segunda-feira, dezembro 31, 2007

Feliz 2008

Aproveito o post para desejar a vocês um FELIZ ANO NOVO! Que 2008 traga muita alegria, paz e saúde para todos nós! E, claro, grandes filmes!

Abaixo, veja uma das cenas eternas do cinema. Um dos momentos mágicos que a sétima arte imortalizou. Que este seja o clima para 2008... tirando a chuva...

domingo, dezembro 30, 2007

Sobrevivemos a 2007 para contar - Parte II


Julho

• O maravilhoso Ratatouille chega aos cinemas.

• O canal Fox fez uma das grandes lambanças do ano ao exibir suas séries dubladas em português de uma hora para outra. E sem aviso.

Harry Potter e a Ordem da Fênix dividiu opiniões, mas os cofrinhos da Warner ficaram cheios.

Família Soprano liderou o número de indicações ao Emmy em 15 categorias entre as séries dramáticas. Ugly Betty reinou em comédia com 11 indicações, sendo seguida de perto por 30 Rock (com 10).

• Michael Bay deixou um monte de gente com dor de cabeça nas sessões de Transformers.

• A atriz Karen Allen, a Marion Ravenwood de Os Caçadores da Arca Perdida, foi confirmada no elenco de Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal.

• Os cineastas Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni deixaram saudades.

Agosto

• A primeira temporada de Heroes chega ao final no Brasil. Os fãs ainda não imaginavam que o segundo ano seria uma bomba.

Duro de Matar 4.0 e O Ultimato Bourne mostram ao público (e a Hollywood) que filmes de ação podem ser (muito) bons.

• Os fãs de O Caçador de Pipas conferem o trailer da adaptação de Marc Forster (Em Busca da Terra do Nunca, Mais Estranho que a Ficção) para o cinema.

• O longa-metragem de Sex and the City é confirmado.

• O jornal O Estado de S. Paulo ataca os blogs.

Os Simpsons invadem os cinemas de todo o mundo.

• Nasce a Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos.

Setembro

• Ang Lee volta a ganhar o Leão de Ouro no Festival de Veneza, por Lust, Caution. Em 2005, ele também recebeu a estatueta, por Brokeback Mountain.

• A Paramount divulga o título oficial Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal para a quarta aventura do personagem interpretado por Harrison Ford.

• Jon Stewart é anunciado como apresentador do próximo Oscar.

• O trailer de Youth Without Youth traz imagens do primeiro filme de Francis Ford Coppola em 10 anos.

Família Soprano e 30 Rock fazem a festa no Emmy Awards.

Tropa de Elite abre o Festival do Rio.

• O ator Anthony Daniels, o C-3PO de Star Wars, veio ao Brasil para celebrar os 30 anos da saga de George Lucas. Ele prometeu voltar em março.

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias é indicado para tentar uma vaga no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro pelo Brasil.

• O diretor, roteirista e produtor Judd Apatow investe no futuro da comédia com Ligeiramente Grávidos.

• John Travolta dá a volta por cima (de novo) com Hairspray. E nasce uma estrela: Nikki Blonsky.

Outubro

• O lendário cineasta Sidney Lumet volta com Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto. E ganha elogios da crítica.

• Depois de fazer a alegria dos camelôs, Tropa de Elite finalmente chega aos cinemas e consagra o talento do ator Wagner Moura.

• O blog HOLLYWOODIANO completa 1 ano.

• A atriz francesa Marion Cotillard impressiona o público brasileiro com sua atuação em Piaf - Um Hino ao Amor.

• Deborah Kerr dá um passo para a eternidade.

• HOLLYWOODIANO assiste a sete filmes da 31ª Mostra Internacional de Cinema: O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford, À Prova de Morte, Desejo e Reparação, No Vale das Sombras, Across the Universe, Na Natureza Selvagem e Onde os Fracos Não Têm Vez. Além disso, o blog esteve na cerimônia de encerramento, que premiou Na Natureza Selvagem como o filme estrangeiro favorito do público. Na seqüência, Onde os Fracos Não Têm Vez fechou a Mostra.

Novembro

• Os roteiristas de Hollywood entram em greve e colocam o futuro do cinema e da TV em risco. Ou será que vem aí uma mudança para melhor na indústria?

• Edward Norton, Tim Roth e William Hurt vão ao Rio de Janeiro para filmar cenas de The Incredible Hulk na favela de Tavares Bastos, no bairro do Catete.

• Judd Apatow dá outra prova de seu talento para a comédia com Superbad.

• Hollywood ataca a guerra no Oriente Médio e os brasileiros assistem aos primeiros filmes dessa leva: Leões e Cordeiros, O Preço da Coragem, O Reino e No Vale das Sombras.

• Joaquin Phoenix dá um show em Os Donos da Noite, o filme mais injustiçado do ano.

• Surgem as primeiras imagens de Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal.

Dezembro

A Lenda de Beowulf prova que Robert Zemeckis enlouqueceu. Saudades dos bons tempos de filmes como De Volta Para o Futuro e Uma Cilada Para Roger Rabbit.

• Começa a temporada de prêmios em Hollywood. Críticos e sindicatos revelam seus favoritos em 2007. O Globo de Ouro dá uma bela vantagem ao épico romântico Desejo e Reparação, que lidera a lista com sete indicações.

• Os fãs de Sex and the City assistem ao primeiro teaser do filme.

• E o trailer de Batman - O Cavaleiro das Trevas deixa os fãs com o queixo no chão.

• A New Line e Peter Jackson chegam a um acordo e a adaptação de O Hobbit vai mesmo sair do papel com a supervisão do diretor de O Senhor dos Anéis.

• Amy Adams "encanta" o mundo com sua atuação em Encantada.

A Bússola de Ouro decepciona crítica e público e vai mal das pernas nas bilheterias - o que pode comprometer a realização das seqüências A Faca Sutil e A Luneta Âmbar.

sábado, dezembro 29, 2007

Os melhores da TV em 2007

HOLLYWOODIANO avaliou algumas das melhores séries exibidas no Brasil em 2007 e chegou ao veredicto. E isso não foi fácil. Abaixo, você pode ver as escolhas do blog para os grandes trabalhos do ano na TV americana.

OBS: Sobre cinema, os favoritos do HOLLYWOODIANO serão divulgados antes do Oscar. Não consigo considerar apenas filmes exibidos no Brasil em 2007. Tem que ser o ano de produção.

DRAMA

Melhor Série
PRISON BREAK

Melhor Ator
JAMES GANDOLFINI / Família Soprano

Melhor Atriz
SALLY FIELD / Brothers & Sisters

Melhor Ator Coadjuvante
WILLIAM FICHTNER / Prison Break

Melhor Atriz Coadjuvante
ALI LARTER / Heroes

COMÉDIA


Melhor Série
30 ROCK

Melhor Ator
STEVE CARELL / The Office

Melhor Atriz
TINA FEY / 30 Rock

Melhor Ator Coadjuvante
RAINN WILSON / The Office

Melhor Atriz Coadjuvante
JAIME PRESSLY / My Name is Earl

quinta-feira, dezembro 27, 2007

A Bússola de Ouro


Sinceramente, eu gostaria de comentar algo que me incomoda no cinema atual antes de falar qualquer coisa sobre A Bússola de Ouro (The Golden Compass, 2007), a adaptação do primeiro livro da série Fronteiras do Universo, de Philip Pullman.

Sinto falta de verdadeiros autores e de trilhas sonoras marcantes. John Ford disse uma vez que era "diretor de westerns". Sergio Leone também fazia westerns. Alfred Hitchcock viajava pelo suspense. David Lean fazia épicos megalomaníacos. Está certo que alguns grandes diretores conseguiram imprimir suas marcas em gêneros distintos como é o caso de Martin Scorsese, Steven Spielberg, Sidney Lumet, Stanley Kubrick, Sam Peckinpah, entre outros. Mas, hoje, autor mesmo... deixe-me ver... talvez Quentin Tarantino, Tim Burton, os irmãos Coen... Woody Allen, claro. O que quero dizer é o seguinte: alguns cineastas rendem mais quando se comprometem com um tipo específico de gênero, onde eles sentem mais liberdade e criatividade para contar uma história.

