sexta-feira, junho 29, 2007

Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado


O primeiro Quarteto Fantástico (2005) é tão ruim, mas tão ruim, que não funciona nem mesmo como uma tradicional Sessão da Tarde. Será que os fãs gostaram daquilo? Dito isso, a grande surpresa após conferir a seqüência Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado (Fantastic Four: Rise of the Silver Surfer, 2007) é que a série cinematográfica baseada nos quadrinhos de Stan Lee e Jack Kirby parece ter começado agora.

Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado é mil vezes melhor do que o original. Ainda é um filme descartável, cheio de problemas e sem as ambições de um Homem-Aranha ou X-Men. Mas o diretor Tim Story entendeu que os heróis não precisavam ser tão infantis (para não dizer "idiotas"). Desta vez, eles exalam carisma e a comunicação com o público é direta. Talvez, a entrada do Surfista Prateado represente essa mudança no clima do filme. O quarteto se une e dá importância a valores básicos como amor, amizade e o próprio conceito de família. São sentimentos que aproximam a platéia e valem o ingresso para uma boa (e rápida) diversão, que compensa qualquer falha.

E o filme tem muitos erros. Os atores não merecem participar do programa Inside the Actors Studio, principalmente Julian "Nip/Tuck" McMahon, que assume de vez a sua canastrice. O roteiro tem uns absurdos aqui e ali (como o retorno do Dr. Destino), mas parece que os tais valores básicos foram bem trabalhados. Há um comprometimento dos personagens em chamar a platéia para dentro da tela.

Dizem que um filme precisa prender o espectador em seus 15 minutos iniciais. Se você entra numa sessão de Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, parece disposto a dar uma segunda chance aos caras, certo? E logo na ótima seqüência inicial, a sensação é que estamos diante de uma intrigante ficção científica. É a chegada de um corpo celestial ao planeta, após a destruição de outro. É demais. Ele passa em partes diferentes do mundo causando pânico na população. Ou seja, o ambiente é o melhor possível para um bom filme do gênero. Infelizmente, a ficha cai e vemos os quatro atores principais. Sabemos do que se trata. Mas o desconforto desaparece conforme o mistério do tal fenômeno (o Surfista Prateado) é desvendado. Esse suspense (Quem é o Surfista? O que ele quer?) move a trama e salva o filme do ridículo.

Ainda assim, os efeitos roubam a cena. A concepção do Surfista é extraordinária. Os magos da Weta utilizaram o ator Doug Jones (a criatura principal de O Labirinto do Fauno) para pegar seus movimentos - algo como o trabalho de Andy Serkis nas criações de Gollum e King Kong nos filmes de Peter Jackson. Mas a voz forte do personagem é de Laurence Fishburne - sua escolha pode ser comparada à importância da dublagem de Darth Vader por James Earl Jones, em 1977. O homem por trás da máscara é o ator David Prowse, mas a voz transmite toda a força do personagem da saga de George Lucas.

Voltando ao novo Quarteto Fantástico, o mais importante é que os efeitos ajudam a contar história. A cena da perseguição do Tocha Humana ao Surfista é um primor do ponto de vista técnico. Mas depois daquilo, parece impossível não "entrar" no filme. Posso ter ficado louco. Sei que não vale uma grande discussão, mas eu embarquei nessa montanha russa e a viagem foi bem legal. Logo será esquecida, mas foi divertida enquanto durou. Em matéria de super-herói neste ano, o filme é uma aventura mais agradável do que o poderoso Homem-Aranha 3.

Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado (Fantastic Four: Rise of the Silver Surfer, 2007)
Direção: Tim Story
Elenco: Ioan Gruffudd, Jessica Alba, Chris Evans, Michael Chiklis, Julian McMahon, Kerry Washington, Andre Braugher, Doug Jones e Laurence Fishburne (voz)

Hollywood reinventa A Fantástica Fábrica de Chocolate

Bom, isso é bem melhor do que fazer refilmagens. Zach Helm, o novo queridinho da classe de roteiristas (e autor de Mais Estranho que a Ficção) estréia na direção com a fantasia infantil Mr. Magorium's Wonder Emporium. Pelo trailer abaixo, a principal inspiração para o seu roteiro só pode ser A Fantástica Fábrica de Chocolate.

Na história, Molly Mahoney (Natalie Portman) herda a loja de brinquedos encantada do Sr. Mangorium (Dustin Hoffman). A estréia nos EUA será em 16 de novembro de 2007.

O trailer é bem simpático e mostra que o filme também conta com a participação de Jason Bateman, de Arrested Development. Eu vou torcer pelo filme, afinal estamos carentes de boas produções voltadas para o público infantil. Veja a prévia abaixo:


quinta-feira, junho 28, 2007

Kate e Cate, as duas maiores atrizes da atualidade

A australiana Cate Blanchett e a inglesa Kate Winslet são as melhores atrizes do momento? Se não são, elas estão facilmente na lista de nove entre dez produtores ou diretores prontos para selecionar um elenco.

Vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, por O Aviador, Cate Blanchett já deveria ter outra estatueta dourada. Era seu o Oscar de Melhor Atriz pela atuação poderosa em Elizabeth, mas a Academia resolveu entregá-lo para a bonitinha e ordinária Gwyneth Paltrow.

Aos 38 anos, Cate Blanchett está com tudo. Sem falar no imenso talento, ela tem um vozeirão de arrepiar, elegância e uma beleza misteriosa. Em breve, ela estará em três filmes aguardados pelo blog: Elizabeth - The Golden Age, Indiana Jones IV e The Curious Case of Benjamin Button. Bom, ela é a minha favorita no momento.

