o meu pai, minha avó, minhas tias, meus primos e amigos. Vi alguns dos melhores filmes que um menino poderia carregar para o resto da vida. Naquela época, eu pagava um só ingresso e podia passar o dia inteirinho dentro do cinema. Se quisesse, claro. Se o filme fosse ótimo, não custava nada revê-lo pelo preço de um. Você também podia ver o filme e repetir a dose só pra beijar a garota mais bonita. Ou não necessariamente nesta ordem.


Como você sabe, muitos desses saudosos cinemas acabaram como auditórios para mercenários gritarem o nome do personagem principal daquele filme sangrento do Mel Gibson em vão. Ou viraram multiplexes - o que neste caso, veio para o bem, pois o público aumentou. Isso é fato.

Mas a presença de um público maior não significa que estamos falando de uma comunidade exclusiva de cinéfilos. O cinema virou apenas parte do passeio da garotada. Aliás, muita gente acha que a sala escura é uma extensão do shopping. E essa falta de vínculo com a arte por grande parte deste público atual não consegue entender que dentro do cinema, o espectador está concentrado no filme. E não em torpedos ou iPhones. Em português claro, aquilo não é a casa da Mãe Joana. É um templo sagrado. Ou, pelo menos, já foi. É óbvio que ainda é um lugar perfeito para beijar a garota mais bonita, mas ainda é a casa daqueles que dividem o amor da bela acompanhante com bonitões como Spielberg, Scorsese, Kubrick e Fellini.

Em imagem, som e conforto, os cinemas definitivamente evoluíram. Agora, em São Paulo, tem até um com mesinha para copos e guloseimas, além de apoio para os pés. Só vendo pra crer, pois o cinema só falta falar e abanar o rabinho. Custa os olhos da cara, mas você paga pelo conforto, claro. O que parece que regrediu é a educação e a mentalidade do público. A maioria que lota as salas de cinema está lá só para "zoar". E é do bolso de cada um desses trogloditas culturais que a indústria recebe "incentivo". É para eles que grande parte dos filmes é produzida.

Lembro de uma entrevista dada por George Lucas na época de Star Wars - Episódio I, em 1999. Ele disse que os multiplexes seriam capazes de oferecer diversos tipos de filmes para diferentes públicos. E que a grana de um blockbuster geraria mais e melhores filmes baratos para os estúdios. Na verdade, sabemos que não foi bem assim que aconteceu, afinal quantas salas sobram para filmes como O Escafandro e a Borboleta e A Família Savage? E quantas estão passando Batman - O Cavaleiro das Trevas? O filme de Christopher Nolan é ótimo, não me entenda mal, mas outros títulos pouco comerciais não rendem tanto para exibidores, distribuidores e os próprios estúdios.

Alguma coisa precisa mudar novamente. Como mudou na época do sumiço dos cinemas de rua. Pelo simples prazer de ver qualquer tipo de filme no cinema. No templo sagrado. Não acho que o cinéfilo tenha de recorrer a pirataria para ver O Escafandro e a Borboleta. É claro que o filme de Julian Schnabel entrou em cartaz, mas quem não o viu na primeira ou na segunda semana, já precisou correr para outro cinemão longe de casa. Ou do trabalho. E isso acontece porque quem trabalha com este negócio precisa lucrar. Seria compreensível para qualquer um, exceto para um romântico apaixonado por cinema.

Eu só queria pegar um cineminha pra ver Batman e O Segredo do Grão sem ter de pular de uma zona a outra da cidade. Só isso. Sei que não é assim que funciona e é por isso que eu digo: Ser cinéfilo não é pra quem quer. É pra quem pode.

segunda-feira, agosto 11, 2008

Rindo à toa

Com cerca de US$ 442 milhões arrecadados, Batman - O Cavaleiro das Trevas já é a terceira maior bilheteria norte-americana da História.

Até agora, o filme de Christopher Nolan está atrás apenas de Titanic (US$ 600 milhões) e o Guerra nas Estrelas original (US$ 461 milhões).

No mundo inteiro, no entanto, O Cavaleiro das Trevas ainda não ultrapassou o campeão do ano, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal. De acordo com o site IMDB, Batman está na 29ª posição, enquanto o quarto Indy está no 24º lugar. Mas parece questão de tempo...