Dentro da fantasia, Spielberg sabe o que faz. Peter Jackson é outro. Tim Burton também. O que sinto falta neste A Bússola de Ouro é a presença de um diretor que ame a fantasia. O que o livro de Philip Pullman não precisa é de um roteiro adaptado jogado nas mãos de qualquer diretor. Ou de qualquer estúdio. Pobre Chris Weitz. Ele até se esforça, mas o resultado é burocrático. Bem sabe ele que se não fosse o próprio a dirigir A Bússola de Ouro, a New Line teria colocado a batata quente nas mãos de outro operário padrão. Talvez Weitz tenha algum apreço pela obra de Pullman e aceitou o desafio.

Chris Weitz veio de comédias como American Pie e Um Grande Garoto. Por que, então, ele tentou trilhar pela fantasia? Veja o caso de Peter Jackson, por exemplo: antes de O Senhor dos Anéis e King Kong, ele fez um filme trash aqui e outro ali, e depois realizou Almas Gêmeas. Todos com um pé na fantasia. Seu próximo fime, Uma Vida Interrompida, também tem a cabeça nas nuvens.

Enfim, A Bússola de Ouro é um filme sem magia com uma história rica contada às pressas. O resultado é frio, sem emoção alguma. Tudo parece muito rápido e jogado na tela. Uma cena é colada na outra sem a mesma intensidade da anterior - quero dizer que a emoção que começa a ser construída não é passada adiante. Parece que todo o material do livro foi condensado com a preocupação de explicá-lo aos desavisados, mas a impressão que fica é que faltam peças no quebra-cabeças. Não sei o que os fãs vão dizer, mas os iniciantes na história de Pullman têm tudo para tirar uma soneca no cinema.

Não há tempo para desenvolver os personagens nesta correria desenfreada. É muita informação em pouco tempo para situar o espectador neste mundo mágico. Fiquei com a sensação de que (tirando Dakota Blue Richards, que interpreta a heroína Lyra Belacqua) o elenco está ali para se divertir num filme que não é "sério". Talvez seja o resultado da edição, mas Nicole Kidman, Eva Green e Daniel Craig (grandes nomes do momento em Hollywood) são estranhamente desperdiçados. Nicole poderia render uma vilã inesquecível, mas tem pouco tempo para brilhar. A única relação que recebe uma atenção maior de Chris Weitz é a de Lyra com o urso polar Iorek Byrnison (voz de Sir Ian McKellen). Tanto é verdade que a luta entre o animal contra outro urso gera a cena mais emocionante do filme.

Nem vou comentar sobre a trama, porque não vale a pena. Se você quer conhecer a saga Fronteiras do Universo, compre os livros. É muito mais negócio. Claro que o filme não é de todo ruim. Os efeitos visuais, a fotografia, a direção de arte e os figurinos são competentes. A Bússola de Ouro é visualmente muito bonito, afinal tem Nicole Kidman, e essa Dakota Blue Richards é um achado. Mas sabemos que um bom filme não precisa somente de adornos.

Voltando à questão da trilha sonora, que ainda não comentei, acho que um material capaz de render um filme grandioso (épico ou não) é motivo de sobra para inspirar uma trilha instrumental bela e marcante. David Lean tinha essa parceria com Maurice Jarre. Sergio Leone com Ennio Morricone. Temos Steven Spielberg com John Williams, e Alfred Hitchcock com Bernard Herrmann. Não peço necessariamente uma parceria, mas onde estão as trilhas para entrar na história do cinema? Será que os cineastas não se preocupam mais com esse "detalhe"? Muitas vezes, a música é uma personagem do filme, mas Hollywood anda esquecendo disso. Hoje, temos Gustavo Santaolalla fazendo ótimos trabalhos em Brokeback Mountain e Babel. Mas além dele, quem mais se preocupa com a boa e velha trilha sonora no cinema? Esse é outro problema de A Bússola de Ouro: o compositor francês Alexandre Desplat já foi mais inspirado em trabalhos anteriores.

A Bússola de Ouro (The Golden Compass, 2007)
Direção: Chris Weitz
Roteiro: Chris Weitz (Adaptado do livro de Philip Pullman)
Elenco: Dakota Blue Richards, Nicole Kidman, Daniel Craig, Eva Green e Sam Elliott

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Ano novo, velhos heróis

Rambo
Estréia dia 22 de fevereiro

Homem de Ferro
Estréia dia 2 de maio

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal
Estréia dia 22 de maio


O Incrível Hulk
Estréia dia 13 de junho

Batman - O Cavaleiro das Trevas
Estréia dia 18 de julho

terça-feira, dezembro 25, 2007

Sobrevivemos a 2007 para contar - Parte I


Janeiro

• Babel ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme (Drama), enquanto Dreamgirls levou a estatueta de Melhor Filme (Comédia/Musical).

• HOLLYWOODIANO bateu um papo com Ben Affleck no site The Envelope.

• Mel Gibson voltou a chocar muita gente em Apocalypto.

• Steven Spielberg, George Lucas e Harrison Ford chegaram a um acordo para a quarta aventura de Indiana Jones ganhar vida.

Dreamgirls liderou as indicações ao Oscar em oito categorias, mas foi esquecido em Melhor Filme e Melhor Diretor. Babel veio logo atrás com sete indicações, inclusive nas principais. Babel, Os Infiltrados, A Rainha, Pequena Miss Sunshine e Cartas de Iwo Jima disputaram o prêmio de Melhor Filme.

Fevereiro

• Paul Schrader, diretor de Gigolô Americano e roteirista de Taxi Driver e Touro Indomável presidiu o júri do Festival de Berlim.

• Clint Eastwood lançou não um, mas dois filmaços de guerra: A Conquista da Honra e Cartas de Iwo Jima.

• Will Smith levou uma multidão às lágrimas em À Procura da Felicidade.

• Sylvester Stallone estrelou, escreveu e dirigiu Rocky Balboa, o sexto filme da série que o consagrou em Hollywood.

• Depois de conquistar a América, Sacha Baron Cohen tentou ganhar os brasileiros com Borat. Mas o público daqui, que costuma lotar comédias, não entendeu muito a brincadeira.

• Finalmente, Martin Scorsese ganhou um Oscar. Ele foi o Melhor Diretor, por Os Infiltrados, que também levou as estatuetas de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Montagem. Scorsese ganhou o Oscar das mãos dos ilustres colegas Francis Ford Coppola, Steven Spielberg e George Lucas.

Março

• O fenômeno Heroes chegou ao Brasil pelo Universal Channel.

• Rodrigo Santoro estreou em Lost (e foi o vilão de 300).

• Com Scoop, Woody Allen provou que ainda domina a comédia. Como se ele ainda precisasse provar alguma coisa...

• Sofia Coppola dividiu opiniões com seu Maria Antonieta. Mas a menina não tem medo de arriscar. E é assim que nascem os grandes filmes.

• 10 anos após Titanic, James Cameron saiu do exílio para começar Avatar, seu projeto ambicioso de ficção científica.

Abril

• A decepcionante sexta temporada de 24 Horas estreou no Brasil pela Fox.

Grindhouse naufragou nas bilheterias americanas e a Miramax decidiu dividir o filme em dois. Na verdade, são mesmo dois filmes: Planeta Terror, de Robert Rodriguez, e À Prova de Morte, de Quentin Tarantino. A decisão do estúdio dividiu opiniões.

• Tentaram acabar com a meia-entrada nos cinemas.

• Cho Seung-hui, estudante que matou mais de 30 pessoas antes de cometer suicídio no campus do Instituto Tecnológico da Virgínia (Virginia Tech), no dia 16 de abril, disparou mais de 170 vezes durante os nove minutos de duração do ataque no prédio de engenharia da universidade. Infelizmente, tentaram culpar o cinema. Mais uma vez.

Maio


• Apesar do excelente resultado nas bilheterias, Homem-Aranha 3 foi um dos filmes mais decepcionantes do ano.

• O maestro italiano Ennio Morricone se apresentou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Eu estava lá e fiquei sem palavras.