Já Kate Winslet é um pouco mais nova (31 anos), mas não fica devendo nada para a colega em matéria de talento. Kate foi revelada por ninguém menos do que Peter Jackson, em Almas Gêmeas. Logo depois, ela recebeu sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, por Razão e Sensibilidade, belíssimo filme de Ang Lee. Kate marcou época como Rose DeWitt Bukater, em Titanic, e foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz. Quem pensava que a inglesinha iria escolher somente sucessos fáceis depois do épico de James Cameron, entrou pelo cano.

É só apreciar sua dedicação em filmes como Contos Proibidos do Marquês de Sade e Iris, além de Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças e, principalmente, Pecados Íntimos. Ela se entrega de corpo e alma até mesmo numa tradicional comédia romântica como O Amor Não Tira Férias. Atualmente, Kate Winslet é dirigida pelo maridão Sam "Beleza Americana" Mendes, em Revolutionary Road - filme que marca sua segunda parceria com Leonardo DiCaprio.

Ryan Gosling em The Lovely Bones

Peter Jackson marcou mais um golaço! O ótimo Ryan Gosling está confirmado no elenco de The Lovely Bones, adaptação cinematográfica do diretor de O Senhor dos Anéis para o livro Uma Vida Interrompida - Memórias de um Anjo Assassinado, de Alice Sebold.

Indicado ao Oscar de Melhor Ator neste ano pelo ainda inédito Half Nelson (aliás, distribuidora responsável, faça-me o favor), Gosling é um dos talentos mais cobiçados de sua geração. Ele esteve em produções como A Passagem, ao lado de Ewan McGregor e Naomi Watts, e recentemente em Um Crime de Mestre, com Anthony Hopkins. Mas seu papel mais famoso é o romântico Noah Calhoun, do sucesso das locadoras (e chick flick da década) Diário de uma Paixão.

The Lovely Bones conta a história de Susie Salmon, uma menina de 14 anos que foi estuprada e assassinada. No Céu, ela acompanha como a família, os amigos e até mesmo o seu algoz continuaram com suas vidas. Ryan Gosling será o pai da menina, e Rachel Weisz, a mãe. As filmagens começam em outubro.

quarta-feira, junho 27, 2007

O momento de Katherine Heigl

Que ninguém diga "Seriously?" ao ver o nome de Katherine Heigl entre as finalistas do próximo Oscar (e Globo de Ouro).

A badalada comédia Ligeiramente Grávidos (Knocked Up, 2007), de Judd Apatow (o novo queridinho do gênero em Hollywood) ganhou empolgantes elogios da crítica e muitos arriscam palpites de possíveis indicações para Katherine, como Melhor Atriz, e Paul Rudd, como Melhor Ator Coadjuvante.

Aos 29 anos, Katherine conquistou o mundo com sua entrega total ao papel de Izzie Stevens, em Grey's Anatomy. Inclusive, HOLLYWOODIANO escolheu Katherine como a Melhor Atriz de 2006, por sua atuação na série. Neste ano, ela foi o principal destaque da sofrível terceira temporada. A menina vai longe e é muito melhor do que algumas "atrizes" da moda que já colocaram as mãos na cobiçada estatueta dourada (Gwyneth? Reese? Hello??).

Ligeiramente Grávidos tem direção de Judd Apatow, o responsável pelo excelente O Virgem de 40 Anos. Na trama, um sujeito (Seth Rogen) acaba engravidando a mulher (Katherine Heigl) com quem dormiu apenas uma noite. Infelizmente, o filme ainda vai demorar para chegar aqui no Brasil e a estréia está prevista apenas para setembro. Até lá, a talentosíssima atriz brilha em Grey's Anatomy, em cartaz no canal Sony.

terça-feira, junho 26, 2007

A nova loucura de Wes Anderson


Essa bela foto é do novo filme do diretor Wes Anderson, The Darjeeling Limited. Os “irmãos” Jason Schwartzman, Adrien Brody e Owen Wilson partem numa jornada espiritual pela Índia para encontrar um tigre albino, que pode ser a reencarnação do próprio pai do trio (!)

Não sei o que vocês acham, mas esse Wes Anderson deseja criar um universo só dele. Não sou muito fã de Rushmore, mas adoro Os Excêntricos Tenenbaums (ainda não vi
The Life Aquatic with Steve Zissou). Essa comédia aborda o tradicional tema da família norte-americana problemática (os Tenenbaums), mas o diretor consegue contar sua história com um ar de originalidade impressionante. Mesmo analisando como a mediocridade e a depressão andam quase que de mãos dadas, o filme é surpreendentemente engraçado e traz uma das últimas grandes performances de Gene Hackman.

Previsto para estrear ainda neste ano, The Darjeeling Limited está em pós-produção e também tem Natalie Portman e Anjelica Huston no elenco.

segunda-feira, junho 25, 2007

As melhores aberturas do cinema

Lembra quando o cinema tinha aquelas aberturas estilosas? Demorava um tempão para o filme começar depois da imensa seqüência inicial de créditos e a pipoca já estava quase no fim... Não! Não foi a minha época.

Mas foi a época das aberturas gigantescas dos filmes do mestre Alfred Hitchcock ou das aventuras de James Bond. Hoje, quase não se vê isso. Às vezes, infelizmente, nem mesmo o título do filme aparece na tela. O cinema está cada vez mais voltado para o consumo rápido de seu principal público-alvo: o jovem.


Ainda assim, alguns filmes atuais também investem em longas aberturas com créditos que não acabam mais. De vez em quando, isso é muito bom. Ainda mais quando estamos na companhia de uma bela trilha sonora. Abaixo, um top 10 das minhas favoritas.