Vamos ver onde esses números vão parar, mas não acho que Titanic esteja com o seu primeiro lugar ameaçado. A previsão que posso fazer no momento é a seguinte: será muito difícil não ver um terceiro filme da série com Christian Bale como o Morcegão. E aposto que Christopher Nolan aceita o desafio de (tentar) superar O Cavaleiro das Trevas.

domingo, agosto 10, 2008

Entrando mudo e saindo calado


Na última sexta-feira, eu estive na abertura da 2ª Jornada Brasileira de Cinema Silencioso, realizada pela Cinemateca e patrocinada pelo Santander, em São Paulo. O charme do evento, além de colocar o cinéfilo frente a frente com produções raras do cinema mudo, é acompanhar a sonorização da projeção com orquestra ao vivo.

A foto acima é do filme japonês Policial (Keisatsukan, 1933), de Tomu Uchida, que teve a honra de abrir a mostra, que inclui obras de cineastas como F.W. Murnau, King Vidor, Victor Sjostrom, Yasugiro Ozu e Kenzo Mizoguchi.

É claro que o evento está cheio de bichos-grilos munidos de cigarros, olhares blasé e um sono danado, mas essa é uma oportunidade praticamente única para qualquer cinéfilo que se preze. Nem que seja para relaxar e curtir o momento, a orquestra, além de alguns minutos de silêncio (quebrado apenas pelo som do projetor).


A 2ª Jornada Brasileira de Cinema Silencioso fica até o dia 17 de agosto na Cinemateca (Largo Senador Raul Cardoso, 207), em São Paulo.

sábado, agosto 09, 2008

Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos escolhe os 10 melhores filmes dos anos 90


A Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos, que inclui diversos blogs de cinema (o Hollywoodiano é um deles) divulgou a lista dos 10 Melhores Filmes dos Anos 90. Central do Brasil, de Walter Salles, é um deles. Mas quem ficou com o primeiro lugar?

Antes de qualquer coisa, por ser parte da organização da Sociedade, peço desculpas a todos pela demora na divulgação da lista. Mas, enfim, veja o Top 10 no blog da Sociedade neste link. Concorda com o resultado? Discorda? Dê a sua opinião. E aguarde novas atividades da Sociedade.

Obs: Quem tem um blog de cinema, pode participar da Sociedade enviando seus dados para blogueiroscinefilos@gmail.com. Agradeço a todos que votaram e, especialmente, aos amigos Vinicius e Kamila.

quarta-feira, agosto 06, 2008

Não Estou Lá


O que mais me incomoda em cinebiografias é imaginar que podemos compreender um ser humano somente por sua obra e, principalmente, por deslizes ou polêmicas em que o artista se envolve. Mas é assim na vida real, não? As pessoas julgam umas às outras sem a menor razão e esquecem de cuidar de suas próprias vidas. É por isso que Não Estou Lá (I'm Not There, 2007), de Todd Haynes, é o exemplar do gênero mais original, complexo e fascinante em muito, mas muito tempo mesmo.

Isso demorou a acontecer porque um dos problemas do aparentemente irreversível processo de infantilização (ou vulgarização) do cinema nos dias de hoje está na habitual entrega de um filme com todo o seu conteúdo devidamente mastigado para o público não ter o mísero trabalho de pensar - por sinal, um direito nosso. E quando algum artista propõe tal oportunidade, a esmagadora maioria despreza uma obra de arte como esta realizada pelo excelente diretor de Velvet Goldmine e Longe do Paraíso.

Para embarcar na viagem proposta por Todd Haynes, você não precisa ser necessariamente um fã de Bob Dylan. Ok. Ser fã ajuda a reconhecer cada fase, composição ou atitude de Dylan. Mas como mostra o diretor, isso não é suficiente para decifrar as palavras, as reações e as intenções do mito. O olhar de Haynes em Não Estou Lá é íntimo, abstrato, místico e surreal. O filme pode parecer um pouco longo, mas é cinema como arte, que precisa ser analisado e interpretado por quem o vê (e ouve) de forma íntima e pessoal.