• Peter Jackson enviou um pacote a quase todos os principais estúdios - a
encomenda incluiu um roteiro de Uma Vida Interrompida, inspirado no livro homônimo de Alice Sebold, uma previsão de orçamento, a data de início das filmagens, as locações sugeridas, um CD com músicas dos anos 70 para a trilha e, claro, um pedido de leilão. A Dreamworks deu o lance mais alto e a iniciativa balançou Hollywood.

• Divulgaram as primeiras imagens do set de Australia, novo filme de Baz Luhrmann, com Nicole Kidman cheia de botox.

• Vimos o fim da trilogia Piratas do Caribe.

4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, do romeno Cristian Mungiu, ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes.

• O lendário John Wayne teria chegado aos 100 anos.

Junho


• O incompreendido cineasta David Fincher lançou Zodíaco. Por mais uma vez, quase ninguém entendeu o que ele quis dizer. O que é uma pena.

• Em carta oficial, Sean Connery decidiu não participar do novo Indiana Jones. O maior James Bond do cinema está mesmo aposentado.

• Depois de Platoon, Nascido em 4 de Julho e Entre o Céu e a Terra, o paranóico cineasta americano Oliver Stone retornou ao Vietnã com o início do projeto Pinkville.

• Christian Bale apareceu com armadura do Cavaleiro das Trevas durante as filmagens de The Dark Knight, a esperada seqüência de Batman Begins.

Spielberg ligou as câmeras para filmar o novo Indiana Jones. Pela primeira vez, em 18 anos, Harrison Ford apareceu com as roupas do herói.

Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, Treze Homens e um Novo Segredo e Shrek Terceiro chegaram aos cinemas.

• O American Film Institute atualizou sua lista dos melhores filmes de todos os tempos. Mas não houve surpresa: Cidadão Kane continuou em primeiro lugar.

segunda-feira, dezembro 24, 2007

Feliz Natal

Feliz Natal
a todos os HOLLYWOODIANOS

sexta-feira, dezembro 21, 2007

A Felicidade Não Se Compra


Não sei quantas vezes eu vi A Felicidade Não Se Compra (It's a Wonderful Life, 1946). Só sei que não me sinto bem no Natal se não fizer a tradicional reprise do maior clássico de Frank Capra.

Esse é o melhor e mais emocionante filme já feito não exatamente sobre o Natal, mas sobre o espírito que a data deveria proporcionar nas pessoas. No mundo inteiro. Tudo seria mais fácil e feliz se levássemos o filme a sério. É a comprovação do otimismo que marcou a carreira de Frank Capra, diretor de títulos maravilhosos que celebram a bondade que existe nos corações dos homens. São filmes inesquecíveis como Do Mundo Nada Se Leva, Horizonte Perdido, O Galante Mr. Deeds, A Mulher Faz o Homem e Este Mundo é um Hospício. Mas não adianta: A Felicidade Não Se Compra é a sua maior contribuição ao cinema.

James Stewart é George Bailey, um dos grandes personagens do cinema norte-americano. Ele é um homem comum, trabalhador, simpático e amado por todos. Só Bailey não sabe disso. Aos poucos, as dificuldades do dia-a-dia levam esse sujeito carismático a perder a fé e a vontade de viver.

George Bailey está prestes a cometer suicídio, quando recebe a visita de um anjo de segunda linha, Clarence (Henry Travers). O trato com Deus é o seguinte: se Clarence mostrar a George Bailey que a vida vale a pena, o anjo ganhará suas tão sonhadas asas.

É fascinante acompanhar a trajetória emocional e a transformação de George Bailey do início do filme até o final, quando ele perde a esperança. Essa mudança, muitas vezes, acontece com a maioria das pessoas. E quase nunca se sabe porque tudo chegou a tal ponto. O pior é que isso pode ser fruto da imaginação. No caso de George Bailey, ele só entende o quanto é importante para as pessoas de sua vida, quando alguém o pega pelo braço e lhe conta a verdade. É um conceito simples, que parece estar ali bem debaixo de nossos narizes. Mas nos momentos de tristeza, isso se torna estranhamente invisível, imperceptível.

Talvez você ainda não tenha visto A Felicidade Não Se Compra e vai se lembrar de filmes como Um Homem de Família, com Nicolas Cage, ou tantos outros. Mas é desta forma, que percebemos o quanto essa obra-prima de Frank Capra permanece até os dias de hoje. E A Felicidade Não Se Compra não é somente um "filme com mensagem bonita". Durante os anos, muita gente encontrou algo além do significado do espírito natalino e outros aspectos religiosos. Sei que o filme chega a ser utilizado em terapias e até mesmo em atividades motivacionais em empresas. Enfim, a perfeição pode ser inatingível e algumas perguntas sobre a nossa existência jamais serão respondidas. Mas Frank Capra só pode ter se aproximado do real sentido da vida. A verdade é que A Felicidade Não Se Compra acabou sendo obrigatório até para aqueles que não necessariamente amam o cinema.

Sua inesquecível cena final enche o coração de calor, alegria e emoção, mas também confirma a genialidade (e originalidade) do roteiro em sua época. É neste ponto em que dá vontade de voltar o filme inteiro e rever alguns detalhes como, por exemplo, lembrar os nomes e as características de todos os personagens que aparecem na casa de George Bailey na última cena.

Não há uma única vez em que esse momento não me faça chorar. Ou, ao menos, meus olhos ficam cheios d'água. Está rindo? Quero ver você aguentar quando o irmão de George Bailey brindar: "To my big brother George, the richest man in town". E ele não está falando sobre dinheiro.

A Felicidade Não Se Compra (It's a Wonderful Life, 1946)
Direção: Frank Capra
Roteiro: Philip Van Doren Stern, Frances Goodrich, Albert Hackett e Frank Capra
Elenco: James Stewart, Donna Reed, Lionel Barrymore, Thomas Mitchell e Henry Travers

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Sindicato dos Atores divulga seus favoritos

Hoje, o Sindicato dos Atores divulgou sua lista de indicados ao Screen Actors Guild Awards (o SAG Awards). Apesar das inesperadas ausências de Sweeney Todd e Desejo e Reparação, a lista é coerente e começa a dar indícios do que virá no Oscar - a grande maioria dos membros da Academia é formada por atores que também votam no SAG.

Into the Wild lidera com quatro indicações. Conduta de Risco e Onde os Fracos Não Têm Vez aparecem logo atrás com três cada.

A surpresa ficou por conta da indicação do faroeste Os Indomáveis, com Christian Bale e Russell Crowe (FOTO), na principal categoria: Melhor Elenco. E destaque para a divertida (e merecida) nova categoria que premia os grandes dublês do ano.

A cerimônia de entrega do SAG acontece no dia 27 de janeiro. Veja os indicados de cinema abaixo. A lista de TV pode ser vista aqui.

Melhor Ator
GEORGE CLOONEY / Conduta de Risco
DANIEL DAY-LEWIS / There Will Be Blood
RYAN GOSLING / Lars And The Real Girl
EMILE HIRSCH / Into The Wild

VIGGO MORTENSEN / Senhores do Crime

Melhor Atriz
CATE BLANCHETT / Elizabeth -
A Era de Ouro
JULIE CHRISTIE / Away From Her
MARION COTILLARD / Piaf - Um Hino ao Amor
ANGELINA JOLIE / O Preço da Coragem

ELLEN PAGE / Juno

Melhor Ator Coadjuvante
CASEY AFFLECK / O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford
JAVIER BARDEM / Onde os Fracos Não Têm Vez
HAL HOLBROOK / Into The Wild
TOMMY LEE JONES / Onde os Fracos Não Têm Vez
TOM WILKINSON / Conduta de Risco

Melhor Atriz Coadjuvante
CATE BLANCHETT / I’m Not There
RUBY DEE / O Gângster
CATHERINE KEENER / Into The Wild
AMY RYAN / Medo da Verdade
TILDA SWINTON / Conduta de Risco

Melhor Elenco
Os Indomáveis

O Gângster
Hairspray
Into the Wild
Onde os Fracos Não Têm Vez

Melhor Equipe de Dublês
300
O Ultimato Bourne
Eu Sou a Lenda
O Reino
Piratas do Caribe - No Fim do Mundo

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Encantada


Prometo não usar palavras derivadas de Encantada (Enchanted, 2007) nesta resenha, mas o clima festivo alcançado pela Disney no filme estrelado por Amy Adams realmente impressiona. Em primeiro lugar, gostaria de dizer que consegui assistir ao filme na única sala de São Paulo com áudio original e legendas em português. No caso de Encantada, essa versão faz a diferença.