Touro Indomável é o "meu número 1" pela perfeição alcançada por Dan Perri na abertura da maior obra-prima de Martin Scorsese. Mas o principal motivo é a inclusão da Cavalleria Rusticana, que surge monumental em outro filme belíssimo - bem no fim de O Poderoso Chefão - Parte III. Veja as minhas favoritas:


1) Touro Indomável (1980)
2) Star Wars (1977)
3) Superman – O Filme (1978)
4) A Pantera Cor-de-Rosa (1963)
5) Indiana Jones e o Templo da Perdição (1984)
6) O Sol é Para Todos (1962)
7) Batman (1989)
8) Seven (1995)
9) A Época da Inocência (1993)
10) Prenda-Me Se For Capaz (2002)

domingo, junho 24, 2007

Treze Homens e um Novo Segredo


Treze Homens e um Novo Segredo (Ocean's Thirteen, 2007) está aí para provar que Hollywood ainda pode fazer cinema de entretenimento sem efeitos visuais. Mas a única lição que tiramos deste filme é que Hollywood não consegue fingir inspiração. Existem dois problemas graves nessa série iniciada com Onze Homens e um Segredo: o elenco se diverte mais do que a platéia e as idéias foram suficientes para somente um bom filme.

No primeiro, Steven Soderbergh ainda estava com o Oscar de Melhor Diretor, por Traffic, dentro da mala. Para muitos, ele era o maior cineasta em atividade e resolveu curtir o sucesso ao lado de bons amigos com esse remake, que supera o filme homônimo do Rat Pack, de 1960. Tem uma cena final linda com os onze de Danny Ocean (George Clooney) contemplando a vitória de frente para a dança das águas do chafariz. Naquele filme, as piadas funcionam, o humor é irresistivelmente cínico e a homenagem ao original é emocionante. Já o segundo, Doze Homens e Outro Segredo, não tem graça, e deixa Soderbergh livre para balançar a câmera como bem entender. É um horror. Não fica nada de nada.

Treze Homens e um Novo Segredo tenta resgatar o charme do primeiro e resulta numa cópia da cópia. Muito mal feita. O roteiro perde muito tempo na preparação do golpe e depois vem aquela sucessão de resoluções. O filme poderia ter 1h30 de duração, mas apresenta barrigas (ou como gostam de dizer: tramas paralelas demais) como as seqüências desnecessárias no México. E olha que a premissa é até boa: os homens de Ocean estão ficando velhos. São bandidos analógicos na era digital. Mas Soderbergh deixa isso para lá. Caramba! Não acontece quase nada neste filme!

Ao menos, esse é melhor do que o pavoroso filme anterior. Mas isso não quer dizer grande coisa. E a tentativa de se aproximar do primeiro fica só na tentativa. Treze Homens e um Novo Segredo é um curso básico de “Como desperdiçar um grandioso elenco, incluindo Al Pacino” com o professor Steven Soderbergh. Cinema de entretenimento é só dar uma ou outra risadinha aqui e ali? Como na cena da Oprah (a única realmente engraçada)? É só ver gente sem compromisso desfilar na tela? Será que é só isso?

Ou seja, Soderbergh quer parecer inteligente até quando faz cinemão hollywoodiano. Mas ele parece mesmo é artificial. O que é Soderbergh? Eu não quebro mais a cabeça com o cinema dele. Roda Sexo, Mentiras e Videotape e Kafka logo de cara, mas parte para refilmagens de Solaris e Onze Homens e um Segredo ou filmes experimentais como Bubble. Acho que ele se leva a sério demais. E hoje, Soderbergh é um falso cineasta independente. Se ele é o gênio que já chegaram a dizer, o cinema está mesmo no mau caminho. Ocean’s 14? Não pra mim.

Treze Homens e um Novo Segredo (Ocean's Thirteen, 2007)
Direção: Steven Soderbergh
Elenco: George Clooney, Brad Pitt, Matt Damon, Elliott Gould, Al Pacino, Don Cheadle, Carl Reiner e Ellen Barkin

sexta-feira, junho 22, 2007

Eis Harrison Ford como Indiana Jones


As novidades no site oficial de Indiana Jones não param. Veja só a aguardada aparição de Harrison Ford como o cara de chapéu no set do quarto filme. A foto foi tirada por Steven Spielberg. Desde 1989, quando Indiana Jones e a Última Cruzada foi lançado, que o ator não aparece como o Dr. Henry Jones Jr. Na foto, o arqueólogo já aparece com uma barba por fazer, sujo e cheio de machucados. Ele está mais velho, mas é totalmente Indy. Sem palavras.

Estrelado por Harrison Ford, Shia LaBeouf, Cate Blanchett, Ray Winstone, John Hurt e Jim Broadbent, Indiana Jones IV estréia em 22 de maio de 2008.

quinta-feira, junho 21, 2007

AFI ainda prefere Cidadão Kane


O American Film Institute divulgou sua lista atualizada dos 100 melhores filmes de todos os tempos. Lógico que Cidadão Kane, de Orson Welles, continua no topo, mas por quanto tempo esse clássico ainda será reverenciado como o "número 1"?

Digo isso porque muitos jovens cinéfilos costumam citar o "número 2" da atual lista da AFI: O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola. Será que a primeira parte da saga dos Corleone é o filme mais adorado por uma geração vinda dos últimos 35 anos? E Cidadão Kane é mesmo um grande filme, mas nem considero como o melhor de Orson Welles (prefiro A Marca da Maldade). E o que quer dizer a expressão "Melhor Filme"? Cidadão Kane é extraordinário e foi definitivo para o cinema por causa das inovações de seu diretor. Logo na cena de abertura, a profundidade de campo foi usada intencionalmente. Isso foi novidade. Assim como usar e abusar do que acontecia numa cena em primeiro e segundo plano, além de experimentar a narrativa em flashback - elementos comuns no cinema dos anos seguintes. Cidadão Kane também
despertou a vocação de cineastas em vários críticos da revista francesa Cahiers du Cinéma (como François Truffaut).

De qualquer forma, os 10 favoritos da AFI (de um total de 100 filmes) são: Cidadão Kane, O Poderoso Chefão, Casablanca, Touro Indomável, Cantando na Chuva, E o Vento Levou, Lawrence da Arábia, A Lista de Schindler, Um Corpo que Cai e O Mágico de Oz.