Acredito, inclusive, que o ato de interpretar um filme, uma música ou até mesmo um livro não está exatamente naquilo que você olha ou escuta. Uma música, por exemplo, não deve ser interpretada somente por sua letra. Ou por sua musicalidade. E seja lá o que você tire disso, o significado não exatamente representa o que seu autor pensa ou faz. Bob Dylan jamais explicou suas razões sociais ou políticas. Mas isso não impede seu julgamento por grande parte de quem observa e analisa a vida dos outros.

Não importa o que Dylan quer dizer com a sua música ou com suas atitudes. Ninguém é capaz de julgar um ser humano à primeira vista. Aliás, ninguém se conhece por completo. Um dia, você acorda de um jeito; no outro, você acorda totalmente diferente. Então, como somos capazes de afirmar que conhecemos outra pessoa por completo somente por uma ou outra atitude dela? Esse é o espírito do filme de Todd Haynes. Apenas viva a experiência de compartilhar um pouco dos segredos e das idéias de um ídolo.

Pensando assim, Não Estou Lá é a tradução correta para o português de quem enxerga só até onde alcança o seu próprio nariz. I'm Not There, o título original, é uma das canções mais espetaculares de Dylan - cantada no filme por Cate Blanchett e tocada nos créditos finais com as guitarras rasgadas da banda Sonic Youth. O fato é que Dylan está neste filme. E, ao mesmo tempo, não está. Trata-se de uma cinebiografia fictícia feita para girar dentro da cabeça do espectador ou de um fã de Bob Dylan por um longo tempo. Não Estou Lá é a representação visual da sensação de fechar os olhos, ouvir música e sonhar.

É uma jornada dentro daquilo que imaginamos ser a alma de um artista personificado na tela por seis atores diferentes: Marcus Carl Franklin, Ben Whishaw, Christian Bale, Heath Ledger, Cate Blanchett e Richard Gere. Nem mesmo a parte surrealista interpretada por Richard Gere deve ser julgada numa primeira impressão. E talvez a parte protagonizada por Cate Blanchett seja a mais carismática e acessível ao grande público. Aliás, Cate é extraordinária. Ela está insana como o Bob Dylan que briga com o folk e gera a ira de fãs e imprensa. Em sua última cena, note o olhar silencioso de Cate para o espectador. É a intimidade que eu citei. Não é preciso explicar. Você só precisa ver, ouvir e elaborar sua própria opinião.

Cate Blanchett está sobrenatural, mas cada integrante do elenco embarcou na fantasia de Todd Haynes, que compôs uma enigmática canção sobre os vários recursos da linguagem cinematográfica. Se os atores, o público e a crítica entenderam, eu não entro na discussão. Eu sei é que fiquei completamente chapado com Não Estou Lá.

Não Estou Lá (I'm Not There, 2007)
Direção: Todd Haynes
Roteiro: Todd Haynes e Oren Moverman
Elenco: Marcus Carl Franklin, Ben Whishaw, Christian Bale, Heath Ledger, Cate Blanchett, Richard Gere e Julianne Moore

Obs: Disponível em DVD pela Europa Filmes

terça-feira, agosto 05, 2008

Arquivo X - Eu Quero Acreditar


Como fã da série criada por Chris Carter, eu diria que o filme Arquivo X - Eu Quero Acreditar (The X-Files - I Want to Believe, 2008) é um episódio longo, um pouco mais sério que a maioria (alguns são assim mesmo), mas que não está entre os melhores, porém, apresenta um resultado satisfatório para quem conhece um dos maiores fenômenos da TV norte-americana. Como filme feito para a telona, no entanto, Eu Quero Acreditar é monótono, arrastado, nada impressionante, não justifica o sucesso da série para os leigos e fica no mesmo nível de thrillers de segunda categoria encomendados por Hollywood.

Dez anos depois dos acontecimentos do último filme, Arquivo X - Eu Quero Acreditar começa com o desaparecimento da agente do FBI Monica Bannan (Xantha Radley). Liderando as investigações, a agente Dakota Whitney (Amanda Peet) tem a inesperada ajuda do Padre Joe (Billy Connolly), que jura de pés juntos que tem visões sobre o paradeiro da moça. Como o assunto foge do controle de quem não acredita em figuras como ETs, o Coelho da Páscoa, o Papai Noel, o Saci e o Bicho Papão, Dakota pede ajuda a dois experts: os ex-agentes Fox Mulder (David Duchovny) e Dana Scully (Gillian Anderson, que evoluiu como atriz).