A produção da Disney é uma tentativa bem-sucedida de resgatar os grandes filmes infantis da Hollywood clássica. Acima de tudo, tenta criar uma nova estrela de cinema. Não essas magrelas que precisam de um sanduíche. Não essas garotas recém-saídas de um American Idol da vida. Falo de uma legítima e carismática estrela. E Amy Adams é um belo nome. Ela canta, dança e atua tão bem, que sua imagem ingênua não parece caricata, mas real. Bom, eu acreditei em Amy Adams. E as crianças vão adorar, principalmente as meninas. Mas assistir ao filme com áudio em inglês ajuda a conquistar os adultos. São eles que entenderão as diversas referências a Branca de Neve e os Sete Anões, Cinderela, A Bela Adormecida, A Noviça Rebelde e Mary Poppins.

É uma sensação que emociona, contagia. Encantada narra a saga da princesa Giselle (Amy Adams), que vive num mundo animado da Disney sonhando acordada com a chegada de seu Príncipe Encantado (James Marsden). Depois de capturar um ogro verde (alfinetada sutil em Shrek?), ele finalmente encontra Giselle. Só que a mãe do Príncipe tagarela, a Bruxa Malvada (Susan Sarandon), não gosta nada da idéia e manda Giselle para a Times Square. Como a vilã diz, ela vai para um lugar onde não existem finais felizes. A partir deste momento, Encantada muda da animação para o live action. É uma realidade baseada nos desenhos - exatamente o oposto do que vemos na maioria dos filmes de hoje.

A atmosfera romântica proposta pelo roteiro de Encantada é interessante. Na vida real, não existe amor eterno. Pelo menos, é o que dizem para Giselle. E ela não consegue acreditar nisso. Perdida em Nova York, a princesa recebe a ajuda do advogado Robert Philip (Patrick Dempsey) e sua filha Morgan (Rachel Covey).

Numa cena, ele revela a Giselle que não brinca muito com a filha. Sua preocupação é educá-la para o mundo. Robert pensa que Morgan precisa crescer forte para não ser derrotada pela vida cruel. No dia-a-dia de pai e filha, não há tempo para a fantasia. Aos poucos, Giselle muda a forma de pensar do advogado, enquanto ela descobre o que significa viver com os pés no chão.

O final disso tudo é previsível, claro. Mas embarcar nessa viagem pode fazer com que o mais ranzinza dos espectadores saia do cinema com um sorriso de orelha a orelha.

Apesar dos pontos positivos, que são muitos, existem alguns problemas que não transformam Encantada numa referência como Mary Poppins. As canções de Alan Menken e Stephen Schwartz não são tão fascinantes assim (a melhorzinha é That’s How You Know) e o diretor Kevin Lima não ousa em momento algum e só se preocupa em entregar um produto perfeito com a marca Disney. Por tudo isso, graças a Deus por Amy Adams. Sua performance como Giselle não é exagerada. É a medida certa para a eternidade. Até os números musicais ficam mais interessantes - destaque para a cena que é um tributo aos grandes desenhos da Disney: Giselle recebe a ajuda dos "bichinhos" de Nova York para limpar o apartamento de Robert Philip.

Não sei se Amy Adams é a "nova Julie Andrews", como gostam de dizer. Ela é simplesmente... Amy Adams. Se Encantada será lembrado daqui há 20 anos, os méritos são todos dela.

Encantada (Enchanted, 2007)
Direção: Kevin Lima
Roteiro: Bill Kelly, Rita Hsiao e Todd Alcott
Elenco: Amy Adams, Patrick Dempsey, James Marsden, Timothy Spall, Rachel Covey, Susan Sarandon, Idina Menzel e Michaela Conlin. Narração de Julie Andrews.

Bob Dylan 2008

Mestre Bob Dylan vem ao Brasil em março
para um show imperdível em São Paulo (e no Rio de Janeiro). I'm there!

Cate Blanchett como Bob Dylan, em I'm Not There.
Alguém sabe quando o filme de Todd Haynes chega aos cinemas?
Antes, prometeram para novembro. Agora, falam em fevereiro.
Alguém sabe me dizer quando poderei ver este filme?

terça-feira, dezembro 18, 2007

Lá e de volta outra vez

Depois de uma longa (e estressante) negociação, parece que o estúdio New Line e o cineasta Peter Jackson finalmente chegaram a um acordo para levar O Hobbit às telas. A MGM também cuidará da produção.

Quem garante é a Entertainment Weekly e o Hollywood Insider. Mas, desta vez, o diretor de O Senhor dos Anéis, será o produtor executivo do prelúdio da trilogia vencedora de 17 Oscars.

Mesmo sem diretor e roteiro, a produção começa no início de 2009. A polêmica idéia de filmar O Hobbit em duas partes foi confirmada. Do ponto de vista lucrativo, a tática é compreensível. Enfim, o primeiro filme está previsto para estrear em 2010. A segunda e última parte chega em 2011.

Sobre a escolha de um diretor, sei que Peter Jackson andou elogiando Sam Raimi (Homem-Aranha 1, 2 e 3), que, por sua vez, confirmou seu interesse na adaptação de O Hobbit. Também sei que Ian McKellen, o Gandalf de O Senhor dos Anéis, andou colocando a boca no trombone pedindo pelo envolvimento de Jackson na produção. McKellen arriscou até a abandonar o papel. Mais tarde, o próprio diretor pediu para que o amigo não desistisse de Gandalf - mesmo sem a sua participação por trás das câmeras.

Para quem não conhece, O Hobbit, de J.R.R. Tolkien, antecede os eventos de O Senhor dos Anéis. É a saga de Bilbo Bolseiro (Ian Holm interpretou o Hobbit velhinho no cinema), que parte numa incrível aventura ao lado do mago Gandalf e de vários anões em busca de um tesouro roubado por um dragão. No caminho, Bilbo conhece Gollum e encontra nada mais, nada menos do que o Um Anel.

Um dos meus favoritos, o livro puxa mais para o lado da aventura desenfreada. O Senhor dos Anéis é mais épico. Acho que a presença de Peter Jackson para "supervisionar" a produção é fundamental. Sua tradução da Terra-Média para o cinema tornou-se tão importante quanto as palavras de Tolkien nos livros. Tirar Peter Jackson deste projeto seria como colocar outro autor para escrever um novo livro sobre a Terra-Média.

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Let's put a smile on that face

Veja o trailer de The Dark Knight:



18 de julho de 2008 ainda está muito longe?

sábado, dezembro 15, 2007

O Globo de Ouro não é mais o mesmo


A maioria dos cinéfilos fala e pensa com o coração. Até outro dia, um grande diretor como Martin Scorsese nunca havia segurado um Oscar. Do ponto de vista do verdadeiro amante do cinema, isso era um absurdo. Assim como Kubrick e Hitchcock, que morreram sem Oscars. Mas, na verdade, isso importa? Com ou sem prêmios, deixamos de amar os filmes?

Para começo de conversa, há muito tempo que os principais prêmios do cinema deixaram de funcionar de forma justa. O importante é que seus integrantes vejam astros, estrelas, produtores, diretores e roteiristas fazendo a publicidade necessária para promover não somente os seus filmes, mas também a indústria e seus respectivos prêmios. É o tal conceito de "arroz de festa". E são festas e mais festas em desfiles de Barbies e Kens. Cinema que é bom... é desse "tamanhinho" aqui, oh...