Veja só: Entre os dez, somente dois filmes dos anos 70 (O Poderoso Chefão e Touro Indomável), nenhum dos anos 80 e apenas um da década de 90 (A Lista de Schindler). O que acontece com a qualidade dos filmes hoje em dia? A coisa está feia. E embora seja apenas uma lista de um grupo, ela reflete a situação do cinema atual. Hollywood gasta muito dinheiro e recebe ainda mais pelo retorno das bilheterias. Mas onde está a qualidade? É só analisar o "calibre" da maioria dos blockbusters de 2007. De 100 títulos, o AFI selecionou somente quatro produções dos últimos 10 anos: O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel (50º lugar), O Resgate do Soldado Ryan (71º), Titanic (83º) e O Sexto Sentido (89º). Onde vamos parar?

quarta-feira, junho 20, 2007

Shrek Terceiro


O segredo do Shrek original de 2001 foi não seguir clichês ou fórmulas, seja no universo da fantasia ou em qualquer outro gênero. A idéia era subverter o politicamente correto (e sem ofender). Não que o filme não tenha "mensagens bonitinhas", mas elas sempre foram implícitas como a escolha de Fiona (voz de Cameron Diaz) em deixar os padrões de beleza da sociedade de lado e aceitar sua maldição para se casar com Shrek (voz de Mike Myers). Em Shrek 2 (2004), o diretor Andrew Adamson e os roteiristas se preocuparam mais com a história e confiaram na platéia, que já estava acostumada com esse mundo. O filme é superior e deixa até a "tiração de sarro" em segundo plano. O que importa em Shrek 2 é a aventura, a emoção e todos aqueles ingredientes que valem um ingresso caro de cinema.

Pois bem. Se o 2 só acrescentou, Shrek Terceiro (Shrek the Third, 2007) não justifica sua vinda ao mundo. A confiança na platéia continua, mas desta vez, eles não trouxeram nada de novo. Nesse sentido, Shrek Terceiro parece a seleção brasileira na Copa passada: todos pensaram que eram craques e tinham a certeza absoluta de que decidiriam o jogo a qualquer instante. Deu no que deu.

Se o casal principal, Shrek e Fiona, amadureceu e ficou sem graça, a esperança caiu nos ombros dos coadjuvantes, certo? Errado! O Burro (voz de Eddie Murphy) e o sensacional Gato de Botas (voz de Antonio Banderas) continuam com as mesmas piadas. Aliás, há um irritante excesso de repetição. É mais do mesmo! As mulheres vão à luta, o Gato faz cara de dó, o Burro canta, ainda ressaltam que Shrek é fedido, etc. Até o vilão é o mesmo. Exceto por uma universidade com alunos como os jovens Lancelot, Guinevere e Arthur, o filme é cheio de lugares comuns. Se fosse com atores de verdade (e não pixels), Shrek Terceiro teria cara de uma produção que não quis gastar muito com locações e a solução foi reaproveitar cenários. O personagem que poderia acrescentar algo - o futuro Rei Arthur (voz de Justin Timberlake), ou Artie - é um mala sem alça. É o Jar Jar Binks de Shrek. Ele até faz um discurso piegas no fim do filme. "Mensagem bonitinha" explícita em Shrek? Não, não pode ser! Isso não é Shrek! Essa série nunca foi convencional. Será que as idéias acabaram?

Ok, não que seja ruim. Tem uma tirada aqui e ali como a visita à Universidade, a morte do Rei Sapo e o seu funeral, a risada vem e vai, e a animação está ainda mais espetacular... Mas é muito pouco. E o erro está em dois pontos: não oferecer nada aos fãs e não trazer nenhum "tempero" neste roteiro - não há empolgação na ação, no drama e, pior, na comédia. Não há nenhum elo emocional com a platéia que faça o fã vibrar na poltrona e torcer pelos personagens. Enfim, as crianças vão adorar, mas levando em conta Shrek 1 e 2, são problemas seríssimos.

O pior é que já confirmaram Shrek 4. Mas se um Shrek 3 não era necessário (e não foi), o quarto filme ganha um fardo injusto: o de salvar a série. Ele precisa acontecer! Mas... Tudo bem. É sempre bom e divertido reencontrar velhos amigos. Mesmo quando eles não têm novidades para contar.

Shrek Terceiro (Shrek the Third, 2007)
Direção: Chris Miller e Raman Hui
Com as vozes de Mike Myers, Eddie Murphy, Cameron Diaz, Antonio Banderas, Rupert Everett, Justin Timberlake, Julie Andrews, John Cleese e Eric Idle

Mais um grande nome para o elenco de Indiana Jones

O ótimo ator inglês Jim Broadbent se juntou ao elenco do novo Indiana Jones. O vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, por Iris, contou que interpretará um professor da Universidade de Yale.

Broadbent ainda disse que “Trabalhar com Steven Spielberg deve ser uma experiência e tanto”. Aos 58 anos, ele já estrelou dezenas de filmes como O Diário de Bridget Jones, Traídos pelo Desejo, Gangues de Nova York, As Crônicas de Nárnia e é mais lembrado pelo papel de Harold Zidler, em Moulin Rouge.

Com as filmagens em andamento desde a última segunda-feira, Indiana Jones IV tem estréia marcada para 22 de maio de 2008.

Scorsese e De Niro juntos novamente?


O blog Deadline Hollywood Daily afirma que Robert De Niro conseguiu convencer Martin Scorsese a dirigir a adaptação de The Winter of Frankie Machine, livro de Don Winslow.

Parece que durante as divulgações de O Bom Pastor, De Niro andou dizendo que ainda adoraria fazer, pelo menos, dois filmes com Marty. A dupla já colaborou em oito produções - Caminhos Perigosos, Taxi Driver, New York New York, Touro Indomável, O Rei da Comédia, Os Bons Companheiros, Cabo do Medo e Cassino.