Para os fãs, o interessante é conhecer o rumo tomado por Mulder e Scully depois que ambos deixaram o FBI e as conspirações governamentais para trás. Scully deu continuidade a sua profissão original, a medicina, enquanto Mulder permaneceu, graças a Deus, esquisitão e vivendo isolado da Humanidade com uma barba quase do tamanho daquela usada por Tom Hanks, em Náufrago. Ambos continuam os mesmos - ele acredita em tudo aquilo que você não acredita. Ela ainda é cética por natureza. Juntos, eles são perfeitos.

Lógico que a conclusão da trama é bizarra, mas o criador da série, que estréia na direção, conduz tudo com uma preguiça desgraçada. Embora Mulder e Scully estejam no filme (claro, isso é Arquivo X), assim como o tema musical que toda criança deveria aprender na escola de sua educação cultural, nada justifica a realização do longa. Como cinema, não é só a trama que é sofrível. Tecnicamente, Arquivo X - Eu Quero Acreditar é de uma pobreza imperdoável. Carter poderia ter feito um episódio especial para a TV, pois até a edição lembra o formato original da série. Mas a televisão de hoje já evoluiu. Enquanto Carter pensa com a cabeça dos anos 1990, a qualidade atual das produções de TV, semelhante ao formato para cinema, mostra que o autor parou no tempo.

Mas o que impede a trama de agarrar você na cadeira é a parte do roteiro que acompanha um drama profissional de Scully, que tenta salvar um menino com uma doença terminal. Está certo que isso está lá para mostrar que ela "precisa acreditar", como diz o título. Scully não tem a fé intensa carregada por Mulder e o filme gira em torno da aceitação (ou não) da ex-agente pela luz (ou pela escuridão), um destino que Mulder já aceitou faz tempo. Mas os fãs já conhecem as personalidades de Mulder e Scully de longe. E pelo tratamento dado por Carter, quem nunca assistiu a Arquivo X vai precisar de um large coffee para segurar o sono.

Os fãs, pelo menos, têm um ou outro momento para perdoar o autor. Eu pulei na cadeira quando vi a foto de um cachorrinho no jornal, por exemplo. Se você está rindo, então dê uma olhada no bichinho quando ele aparecer pela primeira vez. Outra parte que vale uma atenção é a melhor cena do filme, que acompanha uma discussão entre Scully e o Padre Joe. Não que seja uma grande cena, mas é a melhorzinha.

Isso é pouco para quem esperou pela volta de Arquivo X. Faltou mais escuridão, mais nervosismo, mais tensão - não aqueles sustos gratuitos dos filmes de terror de hoje em dia. Falo da tensão natural transmitida pelos melhores episódios da série. Mas parece que Chris Carter não está preocupado com mais nada. Eu só gostaria que os iniciantes em Arquivo X soubessem que a série é infinitamente superior a este filme.

Arquivo X - Eu Quero Acreditar (The X-Files - I Want to Believe, 2008)
Direção: Chris Carter
Roteiro: Frank Spotnitz e Chris Carter (Baseado na série de TV criada por Chris Carter)
Elenco: David Duchovny, Gillian Anderson, Amanda Peet, Billy Connolly, Xzibit, Mitch Pilleggi e Xantha Radley

segunda-feira, agosto 04, 2008

A Múmia - Tumba do Imperador Dragão


Nunca fui um grande fã dos filmes A Múmia, de 1999, e O Retorno da Múmia, de 2001. Mas assisti-los pela primeira vez sempre foi uma experiência divertida - daquelas de zerar o cérebro, esquecer seu próprio nome, obrigações e tudo o que estudou durante toda a vida. Quando a sessão terminava, porém, os filmes se recusavam a entrar na memória dos espectadores.

A Universal até pode usar a desculpa do filme de 1999 ser uma versão de ação e aventura do terror clássico do estúdio protagonizado por Boris Karloff, em 1932. Mas o diretor Stephen Sommers, que assinou os dois primeiros longas, bebeu mesmo na fonte de Os Caçadores da Arca Perdida. E até tentou ser Steven Spielberg, mas passou longe. A Universal, no entanto, quis mais. Com Sommers interessado em outros projetos (como G.I. Joe), o estúdio contratou um diretor ainda mais capenga, Rob Cohen (de Velozes e Furiosos, Triplo X) para fechar (será?) a trilogia que ninguém pediu. Mas em A Múmia - Tumba do Imperador Dragão (The Mummy - Tomb of the Dragon Emperor, 2008), Rob Cohen mostrou ser ainda mais fã de Stephen Sommers do que Steven Spielberg. Aí já viu... Sobra para o espectador.