Enfim, de qualquer forma, prêmios representam a opinião de um grupo. Nada mais. Na lista de indicados ao Globo de Ouro divulgada na última quinta-feira (veja aqui), a impressão que fica é: as pessoas que vivem, sentem, falam, cheiram e idolatram Hollywood gostam de espetáculos. O épico romântico Desejo e Reparação e o musical gótico Sweeney Todd (FOTO) são os grandes favoritos. O filme de Joe Wright é bonito. Há momentos que beiram o sublime, mas não é inteiramente impecável, principalmente o miolo que envolve a Segunda Guerra Mundial. O de Tim Burton, ainda não vi. Mas tem tudo para ser sua consagração. E a de Johnny Depp, que nem tem um Globo de Ouro em sua carreira. O problema para Sweeney Todd, na categoria de Melhor Filme (Comédia/Musical) é Jogos do Poder, de Mike Nichols, que recebeu uma indicação a mais: cinco. E não podemos nos esquecer de Juno. O crítico Roger Ebert, do Chicago SunTimes, o chamou de melhor filme do ano.

Onde os Fracos Não Têm Vez
é o favorito da crítica. O filme dos irmãos Coen, possivelmente, difere de qualquer outro longa do ano por sua narrativa única. Até a metade é maravilhoso, mas depois, eles tomam algumas decisões com a intenção de deixar o filme genial e me pareceu forçada de barra. Ainda assim, a crítica adorou e Onde os Fracos Não Têm Vez pode levar o prêmio de Melhor Roteiro - os Coen ainda não ganharam um Globo de Ouro. Nem por Fargo. Mas em Melhor Filme (Drama), deve ser preterido por Desejo e Reparação.

Mas como acreditar num prêmio de verdade sem a indicação do lendário diretor Sidney Lumet? Alguns arriscam que ele fez seu melhor trabalho em Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto. E olha que ele já fez Serpico, Um Dia de Cão e Rede de Intrigas. Elogiadíssimo, o longa foi esquecido pelo Globo de Ouro. O problema é que a indústria já "aposentou" o grande Sidney Lumet há tempos.
Mas ele não entendeu isso e entregou um filme que quase todo mundo adorou.

O que dizer da ausência de Into the Wild e Sean Penn nas categorias principais? Se sete filmes são indicados na categoria principal, entendo que ainda cabe mais um. Ou mais dois. E Ratatouille? Sinceramente, a Pixar fez melhor do que muita coisa aí nessa lista geral. Só recebeu uma indicação como Melhor Animação. E talvez nem ganhe. O que dizer de Marion Cotillard, que pode não levar uma estatueta por Piaf - Um Hino ao Amor? Não disse que não vai ganhar. Mas ela deveria ter entrado com o status de "barbada".

Mais uma vez, o diretor Paul Thomas Anderson foi ignorado. Muitos gostam de seu trabalho. É inegável a sua contribuição para a renovação da indústria. Então, por que deixam ele de fora? E, meu Deus, onde está Zodíaco? Eles não devem gostar de David Fincher. Esse foi um dos melhores filmes do ano. Cadê Tommy Lee Jones, que entregou não uma, mas duas performances arrebatadoras em No Vale das Sombras e Onde os Fracos Não Têm Vez?

O Globo de Ouro tem a fama de ser a prévia do Oscar. Mas nem é mais. Não 100%. O Critics' Choice Awards vem batendo com a lista do Oscar nos últimos anos com muito mais precisão. E desde 2003 que o vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme não repete a façanha no Oscar. Será que a Academia nem liga mais para a Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood? Pode ser. Eu não ligo mais.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

O Sobrevivente


O cineasta alemão Werner Herzog é um grande estudioso do comportamento humano diante de seu próprio limite. Perfeccionista, obsessivo, Herzog gosta de analisar o tema em documentários e longas de ficção com a mesma intensidade. Em O Sobrevivente (Rescue Dawn, 2006), ele se inspirou no documentário de sua autoria Little Dieter Needs to Fly para contar a história real de um piloto alemão a serviço dos EUA, que lutou pela vida numa prisão caótica no coração da selva do Laos.

Nesta rara contribuição para o cinema americano, no entanto, Herzog continua Herzog. E a confirmação em si já torna o filme obrigatório. Às vésperas da Guerra do Vietnã, o piloto Dieter Dengler (Christian Bale) entra na Marinha dos EUA só para ter o prazer de voar. Ele não está nem aí para o conflito. Mas se a idéia do primeiro vôo do rapaz surge como sinal de sorte, ele descobre ser um grande azarado. Com o avião abatido, ele corre pela selva em busca de um ponto onde possa pedir por socorro. Não demora muito e ele é capturado, torturado e confinado numa prisão suja ao lado de outros infelizes. Ao observar que tem mais gente ali na mesma situação e há muito mais tempo, Dieter percebe que ninguém virá buscá-lo. É hora de fugir.

Tradicionalmente, um filme americano apostaria na correria, na ação. Herzog não. E nem por isso deixa de dominar a atenção do público. Como costuma fazer, sua câmera está ali acompanhando o drama dos personagens, mas jamais se envolve. Não chega a ser frieza, porque Herzog exige muito de seus atores. É por eles que nos preocupamos. Mesmo como simples observadores, que não podem fazer nada para ajudar. Neste ponto, a contribuição de Christian Bale é enorme. Como ele emagrece descontroladamente durante o filme, lembramos de sua atuação chocante em O Operário. Mas em O Sobrevivente, Bale não explora somente a degradação física. Aqui, ele é puro coração. É sua alma que vai desaparecendo aos poucos. Perto do final, parece que seu Dieter Dengler está tão próximo da flora e da fauna, que chega a ser plausível considerarmos o piloto sofredor como parte de um só organismo.

Não espere nada de hollywoodiano em O Sobrevivente. Se o final parece convencional é porque se trata de uma história real. É um filme lento sobre sobrevivência. Você vai ver que poucas vezes o cinema mostrou como é ficar no meio do mato. Dá para sentir o "cheiro" da selva. É esse realismo que Herzog trabalha tão bem em sua filmografia.

Se tenho uma ressalva em O Sobrevivente é que parece que já vimos essa história por várias vezes no cinema. A diferença é que não cai no clichê tentador da ação. Christian Bale está em um grande momento e o tom do filme não é patriota. É a saga deste homem, que sonhava com o céu, mas que ficou íntimo da terra.

É um bom filme, mas não excelente. Até mesmo porque fica a sensação de que o próprio Herzog já impressionou mais. Só que é um comentário injusto. Ele já fez Aguirre - A Cólera dos Deuses, Fitzcarraldo e uma releitura de Nosferatu. Acho que grandes diretores devem, no mínimo, apresentar bons filmes. Pelo nível do cinema atual, isso basta.

O Sobrevivente (Rescue Dawn, 2006)
Direção: Werner Herzog
Roteiro: Werner Herzog
Elenco: Christian Bale, Steve Zahn, Jeremy Davies, François Chau e Craig Gellis

Contemple o Morcego (e sua pedra no sapato)

Dois pôsteres sensacionais de Batman - O Cavaleiro das Trevas foram divulgados. Neste aqui, o herói (Christian Bale) contempla sua Gotham City.

Ou será que ele está apenas observando
o Coringa (Heath Ledger) nas ruas da cidade?

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Onde o Oscar não tem vez

Nesta manhã de quinta-feira, os atores Dane Cook, Hayden Panettiere, Ryan Reynolds e o diretor Quentin Tarantino anunciaram as indicações a 65ª edição do Globo de Ouro.

Desejo e Reparação é o filme com mais indicações (sete): Filme Dramático, Diretor (Joe Wright), Roteiro, Ator Dramático (James McAvoy), Atriz Dramática (Keira Knightley), Atriz Coadjuvante (Saoirse Ronan) e Trilha Sonora.

Em comédia/musical, tudo caminha para um tardio reconhecimento à criatividade do diretor Tim Burton, que parece ter acertado em Sweeney Todd.

Comento a lista de indicados mais tarde, ok? Obviamente, tenho prós e contras. Mais contras do que prós. A cerimônia de entrega do Globo de Ouro acontece no dia 13 de janeiro de 2008.