The Winter of Frankie Machine é um projeto da Tribeca, produtora de De Niro, e o estúdio Paramount. O Deadline Hollywood Daily garante que a informação é de uma ótima fonte e que os roteiristas serão Brian Koppelman e David Levien, de Treze Homens e um Novo Segredo. Só que Marty precisa decidir quando pode começar esse projeto. O diretor finaliza um documentário sobre os Rolling Stones, Shine a Light, e já tem seu nome associado a outros dois filmes: Silence e The Rise of Theodore Roosevelt.

A história de The Winter of Frankie Machine acompanha um matador contratado pela máfia (De Niro) que decide se aposentar. Quando o filho de um chefão lhe pede ajuda para solucionar um "problema", sua vida se transforma em um pesadelo.

Martin Scorsese e Robert De Niro juntos novamente? E em filme de máfia? WOW! Aguarde mais informações neste blog.

segunda-feira, junho 18, 2007

Começam as filmagens de Indiana Jones

Hoje, Steven Spielberg gritou "AÇÃO" no primeiro dia de filmagens de Indiana Jones IV. O site oficial da saga cinematográfica já traz um vídeo com depoimento de Shia LaBeouf, que interpreta o filho do herói.

Nele, o jovem ator fala sobre como foi a experiência de conhecer Harrison Ford. "Ele tem um aperto de mão muito forte", brinca. O garoto não consegue esconder a emoção ao falar pela primeira vez do set. Confira aqui.

Estrelado por Harrison Ford, Shia LaBeouf, Cate Blanchett, Ray Winstone e John Hurt, Indiana Jones IV estréia em 22 de maio de 2008. E o blog acompanhará cada detalhe! Aguarde!

Duro de Matar e outros 24 filmes de ação


A revista Entertainment Weekly publicou uma relação dos 25 melhores filmes de ação da história do cinema. Embora toda lista seja discutível, todos os títulos são obrigatórios. Só acho que misturaram um pouco os gêneros. Tem filme de guerra, aventura e até ficção científica, mas todos eles chutam traseiros. Esqueceram produções importantes como O Fugitivo e Operação França, mas tenho que concordar com o "número 1". A lista aproveita o lançamento nos EUA de Duro de Matar 4.0.

Veja abaixo:


1) Duro de Matar (1988)
Direção: John McTiernan

2) Aliens – O Resgate (1986)
Direção: James Cameron

3) Os Caçadores da Arca Perdida
Direção: Steven Spielberg

4) Mad Max 2 (1982)
Direção: George Miller

5) Matrix (1999)
Direção: Andy e Larry Wachowski

6) Os Sete Samurais (1954)
Direção: Akira Kurosawa

7) Gladiador (2000)
Direção: Ridley Scott

8) O Resgate do Soldado Ryan (1998)
Direção: Steven Spielberg

9) Fervura Máxima (1992)
Direção: John Woo

10) O Exterminador do Futuro 2 - O Julgamento Final (1991)
Direção: James Cameron

11) Velocidade Máxima (1994)
Direção: Jan De Bont

12) Star Wars - Episódio V: O Império Contra-Ataca (1980)
Direção: Irvin Kershner

13) Meu Ódio Será Sua Herança (1969)
Direção: Sam Peckinpah

14) RoboCop - O Policial do Futuro (1987)
Direção: Paul Verhoeven

15) Operação Dragão (1973)
Direção: Robert Clouse

16) O Tigre e o Dragão (2000)
Direção: Ang Lee

17) A Supremacia Bourne (2004)
Direção: Paul Greengrass

18) As Aventuras de Robin Hood (1938)
Direção: Michael Curtiz e William Keighley

19) 007 Contra Goldfinger (1964)
Direção: Guy Hamilton

20) Kill Bill - Vol. 1 (2003)
Direção: Quentin Tarantino

21) Homem-Aranha 2 (2004)
Direção: Sam Raimi

22) O Predador (1987)
Direção: John McTiernan

23) O Mestre Invencível 2 (1994)
Direção: Chia-Liang Liu

24) Máquina Mortífera (1987)
Direção: Richard Donner

25) Os Incríveis (2004)
Direção: Brad Bird

sexta-feira, junho 15, 2007

Primeira imagem do Batman em The Dark Knight

Eis que surge Christian Bale com armadura do Cavaleiro das Trevas pela primeira vez durante as filmagens de The Dark Knight.

A seqüência de Batman Begins tem estréia prevista para 18 de julho de 2008. Além da volta de Bale, Michael Caine, Morgan Freeman e Gary Oldman, o elenco conta com Heath Ledger (o Coringa), Maggie Gyllenhaal, Aaron Eckhart, Eric Roberts e Anthony Michael Hall. A direção é novamente de Christopher Nolan.

Tomara que a nova franquia do Homem-Morcego continue no caminho certo. A idéia é promissora. O título dessa segunda parte diz tudo: The Dark Knight é o nome da excelente graphic novel de Frank Miller (300, Sin City).

quinta-feira, junho 14, 2007

Oliver Stone de raiz

Depois de Platoon, Nascido em 4 de Julho e Entre o Céu e a Terra, o paranóico cineasta norte-americano Oliver Stone retornará ao Vietnã com o drama Pinkville. Será que o diretor fez os tenebrosos Alexandre e As Torres Gêmeas para manter seu nome em Hollywood? Esse Pinkville representará a volta de Oliver Stone em suas teorias da conspiração?