Tudo que aparece neste novo filme é descartável e desnecessário. Se Sommers se repetiu em O Retorno da Múmia, Cohen repete o que deu certo e errado nos dois primeiros filmes. Não se trata nem de ver mais da mesma diversão. Mas de pagar pra ver a mesma história pela terceira vez sem qualquer novidade, além da troca de cenário e dos rostos do vilão e da mocinha. Sai o ridículo Imhotep (Arnold Vosloo) no Egito, entra o ridículo Imperador Han (Jet Li) na China (hmm... e o filme estreou exatamente na semana do início do jogos olímpicos). Mas a grande perda está na saída de Rachel Weisz como a mulher do aventureiro Rick O' Connell (Brendan Fraser). A personagem, Evelyn, continua lá, mas interpretada pela atriz Maria Bello. Coitada. A culpa não é dela se o filme é um desastre. Nem Rachel Weisz salvaria.

O problema para sustentar mais uma seqüência é que a mistura de Stephen Sommers com Rob Cohen não dá um Steven Spielberg. A Múmia também não é a série Indiana Jones. Rick O' Connell não tem o apelo de Indy e continua com um péssimo tratamento no desenvolvimento de seu personagem por parte dos roteiristas - desta vez, nem os autores de Smallville (Alfred Gough e Miles Millar) ajudaram. Quer mais? Brendan Fraser está longe de ter o carisma de Harrison Ford. E A Múmia não tem uma trilha marcante como a de John Williams. Aliás, A Múmia mal teve fôlego para agüentar um filme. Imagine três. E tem gente que fala mal de Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, que é entretenimento puro sim. Mas é, antes de tudo, cinema. E feito por quem domina o ofício e a arte.

Ah, claro. A Múmia - Tumba do Imperador Dragão tem muito mais ação que O Reino da Caveira de Cristal. E muito mais efeitos digitais. Se é isso o que você quer, então espero que saia satisfeito do cinema. Também não se esqueça que os diálogos e os acontecimentos ofendem a inteligência. Não falo das famosas cenas " mentirosas" de um típico filme do gênero, mas da insistência em explicar a ação para o espectador - um personagem vem e antecipa o que será mostrado a seguir com uma frase engraçadinha -, o que tira qualquer surpresa. Nisso, o personagem-alívio-cômico de John Hannah (com suas piadas com timing de Tom Cavalcante) é craque. Se ele não explica antes da cena, o cara aparece para explicar depois.

Resumindo, você já viu esse filme antes. Mas por ser uma produção voltada para o entretenimento, Tumba do Imperador Dragão é como o ataque do Flamengo. Você cultiva a esperança de que vai sair algo interessante de dez em dez minutos, mas a conclusão da cena/jogada termina de forma patética. O pior de tudo é constatar que A Múmia e O Retorno da Múmia são muito superiores. E que um vilão sem vergonha como Imhotep faz falta. Aliás, a cena final é a deixa para um provável quarto filme. Aqui, neste blog, sinto muito, mas você não lerá críticas sobre A Múmia IV.

A Múmia - Tumba do Imperador Dragão (The Mummy - Tomb of the Dragon Emperor, 2008)
Direção: Rob Cohen
Roteiro: Alfred Gough e Miles Millar
Elenco: Brendan Fraser, Jet Li, Maria Bello, Luke Ford, Michelle Yeoh, John Hannah e Isabella Leong

sexta-feira, agosto 01, 2008

As 10 séries favoritas do Hollywoodiano

Em ordem alfabética:

Ally McBeal


Arquivo X


Família Soprano


Friends


House


Jornada nas Estrelas


Lost


Seinfeld


Os Simpsons


24 Horas



O critério utilizado: as séries que viraram (e ainda viram) a minha cabeça.
E é lógico que tenho a minha favorita entre as dez. Mas e quanto a você? Qual é a sua lista?