Veja a relação completa abaixo:


Melhor Filme (Drama)


Desejo e Reparação
O Gângster
Senhores do Crime
Onde os Fracos Não Têm Vez
Conduta de Risco
There Will Be Blood
The Great Debaters


Melhor Filme (Comédia ou Musical)

Across the Universe

Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet
Hairspray
Juno
Jogos do Poder


Melhor Diretor

Tim Burton, Sweeney Todd
Joel Coen & Ethan Coen, Onde os Fracos Não Têm Vez
Julian Schnabel, O Escafandro e a Borboleta
Ridley Scott, O Gângster
Joe Wright, Desejo e Reparação

Melhor Roteiro

Diablo Cody, Juno
Joel Coen & Ethan Coen, Onde os Fracos Não Têm Vez
Christopher Hampton, Desejo e Reparação
Ronald Harwood, O Escafandro e a Borboleta
Aaron Sorkin, Jogos do Poder

Melhor Ator (Drama)

George Clooney, Conduta de Risco
Daniel Day-Lewis, There Will Be Blood
James McAvoy, Desejo e Reparação
Viggo Mortensen, Senhores do Crime
Denzel Washington, The Great Debaters

Melhor Atriz (Drama)

Julie Christie, Away From Her
Cate Blanchett, Elizabeth - A Era de Ouro
Jodie Foster, Valente
Angelina Jolie, O Preço da Coragem
Keira Knightley, Desejo e Reparação

Melhor Ator (Comédia ou Musical)

Johnny Depp, Sweeney Todd
Tom Hanks, Jogos do Poder
Ryan Gosling, Lars and the Real Girl
Philip Seymour Hoffman, The Savages
John C. Reilly, Walk Hard: The Dewey Cox Story

Melhor Atriz (Comédia ou Musical)

Amy Adams, Encantada
Nikki Blonsky, Hairspray
Ellen Page, Juno
Marion Cotillard, Piaf - Um Hino ao Amor
Helena Bonhan Carter, Sweeney Todd

Melhor Ator Coadjuvante

Casey Affleck, O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford
Javier Bardem, Onde os Fracos Não Têm Vez
Philip Seymour Hoffman, Jogos do Poder
John Travolta, Hairspray
Tom Wilkinson, Conduta de Risco

Melhor Atriz Coadjuvante

Cate Blanchett, I'm Not There
Saoirse Ronan, Desejo e Reparação
Julia Roberts, Jogos do Poder
Amy Ryan, Medo da Verdade
Tilda Swinton, Conduta de Risco

Melhor Filme Estrangeiro

4 Meses, 3 Semanas, 2 Dias (Romênia)
O Escafandro e a Borboleta (França/EUA)
O Caçador de Pipas (EUA)
Lust, Caution (Taiwan)
Persepolis (França)

Melhor Animação

Bee Movie
Ratatouille
Os Simpsons - O Filme

Melhor Trilha Sonora

Dario Marianelli, Desejo e Reparação
Howard Shore, Senhores do Crime
Clint Eastwood, Grace is Gone
Michael Brook, Into the Wild
Alberto Iglesias, O Caçador de Pipas

Melhor Canção

Despedida, O Amor nos Tempos do Cólera (Música: Shakira e Antonio Pinto / Letra: Shakira)
Grace is Gone, Grace is Gone (Música: Clint Eastwood / Letra: Carole Bayer Sager)
Guaranteed, Into the Wild (Música e Letra: Eddie Vedder)
That's How You Know, Encantada (Música e Letra: Alan Menken)
Walk Hard, Walk Hard: The Dewey Cox Story (Música e Letra: Marshall Crenshaw, John C. Reilly, Judd Apatow)

Melhor Série de TV (Drama)

Big Love
Damages
Grey's Anatomy
House
Mad Men
The Tudors


Melhor Série de TV (Comédia)


30 Rock
Californication
Entourage
Extras
Pushing Daisies


Melhor Minissérie ou Filme Feito Para a TV

Bury My Heart at Wounded Knee
The Company
Five Days
Logford
The State Within


Melhor Ator em Série de TV (Drama)

Michael C. Hall, Dexter
Jon Hamm, Mad Men
Hugh Laurie, House
Jonathan Rhys Meyers, The Tudors
Bill Paxton, Big Love

Melhor Atriz em Série de TV (Drama)

Patricia Arquette, Medium
Glenn Close, Damages
Minnie Driver, The Riches
Eddie Falco, Família Soprano
Sally Field, Brothers & Sisters
Holly Hunter, Saving Grace
Kyra Sedgwick, The Closer

Melhor Ator em Série de TV (Comédia)

Alec Baldwin, 30 Rock
Steve Carell, The Office
David Duchovny, Californication
Ricky Gervais, Extras
Lee Pace, Pushing Daisies

Melhor Atriz em Série de TV (Comédia)

Christina Applegate, Samantha Who?
America Ferrera, Ugly Betty
Tina Fey, 30 Rock
Anna Friel, Pushing Daisies
Mary-Louise Parker, Weeds

Melhor Ator em Minissérie ou Filme Feito Para a TV

Adam Beach, Bury My Heart at Wounded Knee
Ernest Borgnine, A Grandpa For Christmas
Jim Broadbent, Longford
Jason Isaacs, The State Within
James Nesbitt, Jekyll

Melhor Atriz em Minissérie ou Filme Feito Para a TV

Bryce Dallas Howard, As You Like It
Debra Messing, The Starter Wife
Queen Latifah, Life Support
Sissy Spacek, Pictures of Hollis Woods
Ruth Wilson, Jane Eyre (Masterpiece Theatre)

Melhor Ator Coadjuvante em Série de TV, Minissérie ou Filme Feito Para a TV

Ted Danson, Damages
Kevin Dillon, Entourage
Jeremy Piven, Entourage
Andy Serkis, Longford
William Shatner, Justiça Sem Limites
Donal Sutherland, Dirty Sexy Money

Melhor Atriz Coadjuvante em Série de TV, Minissérie ou Filme Feito Para a TV

Rose Byrne, Damages
Rachel Griffiths, Brothers & Sisters
Katherine Heigl, Grey's Anatomy
Samantha Morton, Longford
Anna Paquin, Bury My Heart at Wounded Knee
Jaime Pressly, My Name is Earl

quarta-feira, dezembro 12, 2007

30 Dias de Noite


Talvez eu vá para o inferno por isso, mas devo admitir que adorei 30 Dias de Noite (30 Days of Night, 2007). Quando as luzes se acenderam, eu juro que tentei encontrar defeitos nesta adaptação da cultuada HQ de Steve Niles e Ben Templesmith, mas não achei nada. Fiquei impressionado com um belo e nervoso filme de terror como há muito tempo não se faz. Se bem que teve aquele Abismo do Medo, que também é muito bom. Mas 30 Dias de Noite é o melhor do gênero neste ano. De longe.

A única razão para não gostar deste filme é saber que você não gosta de filme de terror. Porque dentro do gênero, ele é aterrorizante. Esse é o propósito. Essa é a diversão. Se o compararmos com O Poderoso Chefão, realmente ele sai perdendo feio. Com Casablanca? Também. Com filmes mais recentes como Menina de Ouro? Também. E se fizermos essa comparação dentro do gênero com clássicos como O Iluminado e O Exorcista, 30 Dias de Noite também perde. Mas hoje, filme de terror para Hollywood tem que ter adolescentes pelados correndo para lá e para cá. Ou efeitos digitais que tiram qualquer intenção de medo, suspense. E a coisa está cada vez pior, porque é a época do torture porn, que virou mania com bobagens como Jogos Mortais, O Albergue e Turistas.

30 Dias de Noite não tem nada disso. O que importa aqui é a sensação de medo. É impressionante como alguns diretores não "sacam" isso. Será que não ligam para as reações do público em exibições-testes? Ou o público convidado para tais sessões acha que filme de terror que se preze tem que ser algo na linha de O Albergue? Outra coisa: tenho reparado que a maioria das críticas negativas em torno deste filme vem de fãs da HQ. Como eu não conhecia a história, acho que isso ajudou. Também conta o fato de que não tenho visto muitos filmes de vampiros - não vi até hoje Underworld, por exemplo.


A trama se passa na pequena cidade de Barrow, no Alasca. O local sofre anualmente com um fenômeno que domina um mês inteiro do inverno: são 30 dias sem sol e, conseqüentemente, sem comunicação com o resto do mundo. No entanto, os poucos habitantes que resolvem ficar no vilarejo durante o período não se incomodam e sabem sobreviver sem dificuldades. O problema é que uma horda de vampiros resolve fazer uma "boquinha" na cidade. Como sair dessa se a luz do sol nunca vem? É banho de sangue na certa.