Não há como negar que ele é um ótimo diretor e a obsessão pela verdade nua e crua de grandes traumas norte-americanos rendem seus melhores trabalhos. Foi assim com Nascido em 4 de Julho e, principalmente, J.F.K. O cinema é a arma de Oliver Stone para exorcizar seus demônios. Infelizmente, após o ótimo filme sobre as investigações do assassinato de John Kennedy, o diretor se perdeu em sua própria loucura. O perfeito trabalho de montagem em J.F.K. foi utilizado de forma exagerada em suas produções seguintes. A edição ágil e intimista daquele filme virou exibicionismo em Nixon, Assassinos Por Natureza e Um Domingo Qualquer - três filmes que iniciaram uma fase terrível em sua carreira.

Em uma das entrevistas para divulgar As Torres Gêmeas, Stone revelou que seria impossível fazer um filme sobre o 11 de setembro apenas cinco anos após a tragédia. Ele tem razão. É preciso tempo para analisar os fatos. Por isso que saiu aquele dramalhão ridículo. Ou seja, nada como retornar ao inferno do Vietnã. Mas será que esse ainda é o Oliver Stone de Platoon?

Pinkville ainda não tem previsão para o início das filmagens, mas Sean Penn é um nome forte anunciado para o elenco. A produção abordará o massacre de My Lai, em 16 de março de 1968, quando centenas de civis vietnamitas desarmados foram assassinados por soldados norte-americanos, que pensavam estar atirando em vietcongues.

quarta-feira, junho 13, 2007

Sean Connery fora de Indiana Jones IV


A notícia do oficial "Não!" de Sean Connery ao convite para retornar como o Professor Henry Jones na quarta aventura do arqueólogo mais famoso do cinema deixou a imensa comunidade de fãs um pouco triste.

Sua composição do pai de Indy em A Última Cruzada construiu uma das maiores duplas do cinema. Henry Jones era a peça que faltava nas três produções originais, afinal a filmografia de Steven Spielberg e George Lucas sempre deu importância à figura paterna na vida de seus heróis. A saudade fica para o DVD, mas a pior tristeza não é só lamentar a ausência de Connery em Indiana Jones IV. O ator escocês nunca mais estará em qualquer outro filme. Sua aposentadoria é oficial como ele mesmo disse na mensagem da semana passada:

“Me perguntaram tanto sobre isso e achei melhor fazer um comunicado. Pensei muito e por tanto tempo na questão e queria que todos soubessem que se havia algo capaz de me tirar da aposentadoria seria um filme de Indiana Jones. Eu adorei trabalhar com Steven e George. E foi uma honra ter Harrison como meu filho. Mas no final das contas, a aposentadoria é extremamente divertida para mim. Tenho só um aviso ao Júnior: exija que as criaturas sejam computadorizadas, que os penhascos sejam baixos e, pelo amor de Deus, mantenha o chicote por perto quando você precisar escapar do coordenador das cenas de ação. O elenco deste filme é formidável e eu só posso dizer: Boa sorte a todos. Vejo vocês nos cinemas em 22 de maio de 2008.”

De qualquer forma, Indiana Jones IV vem com tudo e estrelado por Harrison Ford, Shia LaBeouf, Cate Blanchett, Ray Winstone e John Hurt.

terça-feira, junho 12, 2007

10 filmes românticos obrigatórios


Com ou sem namorado (a) no dia de hoje, aqui vai uma lista de 10 filmes essenciais para assistir a dois. E se dar bem. Hoje ou em qualquer outro dia. O mundo seria bem melhor (e mais romântico) se levássemos esses filmes a sério:

1 – Casablanca (1942), de Michael Curtiz: Um dos melhores filmes do cinema e, provavelmente, a maior referência romântica de Hollywood. Ver o olhar triste de Ingrid Bergman ao som de As Time Goes By ainda é doloroso - uma das pinturas da sétima arte. E o segredo para qualquer conquista é anotar as falas de Humphrey Bogart neste clássico perfeito.

2 – Bonequinha de Luxo (1961), de Blake Edwards: Logo na abertura, Audrey Hepburn toma café da manhã contemplando a vitrine da Tiffany’s ao som da hipnotizante Moon River, de Henry Mancini. Não há como começar o dia de uma forma melhor.

3 – Se Meu Apartamento Falasse (1960), de Billy Wilder: Não é essencialmente um filme romântico, mas ver Jack Lemmon apaixonado por Shirley MacLaine (ela nunca esteve tão bonita) é somente um dos atrativos deste filme único e sensacional.

4 – A Princesa e o Plebeu (1953), de William Wyler: Gregory Peck encontra uma princesa dormindo em sua cama. E ela é Audrey Hepburn. É como sonhar acordado.

5 – Sintonia de Amor (1993), de Nora Ephron: O filme que resgatou o romantismo exacerbado no cinema. É acima de tudo, uma homenagem à sétima arte e, principalmente, ao clássico Tarde Demais Para Esquecer.

6 – Harry & Sally – Feitos um Para o Outro (1989), de Rob Reiner: O diretor Rob Reiner quer ser Woody Allen, mas não trata os relacionamentos de forma tão real, crítica e áspera quanto o gênio. Com um roteiro de Nora Ephron (Sintonia de Amor), Reiner quis mesmo, lá no fundo, ser romântico. E conseguiu.

7 – Desencanto (1945), de David Lean: O amor à primeira vista e o medo de ser feliz, segundo o diretor de Lawrence da Arábia.

8 – Antes do Amanhecer (1995), de Richard Linklater: Filme esperto e moderno sobre como convencer o amor de sua vida a entender que um nasceu para o outro. Tudo na base da lábia mesmo.

9 – Antes do Pôr-do-Sol (2004), de Richard Linklater: O cinema do novo milênio analisa a chance de ouro para reencontrar (e conquistar de vez) o amor de sua vida. É um complemento real e sincero do filme de 1995. Difícil separar um do outro. É o curso básico para viver um grande romance em dois volumes.

10 – Uma Linda Mulher (1990), de Garry Marshall: A história da Cinderela moderna na pele de Julia Roberts, que virou estrela de Hollywood. Richard Gere é o príncipe encantado. Receita perfeita e muito imitada pelo cinema, mas que permanece encantadora até hoje.

segunda-feira, junho 11, 2007

The F Word

Gente, passei longe da internet neste feriadão. Peço desculpas por não ter respondido ninguém ou por não ter visitado blogs e blogs. Eu precisava desligar um pouco e nem vi nada no cinema. Tentei uma pré de Shrek Terceiro, mas estava lotada. Mas revi Munique em DVD, que gostei ainda mais do que a primeira vez. Que filme sensacional. Quando Eric Bana disse "There is no peace at the end of this, no matter what you believe" para Geoffrey Rush na cena final, minha ficha caiu. Que mundo horroroso esse. Viva o cinema!

Tentei assistir a dois filmes atrasados em DVD: O Homem Duplo, de Richard Linklater, e As Loucuras de Dick & Jane, mas não passei da metade de nenhum dos dois. O primeiro me deu sono e o segundo me deixou incomodado no assunto "desemprego" e a abordagem (apesar de crítica) me pareceu de mau gosto. Sorry, não achei engraçado não. Seria melhor se o tom de comédia não fosse tão louco - como um Sideways, por exemplo.

Bom, estou de volta. Pra quebrar o gelo, dois divertidos vídeos cheios de "F... this! F... that!" em cenas de Os Infiltrados e Pulp Fiction. Não sei se vocês já viram esses vídeos, mas são muitos "Fs" mesmo.


quarta-feira, junho 06, 2007

Hollywood inicia apostas para o Oscar 2008


A jornalista Ana Maria Bahiana publicou em seu blog, a lista dos prováveis candidatos ao próximo Oscar (e Globo de Ouro). Embora ainda sejam apostas, os títulos (como o American Gangster da foto acima) são importantes e já deixam os cinéfilos com um certo frio na barriga. Eis os filmes mais considerados por estúdios e especialistas em premiações:

There Will Be Blood, de Paul Thomas Anderson
A Mighty Heart, de Michael Winterbottom
No Country for Old Men, de Joel e Ethan Coen
Youth Without Youth, de Francis Ford Coppola
The Golden Age, de Shekhar Kapur
Nothing is Private, de Alan Ball
Eastern Promises, de David Cronenberg
Zodíaco, de David Fincher
Things We Lost in the Fire, de Susanne Bier
O Caçador de Pipas, de Marc Forster
Revolutionary Road, de Sam Mendes
In the Valley of Elah, de Paul Haggis
City of Your Final Destination, de James Ivory
Charlie Wilson’s War, de Mike Nichols
Lions for Lambs, de Robert Redford
O Amor nos Tempos do Cólera, de Mike Newell
American Gansgter, de Ridley Scott
Reservation Road, de Terry George

Como o blog só viu Zodíaco, aposto em indicações para Robert Downey Jr. (Melhor Ator Coadjuvante) e a montagem do filme. E quem sabe para o roteiro de James Vanderbilt e a direção de David Fincher? Melhor Filme? Eu gostaria.

segunda-feira, junho 04, 2007

Zodíaco


No extraordinário Zodíaco (Zodiac, 2007), o diretor David Fincher (Seven, Clube da Luta) não quis contar novamente a história do jogo de gato e rato entre policiais e um serial killer. O interessante é que também não deixa de ser isso, além de uma crítica ao comportamento social e institucional. Na verdade, acima de tudo, Zodíaco é um filme sobre a obsessão do ser humano na busca por respostas nesta vida. Custe o que custar. E esse não é apenas o trabalho mais maduro de David Fincher. Até agora, Zodíaco é o melhor filme do ano.

O cenário é a Califórnia apavorada do final dos anos 60, e início dos 70, com uma série de assassinatos, principalmente, de casais adolescentes em plena época da liberação sexual. Uma pessoa assumiu os crimes e mandou cartas enigmáticas a jornalistas e policiais, que sempre tinham o mesmo início: “Aqui quem fala é o Zodíaco”. Ele fornecia pistas para comprovar sua autoria e alertava que iria fazer novas vítimas. Mais do que as investigações e as cenas tensas de assassinato, o filme dá importância às conseqüências dos ataques do Zodíaco nas vidas de três personagens: o cartunista Robert Graysmith (Jake Gyllenhaal), o jornalista Paul Avery (Robert Downey Jr., que merece uma indicação ao Oscar de Coadjuvante), ambos do San Francisco Chronicle, e o policial Dave Toschi (Mark Ruffalo). Não falo de conseqüências físicas, mas psicológicas.


O trio principal precisa conhecer a identidade do assassino, principalmente Robert Graysmith, que escreveu os livros Zodiac e Zodiac Unmasked: The Identity of Americas Most Elusive Serial Killer Revealed. Mais do que buscar respostas, Fincher está preocupado em mostrar como as pessoas perdem o rumo por tão pouco. Esse é o filme que você vai ver. Não espere um outro Seven.

A análise do diretor sobre a obsessão humana por respostas é levada ao limite. Essa busca da sociedade está em pequenas coisas. Quantas pessoas você conhece que reclamam do final de um filme ou livro que não deixam respostas fáceis? Às vezes, essas perguntas estão na história do mundo como “Quem matou John Kennedy?” ou “Quem foi o verdadeiro arquiteto do 11 de setembro?”. E, claro, existem questões maiores como as dúvidas eternas sobre os segredos do universo. Ou seja, tudo intriga a mente humana. Resolver um grande mistério traz uma sensação de alívio e ordem, além da noção de nosso papel dentro da sociedade e a aceitação de nossa própria existência.