E as criaturas de 30 Dias de Noite são um espetáculo à parte. Além do extraordinário trabalho de maquiagem, os realizadores criaram vampiros nada românticos. Eles são animais predadores. E ajuda muito para esse clima raro de horror o idioma incompreensível dos monstros. Também gostei da idéia de explorar a mitologia dos vampiros. Em certa hora, eles decidem destruir tudo (e a todos) para que não deixem testemunhas. O líder diz algo como: "Até hoje, nós somos parte de seus pesadelos. Não deixem que eles acreditem na nossa existência." Excelente. Nos contos, vampiros morrem com a luz do sol. Mas se eles existem de verdade, será que essa técnica funciona? É interessante acompanhar como essas questões martelam na cabeça dos personagens, que trocam diálogos lentos, melancólicos - algo que combina com o clima de Barrow.

Acho que o elenco está bem, principalmente Ben Foster, uma espécie de R.M. Reinfield (clássico personagem do livro de Bram Stoker), que anuncia a chegada dos sanguessugas. Até Josh Hartnett atua. E destaque para Danny Huston (filho do grande John Huston) como o líder dos vampiros. Ele está sensacional, aterrorizante.

É lógico que o interesse do produtor Sam Raimi (Homem-Aranha, Evil Dead) pelo tema contribui para o belo resultado final, mas 30 Dias de Noite é mais um ponto a favor do diretor David Slade, que antes fez Menina Má.com. Ele mostra que sabe como manipular a platéia em uma história tensa, além de ser habilidoso com a câmera. Um exemplo é a ótima tomada de Barrow pelo alto, que acompanha o massacre de uma forma geral e distante. É o único momento em que vemos o terror de longe. Mas o silêncio e a tensão predominam até a última cena. Diferente de grande parte dos filmes do gênero, este aqui não tem trilha sonora rock n' roll. Aliás, a trilha instrumental entra sempre na hora correta. É o silêncio que predomina. Quem não viu, não sabe o que está perdendo. Nem que seja para voltar aqui e dizer que fiquei louco.

30 Dias de Noite (30 Days of Night, 2007)
Direção: David Slade
Roteiro: Steve Niles, Stuart Beattie e Brian Nelson (Adaptado da HQ de Steve Niles e Ben Templesmith)
Elenco: Josh Hartnett, Melissa George, Danny Huston, Ben Foster, Mark Boone Junior e Mark Rendall

terça-feira, dezembro 11, 2007

Into the Wild lidera indicações ao Critics' Choice Awards


Sei que estou enchendo o blog de premiações, mas é hora da Award Season em Hollywood. O que posso fazer? Hoje, a associação de críticos mais influente dos EUA (Broadcast Film Critics) divulgou os indicados ao Critics's Choice Awards. Estou muito contente com as sete indicações de Into the Wild, o filme favorito deste blog em 2007. A produção concorre como Melhor Filme, Melhor Diretor (Sean Penn), Melhor Roteiro Adaptado (Sean Penn), Melhor Ator (Emile Hirsch), Melhor Ator Coadjuvante (Hal Holbrook), Melhor Atriz Coadjuvante (Catherine Keener) e Melhor Canção (Guaranteed, por Eddie Vedder).

O filmaço de Sean Penn lidera as indicações à frente de O Gângster, Desejo e Reparação, Onde os Fracos Não Têm Vez, Conduta de Risco (todos já vistos pelo HOLLYWOODIANO), além de There Will Be Blood, O Escafandro e a Borboleta, O Caçador de Pipas, Sweeney Todd e Juno.

Esse é o prêmio que mais bate com os resultados do Oscar. No ano passado, deu Os Infiltrados (Melhor Filme), Martin Scorsese (Melhor Diretor), Michael Arndt (Melhor Roteiro Original, por Pequena Miss Sunshine), William Monahan (Melhor Roteiro Adaptado, por Os Infiltrados), Forest Whitaker (Melhor Ator) e Helen Mirren (Melhor Atriz). Todos esses nomes repetiram a dose no Oscar.

A cerimônia de entrega dos Critics' Choice Awards será no dia 7 de janeiro de 2008. Veja a lista completa de indicados aqui.

Arte tradicional no primeiro pôster de Indiana Jones


A arte do teaser poster de Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal segue a linha dos outros três filmes da saga do arqueólogo mais famoso do cinema.

É desenho feito à mão pelo mestre Drew Struzan (veja alguns de seus trabalhos aqui). Ele criou os cartazes de Os Caçadores da Arca Perdida, Indiana Jones e o Templo da Perdição, Indiana Jones e a Última Cruzada, Os Goonies, Hook, Harry Potter e a Pedra Filosofal, além da trilogia De Volta Para o Futuro e todos os seis filmes de Star Wars.

Abaixo, veja como o conceito do teaser poster lembra a primeira arte feita para divulgar Indiana Jones e o Templo da Perdição bem lá atrás em 1984:


Estrelado por Harrison Ford, Shia LaBeouf, Cate Blanchett, Ray Winstone, Jim Broadbent e John Hurt, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal tem direção de Steven Spielberg e produção de George Lucas. A estréia está confirmadíssima para 22 de maio de 2008.

DiCaprio, Crowe, Scott e Monahan


Leonardo DiCaprio apareceu de cavanhaque na primeira foto oficial de Body of Lies, filme de Ridley Scott com estréia prevista para 2008. Leo interpreta um jornalista, que ganha a função de agente da CIA numa missão na Jordânia. Seu chefe é ninguém menos do que Russell Crowe.

Adaptação do livro de David Ignatius, Body of Lies reúne uma "grande família". Essa é a quarta parceria entre Ridley Scott e Russell Crowe, que fizeram Gladiador, Um Bom Ano e O Gângster. Crowe e Leo voltam a trabalhar juntos depois de Rápida e Mortal - em recente entrevista à revista SET, Crowe brincou: "Faz tanto tempo que, naquela época, Leo ainda era virgem". William Monahan é o roteirista. Ele já escreveu Cruzada para Ridley Scott e Os Infiltrados, estrelado por Leonardo DiCaprio.

É impressionante como o diretor Ridley Scott não pára de trabalhar. Outro dia, saiu a versão definitiva de Blade Runner em DVD, que ele lutou para ver nas telas desde 1982. Em breve, o cinéfilo vai conferir O Gângster, seu trabalho mais recente.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Mais um ponto para os Coen


Levando os prêmios da crítica americana em consideração, There Will be Blood (que deve se chamar Sangue Negro, no Brasil) e Onde os Fracos Não Têm Vez são nomes certos na 80ª cerimônia do Oscar. Hoje, os críticos de Nova York (New York Film Critics Circle) revelaram os seus favoritos de 2007 e o policial jeca dos irmãos Coen ganhou nas principais categorias, incluindo Melhor Filme e Melhor Direção. Aliás, os críticos de Boston também elegeram Onde os Fracos Não Têm Vez como o melhor filme do ano.

É claro que tudo pode acontecer nas indicações ao Oscar, em janeiro, mas as escolhas dos críticos de Nova York (Onde os Fracos Não Têm Vez) e Los Angeles (There Will Be Blood) costumam marcar presença na festa da Academia.

Ainda assim, vale lembrar que, no ano passado, os críticos de Nova York escolheram Vôo United 93 como o melhor filme, mas acabou de fora desta categoria no Oscar (Paul Greengrass foi indicado pela direção). Mas desde 2004 que o Melhor Diretor dos críticos de NY também levam o Oscar: Clint Eastwood (Menina de Ouro), Ang Lee (Brokeback Mountain) e Martin Scorsese (Os Infiltrados). Mas, enfim, não é uma regra. Em 2006, os críticos de L.A. premiaram Cartas de Iwo Jima, que acabou sendo indicado ao Oscar, onde perdeu para Os Infiltrados.

Abaixo, os principais nomes da lista dos críticos de NY:


Melhor Filme
Onde os Fracos Não Têm Vez

Melhor Direção
Joel e Ethan Coen • Onde os Fracos Não Têm Vez

Melhor Ator
Daniel Day-Lewis • There Will Be Blood

Melhor Atriz
Julie Christie • Away From Her

Melhor Ator Coadjuvante
Javier Bardem • Onde os Fracos Não Têm Vez

Melhor Atriz Coadjuvante
Amy Ryan • Gone Baby Gone

Melhor Roteiro
Joel e Ethan Coen • Onde os Fracos Não Têm Vez

Melhor Fotografia
Robert Elswit • There Will Be Blood

Melhor Filme Estrangeiro
A Vida dos Outros

Melhor Animação
Persepolis

Conduta de Risco


Depois da série E.R., George Clooney tentou a sorte no cinema. A maioria de suas tentativas não deu certo, mas a sorte começou a sorrir para ao ator quando ele se aliou ao amigo Steven Soderbergh, em Irresistível Paixão. De lá para cá, Clooney só evoluiu como ator, astro, diretor e produtor. Principalmente, em seus projetos cheios de preocupações políticas e sociais como Boa Noite e Boa Sorte, Syriana e Conduta de Risco (Michael Clayton, 2007).

Neste filme, George Clooney é Michael Clayton, mas poderia ser Spencer Tracy, James Stewart ou Cary Grant. Como o advogado que sofre de cansaço moral, Clooney tem a melhor atuação de sua carreira, provando que a Academia fez besteira no Oscar de 2005, quando lhe entregou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante, por Syriana, como consolação pela derrota na categoria de Melhor Diretor, cujo vencedor foi Ang Lee, por Brokeback Mountain.

Charmoso e carismático, George Clooney poderia muito bem virar um astro de filmes de ação. Mas ele prefere se arriscar em roteiros fortes e cada vez mais raros na Hollywood atual. Pensando assim, tudo indica que ele está seguindo os passos de lendas como, novamente, Cary Grant ou Jimmy Stewart. Em Conduta de Risco, Clooney usa roupas elegantes porque a profissão de seu personagem exige. Mas desta vez, ele está vulnerável e encontra o equilíbrio necessário que um astro precisa apresentar ao encarnar um personagem. Ou seja, sabemos que George Clooney está ali, mas só pelo olhar, fica na cara que ele está sofrendo por algum motivo.

Michael Clayton (Clooney) é um advogado que limpa as sujeiras de seus clientes de forma discreta e nem sempre honesta. O importante é resolver ou promover os acordos. Sabemos também que Clayton é um pai divorciado, viciado em apostas, que está perto da falência e deve uma grana para sujeitos de índole duvidosa. Do outro lado da moeda está Karen Crowder (Tilda Swinton), executiva de uma das contas mais importantes da empresa onde o advogado trabalha. Karen é um Michael Clayton de saias. A diferença é que sua ambição é bem maior e a loucura já começa a bater à sua porta. Enquanto, Clayton quer encontrar sua paz e deixar esse mundo corporativo para trás, Karen faz o diabo ficar orgulhoso.

O grande problema surge quando Arthur Edens (Tom Wilkinson em seu melhor momento no cinema), um famoso advogado, e amigo de Clayton, pira de vez e coloca a maior conta de sua empresa em risco. Inicialmente, Michael Clayton é enviado para convencer Edens a ficar de bico calado, mas você verá onde isso vai dar.

Além dos atores, principalmente o trio Clooney-Wilkinson-Swinton, a força do filme está no roteiro de Tony Gilroy, que também estréia na direção. Talentoso para criar diálogos impactantes, Gilroy é o autor dos roteiros da Trilogia Bourne. E cada uma das falas de Conduta de Risco tem a potência de uma cena de ação. O único momento de paz para Michael Clayton é quando ele aprecia uma paisagem com três cavalos. É uma das poucas cenas sem diálogos e é visualmente bela (cortesia da fotografia de Robert Elswit, de Syriana e Boa Noite e Boa Sorte). Mas nem dura tanto tempo assim, pois a tensão volta a atormentar o protagonista.

Gilroy é bom, mas como estreante na cadeira de diretor, ele é melhor como roteirista. Como cineasta, ainda tem a mão pesada para contar uma história. Acho que o recurso do flashback neste filme é totalmente desnecessário e torna a trama confusa. As coisas só começam a fazer algum sentido lá pela metade. Gilroy constrói os personagens com muita precisão e arma o tabuleiro com extrema habilidade, mas acho que virou mania em Hollywood contar uma história de forma fragmentada ou, simplesmente, mostrando o final no início do filme. Em muitos filmes, o recurso funciona e é essencial. Conduta de Risco poderia ser narrado linearmente, que ainda seria um bom filme, e não ficaria tão desconectado.

Ainda bem que a conclusão é empolgante. Aliás, é marcante, magistral. Tudo é perdoado no embate final entre Clooney e Swinton, e a última seqüência, que acompanha os créditos, é sensacional. Neste momento, parece que voltamos ao melhor cinema dos anos 70. Sei que tem gente que reclama do clímax de Conduta de Risco. Só que o importante não é adivinhar o final, mas sim aproveitar a jornada. Desse jeito, ninguém fica tentando adivinhar o que virá a seguir. E isso é um elogio ao filme.

Obs: O título original do filme é apenas Michael Clayton, mas escrevi a absurda tradução Conduta de Risco nesta crítica para o leitor não ficar perdido na hora de ir ao cinema.

Conduta de Risco (Michael Clayton, 2007)
Direção: Tony Gilroy
Roteiro: Tony Gilroy
Elenco: George Clooney, Tilda Swinton, Tom Wilkinson, Sydney Pollack, Michael O' Keefe, Sean Cullen e Ken Howard

domingo, dezembro 09, 2007

There Will Be Blood é o favorito dos críticos de L.A.


A Associação dos Críticos de Los Angeles (Los Angeles Film Critics Association) divulgou hoje os seus favoritos de 2007. O épico There Will Be Blood, de Paul Thomas Anderson ganhou quase tudo. Merecidamente, Marion Cotillard foi a Melhor Atriz, por Piaf - Um Hino ao Amor, e o grande Daniel Day-Lewis foi o Melhor Ator, por There Will Be Blood.

Vlad Ivanov surpreendeu ao ser escolhido como o Melhor Ator Coadjuvante, por 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias. Em relação a outro prêmio importante, o National Board of Review, a L.A. Film Critics Association confirma um certo favoritismo para o Oscar e o Globo de Ouro: Amy Ryan ganhou mais uma vez como Melhor Atriz Coadjuvante, por Gone Baby Gone (desta vez, também por Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto).

Veja abaixo, os principais vencedores do prêmio da L.A. Film Critics Association, que será entregue no dia 12 de janeiro de 2008:


Melhor Filme
There Will Be Blood

Melhor Diretor
Paul Thomas Anderson • There Will be Blood

Melhor Roteiro
The Savages

Melhor Ator
Daniel Day-Lewis • There Will Be Blood

Melhor Atriz
Marion Cotillard • Piaf - Um Hino ao Amor

Melhor Ator Coadjuvante
Vlad Ivanov • 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias

Melhor Atriz Coadjuvante
Amy Ryan • Gone Baby Gone e Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto

Melhor Filme Estrangeiro
4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias


Melhor Direção de Arte
There Will Be Blood

Melhor Trilha Sonora
Once

Melhor Animação
Ratatouille e Persepolis

Melhor Fotografia
O Escafandro e a Borboleta

sábado, dezembro 08, 2007

Fotos e trailer de Speed Racer

Emile Hirsch (de Into the Wild) dá vida ao herói Speed


Mach 5 em ação (Nostalgia total)

Speed (Emile Hirsch) observa as habilidades de seu rival,
o Corredor X (Matthew Fox, de Lost)


Trixie (Christina Ricci)


Corridas delirantes e muitos cenários digitais


Baseado na clássica animação japonesa de Tatsuo Yoshida, Speed Racer é a nova loucura dos irmãos Wachowski, os criadores da trilogia Matrix. A estréia está programada para 9 de maio de 2008. Veja o trailer abaixo - tem até o Gorducho (Paulie Litt) e o Zequinha (um chimpanzé):