Fincher também alfineta a importância dada pela imprensa a um caso que não tem mais apelo popular. Quando deixa de ser interessante perseguir um assassino? Diversas pessoas morreram em vão? Fincher também cutuca quem acha que o cinema é responsável por atos de violência dentro da sociedade. O diretor mostra como o tal Zodíaco influenciou Hollywood. Por exemplo, numa cena, Graysmith está no cinema que exibe uma produção claramente baseada nos acontecimentos. Na saída do local, ele passa pelo pôster de um filme de Dirty Harry, em que Clint Eastwood perseguia um assassino inspirado no dito cujo. Aliás, há um minucioso trabalho de reconstituição de época (o cenário do San Francisco Chronicle tem cheiro do Washington Post de Todos os Homens do Presidente). O diretor ainda brinca com as diferenças tecnológicas dos anos 70 com a atualidade. Se fosse hoje, estudos de DNA e até a utilização de celulares e e-mails evitariam tanta dor de cabeça nas investigações.

Do ponto de vista técnico, Zodíaco é o filme mais contido da carreira de David Fincher. E ele ainda sentiu liberdade para exercitar suas habilidades com a câmera em, particularmente, três momentos. A primeira seqüência envolve a viagem da carta inicial do maníaco até a redação do San Francisco Chronicle. A segunda é uma vista aérea que acompanha a trajetória de um táxi pelas ruas da cidade. A terceira delas é a mais assustadora do filme: a fuga de Robert Graysmith de um porão. É o suspense elevado ao quadrado. Ao cubo, talvez. Para terminar, gostaria de citar a excelente trilha escolhida para retratar as diferentes décadas do roteiro com destaque para Miles Davis, John Coltrane, Santana, Three Dog Night, entre outros. E a canção Hurdy Gurdy Man, do escocês Donovan, nunca tocou tão apavorante como nos créditos finais de Zodíaco.

Zodíaco (Zodiac, 2007)

Direção: David Fincher
Elenco: Jake Gyllenhaal, Mark Ruffalo, Robert Downey Jr, Anthony Edwards e Chloë Sevigny

sexta-feira, junho 01, 2007

O cinema perturbador de David Fincher


Diretor do novo Zodíaco, David Fincher achou que jamais voltaria a contar uma história sobre serial killer. Mas também nunca disse que sua idéia era evitar um retorno ao tipo de roteiro capaz de lembrar Seven (1995) em algum detalhe.

O interessante sobre David Fincher é que ele não é um cineasta somente preocupado em utilizar o que há de melhor na tecnologia a serviço do cinema ou, simplesmente, em contar suas histórias. Para ele, Seven ou Zodíaco não são exatamente “filmes sobre serial killers”. Com sua filmografia, parece que ele quer se comunicar. Dizer algo para a platéia. Ou você acha que aquele final de Seven foi apenas para brincar com quem pagou o ingresso. Ou acha que Clube da Luta (1999) não quer dizer coisa alguma? Ou que é apenas uma celebração da violência? Se você pensa assim, ainda não chegou perto de tentar compreender a comunicação proposta por Fincher.

Sempre penso que Clube da Luta é uma análise sobre as exigências da sociedade para reconhecer um “vencedor” no meio de “perdedores”. Inicialmente, são pressões feitas para "tirar" o melhor de cada indivíduo e com nenhuma intenção de prejudicá-lo. Mas a pressão diária pode levar ao stress e, conseqüentemente, ao descontrole da realidade. Então, Clube da Luta também pode ser visto como um filme sobre o stress. Por que não? Será que a sociedade que cultiva o desejo de se organizar não sobrevive sem o caos? Tem gente que vê Clube da Luta como uma completa bobagem ou um perigoso produto endossado por Hollywood para espalhar o mal. Quem sabe? Ao menos, não dá para ignorar que o cinema de David Fincher intriga, faz pensar. O que é bom. E isso também não quer dizer que o diretor não goste de explorar a tecnologia sempre em evolução no cinema.

Em 1990, Fincher começou a manifestar sua arte em estilosos e badalados videoclipes da melhor fase da cantora Madonna – Express Yourself, Oh Father e Vogue receberam sua assinatura. Dois anos mais tarde, ele foi convidado pela Fox para comandar a terceira aventura espacial de Ellen Ripley (Sigourney Weaver), em Alien 3 (1992). O filme dividiu os fãs da série, mas as portas de Hollywood se abriram para o diretor, que ao realizar os perturbadores Seven (1995), Vidas em Jogo (1997) e Clube da Luta (1999), finalmente ganhou a atenção de público e crítica. Longe das telas desde O Quarto do Pânico (2002), Fincher voltou com Zodíaco, baseado em fatos reais e nos livros Zodiac e Zodiac Unmasked: The Identity of Americas Most Elusive Serial Killer Revealed, de Robert Graysmith, interpretado no filme por Jake Gyllenhaal, de O Segredo de Brokeback Mountain (2005). Atualmente, Fincher filma The Curious Case of Benjamin Button, sua terceira parceria com Brad Pitt, que tem previsão de lançamento para 2008.

David Fincher é um dos melhores diretores da atualidade e um dos mais interessantes do “boom” de cineastas surgidos nos anos 90 em Hollywood. Junto com ele, apareceram (ou foram consagrados) os norte-americanos Michael Mann (Fogo Contra Fogo, O Informante, Colateral), Spike Jonze (Quero Ser John Malkovich, Adaptação), Paul Thomas Anderson (Boogie Nights, Magnólia), Cameron Crowe (Jerry Maguire, Quase Famosos), Quentin Tarantino (Pulp Fiction, Kill Bill), além dos ingleses Sam Mendes (Beleza Americana) e Anthony Minghella (O Paciente Inglês), e o indiano M. Night Shyamalan (O Sexto Sentido), entre outros. Gente boa. O “boom” lembrou a grande revolução de diretores nos anos 70: Spielberg, Coppola, Scorsese, De Palma, Lucas, etc, etc, etc. Acho que David Fincher ainda tem muito a dizer. Só que o povo tem que dar uma chance a ele.